Editora: Sundermann
ISBN: 978-85-4556-006-7
Tradução: Mario
Pedrosa (1933) e Rafael Padial (2019)
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 440
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Sinopse: A
Luta Contra o Fascismo: Revolução e Contrarrevolução, a Editora Sundermann
oferece ao leitor um dos maiores clássicos do marxismo. Sua primeira edição
traduzida do russo foi publicada em 1933 sob o título Revolução e
Contrarrevolução na Alemanha. Trata-se de um conjunto de textos escritos por
Leon Trotsky entre 1930 e 1933. Agregamos a esta edição os textos “A vitória de
Hitler significará a guerra contra a URSS”, de 1932, “Hora da decisão”, “A
tragédia do proletariado alemão” e “Que é o nacional-socialismo”, de 1933,
extraídos e traduzidos do livro Comment vaincre le fascisme, publicado
pela Les Editions de la Passion em 1993.
“De sua análise, Engels concluía que seria
preciso esperar que chegasse “primeiramente a vez da democracia dos pequenos
burgueses, antes da classe operária e comunista poder esperar tomar o poder e abolir
definitivamente esse sistema de salariato que a conserva sob o jugo da
burguesia”.
Assim, quase um século depois, percebe-se
hoje claramente que o que se está decidindo atualmente na Alemanha não é mais
do que o mesmo processo histórico iniciado em 1848. O processo do
desenvolvimento industrial, pari passu com o desenvolvimento do
proletariado e de sua consciência de classe, iniciado naquela época, encontra
agora o seu epílogo. A pequena burguesia, então revolucionária, tinha
fatalmente de ocupar o primeiro lugar na cena política e era a condutora
natural do proletariado na senda da revolução. O proletariado via-se obrigado a
pegar em armas para defender interesses que não eram diretamente os seus.
A situação em nossos dias é outra. E o
problema que se põe agora com toda a sua grandeza e agudez é o problema da
tomada do poder pelo proletariado. A pequena burguesia tornou-se para sempre
incapaz de conduzir qualquer movimento independente. Os papéis se inverteram:
agora, ou ela segue o proletariado para o futuro, ou toma a direita para a
reação.
De democrática revolucionária que era, passa
a reacionária; de jacobina, transforma-se em fascista. O fascismo, segundo a
definição de Trotsky, não é mais do que a caricatura reacionária do jacobinismo
na época do capitalismo em decadência.
Enquanto em 1848 a pequena burguesia fazia o
proletariado lutar por ela contra a sociedade feudal, em 1933 vê-se mobilizada
pelo capital financeiro, como um aríete contra a classe operária organizada:
espera assim vencer a crise que corrói o regime e que a leva à miséria, sair da
situação desesperada em que se encontra, procurando destruir os fatores de
intensificação da implacável luta que enche toda a nossa época, travada entre a
burguesia e o proletariado. Eis o fundamento do fascismo.”
“A Alemanha, pelo contrário, não é tarefa fácil. A Europa balcanizada em
Versalhes está num impasse. O nacional-socialismo é a expressão política
concentrada da Alemanha. Em termos de psicologia social, essa corrente pode ser
descrita como uma histeria contagiosa, nascida do desespero das camadas médias.
Pensemos nos pequenos comerciantes, artesãos e camponeses arruinados, numa
parte do proletariado desempregado, nos oficiais e ex-oficiais da Grande
Guerra, que ainda portam suas condecorações mas mal recebem salário, nos
empregados de escritórios fechados, nos contadores de bancos falidos, nos
engenheiros sem emprego, nos jornalistas sem trato nem perspectiva, nos médicos
cujos clientes ainda estão doentes, mas não sabem como lhes pagar.”
“As camadas possuidoras são muito pouco numerosas
e muito odiadas pelo povo para dirigir em seu próprio nome. É necessária a eles
uma cobertura: monarquia tradicional (“pela graça de deus”), liberalismo
parlamentar (“a soberania do povo”), bonapartismo (“o árbitro imparcial”) ou,
enfim, fascismo (“a cólera do povo”).”
“O campo do proletariado
Quando o Partido Comunista oficial declara
que a social-democracia é o suporte mais importante da dominação burguesa, nada
faz senão repetir as ideias da III Internacional no momento de sua fundação. A social-democracia
preza pelo regime capitalista, e por isso a burguesia a associa ao poder. A
social-democracia tolera qualquer governo burguês que tolere a
social-democracia. Mesmo totalmente afastada do poder, a social-democracia
continua a sustentar a sociedade burguesa, recomendando aos operários que
poupem suas energias para os momentos de combate (os quais ela nunca está
disposta a convocar). Ao paralisar a energia revolucionária do proletariado, a
social-democracia dá à sociedade burguesa a possibilidade de viver, ainda que
ela não tenha mais força para viver e, por isso mesmo, encontre no fascismo uma
necessidade política. O chamado por conduzir Hitler ao poder emana do marechal
de campo dos Hohenzollern, eleito graças às vozes dos sociais-democratas. A corrente
política que leva de Wels a Hitler tem um caráter particular muito evidente.
