Editora: LeYa
ISBN: 978-85-8044-449-0
Tradução: Cassius Medauar
Opinião: ★★★☆☆
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Páginas: 272
Sinopse: Considerado
um clássico desde a sua publicação em 1996, Clube
da luta é hoje reconhecido como um dos romances mais originais e
provocativos de sua década. O humor negro de Chuck Palahniuk narra a história
de um jovem funcionário que descobre que sua frustração e ira não podem ser
acalmadas com o consumo desenfreado que a mídia oferece. Ele encontra alívio e
redenção após horas de luta em pequenos clubes escondidos nos porões de bares
da cidade. O clube da luta é idealizado por Tyler Durden, que acredita ter
encontrado uma maneira de viver fora dos limites da sociedade e de suas regras
sem sentido. Mas o que está por vir de sua mente pode piorar muito daqui para a
frente.
“Primeiro Tyler me arruma um emprego de
garçom, depois enfia um revólver na minha boca e diz que o primeiro passo para
a vida eterna é morrer.”
“Onde estaria Jesus se ninguém tivesse
escrito os evangelhos?”
“O primeiro clube da luta foi apenas Tyler e
eu trocando socos.
Antes, se eu chegasse em casa nervoso,
sabendo que minha vida não estava seguindo o plano de cinco anos que tinha
traçado, bastava limpar o apartamento ou dar um trato no carro. Um dia eu
morreria sem nenhuma cicatriz, mas teria um belo apartamento e um lindo carro.
Muito belo mesmo e também muito lindo, até que a poeira se acumulasse neles ou
então o novo dono os pegasse. Nada é estático. Até a Mona Lisa está
caindo aos pedaços. Desde que o clube da luta começou metade dos meus dentes
está mole.
Talvez o autoaperfeiçoamento não seja a
resposta.
Tyler nunca conheceu o pai dele.
Talvez a autodestruição seja a resposta.
Tyler e eu ainda vamos juntos ao clube da
luta, que fica no porão de um bar depois que ele fecha no sábado à noite, e a
cada semana que você vai tem mais gente lá.
Tyler fica embaixo de uma luz bem no meio do
porão de concreto escuro, e ele pode ver a luz refletindo em cem pares de olhos
no escuro. A primeira coisa que ele grita é:
− A primeira regra do clube da luta é que
você não fala sobre o clube da luta.
− A segunda regra do clube da luta é que você
não fala sobre o clube da luta – Tyler grita.
Já eu convivi com meu pai por uns seis anos,
mas não me lembro de nada. Ele começa uma vida nova com outra família em outra
cidade a cada seis anos. Isso não parece muito com ele formando uma família, e
sim com ele abrindo uma franquia.
O que você vê no clube da luta é uma geração
de homens criados por mulheres.
Tyler fica ali parado embaixo da luz cercado
pela escuridão de mais de meia-noite do porão cheio de homens e recita as
outras regras: dois homens por luta, uma luta de cada vez, nada de sapatos ou
camisas e as lutas duram o quanto tiverem que durar.
− E a sétima regra – Tyler grita −, é que se
for sua primeira noite no clube da luta você tem que lutar.
O clube da luta não é como futebol americano
na televisão. Você não está assistindo a um bando de homens que não conhece e
que estão em alguma parte do mundo batendo uns nos outros ao vivo, mas com dois
minutos de atraso na imagem por causa do satélite, comerciais de cerveja a cada
dez minutos e uma pausa para a identificação do canal. Depois de ter estado no
clube da luta, assistir ao futebol americano é como assistir a um filme pornô
quando poderia estar transando de verdade e loucamente.
O clube da luta lhe dá uma razão para ir
sempre à academia, para cortar cabelos e unhas bem curtos. Na academia há
sempre um monte de caras tentando parecer homens, como se ser homem
significasse parecer com o que um escultor ou um diretor de arte dizem que deve
ser.”
“O que acontece no clube da luta não acontece
em palavras. Alguns caras precisam de uma luta toda a semana. Nesta semana
Tyler diz que serão apenas os primeiros cinquenta caras que passarem pela
porta, e só. Não mais do que isso.
