Editora: Larousse do Brasil
ISBN: 978-85-7635-265-5
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 276
Sinopse: Após
anos sem falar com a imprensa, o bispo Edir Macedo rompe o silêncio e revela
tudo sobre sua vida neste livro – uma reportagem biográfica completa. Ele trata
de assuntos polêmicos, abre sua intimidade e responde sobre todos os episódios
marcantes vividos por ele nos últimos anos, além de contar detalhes do
funcionamento de sua organização religiosa e como comprou a TV Record e a
transformou na segunda rede de televisão do país.
“Essas questões ganharam ainda maior dimensão
porque nós, os autores, Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo, e Christina
Lemos, repórter especial em Brasília, somos funcionários da Rede Record de
Televisão. Em português claro: Edir Macedo é nosso patrão. Como ter isenção
para contar a vida de quem paga nosso salário?”
“O bispo não brinca quando o assunto é
casamento. A união no altar é rigorosamente levada a sério dentro de sua
instituição religiosa. Pastores somente crescem na hierarquia do grupo quando
são bem casados.
Divórcio é sinal de que algo está errado, mas
não é o fim. Quando a mulher abandona o marido responsável por alguma função na
igreja, logo após a separação ele recebe apoio para casar-se novamente.
– Ensino que o casamento não pode ser feito
na base da paixão.
Não podemos seguir o coração, ignorando o
raciocínio. Casar não exige apenas amor, mas, acima de tudo, fé.
Entre os solteiros, também há normas. Noivas
de pastores passam por uma espécie de estágio ao conviver até doze meses com
casais religiosos mais experientes. Os candidatos a núpcias, pastores ou fiéis
da igreja, são incentivados a se unir com diferença etária de, no máximo, cinco
anos. E são orientados a se casar somente depois dos 23 anos.
– Se a pessoa não acredita que o casamento
vai dar certo, é melhor não se casar. Mesmo que goste do outro. O mau casamento
transforma a vida de qualquer um em inferno.
Para o bispo, sexo é uma dádiva. E pilar do
casamento.
– Sexo é para ter prazer. A cama é a base de
uma aliança no altar. Não são os filhos, o dinheiro nem o carinho. Se um não
der o que o outro precisa, já era. É uma necessidade humana, é como comer e
beber. (...) Quando faço sexo, vou para o altar mais forte.
“Após seu encontro com a espiritualidade, era
hora de buscar uma esposa. Não desperdiçou a chance quando uma colega de
igreja, a bela jovem Ester Eunice Rangel, pediu ajuda em matemática, a
disciplina favorita dele. Na época, Ester fazia um curso preparatório para
concurso de um banco estadual.
As aulas particulares nunca aconteceriam de
fato.
– No primeiro encontro, na saída do curso,
uma surpresa. Atirado, Edir logo colocou as mãos nos ombros de sua pretendida.
Você é abusado, hein! – disse Ester,
encarando o rapaz.
– Sou mesmo – respondeu Edir. E colocou as
mãos nos ombros da moça novamente.
– No fundo, aquela atitude chamou minha
atenção. Gostei da determinação dele – relembra a esposa.
Os dois tinham acabado de desmanchar seus
noivados. Ester havia descoberto que não gostava do antigo namorado. E Edir, já
nos preparativos finais para o casamento, decepcionou-se com um palavrão dito
pela noiva. Foi o suficiente.
– Quando vi a Ester pela primeira vez, disse
que iria casar com ela.
Edir, dessa vez, precaveu-se. Investigou a
ficha de cadastro da aspirante a esposa no escritório da igreja. Descobriu que
era de uma família tradicionalmente evangélica, cujo avô havia sido pastor
protestante. E passou a “persegui-la”.
– Ele me seguia na hora de sentar no culto.
Eu ia para um lado, ele ia também. Eu ia para o outro, e lá estava o Edir.
O romance foi relâmpago. Dias depois de se
declarar, pediu ao pai de Ester para namorá-la. O casal não perdeu tempo. Em
apenas oito meses, namoraram, noivaram e casaram-se. Estavam muito apaixonados
e felizes.
– Ester tinha alguma coisa a mais. Foi meu
primeiro amor. Parece que a gente estava procurando um pelo outro fazia anos e
nos encontramos naquele momento – declara o bispo.
Mas os desafios foram muitos, antes da
cerimônia. Certa vez, um pastor disse a Ester que o casamento não daria certo.
Alegou que tivera uma visão: ela se encontrava em um lugar alto, chorando
amargamente. Curioso é que, anos mais tarde, quem se divorciou foi o pastor.”
“Edir Macedo e a esposa viveram cinco meses
em um apartamento alugado no bairro do Grajaú, até que o esgoto transbordou,
inundando tudo. Tornou-se inviável continuar morando ali. A sujeira espalhou
baratas por todos os lados. E Edir tem horror a baratas – repulsão descoberta
pela mulher na semana da lua-de-mel, quando uma delas, voadora, invadiu o
quarto do casal. Ester é quem foi obrigada a matar o inseto. O bispo assume a
repugnância:
– Eu enfrento o diabo, mas não enfrento uma
barata.”
“Para chegar a genro do bispo, os dois
encararam obstáculos parecidos. Um deles foi pedir a mão da filha. O ritual foi
o mesmo: fazer o pedido para o pai na frente dos outros bispos e pastores – uma
prova de coragem e tanto, contam os genros. Renato, então pastor, foi direto ao
assunto.
– Bispo, gostaria de casar com sua filha.
Edir Macedo fitou o garoto e disse:
– Rapaz, se você fizer alguma coisa para
minha filha, eu arranco sua cabeça.
Cristiane e Viviane, jovens até hoje
cuidadosas com a beleza, elegantes e bem articuladas, deixaram a casa dos pais
com 17 anos. As duas mantêm um perfil semelhante: conversam bastante, mas
sempre se colocam em segundo plano quando estão próximas dos esposos.”
“Edir Macedo desce do altar. Prega no mesmo
nível dos seus pares de igreja. Veste calça social preta e malha branca, está
sem gravata. Discorre sobre o talento do pregador.
– Eu sei que todos aqui querem desenvolver
seu chamado. É normal. Mas, se você não desenvolve uma igreja pequena, como
pode desenvolver uma igreja grande? – pergunta o bispo. E emenda: – A igreja
depende do pastor. A Igreja Universal começou sem televisão, sem rádio, com
entrega de folhetos no meio da rua. Eu comecei sozinho, sem nada disso. Veja a
oportunidade, e não a dificuldade. É o espírito do pastor que manda. É o
espírito que você tem.
Duas mil pessoas (na plateia) e um mesmo
referencial: todas querem ser o bispo Macedo do futuro.”
“Edir Macedo é, de fato, austero no cuidado
com a igreja. Para manter as rédeas, implantou uma organização com
funcionamento sistemático. Obreiros – voluntários que exercem atividades gerais
– e pastores auxiliares chamam pastores titulares e bispos de senhor. Pastores
titulares chamam bispos de senhor. Bispos chamam pastores titulares e
auxiliares e obreiros pelo nome. E todos chamam Edir Macedo de senhor ou
simplesmente de bispo.
– Não lembro o nome da maioria – diz ele.”
“Cada pastor recebe moradia, assistência
médica, plano odontológico e direito a lazer nos sítios da igreja, além da
chamada “ajuda de custo” mensal. O valor é variável.
– Há pastores e pastores, bispos e bispos. A
maior injustiça é a igualdade.”
“Edir Macedo acredita que os cariocas e os
africanos em geral são mais receptivos aos sermões.
– Talvez pelo sofrimento.
“Edir cita a gravidez para explicar a vontade
divina.
– “Deus me deu uma criança.” Deus não deu
coisa nenhuma. A criança nasce por vontade do homem. Ponto, mais nada. O resto
é história. Assim é a vida com Deus: o que você planta, você colhe. A vida não
é feita de sorte ou azar. A vida é o que você planta.”
“– O Deus deste mundo é o dinheiro. Os
banqueiros não me deixam mentir. Oferta é investimento. Isso mesmo: oferta é
investimento.”
“Edir Macedo vai falar. Sem censura.
– Dar dinheiro à igreja é um investimento? As
pessoas não devem dar oferta para ajudar a igreja, mas para ajudar a si
próprias. Quem dá está fazendo um investimento em si, na sua vida. É o que
mostra a Bíblia. Quem dá tudo recebe tudo de Deus. É inevitável. É toma lá, dá
cá.”
SUBMISSÃO FEMININA
– Prevalece em nosso universo, sim. Mas não
se trata de uma submissão imposta, é algo natural. O homem não é nada sem a
mulher, e 178 a mulher não é nada sem o homem. A mulher não deve se submeter à
vontade do homem. O homem é que deve colocar-se como líder numa relação
conjugai. Esse entendimento nasce à luz da Bíblia. O homem é a cabeça, e a
mulher o corpo. Imagine um corpo sem cabeça ou vice-versa.
Impossível existir relacionamento. Na direção
da Igreja Universal, conhecemos exemplos desse tipo. Quando a mulher manda no
marido, o pastor não cresce. Ela domina e não dá certo. No meu caso, quem manda
dentro de casa é a Ester. Na igreja, sou eu. Um não pode ultrapassar o limite
do outro.”
“– Não é justo crer em um Deus desconhecido.
Ele precisa se manifestar, se apresentar, corresponder a nossa fé.”
“PATERNIDADE
Ter filhos hoje em dia é um risco, significa
viver em uma selva. Se eu casasse hoje, jamais teria filhos. Inclusive
aconselho os membros e os pastores a não terem filhos. O mundo está cada vez
mais violento, dentro e fora de casa, os valores estão invertidos, são poucas
as chances de a criança ter um futuro bom. Nos países desenvolvidos, na Europa
e nos Estados Unidos, são cada vez mais fortes os movimentos contrários à
natalidade. Muitos podem até pensar que isso é egoísmo. Mas não vejo dessa
forma. É inteligência, questão de sobrevivência.”
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