Editora: Globo
ISBN: 978-85-250-5018-2
Tradução: Daniela Pires, Leandro Woyakoski e Marcelo Barbão
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 448
“Quando comecei a tocar música, decidi devotar
minha vida a ela sem me deixar levar por todas as outras baboseiras que a vida
tem a oferecer”. (Cliff Burton)
“Depois de
tomar o voo noturno de San Francisco para Nova York, Kirk Hammett chegou à casa
de Jonny e Marsha poucas horas depois de eles terem levado Dave Mustaine à
rodoviária. Hammett comentou sua entrada no grupo: “Naquele momento, ainda
estávamos no comecinho de nossas carreiras musicais. E quando entrei na banda
nos demos muito bem... Literalmente, eu entrei, me sentei, e eles falaram:
‘Muito bem, você está na banda, vamos começar daqui’”. Determinados, no
entanto, a não se meterem na mesma batalha pela liderança de que tinham acabado
de se livrar com Mustaine, Lars e James foram bem objetivos com ele –
atitude que Lars mais tarde contou aos leitores da Rolling Stone nos seguintes
termos: “Não vamos nos enganar, James e eu mandamos na parada. Nós
fizemos as gravações e as músicas”. Kirk simplesmente deu um sorriso chapado e
fez que sim com a cabeça. “Eu não tinha nenhum problema com aquilo. Estava
claro que era a banda do Lars e do James.” Mesmo assim, era uma rigidez
tirânica que se tornaria evidente na música, talvez mais do que fosse
necessário para a banda, à medida que os anos passavam e o domínio de Lars e
James sobre os rumos musicais do Metallica se consolidava mais e mais.
“Tomávamos as grandes decisões em conjunto. Mas sempre que tinha de defender
uma ideia era necessário assumir o papel de diplomata. Eu tinha de vender meu
peixe a eles.” Cliff, por sua vez, tinha algo melhor do que um argumento. Podia
ser a banda de Lars e James, mas os dois foram atrás dele, não o contrário.
Como músico, Cliff sabia que estava muito à frente dos novos colegas, mas
também compreendia as políticas internas melhor do que os outros. Eles que
falem com o público, que fiquem com os principais créditos de composição; ele
confiava no seu taco, sabia quem era e não desejava competir nesse nível. Os
testes para valer teriam início depois que o primeiro álbum estivesse pronto e
o grupo tivesse de seguir adiante, fazendo turnês, compondo, transformando-se
numa banda de verdade – com Cliff Burton como epicentro.”
“Ainda
mantendo em segredo as dúvidas sobre sua permanência a longo prazo na frente da
banda, mas fortalecido pelas dez semanas ininterruptas de turnê, Hetfield
também tinha a confiança extra proporcionada pelo lançamento do primeiro álbum.
Ao levar a “fique longe de mim, porra” para o palco, ele aprendeu, durante a
turnê, a se esconder atrás daquela máscara e a manipular a plateia para que ela
visse somente o que ele quisesse. James se tornou feroz, imitando a abordagem
destemida de Mustaine ao provocar o público, quase o desafiando a desmascarar o
blefe: “Quando criança, a intimidação era uma grande defesa para não ter de me
aproximar das pessoas nem comunicar ou expressar meus medos e fraquezas. Assim,
ao entrar no Metallica como um frontman firme, esse fator de intimidação
ressurgiu e foi uma grande arma defensiva. Eu podia manter as pessoas à
distância, sem revelar o que necessitava de verdade”.”
“‘Você não se esgota por ir rápido demais, mas por
ir devagar e se aborrecer’.” (Cliff Burton)
“Embora só fossem se conscientizar do fato anos
depois, a maneira apressada, aparentemente superficial, com que Lars Ulrich e
James Hetfield lidaram com a morte de Cliff Burton teria consequências
duradouras, que iriam muito além da história do Metallica. A decisão de
encontrar um novo baixista e prosseguir com os planos da banda assim que
possível pode ter parecido correta em teoria, mas o papel de Burton no
Metallica ia além de tocar baixo. Mesmo com essa parte resolvida, a maneira
violenta como fora arrancado da banda era um dano irreparável. Os outros três
não tinham perdido apenas um integrante. Perderam o seu mentor, o irmão
espiritual mais velho – tinham perdido o melhor amigo do Metallica. Aquele que
jamais mentiria, jamais deixaria alguém na mão, o único que podia protegê-los
deles mesmos.
Como
disse Malcolm Dome: “Cliff tinha uma grande personalidade. Se estivesse vivo,
poderia ter conduzido o Metallica por alguns caminhos bem interessantes, ele
tinha a cabeça aberta, era o cara em quem os demais se inspiravam porque era um
pouco mais velho, mais maduro e seguro. Do jeito dele, era o líder da banda.
Embora Lars e James fossem os donos do grupo, estava claro que Cliff era o cara
a quem podiam recorrer quando precisavam de conselhos. Era ele quem dizia: ‘Não
acho que devamos fazer assim, devíamos fazer assado’. Ele não parecia pertencer
a uma banda de thrash, e era essa a questão – ele não sentia a obrigação de se
adaptar”.”
Um comentário:
Casos interessantes de uma banda tão famosa. Gostei do trecho: "Eu podia manter as pessoas à distância, sem revelar o que necessitava de verdade”
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