sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Religião e Política: uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil – Christina Vital e Paulo Victor Leite Lopes

Editora: Fundação Heinrich Böll & Instituto de estudos da Religião (ISER)
ISBN: 978-85-6266-909-5
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 232
Sinopse: A publicação é resultado de um convite da Fundação Heinrich Böll Brasil ao ISER, no intuito de analisar a importância dos atores religiosos no cenário político nacional a partir das estratégias articuladas por lideranças evangélicas, ligadas ou não a vida político-partidária no Brasil.
Para a realização do estudo, foram escolhidos dois episódios recentes que tiveram repercussão nacional. O primeiro foi o tratamento do aborto na campanha presidencial de 2010. O segundo, o caso do “Kit anti-homofobia” ou “Kit Gay”, isto é, do material educativo, parte do Programa Escola Sem Homofobia, criado pelo Ministério da Educação e destinado ao combate à homofobia nas escolas públicas. Esse Kit faz parte de uma política pública voltada para a cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) no Brasil.
O livro, escrito por Christina Vital e Paulo Victor Leite Lopes, reflete sobre a presença de religiosos no espaço público atual, com ênfase na atuação dos evangélicos na mídia e na política, apresentando uma compreensão de quem são os evangélicos no Brasil e analisando a heterogeneidade desses atores.
A publicação conta ainda com uma análise dos argumentos utilizados pelos políticos evangélicos para justificar sua contrariedade à ampliação dos direitos da população LGBT e de mulheres e dos mecanismos utilizados pelos religiosos para atuar no campo político nacional. Outra questão abordada pelo livro é o lugar dos evangélicos como porta-vozes de valores culturais construídos entre preceitos religiosos cristãos e noções humanistas e republicanas.
O livro traz ainda artigos de dois juízes. Roberto Lorea, juiz de direito e doutor em Antropologia Social, que analisa a laicidade do Estado e o conjunto de orientações que interferem na ação dos magistrados no Brasil contemporâneo. O outro artigo é assinado por Roger Raupp Rios, juiz de direito e doutor em direito público, que desenvolve uma análise do conteúdo da laicidade no ordenamento jurídico brasileiro e sua relação com os direitos fundamentais.


“Não é um fenômeno novo a participação do campo religioso na política, mas certamente a visibilidade e influência junto aos governos tornaram esses atores relevantes para uma análise da política brasileira hoje. O destaque são as lideranças evangélicas que organizam suas redes de relações para atuar ativamente nas eleições, não só indicando candidaturas, mas participando do jogo de alianças e das campanhas eleitorais de modo explícito. O pertencimento a uma das igrejas e/ou o apoio de lideranças evangélicas, muitas vezes, contribui decisivamente para o êxito de um candidato.
Em que pese o fato de que nem todo fiel irá votar no candidato indicado pela Igreja, há uma tendência em ver com benevolência os indicados, o que corrobora os dados da Frente Parlamentar Evangélica, de que na última legislatura foram eleitos 68 deputados e três senadores, sendo essa hoje a segunda maior bancada temática do Parlamento, só perdendo para a bancada ruralista.
O presidencialismo de coalizão brasileiro, com sua inevitável dependência de alianças, em muitas circunstâncias encampa agendas políticas de grupos representativos da sociedade, quer sejam aqueles que retrocedem direitos ou os ampliam. E as lideranças evangélicas possuem duas condições fundamentais para serem atores relevantes nesse jogo: têm grande poder de convencimento frente a seus milhões de fiéis e podem sustentar campanhas eleitorais com grande visibilidade na sociedade. A conta para os governos chega depois.”


“A ideia predominante sobre laicidade e secularização informa que a manutenção da separação entre a esfera pública ou estatal e as religiões é condição fundamental para o pleno exercício da democracia, para a garantia de direitos das minorias demandantes e para o exercício da cidadania.”


“Os pentecostais, que até décadas antes da Constituinte tinham um posicionamento tradicional de negação do mundo e, portanto, de auto-exclusão da vida pública, avançaram no campo político (como também na mídia, sobretudo a televisiva). E uma justificativa central alegada para essa guinada era o fato de que eles precisavam ocupar estes espaços para defender os valores institucionais e, sobretudo – argumento que vigora até hoje –, os valores morais, que primariam pela família. Sendo assim, na perspectiva que defendem*, eles precisariam se organizar para atuar contra ativistas homossexuais e feministas, bem como contra os defensores da umbanda e do candomblé.”
*: Vale lembrar que no ano passado a Editora Central Gospel, de Silas Malafaia, traduziu e publicou um livro intitulado “A Estratégia (The Agenda): o plano dos homossexuais para transformar a sociedade” do Reverendo Louis P. Sheldon, fundador e presidente da Coalizão dos Valores Tradicionais, que há 33 anos pesquisa o ativismo LGBT chamado por ele de “estratégia” para “erradicar a estrutura moral da sociedade e promover relações promíscuas”.


“Sociólogos e antropólogos da religião observam hoje um movimento de “neopentecostalização” de doutrinas, teologias e rituais em igrejas evangélicas brasileiras. Isso significa que igrejas identificadas do ponto de vista histórico-doutrinário com fases anteriores do pentecostalismo no Brasil e até algumas denominações históricas estariam sofrendo larga influência do neopentecostalismo como forma de atrair mais fiéis.
Em termos classificatórios, o neopentecostalismo contemporâneo é antecedido, respectivamente, por uma fase denominada deuteropentecostalismo e pela primeira fase ou primeira onda do pentecostalismo no Brasil. Enquanto no pentecostalismo clássico destacou-se mais o dom do Espírito Santo, conhecido como a falação em línguas (glossolalia), no deuteropentecostalismo a ênfase litúrgica se concentrou principalmente em torno do dom da cura. Além disso, foram também introduzidas no deuteropentecostalismo algumas inovações evangelísticas, como o uso do rádio, cinemas, teatros e estádios de futebol como meio de pregar o evangelho.
Já o neopentecostalismo é considerado por Ricardo Mariano como sendo “a vertente pentecostal mais recente e dinâmica, responsável pelas principais transformações teológicas, axiológicas, estéticas e comportamentais por que vem passando o movimento pentecostal”. Ele é reconhecido como um divisor de águas do movimento no Brasil. Grandes inovações são observadas tais como o abandono do sectarismo, do ascetismo intramundano, da “velha mensagem da cruz” que pregava o necessário sofrimento do cristão na terra para o posterior alcance da vida no paraíso. “Propuseram novos ritos, crenças e práticas, relaxaram costumes e comportamentos, estabeleceram inusitadas formas de se relacionar com a sociedade” e se utilizaram de uma nova forma de animar os cultos, com “bandas evangélicas de rock, funk, samba, lambada, axé music etc., imitando coreografias usuais em danceterias e shows profanos”. Essas inovações, não obstante, são acompanhadas por uma oposição às religiões de matriz africana, pelo estímulo à expressividade emocional nos cultos e pela utilização dos meios de comunicação de massa, enfatizando rituais de cura e exorcismo, e buscando participar ativamente da vida política, pois observam nesta um meio legítimo e fundamental para a defesa de valores e expansão institucional e cultural.
A batalha espiritual contra o Mal – que assume variadas formas sociais e religiosas – é um foco importante da ação de lideranças e fiéis evangélicos na contemporaneidade e se baseia na Teologia do Domínio. Essa teologia seria caracterizada pela ênfase nas batalhas espirituais contra demônios hereditários e territoriais, além da quebra de maldições de família – concepções doutrinárias forjadas e popularizadas pelo Fuller Theological Seminary. Ela é marcada também por uma cosmologia acentuadamente dualista, fundamentada na crença de que, na atualidade, vivemos e participamos de uma empedernida guerra cósmica entre Deus e o Diabo pelo domínio da humanidade. Nessa batalha, para se obter vitória sobre o Mal, é importante se fortalecer espiritualmente, dizem as lideranças religiosas, e o comparecimento aos cultos e a participação em um sem número de correntes e campanhas de cura e libertação é condição sine qua non para a vitória.”


“Vamos, a seguir, utilizar essas classificações para pensar sobre duas igrejas evangélicas que têm um papel de destaque no campo religioso e político nacionais: a Igreja Assembleia de Deus – maior denominação evangélica do Brasil e que dispõe do maior número de parlamentares no Congresso Nacional – e a Igreja Universal do Reino de Deus – que funda o neopentecostalismo no Brasil e que tem importante papel político em agendas de destaque em âmbito nacional, tendo especial prestígio no Poder Executivo federal, a partir do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A assembleia de deus: congregação e família
A Igreja Assembleia de Deus é classificada como pentecostal clássica ou histórica. O pentecostalismo (movimento nascido nos Estados Unidos da América no começo do século XX como herdeiro e descendente do metodismo wesleyano e do movimento holiness23) se distingue do protestantismo, grosso modo, por pregar, baseado em Atos 2, a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, dos quais sobressaem os dons de línguas (glossolalia), cura e discernimento de espíritos.
Os pentecostais, diferentemente dos protestantes históricos, acreditam que Deus:
“por intermédio do Espírito Santo e em nome de Cristo, continua a agir hoje da mesma forma que no cristianismo primitivo, curando enfermos, expulsando demônios, distribuindo bênçãos e dons espirituais, realizando milagres, dialogando com seus servos, concedendo infinitas amostras concretas do seu supremo poder e inigualável bondade” (Ricardo Mariano).
Sobre o público frequentador das igrejas de denominação pentecostal, Mariano nos lembra que são “os mais pobres, mais sofridos, mais escuros e menos escolarizados da população, isto é, os mais marginalizados” que constituem a maior parte do público das igrejas pentecostais. Eles ingressariam nessas igrejas na tentativa de superar precárias condições de existência, de organizar a vida, de encontrar sentido, alento e esperança diante de desesperanças.”


“Outras importantes características que foram associadas ao pentecostalismo clássico como destaca Max Weeber, eram a sua escatologia pré-milenarista, baseada na eterna e resignada espera do retorno de Cristo, e a sua conformação ao ascetismo intramundano – elementos que motivariam a auto-exclusão dos fiéis, tanto da vida social, quanto da política. Foi essa imagem, de um pentecostalismo sectário, que povoou o imaginário social a respeito dos evangélicos durante décadas. Atualmente, porém, outras associações simbólicas (também negativas) são acionadas ao se falar dos evangélicos como, por exemplo: a intolerância dos fiéis e lideranças desse segmento em relação às demais tradições religiosas e o caráter duvidoso de lideranças que enfatizam a importância da contribuição financeira dos fiéis para as igrejas, seja em forma de dízimo, seja em forma de ofertas e participação em campanhas.”


“O modelo congregacional mantido pela Assembleia de Deus sagra-se, ainda, por optar por um regime presencial que possibilita e mesmo estimula a sociabilidade e a formação de densas redes de solidariedade e proteção entre os seus frequentadores e membros, assim como possibilita uma maior proximidade entre fiéis e lideranças e um ambiente, por tudo isto, de maior controle moral que o modelo eclesiástico episcopal. Rubem César Fernandes nos lembra a importância dessa forma de organização para o estabelecimento do associativismo voluntário, assim como para a formação e consolidação de laços afetivos e de parentesco entre os seus frequentadores:
“A ‘igreja’, no sentido profundo, não está na hierarquia e em seus rituais. Ela torna-se visível, apenas, no culto dos fiéis reunidos em assembleias. Em outras palavras, é a congregação local que dá substância ao sentido protestante da igreja. Vem daí a tendência ‘congregacional’ que perpassa (com variações importantes) a maioria das denominações evangélicas. Ao se converter, portanto, o novo evangélico passa a fazer parte de uma congregação da qual deve participar ativamente, cumprindo uma série de obrigações. Dentre elas, a primeira, de estar presente. Desta forma, os evangélicos promovem uma intensa sociabilidade em torno ao culto, fazendo da igreja uma forma de associação voluntária. Há mesmo quem remeta às origens do associativismo moderno às congregações protestantes.”
Este caráter comunitário apresenta-se, portanto, central na formação de redes de proteção e solidariedade; na criação de laços afetivos de longo prazo, de intenso contato que permite a união de famílias a partir de casamentos entre seus membros; no contato muitas vezes quase diário dos fiéis – em razão de atividades litúrgicas, de estudo bíblico etc. –; e na capilaridade que alcança em razão do modelo congregacional que a rege administrativamente e faz da Assembleia de Deus uma denominação muito atraente em termos das disputas eleitorais em nível nacional e local. Somados todos elementos, a igreja se firma como um importante lugar de encontro, criação e de fortalecimento de laços afetivos e morais.”


“A reconstituição das ações, reações e dos agenciamentos em torno da temática do aborto durante o período eleitoral (referente a disputa presidencial de 2010) nos revela alguns desafios que ainda devem ser enfrentados para a ampliação de direitos destinados às mulheres. Não restrito à conquista dos direitos reprodutivos defendidos pelo movimento feminista, mas também como elemento indispensável ao sucesso de demandas políticas de outros segmentos sociais, a laicidade do Estado emerge, mais uma vez, como um ponto nevrálgico do avanço de diversas garantias e direitos sociais. No caso aqui discutido, verificamos uma série de atores religiosos pressionando para que os candidatos se posicionassem contrariamente à revisão da legislação punitiva para a interrupção da gravidez e também, como consequência direta do comportamento adotado por Dilma e Serra, atuando para o avanço da esfera religiosa na agenda política. Ambos os candidatos passaram, em determinando período da eleição, a frequentemente acionar suas identidades religiosas, a participar de celebrações de diferentes igrejas e denominações, a produzir cartas e falas direcionadas ao público religioso e, por fim, a incorporar saudações e um vocabulário característico de determinados segmentos religiosos. Desse modo, não apenas a vulgarização da discussão do aborto tornou-se um problema, mas o próprio reforço do lugar do religioso (apenas em sua versão cristã) também representa um retrocesso em termos de conquistas políticas desse pleito.
Encurralados por setores conservadores, os dois candidatos (cuja trajetória anterior ao pleito não trazia qualquer indicação de recusa a uma possível descriminalização do aborto, pelo contrário) reelaboraram as suas imagens de modo a, como efeito indireto, fortalecer e legitimar aqueles que os compeliam a tais atitudes. O ‘medo’ da ação religiosa e de uma possível ‘reação’ do voto evangélico, elaborações cada vez mais presentes no cenário eleitoral, revelaram-se como ‘verdades’ cuja consequência direta é a capitalização política destes setores em embates eleitorais. Ao serem reconhecidos como forças políticas indispensáveis, vitais, na disputa eleitoral, as personagens religiosas ampliam o seu potencial de negociação, chegando, como no momento de acirramento da disputa que analisamos, ao próprio apagamento de outras agendas fundamentais, constitutivas dos candidatos e partidos que concorriam. Nesse sentido, é preciso questionar e não se submeter a essas verdades, sob pena de direitos fundamentais de determinadas minorias deixarem de ser reconhecidos e também de haver o abandono de qualquer princípio de busca de laicidade em nossa formação estatal.”