Na semana passada eu escolhi um cara e nós
dois entramos na lista para uma luta. Ele deve ter tido uma semana ruim, pois
prendeu meus braços atrás de minha cabeça e bateu meu rosto contra o chão de
concreto até meus dentes cortarem as bochechas, o olho ficar inchado e sangrar,
e, depois que eu disse para parar, olhei para baixo e vi metade do meu rosto
impresso em sangue no chão.
Tyler ficou em pé ao meu lado e nós dois
ficamos olhando para o grande O da minha boca pintado com sangue e a
pequena fenda do meu olho olhando para nós lá do chão, e então Tyler diz:
− Legal.
Aperto a mão do outro cara e digo que foi uma
ótima luta.
O cara responde:
− Que tal outra na semana que vem?
Tento sorrir por baixo de todos os inchaços e
digo: olha só para mim. Que tal no mês que vem?
Você não se sente tão vivo em nenhum outro
lugar do jeito que se sente no clube da luta. Quando é você e outro cara sob
aquela única luz no meio e todos os outros assistindo. O clube da luta não tem
a ver com ganhar ou perder as lutas. E não tem a ver com palavras. Você vê um
cara vir aqui pela primeira vez e a bunda dele parece uma massa de pão branco.
Quando o vê aqui seis meses depois, ele parece esculpido em madeira maciça.
Esse cara acredita que pode lidar com qualquer coisa. Aqui há barulhos e
grunhidos igual na academia, mas o clube da luta não tem a ver com ficar
bonito. Há gritos histéricos em línguas diferentes igual em uma igreja, e
quando acorda no domingo à tarde você se sente salvo.
Depois de minha última luta, o cara que me
enfrentou passa um pano no chão enquanto ligo para meu convênio de saúde para
liberar minha entrada no pronto-socorro. No hospital, Tyler diz que eu caí.
Às vezes Tyler fala por mim.
Eu fiz isso comigo mesmo.
Lá fora o sol começava a nascer.
Você não fala sobre o clube da luta porque, a
não ser durante cinco horas, das duas às sete da manhã do domingo, o clube da
luta não existe.
Quando inventamos o clube da luta, nem eu nem
Tyler havíamos estado em uma briga. Quem nunca esteve em uma luta pensa várias
coisas. Pensa em se machucar, em sobre o que é capaz de fazer com outro homem.
Fui o primeiro cara com que Tyler se sentiu seguro o bastante para perguntar
sobre isso, quando estávamos bêbados em um bar onde ninguém ligava pra nós,
então Tyler falou:
− Quero que me faça um favor. Quero que me de
um soco o mais forte que conseguir.
Eu não queria fazer aquilo, mas Tyler me
explicou tudo, falando sobre não querer morrer sem cicatrizes, de estar cansado
de ver apenas os profissionais lutando e de querer saber mais sobre si mesmo.
E sobre autodestruição.
Naquela época a minha vida parecia completa
demais, e talvez tenhamos que quebrar tudo para construir algo melhor em nós
mesmos.”
“Meu pai sempre dizia:
− Case antes do sexo ficar tedioso, senão
você nunca se casará.
Minha mãe dizia:
− Nunca compre nada com zíper de náilon.
Eles nunca disseram nada que valesse a pena
ser bordado em uma almofada.”
“Tem um monte de coisas que não queremos
saber sobre as pessoas que amamos.”
“Tenho me comportado muito mal.
Atendo o telefone e é Tyler, que diz:
− Saia agora. Tem uns caras te esperando no
estacionamento.
Pergunto que caras.
− Eles estão esperando – Tyler responde.
Sinto cheiro de gasolina em minhas mãos.
Tyler continua:
− Pegue a estrada. Eles têm um carro lá fora.
Um Cadillac.
Ainda estou dormindo.
Agora não tenho certeza se Tyler é um sonho.
Ou se sou parte de um sonho dele.”
