Editora: Companhia das Letras
Opinião: ★★★★☆
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ISBN: 978-85-359-3891-3
Páginas: 376
Sinopse: Ver Parte I
“Quem deveria ter mudado a trajetória e não o fez foi Jair Bolsonaro. Sua
política de destruição e morte não cedeu em nada, nem depois da troca do
ministro da Saúde. Nelson Teich se recusava a alterar a recomendação da
cloroquina, além de continuar defendendo o isolamento social e o uso de
máscaras. Ficou 29 dias no cargo e pediu demissão.
A
partir daquele momento, durante a maior crise de saúde do século, o Brasil
ficaria sem um ministro da Saúde. No lugar de Teich, Bolsonaro nomeou um
general, provavelmente depois de perceber que nenhum homem da ciência com
alguma credibilidade seguiria seus conselhos assassinos. Eduardo Pazuello, o
novo ministro, foi anunciado como um “especialista em logística”. Mais tarde,
ficou provado que o general não possuía qualquer formação acadêmica na área de
logística.13
No
dia 20 de maio, após Pazuello assumir interinamente o posto de ministro, o
Ministério da Saúde do Brasil alterou o protocolo de tratamento para covid-19,
recomendando a utilização da cloroquina e da hidroxicloroquina em todos os
casos da doença, incluindo em estágios leves, liberando o uso no sus.14”
13.
“Eduardo Pazuello não tem formação acadêmica em logística”. Congresso em Foco,
13 fev. 2021. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/eduardo-pazuello-nao-tem-formacao-academica-em-logistica/>.
Acesso em: 11 jun. 2024.
14.
“Ministério divulga protocolo que libera no sus uso de cloroquina até em casos
leves de Covid-19”. G1, 20 maio 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/20/ministerio-da-saude-divulga-protocolo-que-libera-uso-de-remedio-para-malaria-para-covid-19.ghtml>.
Acesso em: 11 jun. 2024.
“O neofascismo invadia as igrejas, sobretudo as evangélicas
neopentecostais, que invocavam Deus para justificar as atrocidades, auxiliando
a manipulação mental para o controle de multidões e o direcionamento para a
extrema direita.
Assim
como reis e imperadores de outrora, Bolsonaro não era apenas um político do
povo, ele era um enviado direto de Deus, nesse caso para salvar a Terra do comunismo
e do esquerdismo, manifestações do demônio, como se sabe.”
“A máquina de moer reputações não descansa. Ela ataca os inimigos 24
horas por dia, sete dias por semana, para sempre. Ao longo daquele período, eu
começava a abrir os olhos para a realidade inevitável: não há outra saída para
o mundo da internet além da criação de uma Constituição Digital. Precisamos de
uma regulamentação do ambiente digital, com a criação de leis específicas que
demonstrem, de maneira clara, o que é permitido e o que é proibido nas redes.
Sem isso, a extrema direita permanece com suas estratégias sórdidas de
arruinamento de reputações, perseguição, calúnias e controle de narrativas. A
Justiça não consegue reagir a tempo.
Sendo
massacrado todos os dias e associado à pedofilia, comecei a ter cada vez mais a
certeza de que, sem regulação, nunca haverá equilíbrio
na internet, e a extrema direita sempre, absolutamente sempre, sairá vencedora
nesse ambiente.”
“A gestão da pandemia sob Bolsonaro e Pazuello foi repleta de mentiras
descaradas que comprometeram a vida de milhões de brasileiros. É só listar os acontecimentos numa uma linha do tempo para entender o
tamanho da catástrofe.
30
de julho de 2020, 90 mil mortos: O Instituto Butantan envia um ofício para o Ministério da Saúde
propondo a compra da vacina CoronaVac, que seria produzida em parceria com a
empresa chinesa Sinovac Biotech. Seriam 60 milhões de doses, a serem entregues
ao país ainda em dezembro de 2020.69 O governo nem
sequer responde.
14
de agosto de 2020, 105 mil mortos: A multinacional Pfizer oferece ao Ministério da Saúde
70 milhões de doses, com previsão de entrega das primeiras remessas em dezembro
de 2020.70 O governo nem sequer responde.
