Editora: Intersaberes
ISBN: 978-85-6570-436-6
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 272
Sinopse: Nesta
obra, Rodrigo Berté retrata as questões socioambientais que cada vez mais
desafiam o futuro dos brasileiros, comprovando que muitos dos problemas que
enfrentamos na atualidade estão presentes desde a colonização do país. Ao
apresentar uma reflexão inteligente e questionadora sobre a proteção da
diversidade de nossa fauna e flora, o autor demonstra que simples soluções
podem ser alternativas eficientes para o controle de nossos problemas sociais e
ambientais mais alarmantes.
“Sustentabilidade:
o termo, quando relacionado à questão do desenvolvimento, significa a
racionalização adequada dos recursos do patrimônio natural, ambiental e
cultural, em harmonia com a sobrevivência humana e com o bem-estar social, não
apenas na atualidade, mas principalmente visando às gerações futuras.”
“Podemos definir a qualidade ambiental como o
conjunto e características biofísicas ou químicas que tornam determinado meio
ou produto adequado ao uso pelos seres vivos. É a capacidade relativa que
determinado meio ambiente apresenta para satisfazer as necessidades e os
desejos de um indivíduo e da sociedade como um todo. Assim, são parâmetros de
qualidade ambiental a serem avaliados: a) o saneamento ambiental – disponibilidade, contaminação e qualidade da
água, efluentes locais, ar e conforto térmico; b) a estética ambiental – beleza dos elementos naturais e
antropogênicos; c) o tratamento de
resíduos domésticos e industriais – reciclagem e
instalações operacionais; d) os valores
culturais da relação homem-meio ambiente – grau de cultura ecológica,
apreciação social da percepção ambiental, respeito a normas e regras.”
“Resumindo o termo sociodiversidade compreende aspectos de adaptação do ser humano à
paisagem física e de como esta interfere nas organizações sociais, bem como
aspectos referentes a distintas manifestações culturais forjadas pela ação
humana em diferentes ecossistemas. Logo, socio
+ diversidade = sociodiversidade, isto é, a diversidade
das culturas sociais.”
“Todo conflito tem como objeto a disputa de
algum tipo de recurso escasso. (...)
Em regra, o controle dos recursos escassos
está associado ao poder, à riqueza e ao prestígio. (...)
Outro aspecto importante a ser considerado,
de acordo com Santos (2003), quando analisamos os conflitos sociais e
políticos, “é ter em mente que eles são inerentes à própria existência do meio
social”. Por isso, não se tem notícia de uma sociedade sem conflitos. A
respeito dessa condição, Quintas (2004, p. 17) acrescenta que “a sociedade não
é lugar da harmonia, mas, sobretudo, o lugar dos conflitos e confrontos que
ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, das relações
sociais, dos valores etc)”.
Aliás, para Bobbio, Matteucci e Pasquino
(1992), “um conflito social e político pode ser suprimido, isto é, bloqueado em
sua expressão pela força, coercitivamente, como é o caso de muitos sistemas
autoritários e totalitários, exceto o caso em que se reapresente com redobrada
intensidade num segundo tempo”. No entanto, os mesmos autores alertam para o
fato de que a “supressão” é relativamente rara. Da mesma forma, a completa
resolução dos conflitos socioambientais é praticamente impossível, pois os
fatores que os desencadearam (causas, tensões e contrastes), os que estão no
início dos desentendimentos, dificilmente são solucionados. Isso significa que, quase por definição, um
conflito social não pode ser resolvido em toda sua extensão.
Assim, visto que não podemos acabar com
conflitos no meio social, “o processo ou a tentativa mais frequente é o
proceder à regulamentação dos conflitos, isto é, à formulação de regras aceitas
pelos participantes, que estabelecem determinados limites aos conflitos”
(Bobbio; Matteucci; Pasquino, 1992).
O que observamos nesse procedimento é uma
estratégia de regulamentação das formas de manifestação dos conflituosos, com a
finalidade de torná-los menos destrutivos para os envolvidos, e não o seu fim.
Aparentemente, isso pode sugerir uma ideia de simplicidade na resolução dos problemas;
contudo, não é isso o que ocorre, pois “o ponto crucial” é que as regras devem
ser aceitas por todos os participantes e, se mudadas, devem ser mudadas por
recíproco acordo” (Bobbio; Matteucci; Pasquino, 1992). E, como sabemos, isso
não é fácil.”
“Muitas vezes uma atividade ou empresa que,
embora gere lucros para alguns e demonstre ser altamente desejável por um grupo
ou uma camada da população, pode ao mesmo tempo ocasionar perda para outros,
tornando-a inaceitável. Na área ambiental, essa constatação é muito comum,
pois, segundo Quintas (2000b, p. 7):
um determinado empreendimento pode representar lucro para empresários,
emprego para trabalhadores, conforto pessoal para moradores de certas áreas,
votos para políticos, aumento de arrecadação para Governos, melhoria da
qualidade de vida para parte da população e, ao mesmo tempo, implicar prejuízo
para outros empresários, desemprego para outros trabalhadores, perda de
propriedade, empobrecimento dos habitantes da região, ameaça à biodiversidade,
erosão*, poluição atmosférica e hídrica, desagregação social e outros problemas
que caracterizam a degradação ambiental.
O quadro descrito por Quintas (2000b), por si
só, justifica a necessidade de associarmos a gestão ambiental à gestão social –
em outras palavras, a gestão
socioambiental.
Nesse tipo de caso, como o relatado, a
sociedade civil deve ter pleno acesso às informações de empreendimentos com
vistas às causas e às consequências de sua instalação, sendo que a mera desculpa de geração de emprego
poderá, no futuro, criar dificuldades. Conforme o empreendimento – se, por
exemplo, for potencialmente poluidor –, poderá sofrer penalização do Poder
Público e gerar o problema social do desemprego,
além dos prejuízos já provocados por sua instalação.
Essas situações demonstram o quanto é
importante que a sociedade estabeleça fóruns permanentes de discussões
temáticas sobre o seu entorno e suas inter-relações com o meio. Aliás, segundo
Quintas (2004, p. 7),
a prática da gestão ambiental não
é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante de um problema
ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com os
custos, e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica (atividades
socioeconômicas ou as ações provocadas pelo ser humano) sobre o meio, seja ele
físico, natural ou construído. [grifo nosso]”
“A pressão das atividades humanas sobre o
meio ambiente atinge a vulnerabilidade ambiental, a qual, por sua vez, exerce
influência nas relações entre populações e organismos da fauna e da flora e
provoca a degradação ambiental. Nesse contexto, uma das alternativas destacadas
para a verificação do nível de degradação ambiental é a adoção de indicadores
de vulnerabilidade, os quais possibilitam que autoridades e técnicos possam avaliar
e buscar soluções para os problemas ambientais. Assim, por meio dos
instrumentos de defesa do ambiente na gestão ambiental, lançamos a base
fundamental deste estudo, ou seja, técnicas e métodos para a avaliação do
ecossistema ou de uma determinada área. Consideramos tal abordagem extremamente
importante, pois, com o avanço significativo da tecnologia, encontramos uma
série de instrumentos que podem medir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo,
encontrar significados para a sua vulnerabilidade e/ou estabilidade. Por outro
lado, os desastres ambientais comprovam que o modelo de exploração do meio
ambiente que o homem adotou deve ser repensado. As agressões são constantes e,
por isso, necessitamos conhecer e estabelecer mecanismos para a recuperação dos
ambientes degradados, o que implica uma abordagem ou atuação multidisciplinar.
Essa é uma necessidade concreta e urgente.”
“O que é o Projeto
Reserva Extrativista?
A reserva extrativista é a reforma agrária dos seringueiros. É o
reconhecimento de áreas de floresta, ocupadas tradicionalmente por seringueiros
e outros extrativistas, como áreas de domínio da união, com usufruto exclusivo
dos seringueiros organizados em cooperativas ou associações. Nas reservas
extrativistas, não há títulos individuais de propriedade. Nelas serão
respeitadas a cultura e as formas tradicionais de organização e de trabalho dos
seringueiros, que continuarão a realizar a extração de produtos de valor
comercial como a borracha, a castanha e muitos outros, bem como a caça e a
pesca não predatória, juntamente com pequenos roçados de subsistência em
harmonia com a regeneração da mata. As reservas extrativistas não serão áreas
inviáveis economicamente: garantida a floresta, os seringueiros organizados
aumentarão a produtividade, introduzindo inovações tecnológicas adequadas. Além
disso, darão continuidade à criação de escolas, postos de saúde e cooperativas
geridas por seringueiros.
A reserva extrativista não é apenas a reforma agrária dos seringueiros,
mas também uma forma de preservação da natureza pelos que dela dependem, e uma
alternativa econômica para a Amazônia. (Silva, 2011).”
“Conservação
da natureza: é o uso equilibrado e autossustentado dos recursos naturais. É
a manutenção do equilíbrio ecológico natural por meio de técnicas adequadas de
manejo. O conceito de conservação é distinto do conceito de preservação, porque
implica a interferência do homem para assegurar a manutenção das espécies ou
dos ecossistemas.”
“No Brasil, em função do desenvolvimento
adotado no passado não prever técnicas e mecanismos protecionistas do meio
ambiente, ficou claro que herdamos um passivo ambiental significativo. Cabe à
geração presente estabelecer condicionantes para tornar eficiente a atuação dos
órgãos ambientais na defesa do meio ambiente e, por conseguinte, na aplicação
da lei no tocante a seus infratores.”
2 comentários:
blz mas vc gostou ou não?
A opinião está no início do post.
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