“O PNLGBT, Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais apresenta diretrizes e ações para elaboração de políticas públicas para o segmento. Apresentado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República no governo Lula, fundamenta a interlocução entre o poder público e a sociedade civil para a adoção de medidas com vistas à garantia de direitos e ampliação do exercício da cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, com a implantação de políticas públicas transversais a todas as esferas do governo federal. O Plano foi elaborado por uma comissão técnica interministerial composta pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), criado em 2005.
Chamado de “Plano da vergonha” no panfleto (criado por Bolsonaro), além de criticado em sua integralidade, tem alguns dos seus pontos especialmente destacados no material produzido pelo deputado Bolsonaro. Essas propostas, tomadas com um determinado desvirtuamento em seu sentido e vulgarizadas como políticas, parecem ter sido intencionalmente articuladas com o intuito de ativar pânicos morais. Ao lado de algumas propostas que são resumidas no panfleto, é possível reconhecer alguns comentários pejorativos. No Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Diretos Humanos de LGBT, por exemplo, existem as seguintes propostas:
“Garantir a segurança em áreas frequentadas pela população LGBT com grupos de policiais especializados, sobretudo nas quais há grande incidência de discriminação e violência, em decorrência de orientação sexual e identidade de gênero, raça e etnia, entre outras, garantindo o policiamento proporcional ao número de pessoas nos eventos”.
“Estabelecer política pública para assegurar o respeito à orientação sexual e identidade de gênero nas casas estudantis mantidas pelo poder público e pela iniciativa privada, garantindo a hospedagem de travestis e transexuais, respeitando sua identidade de gênero”.
“Mudar a metodologia de atendimento pedagógico em carceragens, visando proporcionar melhor adaptação da população LGBT”.
No panfleto (de Bolsonaro), elas se tornam, respectivamente, as seguintes: “Garantir a segurança em áreas frequentadas pela população LGBT com grupos de polícia especializados (criação de batalhões de policiais gays nos estados – BGay)”
“Casas estudantis para hospedagem de travestis e transexuais (República Gay)”
“Presídios especiais para a população LGBT”
Como vimos anteriormente, podemos afirmar que se recorre a um modo de operar que, de certo modo, parte do acionamento (ou busca) de elementos de um pânico moral. Nesse processo, um artefato útil pode ser o falseamento/ distorção e/ou exploração da ambiguidade daquilo que se encontra em debate. O combate à homofobia e a promoção do respeito à diversidade sexual, nesse contexto, podem ser lidos como políticas que visam “privilegiar homossexuais” ou dar “estímulo aos mesmos”. Uma campanha na escola, de combate ao bullying homofóbico, torna-se, como na fala de Bolsonaro no mesmo panfleto, incentivo ao “homossexualismo” e à pedofilia. Ele afirma: “Com o falso discurso de combater a homofobia, o MEC em parceria com grupos LGBTs, na verdade, incentivam o homossexualismo nas escolas públicas do 1º Grau, bem como, tornam os nossos filhos alvos fáceis para os pedófilos”.
É nesse sentido que a reação desse setor conservador aciona um “mecanismo de resistência e controle da transformação societária conhecido como pânicos morais”. Esses elementos, como afirma Richard Miskolci, “emergem a partir do medo social com relação às mudanças, especialmente as percebidas como repentinas e, talvez por isso mesmo, ameaçadoras”.
Na fala do político indicada acima, cuja tônica será repetida pelos demais atores a serem trazidos ao longo da reconstituição da controvérsia, há um núcleo de argumentos onde gravita a avaliação de que o material educativo era propaganda de determinada orientação sexual e, além disso, é inapropriado pois exporia as crianças a um conteúdo pornográfico. Por fim, a associação com a pedofilia concluiria a imagem suscitada pelo panfleto. (...)
“A respeito dos pânicos morais, André Lázaro, então responsável pela SECAD (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC), argumenta:
A política simbólica que estrutura os pânicos morais costuma se dar por meio da substituição, ou seja, grupos de interesse ou empreendedores morais chamam a atenção para um assunto, porque ele representa, na verdade, outra questão. Um exemplo é a descriminalização da homossexualidade, que obrigou àqueles que gostariam de denunciá-la como imoral a encontrar outras formas, dentre as quais se destaca o ressurgimento do temor da pedofilia. A partir desse caso, é possível perceber que todo pânico moral esconde algo diverso e, ao invés de aceitar um temor social como dado, o pesquisador precisa desvelar o que reside por trás do medo.
A pedofilia, como no caso da “descriminalização da homossexualidade” explorada pelo autor, também se revela presente nos discursos que são produzidos a partir da recusa ao material educativo aqui tratado.”


“Neste sentido, um trecho da entrevista realizada com Jean Wyllys, deputado federal pelo PSOL-RJ, sintetiza os eventos (sobre a polêmica do “kit gay”) e trazem uma interessante interpretação sobre a controvérsia e sua solução:
JEAN WYLLYS: E aí, no início da legislatura, a gente foi surpreendido pela apresentação de um material, por parte dos deputados da bancada evangélica e outros que não são da bancada evangélica, mas que gravitam ali em torno (como é o caso do Bolsonaro), nós da Frente LGBT, com os discursos desses deputados na Tribuna apresentando um material que não era o material do ‘Escola Sem Homofobia’. E aí, a gente fez uma corrida pra tentar desmentir isso, de ir pra Tribuna e dizer que aquele material não era o material, só que setores da imprensa já tinham comprado essa versão, em especial, a Rede Record. Foi quem mais deu espaço a esses deputados. (...) Então, a matéria da Record repercutiu muito nas redes e foi produzindo uma histeria de massa, em que as pessoas não paravam para saber ou pra ver se era aquilo mesmo. Eles [os deputados contrários] começaram simplesmente a dizer que o material ensinava as crianças de cinco, seis anos, a fazerem sexo anal, a escolherem um parceiro. E era um material que eles conseguiram de um Programa de Redução de Danos entre usuários de drogas injetáveis, voltados para travestis e transexuais. Então, um material de redução de danos de usuário de drogas injetáveis, para travestis e transexuais da noite, têm uma linguagem, que é desse povo, então, é, quando essa linguagem, desse material, foi apresentada como se fosse o material da escola, do projeto ‘Escola Sem Homofobia’. É óbvio que os pais não vão querer que o filho leia um material daquele. E isso ganhou corpo na disputa de verdades, nos jogos de verdade, a verdade que se impôs foi essa, não adiantou. Nós não tivemos espaço na imprensa, eu desmenti nos lugares onde eu fui.”