“− Se você é homem, é cristão e vive na
América, seu pai é o seu modelo de Deus. E se você não conheceu seu pai, se ele
desapareceu, morreu ou quase nunca está em casa, no que você acredita em
relação a Deus?
Isso tudo é o dogma de Tyler Durden.
Rabiscado em pedacinhos de papel enquanto eu dormia e depois entregues a mim
para que digitasse e fizesse cópias em meu trabalho. Já li tudo. Provavelmente
até o meu chefe leu tudo.
− O que você acaba fazendo – o mecânico
continua – é passar a vida procurando um pai e um Deus. O que precisa
considerar é a possibilidade de Deus não gostar de você. Pode ser que Deus nos
odeie. Isso não é a pior coisa que poderia acontecer.
Tyler achava que conseguir chamar a atenção
de Deus sendo mau era melhor que não conseguir atenção nenhuma. Talvez porque
seja melhor o ódio de Deus do que a indiferença Dele.
Se você pudesse ser o pior inimigo de Deus ou
um nada, o que escolheria?
Somos os filhos do meio de Deus, de acordo
com Tyler Durden, e não temos lugar especial na história nem atenção.
A menos que consigamos chamar a atenção de
Deus, não teremos a menor chance de danação ou redenção.
O que é pior, o Inferno ou o nada?
Apenas se formos pegos e punidos é que
poderemos ser salvos.
− Queime o Louvre – o mecânico diz – e limpe
a bunda com a Mona Lisa. Dessa forma, Deus pelo menos saberá nosso nome.
Quanto mais fundo você descer, mais alto
voará. Quanto mais longe correr, mais Deus vai o querer de volta.
− Se o filho pródigo nunca tivesse saído de
casa, o bezerro cevado ainda estaria vivo.
Não é o suficiente ser apenas mais um dentre
os grãos de areia da praia e as estrelas do céu.”
“− Creiam em mim e vocês morrerão para
sempre.”
“− Eu vejo os homens mais fortes e
inteligentes que já viveram – ele diz, o rosto delineado pelas estrelas que
aparecem pela janela do motorista. – E esses homens estão enchendo tanques de
carros e servindo mesas.
A inclinação da testa, as sobrancelhas, a
linha do nariz, os cílios, a curva dos olhos, o contorno plástico da boca, o
jeito de falar, tudo delineado em preto pelas estrelas.
− Se pudéssemos colocar esses homens em
campos de treinamento e terminar de criá-los.”
“Pergunto sobre Tyler em todos os lugares
para os quais eu vou.
Se eu o encontrar, as doze carteiras de
motorista dos meus sacrifícios humanos estarão no meu bolso.
Em cada bar que entro, em todos eles mesmo,
vejo caras detonados. Em cada bar eles me abraçam e querem me pagar uma
cerveja. É como se eu já soubesse quais bares têm clubes da luta
Pergunto se eles já viram um cara chamado
Tyler Durden.
É idiotice perguntar se eles conhecem o clube
da luta.
A primeira regra do clube da luta é não falar
sobre o clube da luta.
Mas por acaso viram Tyler Durden?
Eles respondem que nunca ouviram falar dele,
e me chamam de senhor.
Mas talvez possa encontrá-lo em Chicago,
senhor.”
““Somos os filhos do meio da história,
criados pela televisão para acreditar que algum dia seremos milionários, astros
de filme ou da música, mas não seremos. E estamos entendendo isso agora – Tyler
falou. – Então não venha foder com a gente.”
“Ah, que besteira. Isto é um sonho. Tyler é
uma projeção. Ele é um transtorno dissociativo de identidade. Um estado de fuga
psicogênica. Tyler Durden é minha alucinação.
− Que se foda essa merda toda – Tyler fala. –
Talvez você seja minha alucinação esquizofrênica.
Eu estava aqui primeiro.
Ele responde:
− Sim, sim, claro. Bom, vamos ver quem estará
aqui por último.”
“Tem um velho ditado que diz que você sempre
mata aquilo que ama, bom, a recíproca também é verdadeira.
E a recíproca é muito verdadeira.”
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