Editora: L&PM
ISBN: 978-85-254-1879-1
Tradução: Paulo Neves
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 176
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Sinopse: São quatro
horas da manhã e Jules Maigret acorda com um telefonema. É Aristide Fumel, antigo
colega do inspetor do 16º arrondissement, que lhe pede ajuda: o corpo de um homem
não identificado foi encontrado no Bois de Boulogne.
De acordo com as novas regras da polícia francesa, o caso
está oficialmente fora da jurisdição do comissário. Ignorando o regulamento, Maigret
vai até o local e reconhece a vítima. Afinal, ninguém o impediria de se ocupar da
morte do ladrão Honoré Cuendet, um homem que ele conhecia havia trinta anos e que
era quase um amigo.
“Maigret não era o único na Polícia Judiciária a sentir-se desanimado, e
o diretor já falara duas vezes de sua possível demissão. Não seria preciso
falar uma terceira, pois sabia que cogitavam substituí-lo.
Estavam
reorganizando, como diziam. Jovens instruídos, bem-educados, oriundos das
melhores famílias da República, estudavam todas as questões no silêncio de seus
escritórios, em busca de eficiência. De suas sábias cogitações saíam planos
miríficos que se traduziam, toda semana, em novos regulamentos.
E o
primeiro ponto é que a polícia devia ser um instrumento a serviço da justiça.
Um instrumento. Ora, um instrumento não tem cabeça.
Era
o juiz, de seu gabinete, o procurador, de seu prestigioso escritório, que
conduziam a investigação e davam ordens.
E,
para executar essas ordens, não queriam mais policiais à moda antiga, os velhos
“sapatos ferrados” que, como Aristide Fumel, continuavam sem saber a
ortografia.
O
que fazer, sobretudo quando se tratava de preencher papelada, com essa gente
que aprendera o ofício na rua, passando da via pública aos grandes magazines e
às estações ferroviárias, conhecendo cada bistrô de seu bairro, cada
delinquente, cada prostituta, e eventualmente capaz de discutir com o inimigo
usando a linguagem dele?
Agora
eram necessários diplomas, exames a cada etapa da carreira, e, quando precisava
pôr alguém a espionar, Maigret só podia contar com alguns veteranos da sua
equipe.
Por
enquanto não se desfaziam dele. Esperavam com paciência, sabendo que só lhe
faltavam dois anos para a aposentadoria.”
“Era
raro que Maigret falasse de sua profissão, mais raro ainda que emitisse uma
opinião sobre os homens e suas instituições. Ele desconfiava das ideias, sempre
precisas demais para se aplicar à realidade que, como sabia por experiência, é
muito fluida.
Apenas
com seu amigo Pardon, o médico da Rue Popincourt, acontecia-lhe murmurar,
depois da janta, o que a rigor podiam se chamar de confidências.
Algumas
semanas antes, justamente, ele se pusera a falar com um certo amargor.
—
As pessoas imaginam, Pardon, que existimos para prender os criminosos e obter
suas confissões. É mais uma das tantas ideias falsas que circulam por aí e às
quais as pessoas se habituam de tal modo que ninguém pensar em verificar. Em
realidade, nossa principal função é proteger o Estado, em primeiro lugar o
governo, seja ele qual for, as instituições, depois a moeda e os bens públicos,
dos particulares, e só então, por último, a vida dos indivíduos...”
““Lida, a modelo com quem o jovem Wilton casou, era uma moça
excepcionalmente bonita, de origem húngara, se não me engano... Stuart Wilton
se opôs ao casamento. Mas o filho casou assim mesmo e, um belo dia, teria
descoberto que sua mulher era amante do pai.
“Não
houve escândalo. Nesse meio, os escândalos são raros, e entre gente fina há
sempre conciliação.””
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