“Se essa interpretação, via pânico moral, nos ilumina a respeito dos discursos e mecanismos acionados na disputa pela definição de uma política sexual no Brasil contemporâneo, há outro aspecto que desejamos destacar aqui: a apropriação e usos de espaços políticos por segmentos conservadores e, no caso da nossa análise, em especial das bancadas religiosas. Tão central para o desfecho da controvérsia quanto a representação sobre o que significava a produção e distribuição deste material educativo pelo MEC, foi a “instabilidade política” pela qual passava o governo federal naquela ocasião. O que se observou, portanto, foi a utilização de direitos civis, através da negação de uma política educacional voltada à inclusão e valorização da diversidade, como moeda de troca política com setores conservadores.
Esses grupos se encontravam acuados pela decisão do Supremo Tribunal Federal que, no mesmo mês de maio de 2011, de forma unânime, conferiu a possibilidade de reconhecimento dos relacionamentos entre homossexuais como união civil. Contudo, os setores conservadores tiveram uma parcela de sua força política reconstituída pelo desfecho que esse caso teve. Se, por um lado, o STF reconheceu naquela ocasião uma série de direitos e garantias que até então eram negados a uma grande parcela da população, por outro, o governo federal abriu mão de uma política que tinha clara intenção de ampliação de direitos e de promoção de uma cultura da liberdade e também fragilizou a importante dissociação entre religião e políticas estatais no país.”


“Nas palavras do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP):
“As feministas lutam pelo direito delas, o que é legítimo, o que a democracia permite, mas o que vem por trás de tudo isso, de maneira subliminar, é o que me assusta, porque quando você estimula uma mulher ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como ser mãe começa a ficar anulada, e pra que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos. Eu vejo de uma maneira sutil atingir a família; quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, e você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos. (...)
Por causa disso feito lá, já correu no Senado, foi votado já na Comissão de Direitos Humanos, foi aprovado o aborto de anencéfalos, deve ir pra CCJ, e quando vier pra cá, pra Câmara, vamos tentar barrar, vamos tentar bloquear, porque é um presságio; como é que você vai garantir que as outras crianças que vão ser abortadas são crianças sem cérebro de fato? Quem é que prova, 100% de provas que a criança não tem cérebro? Nem entre os estudiosos, entre os médicos, existe um consenso sobre isso. (...) Me assusta mais ainda, na audiência do grupo LGBT, sobre orientação sexual na infância, eu vi o apoio da UNICEF, vi o apoio da UNESCO; são entidades que a gente vê na televisão tentando cuidar de crianças, e quando você vai trabalhar por trás disso, você vê que é um pensamento acadêmico de deturpar a família.


“Por sua vez, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), membro da Comissão de Seguridade Social e da Comissão de Constituição e Justiça, afirmou em entrevista à pesquisa, que essas duas são as “principais comissões que levam a cabo essas leis” – incluindo a da criminalização da homofobia. A estratégia da FPE, conforme anunciam, é barrar os projetos de lei ainda nas comissões. Depois, quando é o caso de não conseguirem impedir o avanço do projeto, jogam o PL para o Plenário da Câmara se organizando para votarem contra, além de mobilizar outros políticos para votar com eles, obtendo maioria. Essa estratégia não é desconhecida de quem está no dia a dia do Congresso, como salientou um dos nossos entrevistados, o então responsável pela formulação e divulgação do material didático do MEC.
Já o bispo Manoel Ferreira, da Assembleia de Deus, Ministério de Madureira (RJ) salientou a intensa briga dos parlamentares evangélicos na tentativa de barrar o acesso direto dos movimentos sociais ao governo, porque quando isso acontece os projetos chegam à Câmara dos Deputados já chancelados. A briga dos evangélicos e católicos nas agendas por nós analisadas era para que os projetos de lei seguissem diretamente até o Congresso, pois naquele âmbito, e sem a chancela do governo, eles teriam a chance de reverter, de impedir a votação do projeto ou de fazê-la demorar a acontecer.
Argumentavam que acessar diretamente à presidência burlaria (isto valia para quando representantes de movimentos sociais acessavam o governo, não para eles próprios) o curso natural dos projetos.”


“Lideranças do movimento feminista e a senadora Marta Suplicy falaram sobre isso à pesquisa. Nas palavras da última:
os segmentos religiosos que começaram a ocupar espaço político, e que veem nesse espaço político uma possibilidade de ter poder, e a ocupação desse espaço é relacionada a esses temas; eles não falam tanto de reforma agrária, ou de combate à miséria, ou de alfabetização do povo pobre, ou de direitos humanos... eles usam temas que mobilizam a massa que eles agregam, nos seus templos, né, através desses outros conceitos, e de criar um inimigo comum, né, às vezes é o candomblé, às vezes é o homossexual, às vezes é o... qualquer coisa relacionado ao que eles possam pôr no inferno.” (Brasília, 13 de julho de 2012)”


“Mesmo que não queiramos nos deter num exercício de projeção dos possíveis impactos da presente neopentecostalização para a sociedade é importante salientar que ela está em curso e tem efeitos que não estão circunscritos ao campo religioso.
Com isto, gostaríamos de salientar a importância de entender que embora reconheçamos o caráter performático dos evangélicos e mais recentemente dos católicos na política nacional, que reconheçamos os limites de suas ações políticas, que reconheçamos, ainda, a diversidade e competição que marcam o segmento evangélico, talvez devêssemos entender que estes religiosos vêm atuando unidos em prol da promoção de uma sociedade moralizada e civilizada a partir de seus termos. Os meios que acionam para isso articulam diferentes técnicas e recursos atuando cada vez mais e de modo cada vez mais efetivo na formulação ou na reformulação de leis e projetos de leis em nível nacional.”


“O Estado laico não discrimina por motivos religiosos, não afirma e tampouco nega a existência de Deus, relegando essa questão à liberdade de consciência de cada cidadão. Na democracia não há crime de heresia. O Estado laico assegura que cada cidadão possa viver segundo sua crença, sem receio de ser perseguido por seu pertencimento religioso.
A laicidade tem sido definida como o regime social de convivência no qual as instâncias políticas se veem legitimadas pela soberania popular e não mais por instituições religiosas.” (Roberto Arriada Lorea)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O Evangelho da Prosperidade: análise e resposta – Alan B. Pieratt

Editora: Vida Nova
ISBN: 978-85-2750-218-4
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 230
Sinopse: No Brasil de hoje, muitos púlpitos estão proclamando uma nova mensagem através de todo o país. Tem sido pregado que a saúde e a prosperidade se encontram à disposição de todos os que se achegam a Cristo e reivindicam seus direitos diante de Deus. Portanto, não há motivos pelo qual o cristão deva passar por doenças ou sofrimentos.
Com boas razões essa mensagem tem sido chamada de evangelho da prosperidade, pois ela proclama as boas novas de sucesso na vida. Não é de admirar que seja acolhida por muitas pessoas que a ouvem. Mas, será que ela é bíblica? A Bíblia realmente faz tais promessas àquele que crê? O que Cristo oferece para esta vida: uma coroa ou uma cruz?
Neste livro, o Professor Alan Pieratt, Ph.D., da Faculdade Teológica Batista de São Paulo*, responde a cada uma dessas perguntas, com erudição e zeloso amor cristão. As informações que ele apresenta sobre as raízes da teologia da prosperidade por certo deixarão o leitor surpreso.



