domingo, 19 de outubro de 2014

O silêncio dos inocentes – Thomas Harris

Editora: BestBolso
ISBN: 978-85-7799-062-7
Tradução: Antonio Gonçalves Penna
Opinião★★★☆☆
Páginas: 392

“– Nada aconteceu comigo, policial Starling – disse Hannibal Lecter. – Eu aconteci. Você não pode reduzir-me a um jogo de influências. Vocês trocaram o bem e o mal pelo behaviorismo, policial Starling. Puseram todo mundo vestindo fraldas morais – nada mais é culpa de ninguém. Olhe para mim, policial Starling. Você pode afirmar que eu sou... mal? Por que ele arranca a pele daquelas mulheres? Eu sou o mal, policial Starling?
– Penso que o senhor foi destrutivo. Para mim é a mesma coisa.
– O mal é, portanto, destrutivo? Então as tempestades são o mal, se tudo é tão simples. E temos o fogo, e temos o granizo. As companhias de seguro listam-nos todos como “Atos da Providência”.
– A deliberação...
– Eu coleciono desabamentos de igrejas, por distração. Você viu o último, na Sicília? Maravilhoso! A fachada caiu sobre sessenta e cinco avós numa missa especial. Isso foi um mal? Se foi, quem o cometeu? Se Ele esta lá em cima, Ele adora isso, policial Starling. Febre tifoide e cisnes, ambos têm a mesma origem.”


“– E depois foi o próprio Raspail quem morreu... Por quê? – perguntou Clarice Starling.
– Francamente, fiquei enjoado, farto dos seus lamentos. Afinal, foi a melhor coisa para ele. A terapia não levava a parte alguma. Creio que a maioria dos psiquiatras tem um paciente ou dois que gostaria de encaminhar para mim. Nunca discuti isso antes e agora estou ficando cansado de fazê-lo.
– E foi ele o seu jantar servido aos dirigentes da orquestra.
– Nunca lhe aconteceu receber hóspedes para comer e você não ter tempo de fazer compras? Aí tem que dar um jeito com o que há no congelador, Clarice.
Posso chamá-la de Clarice?”


“– A gratidão tem uma meia-vida curta.”


“– Eu me admiro por meus pais, que não me mataram antes que eu tivesse idade bastante para enganá-los.”


“A solução do problema é uma caçada; é um prazer selvagem e nascemos para caçar.”


“– O doutor Pilcher telefonou três vezes. Fez-me prometer que lhe diria que ele telefonou – disse Ardelia Mapp.
– Ele não é doutor – respondeu Starling.
– Você pensa que poderá fazer algo por ele?
– Talvez. Ainda não sei.
– Ele parece ser muito divertido. Concluí mais ou menos que ser engraçado é a melhor coisa que existe nos homens. Quero dizer, exceto o dinheiro e a nossa básica autoridade...
– Claro, e boas maneiras também, você não pode excluir isso.
– Certo. Dê-me um filho-da-puta com bons modos e fico com ele.”
-

Nenhum comentário: