Editora: Mundo Cristão
ISBN: 978-85-8567-090-0
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 108
“Não
há dúvida de que o movimento da fé tem em Benny Hinn, pastor do Centro Cristão
de Orlando, na Flórida, um de seus nomes mais famosos. Seu livro, Bom Dia, Espírito Santo, é um dos mais
vendidos hoje na América do Norte.”
A
revista Christianity Today
(Cristianismo Hoje), publicada nos Estados Unidos, afirma que em 1992 Benny
Hinn disse, num programa de TV, que o Espírito Santo lhe ensinava, naquele
momento, que Deus havia originalmente planejado que as mulheres dessem à luz
pelos lados. Quando pressionado sobre tal ensino, Hinn admitiu que o havia
tirado da Dake's Annotated Reference
Bible (“Bíblia de Referência Anotada de Dake”, edição de 1963). Hinn ainda
continua falando sobre o “corpo” do Espírito Santo, ensino este mencionado em Bom Dia, Espírito Santo. (...)
O
boletim The Berean Call (O Chamado
dos Bereanos), de Oregon, em setembro de 1992, publicou os seguintes
comentários de Hinn a respeito de Adão e Eva:
Adão
era um ser sobre-humano quando Deus o criou. Não sei se as pessoas chegam a
saber disso, mas ele foi o primeiro super-homem que já existiu. Adão não só
voava [como os pássaros], mas também voava para o espaço (...) com um
pensamento ele estaria na Lua (...) podia nadar [debaixo d'água] sem perder o
fôlego, e sua esposa fazia o mesmo (...) Ambos eram sobre-humanos.19
Em
1992, o jornal Mensageiro da Paz
publicou uma nota sobre Benny Hinn:
O
livro Bom Dia, Espírito Santo, de Benny Hinn, está causando celeuma nos Estados
Unidos. Ele passa a ideia de que existem nove deuses na Trindade. O autor se
justifica afirmando que não soube explicar bem o que queria dizer.20”
19. Jornal The Berean Call, September 1992, citando a Trinity Broadcasting
Network, 12.26.91.
20.
Jornal Mensageiro da Paz, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, seção Pelo
Pax, setembro de 1992, p. 18.
“Uma
das afirmações mais contundentes desta corrente é que o cristão deve ser
próspero financeiramente e sempre ser livre de qualquer enfermidade. Quando
isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado ou porque não tem
fé. Vejamos se tal posição tem apoio na Bíblia. (...)
Perseguido
tenazmente por Saul, que procurava por todos os meios assassiná-lo, Davi foi
procurar refúgio junto a Aquis, rei de Gate (1 Samuel 27:2). Em meio ao seu
desespero, tornou-se extremamente negativo: “Disse, porém, Davi consigo mesmo:
Pode ser que algum dia venha eu a perecer nas mãos de Saul” (1 Samuel 27:1).
Apesar de sua atitude negativa, Davi não pereceu e nem poderia perecer pela mão
de Saul. Deus o havia escolhido, através de Samuel, para ser rei de Israel. Se
ele morresse, a palavra de Deus não se cumpriria. (...)
Não
podemos deixar de mencionar o encontro que Jesus teve com o pai de um jovem que
possuía um espírito mudo. Depois de lhe ouvir a súplica para que curasse seu
filho, Jesus disse-lhe: “Se podes! tudo é possível ao que crê”. Ao que
respondeu com lágrimas o pai do menino: “Eu creio, ajuda-me na minha falta de
fé” (Marcos 9:17-27).
Novamente
temos, nesta narrativa de Marcos, duas confissões: uma positiva e outra
negativa. Primeiro, o pai do rapaz diz que crê, mas logo depois admite sua
dificuldade em crer e roga a ajuda do Senhor. O Senhor Jesus de maneira alguma
o rejeitou e nem deixou de atendê-lo por causa de sua confissão negativa,
antes, operou um grande milagre, libertando totalmente o rapaz para a alegria
daquele pai.
O
apóstolo Paulo nem sempre pensava positivamente. Chegou a afirmar, certa vez,
que era o principal dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Há vários outros exemplos
na Bíblia que demonstram que a operação de Deus não depende dos méritos de seus
filhos. Se Deus fosse depender de nossas fórmulas corretas e palavras precisas
para operar, ele não operaria mais.”
“A
Palavra de Deus jamais tratou os pobres com desdém, como se fossem
amaldiçoados. Ao contrário, a preocupação de Deus para com o pobre é clara em
toda a Escritura: “Pois nunca deixará de haver pobres na terra: por isso eu te
ordeno: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o necessitado, para
o pobre na terra” (Deuteronômio 15:11). Isso foi endossado pelo Senhor Jesus,
ao afirmar: “Porque os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes,
podeis fazer-lhes bem” (Marcos 14:7); e por Paulo também: “Ou menosprezais a
igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei?