“Ao identificar a lei em Gálatas como sendo a lei mosaica de Deuteronômio 28, Hagin entendeu de forma completamente errônea a natureza da salvação e tornou insignificante a necessidade que o homem tem de um salvador. Não é somente da pobreza e da doença que precisamos ser redimidos, mas, acima de tudo, da culpa do pecado cometido.
Hagin interpreta de forma errada o relacionamento entre o Antigo Testamento e o Novo. Ele afirma que, hoje, os cristãos passam por doenças e pobreza como resultado da maldição da lei mosaica. Isto só pode ter um significado: a lei mosaica aplica-se à igreja cristã de hoje. Mas, seguramente, isso representa uma completa confusão entre Israel e a igreja e revela que ele confunde o Antigo Testamento com o Novo. A igreja não se encontra debaixo da lei de Moisés (cf. Rm 3.19 e Ef 2.14). Se fosse assim, todos os homens deveriam se submeter à circuncisão, as festas judaicas deveriam ser observadas, poderíamos ingerir apenas comida kosher, sacrifícios deveriam ser oferecidos no templo, etc. Mas a lei foi abolida para a igreja e portanto, as maldições de Deuteronômio 28 não têm aplicação direta para ela.
Hagin interpreta mal a natureza da doença. Ele diz que o cristão passa por doenças, porque a maldição da lei mosaica sobrevém àquele que não afirma seus direitos por meio da expiação. Mas se é assim, qual a razão que leva o restante da humanidade a sofrer doenças e pobreza? A resposta bíblica para esta pergunta está no fato de que o mundo não é aquilo que deveria ser, por causa da queda de Adão, registrada em Gênesis
Com Adão, a raça humana inteira ficou sujeita a doenças, miséria e morte. As doenças alistadas em Deuteronômio 28 não faziam parte desse julgamento divino sobre o mundo como um todo, mas representavam o julgamento prometido aos judeus que desobedecessem. Ele não está ligado à fraqueza do corpo, que faz parte de nossa natureza decaída. Paulo disse que habitamos um “corpo de humilhação” (Fp 3.21) e que nosso homem exterior está se corrompendo (2 Co 4.16). Ele afirma que toda a criação “geme” debaixo da maldição do sofrimento (Rm 8.19, 20), incluindo os cristãos. O corpo humano será transformado um dia, para ser como Cristo (Fp 3.21), mas esse dia ainda não chegou.
Finalmente, assim como Hagin não entendeu o significado da lei em Gálatas 3, ele também identificou de forma errada a bênção de Abraão como sendo prosperidade material. Ele escreve: “A primeira coisa que Deus prometeu a Abraão foi que iria enriquecê-lo. ‘Você quer dizer que Deus vai enriquecer todos nós?’ Sim, é isto que quero dizer” (Redimidos, 8). Mas isso perde totalmente de vista aquilo que Paulo está tentando dizer nessa passagem. Ele está explicando que as nações gentílicas foram incluídas na esperança da salvação por meio de Abraão. Isso fica muito claro em Gálatas 3.7-9:
Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
A expiação abriu as portas para que os gentios fossem contados como filhos de Abraão, que é sempre mencionado no Novo Testamento como exemplo de um homem que, por meio de sua fé, encontrou salvação, não riqueza. Ele ficou conhecido como o pai dos que creem, exemplo supremo de um homem de fé (Rm 4.12-16; Gl 3.6, 9), não por ser rico e próspero, mas porque teve fé para deixar sua terra (Hb 11.8), para confiar na promessa que Deus fez de lhe dar um filho em sua velhice (Hb 11.11) e até para sacrificar seu próprio filho, quando este lhe foi solicitado (Hb 11.17; Tg 2.21). O ponto central de Hebreus 11 é que os santos de Deus, incluindo Abraão, foram fiéis apesar dos problemas, não por serem prósperos. A maioria deles nem levou uma vida de prosperidade, mas, em vez disso, morreu martirizada. A fé que eles demonstraram honrou a Deus por ser fé apesar das circunstâncias, não uma fé que muda as circunstâncias para melhor.
Por outro lado, em oposição à interpretação de Hagin, a prosperidade física de Abraão nunca é um assunto de interesse na Bíblia. Nos 216 versículos que mencionam o patriarca, não existe qualquer indício de que a riqueza que lhe foi dada fosse importante para ele como pessoa ou elemento essencial de sua relação com Deus. Portanto, ver na promessa de Deus a Abraão uma referência básica às riquezas materiais não passa de uma interpretação grosseira.
A conclusão dessa exegese de Gálatas 3 é que Hagin identificou erroneamente tanto a maldição quanto a bênção referidas na passagem. A maldição debaixo da qual a humanidade se encontra sofrendo não é simplesmente a doença ou a pobreza, mas a ira de Deus dirigida ao homem por causa do pecado. Assim como a maldição de Gálatas 3 é muito mais profunda e mais terrível do que Hagin supõe, igualmente a bênção é muito mais maravilhosa. Hagin coloca-a dentro dos limites da riqueza e prosperidade física, mas, de fato, ela é nada mais nada menos do que a salvação. Somos abençoados porque, pela fé, tornamo-nos filhos de Abraão e herdamos o direito de nos assentar com ele no reino. Embora o próprio Hagin possa não ser um materialista que busca lucro pessoal, ao destacar a prosperidade material e as bênçãos físicas como resultado da fé, ele está transformando o cristianismo numa religião de supermercado, onde as pessoas vão, pagam e esperam receber em troca a satisfação de suas necessidades.
Deve-se notar que esta compreensão errônea de Gálatas 3 é a chave para a interpretação da Bíblia, segundo os ensinos da prosperidade. Identificar a lei como sendo a lei mosaica e a bênção como prosperidade material torna-se a base interpretativa de todos os outros textos que versam sobre salvação. Por exemplo, Mateus 8.17, referindo-se a Cristo, diz o seguinte:
“... para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças”. Esta citação de Isaías 53.4, 5 é interpretada da perspectiva da doutrina da prosperidade e considerada como prova de que a redenção inclui a promessa de saúde perpétua para o cristão. Não pode haver dúvida de que Mateus (veja também 1 Pedro 2.24) está se referindo aos benefícios físicos e espirituais da expiação. Mas a questão não é se a redenção envolve o homem como um todo. É claro que sim. Tanto o corpo quanto a alma serão um dia redimidos (Rm 8.23). A questão é se essa redenção aplica-se completamente aqui e agora, nesta vida. Por ora, basta observar que, nesse versículo, a expressão “para que se cumprisse” não significa que a profecia foi completamente cumprida naquela época ou no tempo vivido hoje pela igreja, sendo que nada mais resta. Tanto em sua execução quanto em seus benefícios, a redenção é um processo, e nem todos esses benefícios já foram alcançados.
Outros dois versículos geralmente interpretados por Hagin da perspectiva da doutrina da prosperidade são Mateus 15.26 e Êxodo 15.26. Sobre este último afirma-se que se trata da primeira promessa de cura na Bíblia. Junto com textos como Salmos 103.3 (Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades), afirma-se que a cura estava e está à disposição de todos os que creem. Mas não se explica como essas promessas do Antigo Testamento se relacionam com a expiação de Cristo, que apareceria somente séculos depois. Na passagem de Mateus, a cura da enfermidade efetuada por Jesus é chamada de “o pão dos filhos”. Há quem afirme que isso pode significar só uma coisa: a cura é uma norma para os cristãos de hoje (Bailey, 1977; Soares, 1987), uma vez que todos os cristãos são filhos de Deus. Nos dois versículos, o que está em jogo são os benefícios da expiação.
Eles foram plenamente recebidos? Teríamos nós o direito de esperar a cura completa do corpo e da alma quando nos tornamos cristãos?
Precisa ser observado que em nenhum dos versículos existe a promessa de que todas as enfermidades serão curadas, mas apenas uma declaração de fé no sentido de que, quando a cura acontece, Deus é sua fonte. Dizer que Deus é quem cura não é o mesmo que dizer que Deus é quem sempre opta por curar, ou quem cura automaticamente, ou quem confere o direito à cura. É simplesmente dizer que, quando existe cura, ela vem de Deus.
Resumindo, o erro básico da doutrina da prosperidade está em pressupor que a expiação de Cristo removeu não somente a culpa do pecado, mas também suas consequências. Em outras palavras, ela afirma que não apenas fomos perdoados de nossos pecados, mas os efeitos do pecado também foram removidos. Mas Paulo deixa claro que as consequências do pecado não serão removidas nessa vida. É exatamente por isso que toda a criação geme (2 Co 5.4), aguardando o dia em que a redenção se completará. Por enquanto, o mundo continua decaído em natureza, e a vida ainda é curta e difícil. Muita coisa da expiação está no futuro. Esse ponto constitui nossa primeira grande resposta à teologia de Hagin e, portanto, precisa receber toda atenção.”


