Editora: InterSaberes
ISBN: 978-85-5972-390-8
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 216
Sinopse: Você
saberia dizer qual é a importância da filosofia na atualidade, principalmente
no cenário educacional? É comum que o estudo da filosofia da educação se
restrinja à síntese das contribuições teóricas dos principais pensadores desse
campo do saber. Contudo, para desenvolvermos nosso próprio pensamento crítico
sobre o tema, precisamos ir além disso. Por isso, junte-se a nós em uma
investigação que busca compreender as ideias desenvolvidas por grandes
pensadores como Platão, Aristóteles, Kant, Rousseau, Comte, Durkheim, Marx,
Engels e Rorty e perceba como esse conhecimento pode ser aplicado em uma
perspectiva contextual sobre a constituição e a realidade do pensamento
pedagógico brasileiro.
“O antigo sábio grego Pitágoras, tendo
ouvido, certa vez, alguém chamá-lo de sábio,
respondeu, com muita presença de espírito, que ele não era realmente um sábio,
era apenas um "amigo da sabedoria". Dessa expressão, que vem dos
termos gregos filos (amigo) e sofia (sabedoria), nasceu o vocábulo
filosofia. Assim, podemos perceber a dificuldade de se traduzir uma noção tão
vaga quanto essa em uma definição de limites rigorosos.
Toda disciplina é definida por seu objeto de
estudo. De que se ocupa a filosofia? Ela estuda de tudo – ser, o homem, o
pensamento, o Universo, Deus. Nada escapa à filosofia. De um lado, não existe
nada no mundo – ou fora dele – que não possa ser objeto de indagação
filosófica; por outro, a filosofia não se confunde com as ciências
particulares, pois sua análise é de natureza diversa. Enquanto estas se definem
como ciências pelo caráter empírico
de suas investigações, aquela se caracteriza como uma atividade de ordem reflexiva. O filósofo recebe os dados que lhe
são fornecidos pelas ciências particulares e os submete a um constante
questionamento.”
“A base do pensamento de Marx e Engels é a
dialética, uma lógica segundo a qual o pensamento e a realidade se movem por
tríades formadas por tese, antítese e síntese.
A tese equivale a afirmação do ser, a
antítese é a negação da tese. Da oposição entre tese e antítese surge a
síntese, uma negação da negação, que torna possível a superação da oposição. A
síntese, porém, é ela própria uma afirmação, o que pressupõe a possibilidade de
sua negação, dando origem, portanto, a uma nova tríade.”
“Moreira e Rosa (Jean-Paul Sartre e Paulo Freire, 2014), por exemplo, em um artigo
para a revista Contrapontos,
identificam claramente alguns aspectos que revelam a aproximação entre Sartre e
Paulo Freire:
Sartre e Freire partem da
compreensão fenomenológica da consciência como intencionalidade. A consciência
é sempre consciência de alguma coisa, que está fora dela mesma, transcendente a
ela, e não dentro dela. Por isso o homem & um ser de relação, e só se
humaniza em relação com outros homens, tendo o mundo como mediação, assim como os
homens também são mediação para os outros homens. Ambos partem também da base
materialista histórica, em que o homem surge em um mundo já construído por
outros homens, e que se foram construindo na exata medida em que construíam o
mundo. Por isso, ao surgir no mundo feito por outros, este é sempre um ponto de
partida, não de chegada, não de determinação. O mundo traz condições objetivas
para a existência, mas esta transcende estas condições e recria o mundo, ou o
aceita. Ambos, homem e mundo, são inacabados. (Moreira;
Rosa, 2014, p. 420)”
“Apreciação
crítica sobre a fenomenologia, o existencialismo e o estruturalismo
Os filósofos contemporâneos têm se dividido
quanto à questão liberdade/necessidade. Para a fenomenologia e para o
existencialismo, o ser humano é radicalmente livre, e mais do que isso: seu ser
é definido graças a seu livre-arbítrio. São as decisões que um indivíduo toma
ao longo de sua vida que o fazem ser quem ele é. Já os filósofos
estruturalistas negam ou reduzem a um mínimo a importância da liberdade humana.
O fator determinante, para eles, é a estrutura que ultrapassa o indivíduo e
impõe limites para o que ele pode pensar ou fazer. Isso fica claro em Foucault,
para quem existe um poder disciplinar que se dissemina em todos os níveis da sociedade,
mas que não pode ser identificado com nenhum indivíduo em particular. O
pensador francês entende o poder como uma prática fluida, o que impossibilita
que alguém seja responsabilizado por qualquer ato. Aliás, o autor não faz
juízos de valor, eximindo-se de afirmar se a realidade que analisa é boa ou má.
Se a liberdade é colocada de lado, a responsabilidade dela decorrente também
não pode ser levada em consideração. E sem responsabilidade não há como julgar
uma pessoa ou instituição, seja de forma positiva, seja de forma negativa.”
“Educadores, onde estarão? Em que covas terão
se escondido? Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é
algo que se define por dentro, por amor.
Educador, ao contrário, não é profissão; é
vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.
Profissões e vocações são como plantas.
Vicejam e florescem em nichos ecológicos, aquele conjunto precário de situações
que as tornam possíveis e – quem sabe? – necessárias. Destruído esse habitat, a
vida vai se encolhendo, murchando, fica triste, mirra, entra para o fundo da
terra, até sumir. (Rubem Alves, Conversas
com quem gosta de ensinar, 1982, p. 11)”
“A
solidariedade humana é algo que se fabrica e não algo que se reconhece, pois é
um produto da história e não um fato metafísico. Portanto, é algo que depende
da educação. Contudo, convém não esquecer as advertências de SÓCRATES no Mênon:
não se ensina a virtude; esse é um trabalho pessoal de cada um. O educador é
como um parteiro. (Alvino Moser, A
educação e solidariedade em Richard Rorty, 2000, p. 9, grifo do original)”
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