18
de agosto de 2020, 110 mil mortos: A Pfizer volta a oferecer 70 milhões de doses,
aumentando as remessas iniciais.71 O governo
novamente não responde. No mesmo dia, o Instituto Butantan envia um segundo
ofício ao governo federal oferecendo as doses da CoronaVac.72
Nenhuma resposta por parte do governo.
26
de agosto de 2020, 116 mil mortos: Pfizer faz a sua terceira oferta, aumentando a
quantidade de doses.73 Nenhuma resposta do governo.
12
de setembro de 2020, 131 mil mortos: Pfizer envia uma carta para a cúpula do governo
Bolsonaro, oferecendo a vacina novamente.74 Sem
resposta.
7
de outubro de 2020, 148 mil mortos: Butantan envia terceiro ofício ao governo federal
oferecendo as doses da CoronaVac.75 Sem resposta.
20
de outubro de 2020, 154 mil mortos: Em reunião com os governadores, Eduardo Pazuello
anuncia a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac e informa já ter assinado
o protocolo de intenção de compra.76 Os bolsonaristas consideram uma traição ele comprar as
“vacinas chinesas”.
21
de outubro de 2020, 155 mil mortos: No dia seguinte, o presidente participa de uma
coletiva e afirma que o país não comprará a vacina. “Já mandei cancelar se ele
assinou. Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha
autoridade”.77
10
de novembro de 2020, 163 mil mortos: Bolsonaro discursa em uma cerimônia no Palácio do
Planalto. “Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento
os mortos, lamento, mas todos nós vamos morrer um dia. Aqui, todo mundo vai
morrer”, ele disse. Não satisfeito, continuou: “Não adianta fugir disso, fugir
da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. […] Temos que enfrentar
de peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa?”.78
8
de dezembro de 2020, 178 mil mortos: Primeira pessoa no mundo é imunizada fora do âmbito
de um ensaio clínico, na Inglaterra, com a vacina da Pfizer.79
Seis dias depois, os Estados Unidos imunizam a primeira pessoa com a mesma
vacina.80
17
de dezembro de 2020, 185 mil mortos: Ainda sem vacina em vista, Bolsonaro participa de uma
solenidade do governo federal em Porto Seguro, na Bahia. “Eu não vou tomar [a
vacina]. Alguns falam que eu estou dando um péssimo exemplo. Ô imbecil, ô
idiota. Eu já tive o vírus e eu já tenho os anticorpos. Para que tomar vacina
de novo?”, ele disse. E foi além. Enquanto Estados Unidos, Inglaterra e outros
países já estavam imunizando o maior número possível de pessoas com a vacina da
Pfizer, ele falou: “Na Pfizer está bem claro no contrato: ‘nós não nos
responsabilizamos por qualquer efeito colateral’. Se você virar
um chimpanzé… Se você virar um jacaré, é problema de você”.81
7
de janeiro de 2021, 200 mil mortos: Após cinco meses da primeira oferta do Instituto
Butantan, o Ministério da Saúde assina contrato para a compra de 46 milhões de
doses da “vacina chinesa”, a CoronaVac.82
17
de janeiro de 2021, 210 mil mortos: Primeira pessoa é vacinada no Brasil, em São Paulo,
com a CoronaVac.83
22
de janeiro de 2021, 215 mil mortos: Após todas as defesas e propagandas da
hidroxicloroquina, da azitromicina e do fajuto kit covid, Bolsonaro se
posiciona contra a obrigatoriedade da vacinação. Na porta do Palácio da
Alvorada, ele fala para jornalistas: “Não está nada comprovado cientificamente
com essa vacina aí”.84 A vacina CoronaVac teve seu
uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária após
testar sua eficácia e segurança, que ficaram comprovadas em ensaios clínicos
conduzidos no Brasil.
5
de março de 2021, 263 mil mortos: Bolsonaro participa de evento em Goiás, onde afirma:
“Vocês não ficaram em casa, não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos
problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”.85 O país registrou 1760 novas mortes no dia anterior,
recorde histórico desde o início da pandemia. Ao longo de março e abril, o
Brasil viveria o ápice do horror da covid-19.
18
de março de 2021, 287 mil mortos: Jair Bolsonaro mais uma vez defende o uso de
remédios que comprovadamente não funcionam contra a covid-19. Ao falar das
pessoas que não querem seguir o “tratamento precoce”, ele declara: “Sem
problemas, quando tu começar a sentir um negócio esquisito lá, tu segue aí a
receita do ministro Mandetta. Você vai pra casa, quando você
tiver ó…”, o presidente da República começa a imitar, de maneira debochada, uma
pessoa morrendo por falta de ar, puxando o ar sem conseguir — “UH… UH… UH… falta
de ar, aí vai pro hospital”. Não satisfeito, Bolsonaro repetiria a mesma cena
menos de dois meses depois, em outra transmissão ao vivo.86
19
de março de 2021, 287 mil mortos: Com o país batendo seus próprios recordes de novas
mortes diariamente, o governo enfim oficializa a compra de 100 milhões de doses
da vacina da Pfizer e 38 milhões da vacina Janssen.87
A Inglaterra já havia vacinado 40% de sua população, os Estados Unidos, 27%, e
o Brasil, 5%.
4
de abril de 2021, 331 mil mortos: Sem conseguir conter o avanço da pandemia, o Brasil
se torna o grande alvo de atenção do mundo, ao ser classificado como
“laboratório de novas cepas do vírus”.88
No
dia 22 de outubro de 2021, o relatório final da cpi da Pandemia seria publicado
e acusaria formalmente o governo federal de atraso na compra de vacinas.89
Quantas
vidas não teriam sido salvas se o governo tivesse comprado logo as vacinas?
O
presidente recusou as vacinas e desencorajou a população a tomá-las. Incentivou
que as pessoas recorressem a medicações ineficazes. Insistiu na imunidade de
rebanho, apoiou quem negava a existência do vírus, promoveu aglomerações,
torrou tempo e dinheiro indo para Israel investigar um remédio fracassado e
atrasou o máximo que pôde o início da vacinação.
Por
todo o conjunto da obra, no dia 16 de dezembro, após uma matéria da Folha de
S.Paulo com a manchete “Bolsonaro pede que governo
divulgue perigos de vacinas contra a covid”,90
publiquei nas minhas redes sociais: “Genocida. Monstro. Este desgraçado será
lembrado como o pior presidente eleito na história desse país”.
No
dia 15 de março de 2021, a polícia veio à minha casa e o inferno se instaurou
em minha vida. A partir daquele momento, eu era formalmente acusado de crime
contra a segurança nacional e associação criminosa. O delegado responsável pelo
caso, mais uma vez, era Pablo Dacosta Sartori, atendendo ao pedido de abertura
de investigação por parte de Carlos Bolsonaro, que foi pessoalmente até a
delegacia para fazer o pedido.”
69. Hérica Christian, “Presidente
do Instituto Butantan: Brasil poderia ter 60 milhões de vacinas já em dezembro de 2020”. Agência Senado, 27 maio 2021. Disponível
em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2021/05/presidente-do-instituto-butantan-brasil-poderia-ter-60-milhoes-de-vacinas-ja-em-dezembro-de-2020>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
70.
Hérica Christian, “Pfizer confirma que ofereceu 100 milhões de doses da vacina
a partir de agosto”. Agência Senado, 13 maio 2021. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2021/05/pfizer-confirma-que-ofereceu-100-milhoes-de-doses-da-vacina-a-partir-de-agosto>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
71.
“Representante da Pfizer confirma: governo não respondeu ofertas feitas em
agosto de 2020”. Agência Senado, 13 maio 2021. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/05/13/representante-da-pfizer-confirma-governo-nao-respondeu-ofertas-feitas-em-agosto-de-2020>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
72.