“Em segundo lugar, consideramos a promessa e a exigência quanto à saúde e às riquezas. O neófito que ouve pela primeira vez a pregação da prosperidade pressupõe que as promessas não têm limites. Ele ouve que o fiel pode ter sempre saúde e ser próspero ou pelo menos tem direito a isso. Quanto mais ouve, o discípulo da prosperidade aprende que existem regras ou procedimentos a serem respeitados: não duvidar, reivindicar a bênção em voz alta, exigir seus direitos, usar sempre o nome de Jesus, etc. Entretanto, o fato é que as exigências não param quando essas regras já foram obedecidas. Há um peso maior a ser carregado. O fiel passa a entender que ele não somente tem o direito, mas a obrigação de ser próspero, pois a posse dessas bênçãos prova que ele é uma pessoa de fé que está debaixo da aprovação e da bênção de Deus. Em outras palavras, as próprias promessas dos ensinos da prosperidade transformam-se em exigências. Este é o segredo dessa doutrina. Se o fiel fica doente ou está longe do sucesso, ele está falhando como cristão. É por isso que não há lugar para visitas em hospitais no ensino da prosperidade. A pessoa doente é como Jó: encontra-se debaixo dos olhares de acusação de seus amigos. Saúde e sucesso perpétuos são tanto promessas quanto exigências da doutrina da prosperidade. Este é um peso muito grande para ser carregado, porque, mais cedo ou mais tarde, todo cristão enfrentará problemas. Quando eles aparecem para o seguidor dos ensinos da prosperidade, culpa e dúvida surgem como consequências. Com o passar do tempo, muitos abandonam o movimento, ao perceberem que aqueles ensinos não resolverão seus problemas, mas farão somente com que se sintam culpados por causa da presença deles.
Contrastando com isso, na espiritualidade bíblica o cristão tem o direito de falhar. A Bíblia exige que perseveremos na fé e no amor por Deus e pelos homens, mas em nenhum lugar ela insinua que saúde e prosperidade são sinais da graça de Deus. Pelo contrário, o sucesso não é critério pelo qual o favor de Deus pode ser medido. Jó, Asafe, Paulo e o autor de Hebreus foram extremamente claros nesse ponto. Em outras palavras, as promessas que a Bíblia faz ao cristão são bem diferentes daquelas concedidas no ensino da prosperidade, pois o cristianismo é uma religião da vida do porvir, não da vida do agora. Isso é bem expresso por Warfield, que escreve:
Nosso Senhor nunca permitiu que se imaginasse, sequer por um momento, que a salvação que ele trouxe é fundamentalmente para esta vida. Sua religião destacava-se por ser de outro mundo. Ele com frequência apontava para o além, fazendo com que os homens vissem ali seu verdadeiro lar e nele colocassem suas esperanças e aspirações. (Counterfeit Miracles. Banner of Truth Trust, 1972, p. 177)
Com respeito a esta vida, a Bíblia tem pouco a oferecer em termos de promessas de melhorias. Ela não promete que pelo fato de uma pessoa ter se arrependido de seus pecados e crido em Cristo, o salário dela irá aumentar ou sua saúde melhorar.
Pelo contrário, a palavra do Senhor nas Escrituras, diante da doença, frequentemente é essa: “a minha graça te basta” (2 Co 12.9). Cristo nunca foi visto enriquecendo qualquer de seus seguidores. Em vez disso, o único conselho de economia que a Bíblia oferece é no sentido de que lancemos sobre ele nossa ansiedade, pois ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). Melhorias na saúde ou no padrão de vida podem ocorrer na vida do cristão, mas caso ocorram, elas se devem ao abandono de velhos hábitos e à adoção de outros.”


“Embora na espiritualidade bíblica seja oferecida muita coisa ao cristão, as exigências também não são poucas. Começamos por dizer que a fé deve ser do tipo que se caracteriza por humildade e gratidão e que reconhece que tudo que vem da mão de Deus é pura dádiva (Ef 2.8-19). Não há lugar para coisas como “reivindicar direitos diante de Deus”. Em segundo lugar, ela deve ser do tipo que procura servir a Deus e aos homens. Na espiritualidade bíblica, Deus nunca é procurado como meio para se atingir um fim, como se o cristão viesse buscar a bênção que ele pode oferecer, em vez de buscar o próprio Deus. O “eu” nunca é o centro de atenção na espiritualidade bíblica. Antes, a verdadeira espiritualidade olha para o lado de fora, na direção de Deus e de nosso semelhante. Portanto, o alvo da vida cristã é servir a Deus e aos homens (Fp 2.12; 1 Pe 4.2), e revela-se de grande importância o fato de Paulo ter usado as mais fortes imagens que pôde achar para declarar essa verdade (1 Co 9.19; 2 Tm 2.2-5).”