Não pode haver duas opiniões diferentes a esse respeito entre marxistas. Mas o
problema não é de interpretar a situação política, e sim de transformá-la de
forma revolucionária.
O erro da burocracia stalinista não consiste
em ser “intransigente” com a social-democracia, mas em tornar essa “intransigência”
algo politicamente impotente.”
Hoje, Thälmann está preso. Os bolcheviques-leninistas encontram-se com
ele, sob os golpes da reação triunfante. Mas a política de é a política de
Stalin, ou seja, a política oficial da Internacional Comunista. É precisamente
essa política a causa da desmoralização completa do partido no momento do
perigo, quando os chefes perdem a cabeça, quando os militantes perderam o
hábito de pensar e caem num estado de prostração, quando as posições históricas
mais importantes são perdidas sem combate. Uma teoria política errada contém
nela mesma seu castigo. A força e a obstinação do aparelho apenas aumentam a
amplitude da catástrofe.”
No começo de sua carreira política, Hitler não se destacava, senão,
talvez, por um temperamento mais enérgico, uma voz mais forte, uma estreiteza
de espírito mais segura de si mesma. Ele não trazia ao movimento qualquer
programa pronto, senão a sede de vingança do soldado humilhado, Hitler começou
pelas injúrias e recriminações contra as condições [do Tratado] de Versalhes, o
custo de vida, a falta de respeito aos meritosos suboficiais, as intrigas de
banqueiros e jornalistas sobre a fé de Moisés. Havia no país muita gente arruinada,
afogada, coberta de cicatrizes e feridas frescas. Cada uma delas queria bater o
punho na mesa. Hitler fazia-o melhor que todos. É verdade que ele não sabia
como remediar todos os males. Mas suas acusações ressoavam ora como ordens, ora
como prece por um destino infalível. As classes condenadas, como doentes
incuráveis, não se cansam de evocar seus sofrimentos nem de receber
consolações. Todos os discursos de Hitler soavam nesse diapasão. Um
sentimentalismo disforme, uma ausência total de rigor no raciocínio, uma ignorância
mascarada por erudição desordenada: tudo o que era menos se tornou mais. Isso
lhe deu a possibilidade de enfiar todas as formas de descontentamento no saco
de mendigo do nacional-socialismo e conduzir a massa aonde ela queria. Das suas
primeiras improvisações, o agitador conservou em sua memória apenas o que
recebeu aprovação. Suas ideias políticas são fruto de uma acústica oratória.
Foi assim que selecionou suas palavras de ordem e construiu seu programa. E foi
de tal matéria bruta que se esculpiu o “chefe”.
Desde o início, Mussolini se voltou de forma mais consciente à matéria
social do que Hitler, o qual está mais próximo do misticismo policial de um
Matternich do que da álgebra política de um Maquiavel. Do ponto de vista
intelectual, Mussolini é mais audacioso e cínico. Basta lembrar que o ateu
romano apenas se serviu da religião, da mesma forma como fez com a polícia e a
justiça, enquanto seu colega berlinense crê piamente na proteção particular da
divina Providência. Na época em que o futuro ditador italiano ainda considerava
Marx “o mestre imortal de todos nós”, defendia, não sem habilidade, a teoria
que considera como vida da sociedade atual a interação de duas classes
fundamentais: a burguesia e o proletariado. É verdade, escrevia Mussolini em
1914, que entre elas se colocam numerosas camadas intermediárias, que formam um
tipo de “tecido conjuntivo do coletivo humano”; mas, “nos períodos de crise, as
classes intermediárias são conduzidas, com base em seus interesses e suas
ideias, por uma ou outra dessas duas classes fundamentais”. Generalização muito
importante! Sabe-se que a ciência médica pode curar uma doença, no entanto, pode
também, de maneira bastante expressa, enviar um sujeito saudável ad patres13.
Da mesma forma, a análise científica das relações de classe, destinada por seu
autor à mobilização do proletariado, permitiu a Mussolini, quando passou ao
campo inimigo, mobilizar as classes intermediárias contra o proletariado.
Hitler realizou o mesmo trabalho, traduzindo para a linguagem mística alemã a
metodologia do fascismo.
As fogueiras em que arde a literatura ímpia do marxismo iluminam
vivamente a natureza de classe do nacional-socialismo. Enquanto os nazis agiam
como partido e não como poder de Estado, o acesso à classe operária lhes estava
praticamente cerrado por completo. Por outro lado, a grande burguesia, mesmo
aquela que sustentou Hitler financeiramente, não considerava o
nacional-socialismo um partido seu. O “renascimento” nacional se apoiava inteiramente
nas classes médias — a parte mais atrasada da nação, o fardo pesado da
história. A habilidade política consistia em soldar a unidade da pequena
burguesia por meio do ódio ao proletariado. Que fazer para ficar melhor? Antes
de tudo, esmagar os que estão abaixo de si. A pequena burguesia, impotente
frente ao grande capital, esperava ao menos reconquistar sua dignidade social
por meio do esmagamento dos operários.
Os nazis batizaram seu golpe de Estado com um nome usurpado da revolução.
De fato, na Alemanha, como na Itália, o fascismo deixa o sistema social
inalterado. O golpe de Estado de Hitler, enquanto tal, nem mesmo tem direito ao
título de “contrarrevolução”. Porém não deve ser considerado isoladamente: ele
é o fechamento de um ciclo de abalos que começou na Alemanha de 1918. A
revolução de novembro, que deu poder a conselhos de operários e soldados, foi fundamentalmente
proletária. Mas o partido que estava à frente do proletariado entregou o poder
à burguesia. Nesse sentido, a social-democracia abriu uma era de
contrarrevolução antes de a revolução ter tempo de terminar sua obra. De toda
forma, enquanto a burguesia dependia da social-democracia, e, por consequência,
dos operários, o regime conservava elementos de compromisso. Mas a situação
interior e internacional do capitalismo alemão não deixava mais espaço a
concessões. Se a social-democracia salvou a burguesia da revolução proletária,
o momento chegou para o fascismo libertar a burguesia da social-democracia. O
golpe de Estado de Hitler é o elo final da cadeia das forças
contrarrevolucionárias.
A pequena-burguesia é hostil à ideia de desenvolvimento, pois esse se
volta inevitavelmente contra ela própria: o progresso não lhe traz nada, senão
dívidas impagáveis. O nacional-socialismo rejeita o marxismo, mas também o
darwinismo. Os nazis amaldiçoam o materialismo, pois as vitórias da técnica
sobre a natureza levaram à vitória do grande capital sobre o pequeno. Os chefes
do movimento atacam o “intelectualismo” não tanto porque possuam eles mesmos inteligência
de segunda ou terceira ordem, mas sobretudo porque seu papel histórico não
admite que um pensamento seja levado ao limite da conclusão lógica. O pequeno
burguês necessita de uma instância superior, localizada acima da matéria e da
história, protegida da concorrência, da inflação, da crise e das hipotecas. Ao
desenvolvimento, ao pensamento econômico, ao racionalismo — aos séculos 20, 19,
e 18 —, opõem o idealismo nacionalista como fonte de um princípio heroico. A
nação de Hitler é a sombra mítica da própria pequena burguesia, seu sonho
patético de um reino milenar sobre a terra.
Para erguer a nação acima da história, dá-lhe o bastião da raça. A
história é compreendida como uma emanação da raça. As qualidades da raça são
construídas independentemente das condições sociais que mudam. Rejeitando o “pensamento
econômico” como vil, o nacional-socialismo regride um degrau: do materialismo
econômico, passa ao materialismo zoológico. (...)
No plano político, o racismo é uma variedade hipertrofiada e modesta do
chauvinismo, associado à frenologia. Assim como a aristocracia arruinada busca
uma consolação na nobreza do seu sangue, a pequena burguesia pauperizada se
embriaga nas lendas dos méritos particulares de sua raça. É curioso notar que
os chefes do nacional-socialismo não são alemães puros, mas originários da
Áustria, como o próprio Hitler, ou de antigas províncias bálticas do Império Tsarista,
como Rosenberg, ou de países coloniais, como Hess, o atual substituto de Hitler
na direção do partido. Foi necessária uma escola de agitação nacionalista e
bárbara dos confins da civilização para ensinar aos “chefes” as ideias que
ecoaram no coração das classes mais bárbaras do interior da Alemanha.
O indivíduo e a classe — o liberalismo e o marxismo — eis o mal. A nação
é o bem. Mas, no caso da propriedade, essa filosofia tem de se tornar seu
oposto. A salvação está unicamente na propriedade individual. A ideia de
propriedade nacional é uma invenção bolchevique. Ao mesmo tempo em que divide a
nação, a pequena burguesia não lhe quer dar nada. Pelo contrário, ela espera
que a nação lhe distribua a propriedade e lhe proteja do operário e do oficial
de justiça. Infelizmente, o Terceiro Reich não dará nada ao pequeno burguês,
apenas novos impostos.
No domínio da economia contemporânea, internacional por suas ligações,
impessoal por seus métodos, o princípio da raça parece saído de um cemitério
medieval. Os nazistas fazem concessões por antecedência: a pureza da raça, que
se contenta com um passaporte para o reino do espírito, deve provar sua força
principalmente pela eficácia no domínio econômico. Isso significa, nas
condições atuais, ser competitivo. Pela porta dos fundos, o racismo retorna ao
liberalismo econômico, desembaraçado das liberdades políticas.
O nacionalismo em economia se reduz, na prática, às explosões impotentes,
ainda que brutais, de antissemitismo. Os nazis separam do sistema econômico
atual, como força impura, o capital usurário ou bancário: a burguesia judia
ocupa, precisamente nessa esfera, como se sabe, um espaço importante. Ao mesmo
tempo em que se prostra por completo frente ao capitalismo, a pequena burguesia
declara guerra contra o espírito maldoso do lucro, personificado no judeu
polonês de longo casaco (e, muitas vezes, sem um centavo no bolso). O pogrom se
torna a prova superior da superioridade da raça.
O programa com o qual o nacional-socialismo chegou ao poder relembra
muito, infelizmente, as lojas “universais” de judeus nos buracos das
províncias: o que não se encontra lá, a preços baixos e numa qualidade ainda
mais baixa?! Lembranças dos tempos “felizes” da livre concorrência e lendas
sobre a solidariedade da sociedade dividida em Estados; esperanças de
renascimento de um império colonial e sonhos de uma economia fechada; frases
sobre abandonar o direito romano e retornar ao direito germânico, combinados a
proclamações sobre a moratória americana; hostilidade invejosa frente à
desigualdade, simbolizada na mansão e no automóvel, e medo animalesco frente à
igualdade, simbolizada no operário de boné e sem colarinho; desencadeamento do
nacionalismo e medo diante dos credores mundiais... Todos os dejetos do
pensamento político internacional vêm preencher o tesouro intelectual do novo
messianismo alemão.
O fascismo levou à política os setores mais profundos da sociedade. Não
apenas nas casas camponesas, mas também nos arranha-céus das cidades ainda
vivem, paralelamente, os séculos 20, 10 e 12. Centenas de milhões de pessoas
utilizam a corrente elétrica sem deixar de crer nas forças mágicas dos gestos e
dos encantamentos. Em Roma, pela rádio, o Papa faz preces a respeito do milagre
da transformação da água em vinho. Astros de cinema vão a cartomantes. Aviadores,
pilotando maravilhas mecânicas, criadas pela genialidade humana, escondem
amuletos embaixo dos seus macacões. Que reservas inesgotáveis de obscurantismo,
ignorância e barbárie! O desespero os ergueu, o fascismo lhes deu uma bandeira.
Tudo o que o desenvolvimento livre da sociedade deveria rejeitar do organismo nacional,
sob a forma de excremento da cultura, é hoje vomitado publicamente: a
civilização capitalista regurgita uma barbárie não digerida. Tal é a fisiologia
do nacional-socialismo.
O fascismo alemão, como o fascismo italiano, içou-se ao poder sobre as
costas da pequena burguesia, a qual utilizou como aríete contra a classe
operária e as instituições democráticas. Mas um governo da pequena burguesia é
a última coisa que significa o fascismo. Pelo contrário, ele é a ditadura mais
impiedosa do capital monopolista. Mussolini tem razão: as classes
intermediárias não são capazes de realizar uma política independente. Nos
períodos de crise, elas são chamadas a conduzir, até o limite do absurdo, a
política de uma das duas classes fundamentais. O fascismo conseguiu colocá-las
a serviço do capital. Palavras de ordem como estatização dos trustes e
supressão das rendas não provenientes do trabalho foram lançadas ao mar tão
logo os fascistas chegaram ao poder. A defesa do particularismo das “terras”
alemãs, apoiada sobre as particularidades da pequena-burguesia, foi logo
substituída pelo centralismo policialesco capitalista. Cada sucesso político
interior e exterior do nacional-socialismo marcará inevitavelmente a
continuidade do esmagamento do pequeno capital pelo grande.