Lívia Machado, Marina Pinhoni e Patrícia Figueiredo, “Ministério da Saúde
ignorou três ofícios com ofertas de vacinas enviados pelo Butantan, diz diretor
do instituto”. G1, 19 fev. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/02/19/ministerio-da-saude-ignorou-tres-oficios-com-ofertas-de-vacinas-enviados-pelo-butantan-diz-diretor-do-instituto.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
73.
“Representante da Pfizer confirma: governo não respondeu ofertas feitas em
agosto de 2020”. Agência Senado, 13 maio 2021. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/05/13/representante-da-pfizer-confirma-governo-nao-respondeu-ofertas-feitas-em-agosto-de-2020>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
74.
Marcela Mattos, Beatriz Borges e Paloma Rodrigues, “À CPI, Wajngarten diz que
carta da Pfizer com oferta de doses ficou sem resposta por dois meses”. G1, 12
maio 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/05/12/wajngarten-diz-que-carta-da-pfizer-com-oferta-de-doses-ficou-sem-resposta-por-2-meses.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
75.
Lívia Machado, Marina Pinhoni e Patrícia Figueiredo, “Ministério da Saúde
ignorou três ofícios com ofertas de vacinas enviados pelo Butantan, diz diretor
do instituto”. G1, 19 fev. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/02/19/ministerio-da-saude-ignorou-tres-oficios-com-ofertas-de-vacinas-enviados-pelo-butantan-diz-diretor-do-instituto.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
76. César Tralli, “Ministério
anuncia compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac e diz que imunização
começa no 1o semestre de 2021”. G1, 20 out. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/10/20/governo-federal-anuncia-que-vai-comprar-46-milhoes-de-doses-da-vacina-chinesa-em-parceria-com-o-butantan.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
77. Carlos Henrique Dias e
Eduardo Ribeiro Jr., “‘Já mandei cancelar’, diz Bolsonaro sobre protocolo de
intenções de vacina do Instituto Butantan em parceria com farmacêutica
chinesa”. G1 Sorocaba e Jundiaí, 21 out. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/10/21/ja-mandei-cancelar-diz-bolsonaro-sobre-protocolo-de-intencoes-de-vacina-do-instituto-butantan-em-parceria-com-farmaceutica-chinesa.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
78.
Pedro Henrique Gomes, “Brasil tem de deixar de ser ‘país de maricas’ e
enfrentar pandemia ‘de peito aberto’, diz Bolsonaro”. G1, 10 nov. 2020.
Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/10/bolsonaro-diz-que-brasil-tem-de-deixar-de-ser-pais-de-maricas-e-enfrentar-pandemia-de-peito-aberto.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
79. Kate Holton, “Imunização no
Reino Unido: Mulher de 90 anos é 1ª vacinada contra Covid-19”. CNN Brasil, 8
dez. 2020. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/britanica-de-90-anos-e-primeira-a-receber-a-vacina-da-pfizer-fora-dos-testes/>. Acesso em: 13 jun. 2024.
80.
“Primeira pessoa é vacinada contra a Covid-19 nos Estados Unidos”. CNN Brasil,
8 dez. 2020. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/primeira-pessoa-e-vacinada-contra-a-covid-19-nos-estados-unidos/>. Acesso em: 13 jun. 2024.
81. Augusto Fernandes,
“Bolsonaro: ‘Ô imbecil, eu já tive o vírus, para que tomar vacina?’”. Correio
Braziliense, 17 dez. 2020. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2020/12/4895582-bolsonaro-o-imbecil-eu-ja-tive-o-virus-para-que-tomar-vacina.html>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
82.
Marina Pinhoni, “Butantan assina contrato para fornecimento de doses da
CoronaVac para o Ministério da Saúde”. G1, 7 jan. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/01/07/butantan-assina-contrato-para-fornecimento-doses-da-coronavac-para-o-ministerio-da-saude.ghtml/>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
83.
Bruna Baddini e Daniel Fernandes, “Primeira pessoa é vacinada contra Covid-19
no Brasil”. CNN Brasil, 17 jan. 2020. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/primeira-pessoa-e-vacinada-contra-covid-19-no-brasil/>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
84.