“A expressão “teologia da glória” serve bem para caracterizar o evangelho da prosperidade, pois este prega e ensina que a vida do cristão deve ser uma vida de vitória. Hagin expressa exatamente esse ponto, ao escrever:
Nosso problema é que temos pregado uma religião de “cruz”, sendo que precisamos pregar uma religião de “trono”... Na verdade, a Cruz é um lugar de derrota, ao passo que a Ressurreição é um lugar de triunfo. Quando se prega a cruz, está-se pregando morte e deixa-se o povo na morte. Morremos, sim, mas ressuscitamos com Cristo. Estamos assentados com Ele. Essa é a nossa posição atual: Estamos assentados com Cristo no lugar de autoridade, nos lugares celestiais. (Autoridade, 23, 24.)
Observe bem a frase “a nossa posição atual... nos lugares celestiais”. É exatamente isto que significa a teologia da glória. Essa espiritualidade foi encontrada primeiramente entre os cristãos coríntios (McConnell, 1988). De fato, talvez eles possam ser chamados os primeiros defensores da prosperidade, pois pensavam em si mesmos como filhos do rei que já haviam começado seu reinado nesta vida. Eles não se sentiam bem com a vida sacrificial e o sofrimento de Paulo, pois o fraco, o doente e o pobre não têm lugar nessa espiritualidade. Por essa razão, Paulo teve de defender seu ministério apostólico várias vezes (2 Co 10.7-18; 11.5-33; 12.1-6). Eles se impressionavam apenas com pregadores que revelavam poder, prestígio e prosperidade.
         Em contraste com isso, a teologia da cruz mede todas as coisas pelo padrão do sofrimento de Cristo. Ela diz que as exigências do cristianismo são grandes porque o sacrifício de Cristo foi grande. Ela também diz que o discípulo não é maior do que seu mestre e, se Cristo teve de sofrer, seus discípulos também precisam estar dispostos a fazer o que for necessário a serviço dele (Mc 8.34). Aquele que não age assim, não é digno de Cristo (Mt 10.38). Isso significa que devemos crucificar nossos desejos pelas coisas do mundo, em vez de exigi-los como parte de nossos direitos (Gl 5.24; Tg 4.4; 1 Jo 2.15-17). Por causa da cruz, Cristo tem todo o direito de insistir em obediência, serviço, autonegação e sacrifício. Paulo disse: “... pregamos a Cristo crucificado” (1 Co 1.23; 2.2). Esta era a primeira verdade do cristianismo e tinha de ser estabelecida antes que fosse ensinada qualquer outra doutrina ou insinuado algum outro estilo de vida.
A exemplo dos coríntios de tanto tempo atrás, o evangelho da prosperidade fala da cruz somente em termos dos benefícios que dela podemos auferir, nunca das exigências que ela nos faz. Pressupõe-se que Jesus foi para a cruz a fim de que a pessoa que crê não precisasse ir para lá e que o fiel pode colher a glória sem participar da vergonha. Esta é a essência da teologia da glória. É a teologia de outro evangelho.”

Plano de Poder: Deus, os cristãos e a política – Edir Macedo e Carlos Oliveira

Editora: Thomas Nelson Brasil
ISBN: 978-85-7860-019-8
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 128
Sinopse: Plano de poder demonstra que Deus tem um grande projeto de nação elaborado por ele mesmo e que é nossa responsabilidade apresentá-lo e colocá-lo em prática. Na Bíblia, em Gênesis, Deus dá uma aula de planejamento, organização e execução de sua ideia. Ele esclarece sua intenção estadista e a formação de uma grande nação. A proposta de uma sociedade politicamente organizada tem por objetivo essencial trazer bem-estar aos seus cidadãos. O ambiente, a cidade e o Estado são pensados visando sempre ao bem-estar das pessoas. O objetivo deste livro é esclarecer os leitores acerca da política, sobretudo dos pontos de vista bíblico, técnico e suas finalidades. Além de contribuir para o amadurecimento político e democrático do País.



“Ainda nos dias atuais, há muitas pessoas que, apesar de confessarem uma fé cristã, não conseguem identificar e assimilar o objetivo de Deus sobre esse aspecto para o seu povo (o projeto de poder político de nação).
Lamentavelmente, esse senso de percepção tem faltado a muitos cristãos, que hoje já somam no Brasil uma população de cerca de 40 milhões de pessoas, que vem crescendo a cada dia (esse dado aproximado é referente ao número de evangélicos só no Brasil, e não no mundo). É um enorme potencial, mas essas pessoas, em sua maioria, encontram-se como um gigante adormecido. Elas precisam despertar ao toque da alvorada; mais que isso, ouvir o mesmo que Deus falou para Gideão: “Vai nessa tua força.” Em outras palavras: “Emancipem-se!” A emancipação começa com o amadurecimento individual, o inconformismo com certas situações, o consenso em um ideal e a mobilização geral.”


“Não é difícil imaginarmos quantos cristãos podem ter sidos captados por técnicas de comunicação e marketing e persuadidos a votar em causas diferentes das suas.”


“Os poderes constituídos têm autonomia para legislar, às vezes, de forma proposital ou não em causa própria ou para alguém, ou ainda para determinados grupos. Os mais astutos conseguem fazer essas manobras de forma que o princípio da intencionalidade nem seja observado. Além, é claro, de haver a questão da interpretação dos fatos, do ponto de vista, verificando se uma lei está sendo benevolente a um ou prejudicial a outro, quando o verdadeiro papel do Estado é mediar e harmonizar os interesses da coletividade.”


“É exatamente por essas e outras razões que todo e qualquer segmento da sociedade deve ser bem esclarecido, crítico, e buscar ter representatividade a fim de que também contribua para o aperfeiçoamento e amadurecimento do processo democrático da forma como deveria ser: transparente e proclamador da justiça social. É aí que os movimentos sociais organizados de forma séria são necessários para representar os anseios coletivos da política que esteja sendo aplicada, ou que deveria ser aplicada e não é. Além disso, se for o caso, na ausência dessa política esses movimentos devem sugerir que ela seja criada.
Um movimento social organizado com cerca de 40 milhões de pessoas, que são os evangélicos, teria uma força e tanto. De forma alguma estamos sugerindo que os evangélicos e suas respectivas igrejas se tornem partidos políticos, mas sim que não fiquem omissos acerca desse tema.”


“Quanto tempo ainda levará para que Deus realize o Seu grande sonho de nação? Quando todos os que se dizem Seus estiverem conscientizados, dispostos e disponíveis a isso.”


“Devemos destacar que é totalmente desaconselhável ao político, mais em especial ao gestor público, que sua ótica gestora seja teocrática como se tem observado ao longo da história política nacional. A sociedade é composta por pluralidade, e cabe ao servidor público ser sóbrio e equilibrado a fim de que sejam evitadas possíveis discriminações, até porque o Estado brasileiro é laico. Nosso País já teve características teocráticas, ou semiteocráticas, como já se pôde observar em vários momentos da história do Brasil. O Estado laico deve ser isento em seus posicionamentos. Não é justo inserir a doutrina religiosa nas decisões do Poder Público, não é nada justo para os que não professam a mesma fé. A esse respeito, tudo o que o Estado deve garantir a seus cidadãos é a liberdade de fé, e o não vilipêndio do local de culto.
Os resquícios teocráticos têm sido observados de longa data, em especial na mídia, e por vezes o próprio Poder Público assume de forma usual o posicionamento da igreja. Quantos religiosos dos mais variados credos já devem ter questionado a que igreja ou religião esse costume está se referindo? Ora, dessa maneira muitos ficam impedidos de opinar sobre os grandes temas sociais e políticos. Seria uma retomada da ágora dos gregos, que excluía determinadas classes sociais de deliberar sobre os anseios coletivos?”


“A obra que Deus realiza é racional e irreparável, por isso sua conclusão é perfeita. A fé, à luz da Bíblia, tem de ser racional, inteligente e inconformada. Do contrário, ela não será razoável, e, consequentemente, será inoperante.”


“A coisa é muito maior do que se possa imaginar, e exige o empenho de cada cristão em obter maior conscientização política e maior envolvimento nos assuntos relacionados à estrutura do Estado e às suas essenciais finalidades. Tudo isso tem que passar pela construção de uma verdadeira identidade cidadã e espírito de coletividade. É algo que não para nunca de evoluir.
À medida que tudo vai sendo assimilado e efetivamente posto em prática, novos espaços vão sendo conquistados e garantidos pelo estatuto regimental e normatizador que os hebreus haviam recebido.”


“A presença da honra no caráter humano independe de seu credo religioso, mas o senso comum tem demonstrado ser ela mais intensa nos cristãos, como se fosse inerente a eles.”


