Editora: Escala
ISBN: 978-85-7556-893-4
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 394
“Obrigar-me
ao devotamento é me assassinar! Deus! Não conheço Deus, é mais um misticismo.
Comecem por riscar esta palavra de seus discursos se quiserem que os escute,
pois, três mil anos de experiência me ensinaram que qualquer um que fale de
Deus deseja minha liberdade ou minha bolsa.”
“Quando
o povo não tem mais vingança, não tem mais providência.”
(aos
detentores do monopólio): “Se seu suplício devesse durar tanto quanto o meu
desprezo, deveriam acreditar na eternidade do inferno.”
“Ó
justiça dos homens, cortesã estúpida, até quando sob teus ouropéis de deusa,
beberás o sangue do proletário degolado?”
“Os
juros, ou direito de ganhos inesperados, é ao mesmo tempo a expressão e a
condenação do monopólio; é a espoliação do trabalho pelo capital organizado e
legalizado; de todas as subversões econômicas é a que acusa mais frontalmente a
antiga sociedade e cuja escandalosa persistência justificaria a expropriação
brusca e sem indenização de toda a classe capitalista.”
“Não
há nada no socialismo que não se encontre na economia política; e este plágio
perpétuo é a condenação irrevogável de ambos.”
“O
socialismo, desertando da crítica para entregar-se à peroração e à utopia,
mesclando-se nas intrigas políticas e religiosas, traiu sua missão e
menosprezou o caráter do século. A revolução de 1830 nos havia desmoralizado, o
socialismo nos efemina. Com a economia política, cujas contradições apenas
repisa, o socialismo é impotente para satisfazer o movimento das inteligências;
não é mais, naqueles que subjuga, senão um novo preconceito a destruir e,
naqueles que o propagam, um charlatanismo a desmascarar, tanto mais perigoso
porque quase sempre é praticado de boa-fé.”
“Graças
ao imposto, o ano inteiro é quaresma para o trabalhador; e sua ceia pascal não
chega perto do café da manhã de sexta-feira santa do senhor bispo.”
“É
igualmente impossível que numa sociedade fundada sobre o princípio de
propriedade não se termine pela distinção de castas, que numa democracia não
chegue ao despotismo, que uma religião seja razoável e que o fanatismo se
mostre tolerante. É a lei da contradição, quanto tempo será ainda necessário
para entendê-la?”
“É uma
triste verdade que na sociedade o bem geral nunca é o efeito de uma conspiração
das vontades particulares!”
“A
justiça criminal (...) se tornou para a sociedade um princípio de existência
tão necessário como o pão é para a vida do homem; mas com a diferença de que o
homem vive do produto de suas mãos, ao passo que a sociedade devora seus
membros e se alimenta de sua própria carne.”
“De
fato, a partir do momento em que as condições constitutivas do poder, isto é, a
autoridade, a propriedade, a hierarquia, são conservadas, o sufrágio do povo
nada mais é que o consentimento do povo a sua opressão; o que revela o mais
torno charlatanismo.”
“Essa
é a guerra que têm que sustentar: guerra do trabalho contra o capital, guerra
da liberdade contra a autoridade, guerra do produtor contra o improdutivo,
guerra da igualdade contra o privilégio. O que pedem, para conduzir a guerra a
bom termo, é precisamente contra que devem combater. Ora, para combater e
reduzir o poder, para colocá-lo no lugar que lhe convém na sociedade, de nada
serve mudar os depositários do poder, nem trazer alguma variante em suas
manobras: é necessário encontrar uma combinação agrícola e industrial por meio
da qual o poder, hoje denominador da sociedade, se torne seu escravo.”
“O
povo é o primeiro a acusar os pobres de vagabundagem.”
“O
homem é tirano ou escravo por vontade, antes de sê-lo pela sorte; o coração do
proletário é como aquele do rico, um esgoto de sensualidade fervilhante, um lar
de crápulas e de impostura.”
“Já se
viu um capitalista, cansado de ganhar, conspirar para o bem geral e fazer da
emancipação do proletariado sua última especulação?”
“O
homem, súmula do universo, resume e sintetiza em sua pessoa todas as
virtualidades do ser, todas as cisões do absoluto; é o topo onde essas
virtualidades, que só existem por sua divergência, se reúnem em feixe, mas sem
se penetrar nem se confundir.”
“Deus,
que a fé apresenta como um pai terno e mestre prudente, nos entrega à
fatalidade de nossas concepções incompletas; cava o fosso sob nossos pés; ele
nos faz caminhar como cegos e depois, a cada queda, nos pune como celerados.
Que digo? Parece que seja apesar dele que, no fim, totalmente contundidos pela
viagem, reconhecemos nossos caminhos, como se fosse ofender sua glória nos
tornarmos, pelas provas que ele nos impõe, mais inteligentes e mais livres.
(...) Certamente, creio ter provado que o abandono da providência não nos
justifica, mas, qualquer que seja nosso crime, não somos culpados diante dela
e, se há um ser que, antes de nós e mais que nós, tenha merecido o inferno, é
realmente necessário que o diga: É Deus.”
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