Guilherme Mazui, Lara Pinheiro e Mariana Garcia, “Vacina ‘não está comprovada
cientificamente’, diz Bolsonaro, contrariando o que disse a Anvisa e as provas
obtidas por cientistas”. G1, 22 jan. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/01/22/vacina-nao-esta-comprovada-cientificamente-diz-bolsonaro-contrariando-o-que-disse-a-anvisa-e-as-provas-obtidas-por-cientistas.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
85.
“‘Chega de frescura, de mimimi’: Frase de Bolsonaro repercute na imprensa
internacional”. G1, 5 mar. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/03/05/chega-de-frescura-de-mimimi-frase-de-bolsonaro-repercute-na-imprensa-internacional.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
86.
“Bolsonaro imitou paciente com falta de ar durante transmissões ao vivo na
internet em 2021”. G1, 22 ago. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/noticia/2022/08/22/bolsonaro-imitou-paciente-com-falta-de-ar-durante-transmissoes-ao-vivo-na-internet-em-2021.ghtml>. Acesso em: 13 jun. 2024.
87.
Thaís Augusto, “Governo fecha contratos com Pfizer e Janssen para compra de 138
mi de doses”. UOL, 19 mar. 2021. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/19/governo-fecha-contrato-com-pfizer-e-janssen-para-compra-de-138-mi-de-doses.htm>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
88.
Lucas Borges Teixeira, “Sem controle da pandemia, Brasil vira laboratório de
novas cepas do vírus”. UOL, 4 abr. 2021. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/04/04/novas-variantes-coronavirus-brasil-laboratorio-surgimento.htm>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
89.
Rodrigo Resende, “Relatório acusa governo federal de atraso na compra de
vacinas e de negociações ilícitas no caso Covaxin”. Rádio Senado, 20 out. 2021.
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2021/10/22/relatorio-acusa-governo-federal-de-atraso-na-compra-de-vacinas-e-de-negociacoes-ilicitas-no-caso-covaxin>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
90.
Bruno Boghossian, “Bolsonaro pede que governo divulgue perigos de vacinas
contra a Covid”. Folha de S.Paulo, 15 dez. 2020. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-boghossian/2020/12/bolsonaro-pede-que-governo-divulgue-perigos-de-vacinas-contra-a-covid.shtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
“Na mesma noite em que recebi a intimação, decidi que lutar deveria ser
muito mais do que apenas proteger minha própria pele. Se o governo Bolsonaro
havia aprontado aquilo comigo, sabendo que o caso teria ampla cobertura, o que
ele poderia ter feito na calada da noite com pessoas que não tinham como se
defender? Fui investigar.
Nos
dois primeiros anos de governo (2019 e 2020), o número de procedimentos abertos
pela Polícia Federal para investigar supostos crimes contra a segurança
nacional haviam aumentado 285%.13 A lei não fora
invocada para investigar pessoas que atentavam contra o Estado, mas para
perseguir opositores de Bolsonaro. (...)
O
jornalista Ruy Castro foi perseguido por publicar em sua coluna: “Se Trump
optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo”.15
Ainda que dura, a frase expressava a raiva pela perda de centenas de milhares
de vidas para a covid-19. E o caso de Castro foi ainda mais grave, pois partiu
de André Mendonça o pedido para a investigação, incluindo ainda outro
jornalista, Ricardo Noblat, por apenas ter compartilhado o artigo. Agora vem o plot
twist: Mendonça era ministro da Justiça de Bolsonaro e seria indicado pelo
presidente meses depois a uma vaga no STF.
A
professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco Erika Suruagy, dirigente
da Associação de Docentes da UFRPE, foi perseguida após a associação levantar
um outdoor com o texto: “Inimigo da educação e do povo — Mais de 120.000 mortes
por covid-19 no Brasil — #ForaBolsonaro” junto a uma imagem da morte brandindo
uma foice, de terno e faixa presidencial, com o rosto do presidente. O
inquérito foi solicitado pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça,
Tercio Issami Tokano, a pedido de Jair Bolsonaro.16
O
professor Tiago Rodrigues passou por caso parecido, após instalar dois outdoors
na cidade de Palmas, no Tocantins, com uma foto de Bolsonaro e o texto: “Cabra
à toa — Não vale um pequi roído — Palmas quer impeachment já!”. Novamente, o
futuro ministro do STF, André Mendonça, pediu que Tiago fosse investigado.17
Já
o advogado e comentarista da CNN Marcelo Feller também foi alvo de André
Mendonça, após dizer que: “Não é o Exército que é genocida, é o próprio
presidente, politicamente falando”. Também enquadrado na
Lei de Segurança Nacional.18
O
cartunista Aroeira foi igualmente vítima de perseguição após publicar uma
charge em que Bolsonaro sugeria a seus seguidores que invadissem hospitais
públicos para fiscalizar despesas. Na charge, Aroeira desenhou o símbolo da
cruz vermelha que Bolsonaro pintara com tinta preta para se transformar na
suástica nazista. E quem pediu investigação ao cartunista? Ele mesmo, o futuro
supremo ministro André Mendonça.19”
13.
Marcelo Godoy e Túlio Kruse, “Inquéritos da PF com base na Lei de Segurança
Nacional crescem 285% no governo Bolsonaro”. O Estado de S. Paulo, 19
mar. 2021. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/politica/inqueritos-da-pf-com-base-na-lei-de-seguranca-nacional-crescem-285-no-governo-bolsonaro/>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
14.
Gustavo Sampaio, “Por que o Congresso revogou a Lei de Segurança Nacional?”. O
Globo, 12 ago. 2021. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/podcast/por-que-congresso-revogou-lei-de-seguranca-nacional-1-25151832>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
15.
“Ruy Castro comenta embate com ex-ministro que pediu inquérito por texto contra
Bolsonaro”. TV Cultura, 8 jun. 2021. Disponível em: <https://cultura.uol.com.br/entretenimento/noticias/2021/06/08/1157_ruy-castro-comenta-embate-com-ex-ministro-que-pediu-inquerito-por-texto-contra-bolsonaro.html>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
16.
Gabriella Castro, “Professora é acusada de injúria por outdoor com críticas a
Bolsonaro”. Eu Estudante, 12 mar. 2021. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/ensino-superior/2021/03/4911631-professora-e-acusada-de-injuria-por-outdoor-com-criticas-a-bolsonaro.html>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
17.
Adenauer Cunha, “Tocantinense alvo de investigação da PF por outdoor contra
Bolsonaro diz acreditar em arquivamento do inquérito”. Conexão Tocantins, 15
mar. 2011. Disponível em: <https://conexaoto.com.br/2021/03/15/tocantinense-alvo-de-investigacao-da-pf-por-outdoor-contra-bolsonaro-diz-acreditar-em-arquivamento-do-inquerito>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
18.
Rayssa Motta e Fausto Macedo, “PF intima advogado Marcelo Feller em inquérito
de Lei de Segurança Nacional por críticas a Bolsonaro em programa da CNN”. O
Estado de S. Paulo, 21 jan. 2011. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/politica/blog-do-fausto-macedo/pf-intima-advogado-marcelo-feller-em-inquerito-de-lei-de-seguranca-nacional-por-criticas-a-bolsonaro-em-programa-da-cnn/>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
19.
Daniel Carvalho, “Governo usa Lei de Segurança Nacional para investigar
jornalista que publicou charge de Bolsonaro”. GZH, 15 jun. 2020. Disponível em:
<https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2020/06/governo-usa-lei-de-seguranca-nacional-para-investigar-jornalista-que-publicou-charge-de-bolsonaro-ckbgwt8mt007001jfztg4fl4e.html>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
“Já
Nikolas estava completamente fora de si. Num vídeo escuro, sombrio, o deputado
decidiu fantasiar como seria o Brasil caso Lula fosse eleito: “Quando seu filho
chegar em casa com os olhos vermelhos de tanta droga, dá um sorriso e faz o L”.