O programa de ilusões pequeno-burguesas não está suprimido; destaca-se
da realidade e se transforma em atos ritualísticos. A união de todas as classes
se reduz a um “trabalho obrigatório” praticamente simbólico e ao “confisco em
proveito do povo” da manifestação operária de primeiro de maio. A manutenção do
alfabeto gótico em detrimento do latino é uma revanche simbólica contra o jugo
do mercado mundial. A dependência em relação aos banqueiros mundiais — entre os
quais, muitos judeus — não diminui uma vírgula; mas, em compensação, fica
proibido degolar animais segundo os rituais do Talmude Se o caminho para o
inferno está cheio de boas intenções, as avenidas do Terceiro Reich são
pavimentadas por simbologia.
Uma vez que o programa de ilusões pequeno-burguesas se reduz a pleno e
simples disfarce burocrático, o nacional-socialismo se ergue acima da nação
como forma mais pura de imperialismo. É vã a esperança de que o governo de
Hitler caia, se não hoje, amanhã, vítima de sua própria inconsistência interna.
Um programa era necessário aos nazis para chegar ao poder; mas o poder não será
usado por Hitler para completar esse programa. É o capital monopolista que lhe
dita as regras e tarefas. A concentração forçada de todas as energias e meios
do povo no interesse do imperialismo, que é a verdadeira missão histórica do
fascismo, implica na preparação da guerra. Tal objetivo, por sua vez, não
tolera qualquer resistência interior e conduz diretamente à concentração futura
do poder. É impossível reformar o fascismo ou lhe dar trégua. Só é possível
derrubá-lo. A órbita política do regime dos nazis se resume a esta disjuntiva:
guerra ou revolução.”
13 Expressão latina que significa “aos antepassados”. Ou seja: à morte.
(N. do T.)
Fim dos textos complementares
XXXXXXXXXXXX
Revolução e contrarrevolução
“Na situação atual do mundo, o tempo é a mais
preciosa das matérias-primas.”
“A primeira qualidade de um partido
verdadeiramente revolucionário é poder olhar de frente a realidade.”
“Se o Partido Comunista é um partido de
esperança revolucionária, o fascismo, como movimento de massas, é então um
partido de desespero contrarrevolucionário.”
“O fascismo é um perigo real na Alemanha. É a
expressão aguda da situação sem saída do regime burguês, do papel conservador
da social-democracia em relação a esse regime e da fraqueza acumulada do KPD*
para destruir esse regime. Quem nega isso é um cego ou um fanfarrão.”
*: Kommunistische Partei Deutschlands
– Partido Comunista da Alemanha.
“Toda situação crítica contém em si grandes
fontes de incertezas. Os estados de espírito, os pontos de vista e as forças
inimigas e amigas formam-se no processo da crise. Não se pode prevê-los
matematicamente de antemão. É necessário medi-los no processo da luta, pela
luta, e introduzir, segundo essas medidas vivas, as correções necessárias na
política.”
“É evidente que a escolha do momento para a
luta decisiva depende não somente de nós, mas também dos nossos inimigos.
Estamos todos de acordo em que atualmente a tarefa de nossa estratégia deve ser
dificultar, e não facilitar, o desenlace por parte de nossos inimigos. Se os
nossos inimigos nos impõem a luta, nós, é claro, a aceitaremos, pois não há e
não pode haver derrota mais pesada, mais funesta, mais humilhante e mais desmoralizadora
do que o abandono sem combate de grandes posições históricas.”
“A massa não é uma argila mole que se pode
modelar como se queira. Ela reage à sua maneira, lentamente, mas solidamente,
contra os erros e as cretinices da direção.”
“O fascismo é o filho legítimo da democracia
formal da época da decadência.”
“O fascismo, se não se brinca estupidamente
com as palavras, não é absolutamente um traço distintivo de todos os partidos
burgueses, mas constitui um partido burguês especial, adaptado a condições e
tarefas particulares, em oposição aos partidos burgueses e, do modo mais
violento, precisamente à social-democracia.
Pode-se procurar objetar a isto que a
hostilidade dos partidos burgueses entre si é muito relativa. Isto não é apenas
verdadeiro, é o abecê da verdade, o que, entretanto, não nos faz avançar um
passo. O fato de que todos os partidos burgueses, do fascismo à
social-democracia, coloquem a defesa da dominação burguesa acima de suas
divergências de programa não suprime, entretanto, nem a diferença desses
partidos, nem a luta entre eles, nem a nossa obrigação de tirar proveito dessa
luta.”
“Nas operações de guerra, como na política
das crises revolucionárias, o cálculo do tempo é de uma importância decisiva.”
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