Editora: Nova Fronteira / Saraiva de bolso
ISBN: 978-85-2092-877-6
Tradução: Geraldo Galvão Ferraz
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 258
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Sinopse: Um grupo
de jovens é retirado de uma cidade atingida por um bombardeio atômico. Eles
passam a viver numa ilha deserta do Pacífico e lá reconstituem os valores da
sociedade em que viveram. Este romance é considerado a obra-prima do prêmio
Nobel de 1983.
“— Se chover como aconteceu quando chegamos, vamos precisar de abrigos. E
mais uma coisa. Precisamos de abrigos porque os...
Fez
uma pequena pausa e os dois esqueceram sua raiva. Quando Ralph recomeçou, o
assunto era outro, seguro.
—
Você percebeu, não é?
Jack
largou a lança e ficou de cócoras.
—
Percebeu o quê?
—
Bem, eles estão com medo.
Virou-se
e fixou o rosto altivo e sujo de Jack.
— Do
jeito das coisas. Eles sonham. Você pode ouvi-los. Você já ficou acordado à
noite?
Jack
balançou a cabeça.
—
Eles falam e gritam. Os pequenos. Até alguns dos outros. Como se...
—
Como se não fosse uma boa ilha.
Espantados
pela interrupção, olharam para o rosto sério de Simon.
—
Como se... — disse Simon —, o bicho, o bicho ou a coisa-serpente, fosse
verdadeiro. Lembram-se?
Os
dois meninos mais velhos sobressaltaram-se quando ouviram o nome vergonhoso.
Não se falava agora de cobras, elas não eram mencionáveis.
— Como
se esta não fosse uma boa ilha — disse Ralph lentamente. — Sim, é isso.
Jack
sentou-se e esticou as pernas.
—
Eles estão malucos.
— É
uma bobagem. Lembra-se de quando fomos explorar?
Sorriram
um para o outro, lembrando-se do encantamento do primeiro dia. Ralph continuou.
—
Então, nós precisamos de abrigos como uma espécie de...
—
Lar.
—
Certo.
Jack
encolheu as pernas, abraçou os joelhos e franziu a testa, num esforço para
conseguir clareza.
— A
mesma coisa na floresta. Quero dizer, quando você está caçando... não quando
está colhendo frutos, claro, mas quando você está em seu...
Fez
uma curta pausa, sem saber se Ralph iria levá-lo a sério.
—
Continue.
—
Quando você está caçando, às vezes você se sente como se... — Corou
subitamente.
—
Claro, não é nada de mais. Só um sentimento. Mas você se sente como se não
estivesse caçando, mas... sendo caçado. Como se houvesse alguma coisa atrás de
você o tempo todo na floresta.
Ficaram
quietos de novo: Simon atento, Ralph incrédulo e levemente indignado.
Sentou-se, esfregando um ombro com a mão suja.
—
Bem, não sei.
Jack
ficou de pé, num pulo, e falou bem depressa.
— É
assim que a gente se sente na floresta. Claro, é só isso. Só... só...
Deu
alguns passos rápidos para a praia, depois voltou.
— Só
que eu sei como se sentem. Entendeu? É isso.”
“— As pessoas não ajudam muito.
Ralph queria dizer que as pessoas nunca eram bem
o que se pensava delas.”
“— Tenho medo dele — disse Porquinho — porque
eu o conheço. Quando você tem medo de alguém, você o odeia, mas não pode parar de
pensar nele. Você se ilude, dizendo que ele no fundo é legal. Então você o vê de
novo; é como a asma e você não consegue respirar. É assim. Ele também o odeia, Ralph...”
“No meio deles, com o corpo sujo, cabelo emaranhado
e nariz escorrendo, Ralph chorou pelo fim da inocência, pela escuridão do coração
humano e pela queda no ar do verdadeiro e sábio amigo chamado Porquinho.”
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