A eleição de Lula faria pessoas “matarem alguém que você ama”. Todos seriam
censurados e impedidos de expressar suas opiniões nas redes sociais. O país
seria saqueado para patrocinar ditaduras genocidas. As igrejas seriam fechadas,
padres seriam perseguidos e proibidos de professar sua fé. Manifestantes nas
ruas seriam presos, bandidos invadiriam as casas dos brasileiros, inocentes nos
ventres maternos seriam assassinados. A vida de todo cidadão do país seria
destruída.
Aquilo
não era peça de campanha, era o suprassumo do discurso de ódio para mentir,
manipular e desinformar. O vídeo foi compartilhado por toda a extrema direita,
em especial por Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli.
Dois
dias depois, em 11 de outubro, o ministro do TSE Paulo de Tarso Sanseverino
determinou que todas as redes sociais removessem imediatamente o vídeo do
deputado, argumentando que “o objetivo [do vídeo] consistiu na disseminação de
discurso manifestadamente inverídico e odioso”.79
Ele julgou o pedido da equipe de campanha de Lula, que processou Nikolas e
solicitou direito de resposta nas redes do deputado.
Nikolas
foi às redes e debochou, em post já apagado, dizendo que não tinha problema o
tribunal mandar apagar o vídeo, pois ele já havia atingido 30 milhões de
acessos.80 Era mais uma prova de que ele não possuía capacidade argumentativa para falar de questões
governamentais sem incorrer em mentiras sórdidas e acusações criminosas.
Contudo, a derrubada do vídeo por parte do TSE fez mais uma vez a extrema
direita se unir em gritos de “CENSURA!” e “NÃO TEMOS MAIS DIREITO A DAR OPINIÃO”.
O
ciclo vicioso era nítido: eles mentiam e cometiam crimes, tinham os conteúdos
derrubados por decisões judiciais, gritavam que estavam sendo censurados, então
mentiam e cometiam crimes… E assim infinitamente. Conseguiram convencer milhões
de pessoas de que havia sido instaurada no Brasil a “ditadura do Judiciário”,
que eliminaria o “conservadorismo” e a “direita”.”
79.
“Ministro do TSE manda redes sociais apagarem vídeo de Nikolas Ferreira contra
Lula”. CNN Brasil, 11 out. 2022. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/politica/ministro-do-tse-manda-redes-sociais-apagarem-video-de-nikolas-ferreira-contra-lula/>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
80.
“Lula alvo de fake por boné ‘CPX’, fala de Bolsonaro, Damares, ‘golpe do cheiro’:
Notícias”. UOL News, YouTube, 13 out. 2022. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=__oXcl3mEIU>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
“Logo
depois das eleições, Bolsonaro se recolheu aos aposentos do Palácio da Alvorada
e quase não deu mais as caras. Faltando ainda dois meses para o fim de seu mandato,
e com o Brasil precisando desesperadamente que fosse iniciado o trabalho de
transição para a chegada do novo governo, ele decidiu não fazer praticamente
mais nada. Sim, aquele homem que passou décadas se enaltecendo como um grande
patriota.
Em
paralelo, milhares de brasileiros tentavam paralisar estradas e se aglomeravam
em acampamentos na frente de quartéis das Forças Armadas, implorando por um
golpe militar que impedisse Lula de assumir. Era uma resposta aos anos do ódio
promovido pelo agora ex-presidente.
As
imagens eram estarrecedoras. Os vídeos viralizavam, revelando quão eficaz fora
a lavagem cerebral a que essas pessoas haviam sido submetidas. O clima estava
tenso, acampamentos em geral financiados por empresários com interesse no golpe
haviam sido erguidos em frente aos quartéis. Muita gente violenta e que parecia
determinada a só desmontar as ocupações quando o Exército
tomasse o poder. Bolsonaro, o único que poderia acabar com aquilo, optou pelo
silêncio e pela reclusão, decerto na esperança de que os manifestantes fossem
bem-sucedidos.
