terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Sombra do Silêncio, de Mino Carta

Editora: Francis

ISBN: 978-85-8936-219-1

Opinião: ★★★★☆

Páginas: 224

Sinopse: Criando novamente um misto de ficção e memória (como em seu primeiro romance, O castelo de âmbar), Mino Carta mostra-se um alquimista do estilo, capaz de combinar musicalidade e metáfora em achados surpreendentes. A sombra do silêncio se passa num país que é mas não é o Brasil, e onde os personagens e os lugares da vida real se escondem atrás de nomes fantasiosos, pitorescos e às vezes nada sutis. A sombra do silêncio é, portanto, um “roman à clef”, mas que o autor prefere chamar de “sátira à clef”, pois o tom é sempre satírico.

Nessa sequência de O castelo de âmbar, Mino Carta continua e encerra a história do jornalista Mercúcio Parla, que poderia ser, sem dúvida, seu alter ego. Mas, na realidade, quem protagoniza talvez mais que o próprio Mercúcio esse romance seja Core Mio, a moça risonha que mereceu a admiração de mais bela do bairro. Na rua Áurea, Mercúcio encontrou “o único e autêntico amor” de sua vida. Core Mio é o coração de Mercúcio, e A sombra do silêncio conta a história desse coração, que se descobre e desvela na dedicação absoluta à verdade do amor.




“Para ter compaixão pelos homens é preciso compadecer-se de Deus.”

 

 

“As mãos navegam em meio ao arquipélago luminescente, há todo o tempo da solidão na pescaria das emoções. Achado o ancoradouro temporário, tornam-se doces prumos, nem agora ansiosos, agrada-as a ausência da pressa ao vasculhar a súbita ilha de lembranças em busca da imagem que convém ao momento.”

 

 

“A classe média é egoísta, ignorante, o povo, manso e lerdo...”

 

 

“Sim, os homens... Você sabe que eles são iguais a nós, não sabe? Gente inconfiável, para dizer o mínimo.”

 

 

“Eis o pior momento do leitor de mãos, a sina do espião trágico, a descoberta em si mesmo da desgraça alheia.”

 

 

“Eu sei, sei bem demais que o amor é mais uma utopia, e eu a temo, a utopia...”

 

 

“Naquela noite decide caminhar pela cidade, que vagarosamente se abre ante seu passo e pressente ser aquele um dos últimos passeios tranquilos de um notívago. Das vísceras da terra ofendida, das memórias destruídas, da floresta abatida, da desigualdade consagrada, nasceriam os demônios que transitam entre a doença e o pesadelo.”

 

 

“Você é um anárquico cujos heróis são cavaleiros de ventura. Às vezes pensa dispor de um ideário complexo e bem articulado, mesmo porque leu uns livros e deu ouvidos a determinadas pregações, mas tudo se resume na natural compaixão, natural para gente como nós, pelos humilhados e ofendidos. E pelo natural desprezo pelos donos do poder. No fundo é uma postura aristocrática... a seu modo...”

 

 

“Nada tenho a revelar, apenas aconselho: abandone-se ao enredo do destino, relaxe e se entregue, na vida e na morte. Confie no sentido da falta de sentido.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá tudo bem??
sou estudante de letras e gostei muito da sua iniciativa de divulgar suas leituras e classificá-las, fiquei feliz porque está em suas leituras os romances de Mino Carta, porém nao concordo com a sua classificaçao, ao meu ver as duas obras sao excelentes, mas ccomo você mesmo enunciou, é na sua ótica é claro.
Só queria deixar minha opiniao sobre a obra porque é uma das minhas prediletas.
Faço pesquisa, na área de Análise do Discurso e tenho como corpus as duas obras, se tiver informaçoes relavantes dos romances, ficarei feliz em dialogar com você.
ABraço!!!
continue assim, se dedicando a leituras... PARABÉNS!!!
Acho que vou fazer um cadastro também das obras que leio.rsrsrs
Jessica Marquês