segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O Coração das Trevas – Joseph Conrad

Editora: L&PM
ISBN: 978-85-2540-676-7
Tradução: Sergio Flaksman
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 148
Sinopse: Publicado em forma de livro em 1902, Coração das trevas é um dos grandes clássicos da literatura do século XX, conhecido também por ter servido de base para o filme Apocalypse now!, obra-prima de Francis Ford Coppola. Nessa nova tradução de Sergio Flaksman, a prosa conradiana aparece em todos os seus contornos e trejeitos, conforme o leitor acompanha a viagem do protagonista Marlowe pelo coração sombrio da selva africana. A missão de Marlowe é trazer de volta Kurtz, um mercador de marfim cujos métodos passam a desagradar a companhia mercante que o contratou. Dividido entre o fascínio e a repulsa por Kurtz, Marlowe aos poucos vai descobrindo a natureza desses métodos.

“Nos trópicos, deve-se antes de tudo, manter a calma.”


“É estranho como as mulheres não têm contato com a verdade. Vivem num mundo próprio, que nunca existiu, que nunca existirá. É, no todo, bonito demais, e, se elas fossem construí-lo, cairia em pedaços antes do primeiro pôr-do-sol. Teria início algo abominável, com o qual nós homens temos convivido satisfatoriamente desde o início da Criação, e derrubaria a coisa toda.”


“Há um laivo de morte, um gosto macabro em mentiras – e é exatamente isso o que detesto no mundo -, o que procuro esquecer. Faz-me sentir péssimo, doente, como se mordesse uma coisa podre.”


“Nenhum medo pode suportar a fome, nenhuma paciência pode esgotá-la, a repugnância simplesmente não existe onde há fome; e quanto a superstições, crenças e o que se poderia chamar de princípios são menos do que palha soprada pelo vento.”


“Coisa engraçada é a vida – misterioso arranjo de lógica implacável para um propósito fútil. O máximo que você pode esperar dela é algum conhecimento de si próprio... que chega tarde demais... uma colheita de inesgotáveis arrependimentos. Eu havia lutado com a morte. É o combate mais desinteressante que se pode imaginar. Acontece numa impalpável zona cinzenta, com nada sob os pés, nada ao redor, sem espectadores, sem clamor, sem glória, sem o grande desejo de vitória, sem o grande medo da derrota, numa atmosfera doentia de tépido ceticismo, sem muita fé em nossos próprios direitos, e menos ainda nos do seu adversário. Se tal é a forma da última e definitiva sabedoria, então a vida é um quebra-cabeça maior do que alguns de nós supõem que seja. Eu estava a milímetros da minha última oportunidade para fazer um pronunciamento, e descobri, com humilhação, que provavelmente não teria nada para dizer.”


“Achei-me de volta à cidade sepulcral, ressentindo a visão de pessoas com pressa nas ruas para roubar um pouco de dinheiro umas das outras, devorar sua infame cozinha, engolir sua cerveja insalubre, sonhar seus sonhos insignificantes e tolos. Atropelaram meus pensamentos. Eram intrusos cujo conhecimento da vida era para mim uma pretensão irritante, porque me sentia bastante seguro de que não tinham condição de saber as coisas que eu sabia.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse livro me pegou de jeito...
coisa engraçada é a vida...