Bolsonaristas
bloqueavam rodovias com terra e pneus queimados, além de atacar carros que
tentavam furar os bloqueios.134 As pessoas cometiam
crimes em nome de Bolsonaro, que não tirava o pino dessa panela de pressão
prestes a estourar — bastaria pedir que os manifestantes fossem “pacíficos” e
conclamá-los a voltar para casa. E sobretudo enfatizar que abandonassem aquela
ideia criminosa de golpe.
No
dia 8 de janeiro de 2023, a panela explodiu.
Logo
depois do almoço, milhares de bolsonaristas se encontraram e seguiram em
cortejo pelas ruas de Brasília. Duas horas depois, iniciaram o triste ataque
terrorista contra os Três Poderes.
Os
vândalos invadiram o Congresso Nacional, o STF e o Palácio do Planalto, onde
destruíram diversos itens do patrimônio público,135
desde toda a mobília até o histórico relógio Balthazar Martinot Boulle, que
pertencera a d. João VI, de valor não divulgado. Até o quadro As mulatas,
de Di Cavalcanti, avaliado em 8 milhões de reais, foi rasgado. Somente no STF,
foram perdidos 106 itens históricos de valor imensurável, que jamais poderão
ser restaurados.
Houve
pânico por parte do povo brasileiro. Muitas pessoas acreditavam que aquilo
poderia, de fato, motivar um golpe de Estado, que poderia ser a faísca
necessária para o início de um gigantesco incêndio.
Cerca
de duas horas após a invasão dos prédios, as Forças Armadas agiram. Porém, ao contrário
do que os terroristas supunham, o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal expulsou todo mundo à força. O
Exército seguiu o que manda a Constituição Federal e se submeteu às ordens da
República.
Por
volta de 18h20, os extremistas, revoltados após terem sido derrotados e vendo o
sonho ir por água abaixo, atearam fogo no gramado do Congresso Nacional. Às
vinte horas, o interventor na Secretaria de Segurança do DF, Ricardo Cappelli,
convocou todas as forças de segurança para a Esplanada, com o objetivo de
prender o maior número possível de pessoas e expulsar os insurgentes do local.
Somente
às 21h17, diretamente dos Estados Unidos, o ex-presidente se posicionou,
condenando os ataques de maneira branda e comparando-os a atos “praticados pela
esquerda”. Aproveitou ainda para tentar se eximir de qualquer culpa, dizendo:
“Repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do
executivo do Brasil”.136
Bolsonaro
não era apenas responsável pela invasão, ele já havia botado lenha na fogueira
se não se criasse o tal do “voto impresso”. Em 2021, falou: “Se nós não
tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter
problema pior que os Estados Unidos [na invasão ao Capitólio]”.137
Foi
exatamente isso que seus súditos fizeram. Praticamente todos estavam ali
motivados por uma suposta “fraude” nas urnas, o que já havia sido comprovado
como impossível por inúmeras frentes e especialistas, incluindo aliados do
ex-presidente.
Até
hoje essas pessoas acreditam que as eleições foram fraudadas.”
134.
“Bolsonaristas bloqueiam rodovias com terra, atacam carros e queimam pneus”.
G1, 1 nov. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/eleicoes/noticia/2022/11/01/bloqueios-bolsonaristas-ocorrencias.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
135.
“Veja como ficou relógio raro, do século 17, destruído em ataque terrorista no
Palácio do Planalto”. G1 Distrito Federal, 17 jan. 2023. Disponível em: <https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2023/01/17/veja-antes-e-depois-do-relogio-raro-do-seculo-17-destruido-em-ataque-terrorista-no-palacio-do-planalto.ghtml>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
136.
“Bolsonaro diz que depredações e invasões fogem à regra da democracia”. Agência
Brasil, 8 jan. 2023. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-01/bolsonaro-diz-que-depredacoes-e-invasoes-fogem-regra-da-democracia>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
137.
Eduardo Barretto, “Bolsonaro já disse que invasão do Capitólio seria ‘pior’ no
Brasil”. Metrópoles, 9 jan. 2023. Disponível em: <https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/bolsonaro-ja-disse-que-invasao-do-capitolio-seria-pior-no-brasil>.
Acesso em: 13 jun. 2024.
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