Nisto certamente não vos louvo” (1 Coríntios 11:22). “Recomendando-nos somente
que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gálatas
2:10).
Quando
Jesus foi apresentado no templo, seus pais levaram ao sacerdote a oferta do
pobre: “e para oferecer um sacrifício, segundo o que está escrito na referida
lei: Um par de rolas ou dois pombinhos” (Lucas 2:24, de acordo com Levítico
12:8). A situação financeira de José e Maria não indica, de modo nenhum, que
estivessem sob algum tipo de maldição.
Certa
vez, perguntado se era lícito pagar tributo a César, Jesus respondeu: “Por que
me experimentais? Trazei-me um denário, para que eu o veja” (Marcos 12:14-16).
Foi necessário que alguém lhe trouxesse uma moeda para que Jesus pudesse vê-la,
o que indica que o Mestre não tinha consigo uma moeda. Ele mesmo afirmou numa
outra ocasião não ter onde reclinar a cabeça (Lucas 9:58).
Kenneth
Hagin acrescenta:
Muitos
crentes confundem humildade com pobreza. Um pregador certa vez me disse que
fulano possuía humildade, porque andava num carro muito velho. Repliquei: “Isso
não é ser humilde — isto é ser ignorante”. A ideia que o pregador tinha de
humildade era a de dirigir um carro velho. Um outro observou: “Sabe, Jesus e os
discípulos nunca andaram num Cadillac”. Não havia Cadillac naquela época. Mas
Jesus andou num jumento. Era o “Cadillac” da época — o melhor meio de
transporte existente.32
Concordo
com Hagin que humildade e pobreza não são a mesma coisa. Entretanto, ele se
esqueceu de que a carruagem, e não o jumento, era o “Cadillac” da época. Além
disso, ele se esqueceu também de que o jumento fora emprestado. Tal fato não
prova, de maneira alguma, que Jesus vivesse uma vida de luxo.
Outro
incidente de extrema importância para nossa análise encontra-se no livro de
Atos. Quando Pedro e João chegaram à porta do templo, chamada Formosa, um coxo
pediu-lhes uma esmola. Pedro disse ao paralítico: “Não possuo nem prata nem
ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!”
(Atos 3:1-8), e o homem foi curado. Naturalmente Pedro e João não estavam
debaixo de qualquer maldição, em pecado ou sem fé, só porque não tinham prata
nem ouro. Eles tinham algo melhor, a graça e o poder de Deus.
Jesus
mesmo nos exortou a buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas
estas coisas nos seriam acrescentadas (Mateus 6:33). Parte do Sermão do Monte
tratou exatamente disto: da ansiedade, da preocupação exagerada pela
sobrevivência e pelos cuidados materiais. Jesus ensinou que não nos
desesperássemos, mas que colocássemos nossa confiança em Deus. Se ele sabe
cuidar dos pássaros e dos lírios do campo, cuidará melhor ainda de nós, seus
filhos, feitos a sua imagem e semelhança. Há muitas outras passagens da Bíblia
que poderiam ser citadas aqui no tocante ao assunto.”
32. Kenneth E. Hagin, A Autoridade do Crente, p. 48.
“Dentro
da confissão positiva há aqueles que também se deixaram enganar pela serpente e
hoje estão proclamando a deidade do homem. Vejamos alguns exemplos:
Você
é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi. Cada homem que nasceu
de Deus é uma encarnação e o cristianismo é um milagre. O crente é uma
encarnação tanto quanto o foi Jesus de Nazaré (Kenneth Hagin, Word of Faith, dezembro, 1980, p. 14).
Fisicamente,
nascemos de pais humanos e participamos da sua natureza. Espiritualmente,
nascemos de Deus e participamos da Sua natureza (Kenneth Hagin, Como Ser Dirigido Pelo Espírito de Deus,
p. 96).
Até
que compreendamos que somos pequenos deuses e comecemos a agir como pequenos
deuses, não podemos manifestar o reino de Deus (Earl Paulk, Satan Unmasked, 1984, p. 97).
Você
não tem um deus dentro de você. Você É um deus (Kenneth Copeland,
fita cassete The Force of Love,
BBC-56).
Cachorros
geram cachorros, gatos geram gatos e Deus gera deuses (K. Copeland, no programa
Praise The Lord, Trinity Broadcasting Network. Fita nos arquivos do ICP).”
“Há
muitas outras declarações de Kenneth Hagin que são realmente preocupantes e
algumas soam até como blasfêmias. As seguintes foram extraídas de um de seus
livros mais recentes, Zoe: A Própria Vida
de Deus:
Esta
vida eterna que Ele veio nos dar é a natureza de Deus (p. 9).