“Os 40 milhões ou mais de evangélicos no Brasil, ainda não em sua totalidade, trazem consigo essa identidade de compromisso com o coletivo e a consolidação da democracia.
Tudo é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. Nunca, em nenhum tempo da história do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional. E, mais ainda, consolidar o grande projeto de nação pretendido por Deus. Imagina-se que todos os que dizem proferir essa fé se engajaram nesse ideal divino.”


“Entre tantos e tantos desafios, a inclusão social urge. Esse processo tem esbarrado, historicamente, em uma série de entraves que precisam ser removidos o quanto antes. Esses entraves são vários, e os mais perceptíveis são o preconceito entre classes sociais, a falta de políticas mais eficazes, as oposições quando feitas de maneira irresponsável e pessoal, conotando o ciúme e a inveja por parte de adversários políticos ou de desafetos declarados e inescrupulosos.
A exclusão social é uma sentença condenatória pela qual parte dos cidadãos — e no Brasil essa proporção é enorme — passa a sobreviver à margem da sociedade, a partir do momento em que não se oferecem oportunidades de inserção social.
Toda nação séria, que deseja alcançar o status de Primeiro Mundo, deve entender que estará sempre excluída dessa classificação se houver, entre seus filhos, um grande número de excluídos sociais.
Quando a ânsia do poder pelo poder cega os que o disputam, os interesses pessoais de poucos passam a imperar e impedir que as necessidades de muitos sejam supridas.”


“O resultado final de uma eleição é reflexo do exercício do poder genuíno que pertence ao povo, que o delega a quem deseja que represente seus interesses. Quando se trata dos votos dos evangélicos, estamos diante de dois interesses: o interesse dos próprios cristãos em ter representantes genuínos e o interesse de Deus de que Seu projeto de nação se conclua. Tudo, exatamente tudo, a esse respeito depende dos escolhidos a compor essa nação. Na verdade, desde o início desse intento os entraves nunca foram causados pelas ações de Deus, mas sim pelas ações das pessoas designadas a elaborar e concluir esse grande projeto.
O Brasil tem uma população de aproximadamente 40 milhões de evangélicos. Terminamos aqui chamando a atenção deles para que não deixem que essa potencialidade seja desperdiçada.”

O Toque de Midas: uma abordagem equilibrada para a prosperidade bíblica – Kenneth E. Hagin

Editora: Graça editorial
ISBN: 978-85-7343-604-4
Opinião★☆☆☆☆
Páginas: 240

O Que a Palavra de Deus Diz?

A ideia de que Deus quer os seus filhos pobres, sem ter bens materiais, é totalmente antibíblica. A Bíblia tem muito a dizer sobre dinheiro -- sobre o seu recebimento para suprir necessidades pessoais e para ofertar no suporte da obra de Deus e abençoar outras vidas.
É significativo que por toda a Bíblia muitos servos de Deus tenham sido ricos. Eu também não estou falando simplesmente sobre ser espiritualmente próspero. Eu quero dizer rico financeiramente! A Bíblia diz que "Era Abraão muito rico; possuía gado, prata e ouro" (Gênesis 13.2). Este versículo não requer muita interpretação, requer?
Primeira Reis capítulo 10 nos conta da rainha de Sabá que veio para visitar o Rei Salomão para ver se ele era tão sábio e grandioso como ela tinha ouvido falar. Depois de testá-lo, fazendo-lhe muitas perguntas difíceis, ela disse: "Eu, contudo, não cria naquelas palavras, até que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade: sobrepujas em sabedoria e prosperidade a fama que ouvi" (! Reis 10.7).”
Jó também era muito rico. a Palavra de Deus diz: "Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numero o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente" (Jó 1.3). Durante as provas e sofrimentos que ele passou, Jó perdeu sua grande riqueza. Mas Deus restaurou as riquezas de Jó! Como eu sei? A Bíblia diz: "Assim, abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro; porque veio a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas" (Jó 42.12). (...)
É importante compreender que Deus não é contra a riqueza e a prosperidade. Mas ele é contra o fato de as pessoas serem avarentas. (SIC)


3 João 2

Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma

João está falando sobre prosperidade financeira ou material, prosperidade física, e prosperidade espiritual. Observe que a prosperidade material e física são dependentes da prosperidade espiritual.”


“O Senhor disse-me tudo isso e o relacionou com fé para finanças. Enquanto eu estava orando e esperando diante dele, ele me falou pelo Espírito Santo: “O dinheiro que você precisa está aí embaixo na terra. Não está aqui em cima no céu. Eu não tenho um dólar americano sequer aqui em cima. Não vou fazer chover dinheiro algum daqui do céu, porque se eu o fizesse, seria falsificado”.”


Exercitando Nossa Autoridade

Foi por isso que quando o Senhor me disse para reivindicar o dinheiro que eu precisava, eu entendi o que ele queria dizer. Ele estava me dizendo para acreditar e exercitar minha autoridade espiritual na área das finanças.
O Senhor tinha me dito, "O dinheiro que você precisa não está aqui em cima no céu. Eu não tenho dinheiro algum aqui em cima. O dinheiro que você precisa está aí em baixo. É Satanás que o está impedindo de chegar a você, e não eu."
"Satanás irá permanecer aí até que o tempo de arrendamento feito a Adão chegue ao fim" (E então, graças a Deus, Satanás será posto no mais profundo abismo por um breve tempo, e finalmente lançado no lago de fogo).
O Senhor me disse, “Não ore sobre dinheiro como você tem feito. O que você precisar, reivindique em nome de Jesus. E então diga: Satanás, tire suas mãos do meu dinheiro. E em seguida diga: Vão espíritos ministradores, e façam o dinheiro chegar”. (SIC)


“Ser capaz de participar do plano de Deus é a razão e o propósito pelo qual pagamos nossos dízimos e damos nossas ofertas. Compreender que podemos nos tornar parceiros de Deus em cumprir sua vontade traz grande senso de realização e satisfação - mental, emocional, e espiritual. E também abre as janelas do céu para um derramamento de bênçãos materiais.”


Como foi dito antes, ele promete dinheiro pelo dinheiro; você me paga a décima parte, Deus diz, e eu te darei bênçãos terrenas e materiais. Eu te darei perícia para as mãos como de máquinas; farei com que empregados sejam propensos a você; você receberá as mais altas remunerações; greves não te afetarão; eu estou contigo, e cuidarei para que você tenha provisão.
Farei de você um próspero homem de negócios; eu te conduzirei a lugares onde você poderá fazer bons negócios; enviarei pessoas ao seu redor para comprarem de ti; enquanto o homem da casa ao lado, que negligencia minha causa, pode até falir, esta maldição não te tocará. Eu cuidarei das suas contas quando chegar o dia para o pagamento (*when they are coming due); cuidarei para que sua conta bancária esteja suficientemente gorda; em uma palavra, eu sou seu sócio e tomarei conta dos interesses dos seus negócios.
E a vocês pensadores, que ganham a vida com seus cérebros, farei com seus pensamentos sejam claros; darei a vocês o santo impulso de originar "pensamentos que respiram, e palavras que queimam"; suas produções comoverão o coração das pessoas; seus trabalhos serão procurados; farei com as pessoas comprem o que o coração e o cérebro de vocês produzirem; apenas paguem-me sua décima parte, vocês serão muito bem cuidados.”