Na
realidade, eis o que é a vida eterna: Deus comunicando toda a sua natureza, substância
e ser aos nossos espíritos (p. 10)
Já
sabemos, portanto, que o homem é espírito. Sendo espírito, encontra-se na mesma
categoria de Deus, porque Deus é espírito (p. 15).
Louvado
seja Deus! Isto me foi concedido, porque tenho a vida e a natureza de Deus (p.
29)
O
Senhor fez o homem como o Seu substituto aqui na terra... O homem era Senhor...
Vivia em termos de igualdade com o Criador (pp. 50, 51).
Muitos
membros do Evangelho Pleno não sabem, por exemplo, que o novo nascimento é a
real participação na natureza divina. Não sabem ainda que são filhos e filhas
de Deus tanto quanto o próprio
Jesus
(p. 55). Jesus foi primeiramente divino e depois humano. E, na carne, Ele foi
um ser divino-humano. Quanto a mim, fui primeiramente humano como você, mas eu
nasci de Deus. E, desta maneira, tornei-me num ser humano-divino! (p. 55).
Eis
quem somos: somos Cristo! (p. 57).
Se
bem atentarmos, verificaremos que Adão era o deus deste mundo (p. 64).
Se
eu permanecer em Deus e junto dEle, meus direitos estarão plenamente
assegurados. Ninguém poderá oferecer-me nada melhor. Nem o próprio Senhor Jesus
tem uma posição melhor diante de Deus do que você e eu temos (p. 79).38
Observe
a última declaração acima. Creio que Hagin foi longe demais. Como pode Jesus
ser o nosso mediador (1 Timóteo 2:5) se ele mesmo não tem uma posição melhor
diante de Deus do que você e eu? Ao contrário do que diz Hagin, a Bíblia afirma
que Jesus, “depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à
direita da Majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). Veja ainda Filipenses 2:9-11.”
“Vale
a pena lembrar uma boa regra de interpretação: “Não dizer com firmeza o que a
Bíblia não diz com clareza”.”
“Heresia
é tomar qualquer verdade da Bíblia fora de seu contexto e enfatizá-la tanto ao
ponto de negligenciar outras.”
“São
muito esclarecedoras as palavras do Rev. Ove Lackell, que se formou no Rhema
Bible Training Center (escola de Kenneth Hagin nos Estados Unidos) e que hoje é
um missionário evangélico no Brasil:
Cheguei
a Rhema como um novo convertido e os ensinos que recebi pareciam bons e
estimulantes. Porém, depois de me formar e de pastorear minha primeira igreja,
percebi mais e mais que havia uma ênfase muito forte em apenas alguns textos da
Bíblia. Creio hoje, onze anos depois de minha formatura, que a escola Rhema
ensina heresia. Heresia é tomar qualquer verdade da Bíblia fora de seu contexto
e enfatizá-la tanto ao ponto de negligenciar outras.
O
ensino da Rhema é desequilibrado e está com suas prioridades erradas. Há pouca
ênfase sobre ganhar almas e ajudar os necessitados do mundo. Nos dois anos que
passei ali, nunca vi uma oferta ser levantada para os perdidos e famintos do
mundo, mas, sim, para manter o projeto de construção em andamento.
A
soberania de Deus é deixada de lado. A maior parte do ensino é direcionada a “como
desenvolver sua fé” a fim de que você possa receber sua herança de Deus. “Você
tem direitos legais como um filho de Deus; reclame esses direitos.”
Grande
parte do ensino é sobre direitos e muita culpa está envolvida nisso. Se uma
pessoa não tiver fé suficiente ela não receberá. Precisamos de fé e confiança
em Deus. Mas o que mais agrada a Deus é quando descansamos nos braços de um Pai
amoroso, e não quando confessamos as Escrituras com base no “você pode fazer
isto acontecer”. Creio que o movimento da fé exalta mais o homem do que o
Senhor Jesus Cristo, construindo mais o reino de homens do que o reino de Deus.
Há um espírito de orgulho do “que eu posso fazer em nome de Jesus”.
O
aspecto do sofrimento é deixado de lado. “Jesus sofreu por nós, assim não
precisamos sofrer mais.” Mas Jesus disse a respeito de Paulo: “pois eu lhe
mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9:16). E deixado de
lado, também, que o sofrimento pode ter um propósito no plano de Deus.
Naturalmente, não é o sofrimento em si que tem valor, mas, sim, como reagimos
em relação a ele.
A
Palavra da Fé começou bem, mas acabou abandonando as fronteiras do verdadeiro
cristianismo, glorificando mais aos homens do que a Deus. Minha oração é que
eles voltem ao equilíbrio da Palavra de Deus a fim de alcançar as almas neste mundo
perdido antes que o Senhor Jesus Cristo retorne.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário