segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Crise nas infinitas terras, de Marv Wolfman e George Pérez

Editora: Panini Books

Opinião: ★★★☆☆

ISBN: 978-85-8368-138-0

Páginas: 468

Link para compra: Clique aqui

Sinopse: Mundos viveram… mundos morreram… e as histórias em quadrinhos nunca mais foram as mesmas! Escrita por Marv Wolfman e desenhada por George Pérez, Crise Nas Infinitas Terras apresenta na íntegra a saga que recriou o Universo DC! Uma ameaça trazida por uma irresistível força misteriosa obriga o semidivino Monitor a convocar superseres de diversos mundos para defender a existência de todas as realidades. Mas o caminho para a salvação exigirá um sacrifício nunca antes testemunhado!

Esse volume traz na íntegra um marco histórico da nona arte – pela primeira vez no Brasil com o tratamento gráfico de luxo – em 468 páginas, incluindo mais de 100 páginas de extras.



“A fim de compor estes registros, você deve ponderar sobre os eventos. A Terra se renova... a partir da morte, advém a vida. Do Inferno, emerge um paraíso. No entanto, a serpente neste Éden não quer que a adoremos... ela quer nos destruir.”

 

*: Crise nas infinitas terras é um romance gráfico.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

O Reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia Igreja Universal (Parte II), de Gilberto Nascimento

Editora: Companhia das Letras

Opinião: ★★★☆☆

ISBN: 978-85-359-3298-0

Páginas: 384

Link para compra: Clique aqui

Sinopse: Ver Parte I



O bispo desdenha dos cálculos oficiais. Em sua contabilidade particular, a Universal enxerga uma legião de adeptos bem mais expressiva. Ele costuma proclamar a conquista de 7 milhões de fiéis em território brasileiro, e mais 2 milhões no exterior.3 Estudiosos como Ricardo Mariano admitem a possibilidade de distorções em razão da metodologia do IBGE — os dados são obtidos por meio de amostragem e, diante da pergunta “qual é a sua religião”, grande número dos entrevistados se identifica apenas como “evangélico”. O número de fiéis incluídos nessa classificação, sem vinculações com igrejas, é elevadíssimo: 9,2 milhões. Assim, na avaliação de Mariano, seria razoável, e não causaria surpresa, se 2 milhões deles fossem adeptos da Universal.4

Independentemente da controvérsia, a Universal continuou chamando a atenção mais do que qualquer outra denominação evangélica. A instituição se espalhou pelo Brasil e se expandiu mundo afora. Atualmente seu site registra presença em 95 países, nos cinco continentes, mas em geral o bispo propaga números inflacionados. Em sua biografia, em 2007, ele enumerou 172 países, e foi essa cifra que o advogado Arthur Lavigne citou em representações ao Judiciário, para ressaltar a força da instituição ao redor do mundo.5 Outros números apresentados pela igreja são relevantes e significativos: 14 mil pastores; 320 bispos; 7157 templos no Brasil; e outros 2857 no exterior.6

Macedo encontrou mais dificuldades para crescer em pequenos munícipios interioranos, como a sua Rio das Flores, predominantemente católica e conservadora. A pregação neopentecostal turbinada com um discurso de autoajuda acenava com possibilidades de sucesso e prosperidade financeira por meio do empreendedorismo. Tal discurso encontrava maior receptividade junto aos trabalhadores dos grandes centros, principalmente nas periferias, atingidas com mais intensidade pelo desemprego e subemprego, desde o início dos anos 1980.

A ascensão era estimulada por meio do trabalho autônomo. Quem trabalhasse duro venceria com as “bênçãos de Deus” — o progresso na vida econômica viria como uma contrapartida da aliança com Deus, explicou o antropólogo da Unicamp Carlos Gutierrez. “Na religião, os fiéis encontram incentivo e apoio, desenvolvem a autoestima e encaram as agruras da vida com mais esperança.” Novos interesses emergiam. Se, nos anos 1970 e 1980, a ala “progressista” do catolicismo politizava os trabalhadores a partir das discussões de suas reivindicações sociais, as igrejas evangélicas passavam a conquistar adeptos acenando com o sucesso calcado no êxito pessoal.7

3. Mônica Bergamo, “Bispo Macedo celebra 40 anos da Igreja Universal no subúrbio do Rio”, Folha de S.Paulo, 8 jul. 2017; e Anna Virginia Balloussier, “Igreja Universal faz 40 anos e realiza sonho de alcançar classe média alta”, op. cit.

4. Entrevista do sociólogo Ricardo Mariano ao autor, em 13 maio 2016.

5. Douglas Tavolaro, O bispo, op. cit., p. 243; e informação fornecida pelo advogado de Edir Macedo, Arthur Lavigne, em habeas corpus impetrado em 2011 (número 003879485.2011.4.03.0000/SP — Tribunal Federal da 3a Região), em ação por crimes de lavagem de valores, evasão de divisas e formação de quadrilha.

6. Edir Macedo, “O segredo da Universal”, Folha de S.Paulo, 9 jul. 2017; e Anna Virginia Balloussier, “Igreja Universal faz 40 anos e realiza sonho de alcançar classe média alta”, op. cit.

7. Celso Ming, “Empreendedorismo e fé”, O Estado de S. Paulo, 26 nov. 2016; e “Igreja Universal completa 40 anos e propõe uma visão de mundo empreendedora para o país”, IHU On-Line, 24 jul. 2017.

 

 

Responsável por uma ampla investigação sobre o patrimônio empresarial de dirigentes da Universal, em 2007 — quando a igreja completou trinta anos —, a repórter Elvira Lobato, então na Folha de S.Paulo, foi vítima de pressão exercida pela igreja. A jornalista produziu a reportagem “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, que lhe tomou dois meses de apuração e lhe rendeu o Prêmio Esso de Jornalismo em 2008. Em trabalho anterior, de 1999, Elvira havia comprovado a autenticidade de documentos que ligavam a Universal às empresas de paraísos fiscais Cableinvest e Investholding. Os nomes de proprietários de offshores não são identificados no ato de constituição das empresas. Os responsáveis pela abertura das contas assumem compromisso de total sigilo com os clientes.

Em resposta às reportagens de Elvira Lobato, a Universal moveu 111 ações judiciais por danos morais contra a repórter e o jornal Folha de S. Paulo. Do total, 108 ações foram encaminhadas aos Juizados Especiais Cíveis (antes chamados de pequenas causas). Não se contestavam as informações publicadas: seguidores da igreja se diziam “prejudicados em sua fé”. Pastores alegavam que eram cobrados por fiéis, nas ruas, sobre críticas à instituição. O modelo das ações era o mesmo, as frases eram as mesmas. Exigiam uma reparação por danos que diziam ter sofrido. Os processos judiciais replicaram pelo país, do Acre a Bahia e Rio Grande do Sul, vindos quase sempre de lugares remotos. A suposta ofensa parecia não ser problema nos grandes centros urbanos. A estratégia da igreja, de pulverizar as ações, obrigou o jornal a contratar dezenas de advogados para comparecer a audiências a pontos longínquos do Brasil.

O ônus foi imenso. A defesa, difícil e onerosa. A advogada da Folha Taís Gasparian viu nessa ação uma utilização indevida dos Juizados Especiais Cíveis, criados para proteger consumidores. Pela lei dos Juizados Especiais, o autor do processo pode decidir que a ação terá trâmite em sua própria cidade. Isso foi concebido para que os consumidores não precisassem se deslocar aos grandes centros quando pretendessem processar uma empresa de porte. Nesse caso, ocorreu o contrário: a jornalista teria de circular por todo o país para se defender.

Os principais veículos de comunicação se solidarizaram com a Folha. “Foi uma ação para intimidar, para desestimular o profissional a cumprir o trabalho jornalístico”, avaliou Elvira. Todas as ações, no entanto, tiveram sentenças favoráveis à repórter e ao jornal. A última, em Santa Maria da Vitória, na Bahia, foi encerrada em 2017. Vários autores de ações acabaram condenados pela Justiça, por litigância de má-fé, com o pagamento de multas de 1% a 10% do valor conferido à causa.71

Um ano antes, a Universal havia adotado a mesma estratégia contra a Rede Globo. Moveu 96 ações em Juizados Especiais Cíveis contra a emissora carioca, reclamando do programa policial Linha Direta, que exibiu reportagem sobre o assassinato do jovem Lucas Terra, em Salvador. A atração era comandada pelo jornalista Domingos Meirelles, ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) — hoje no campo adversário, pois apresenta o Record Repórter Investigação, na TV do bispo. A Universal alegava que seu nome fora usado indevidamente na longa reportagem sobre o caso. A Globo informou que a igreja não foi citada. Dos 96 processos, 87 tiveram sentenças favoráveis à emissora, e os outros prosseguiam na Justiça. As ações foram abertas em todas as regiões do país: 33 no Nordeste, vinte no Norte, dezesseis no Sul, e onze no Sudeste e Centro-Oeste. O conteúdo das petições iniciais era idêntico, apesar da autoria e da origem distintas.72

71. Entrevista da jornalista Elvira Lobato ao autor, em 2 set. 2016; Elvira Lobato, “Universal moveu 111 ações contra reportagem sem contestar dados”, Folha de S. Paulo, 9 jul. 2017; “Elvira Lobato relata investigações sobre a Igreja Universal em livro”, Folha Online, 30 ago. 2017; e entrevista da advogada Taís Gasparian ao autor, em 26 fev. 2019.

72. Chico Otávio, “Justiça rejeita ação orquestrada da Universal”, O Globo, 22 jan. 2009; Lauro Jardim, “Globo vence 60a ação contra Universal”, Veja, 31 mar. 2008.

 

 

Edir Macedo deu o primeiro passo para construir seu império empresarial com a instalação da modesta cantina no primeiro templo no bairro da Abolição, em 1977, gerenciada pelo cunhado Múcio Crivella.1 Dali em diante, ele não parou de investir.

A necessidade de “ganhar almas” e propagar a fé pelos quatro cantos do Brasil foi uma justificativa real e convincente para que o bispo passasse a adquirir veículos de comunicação pelo país: TVs, rádios e jornais. Expandiu o seu reino, sem limites.

Em mais de quarenta anos de atuação, o exército religioso de Macedo ergueu um conglomerado de proporções grandiosas. Contempla uma gama de empresas, nos mais diferentes ramos. Segundo uma lista divulgada pelo ex-bispo da Universal Alfredo Paulo, o grupo reúne 97 empresas, incluindo as emissoras de rádio e TV. Nomes de pessoas ligadas à igreja foram detectados ainda em outras firmas registradas em juntas comerciais ou citadas em processos judiciais e reportagens publicadas na imprensa.2 Macedo tem em seu nome a TV Record, e é sócio da empresa B.A. Empreendimentos e Participações Ltda, controlada pela emissora. A empresa B.A., por sua vez, é dona de 49% das ações do Banco Renner.

Nas outras companhias do grupo, aparecem como sócios 113 pessoas, entre bispos, pastores, obreiros e familiares do líder da Universal. Essas empresas chegaram a gerar 22 mil empregos diretos e 60 mil indiretos. E aí não estão incluídos os líderes religiosos (bispos e pastores) que recebem uma “ajuda de custo” pela obra voluntária.3

Os fiéis não têm informação precisa sobre o destino de suas ofertas. Sabem da existência dos empreendimentos, mas em geral não imaginam a extensão dos vultosos negócios e o poderio financeiro de sua igreja. Os líderes da Universal argumentam ser necessária a aquisição de bens e propriedades para a manutenção de seu projeto religioso.

O bispo adotou como estratégia a diversificação dos negócios. Além das emissoras, ele conta com jornais, banco, seguradora, financeira e administradora de cartões de crédito. Outros nichos passaram a ser explorados: hospital, clínica médica, operadora de plano de saúde, empresas de logística em transporte, segurança patrimonial, mão de obra especializada e empresas de água e refrigerantes. O grupo chegou a ter uma empresa de táxi-aéreo, a Alliance Jet. Vendida em 2015, faturava 500 mil reais ao mês.

Edir Macedo exibiu como um trunfo a posse da Record — a TV com o segundo maior faturamento no Brasil, com 29 emissoras próprias e 79 afiliadas. Após a aquisição da emissora, montou sua sonhada rede nacional, encorpada com a inclusão da Record News (ex-Rede Mulher) e da Rede Família de Comunicação (canal por satélite e web). O grupo mantém ainda a Rede Aleluia — com 68 rádios espalhadas pelo país —,4 o portal R7; a Unipro Editora e o jornal Correio do Povo (Porto Alegre). Vinculadas diretamente à igreja, estão a Folha Universal e a IURD TV (web).

Se a Record está a anos-luz da Globo, seu faturamento não é nada desprezível. Muito ao contrário. Em 2017, a emissora faturou 1,8 bilhão de reais.5 Um ano antes, ela havia registrado o maior lucro líquido de sua história: 227,3 milhões, quase quatro vezes o resultado do ano anterior.6 Enquanto cultivava o sonho de ultrapassar a Globo — pretensão que parece ter deixado de lado, ao menos por um tempo —, a TV de Edir Macedo chegou ao segundo lugar na audiência. Depois perdeu terreno para o SBT de Silvio Santos. Em 2018, do total de aparelhos ligados durante todo o dia, o SBT alcançou 15%, e a Record, 13,9%. As duas se digladiaram, enquanto a Band teve escassos 3,2%, e a Globo flanou, liderando folgadamente, com 35,9%.7

A força da Record não pode ser subestimada. Seu sinal chega a mais de 120 países. Edir Macedo, em 2007, estimou o valor de sua emissora em 2 bilhões de dólares.8 Ronaldo Didini, atualmente prestador de serviços na área de comunicação — graças principalmente à experiência acumulada no período em que esteve na Universal e na Record —, arrisca seu valor atual em 3 bilhões de dólares.

A revista norte-americana Forbes, porém, sugeriu números mais modestos, ao calcular o patrimônio do bispo em 1,1 bilhão de dólares. Na lista dos mais ricos do mundo em 2015, Edir Macedo e família apareceram na 1638o posição — o último entre os 48 bilionários brasileiros citados. Com praticamente a mesma fortuna, em 2013 ele foi apontado pela Forbes como o pastor evangélico mais rico do Brasil. O bispo, de lá para cá, perdeu posições no ranking. Não pela diminuição de seu patrimônio, mas devido ao aumento da fortuna de outros concorrentes.9

A Universal contestou os números apresentados pela Forbes. Qualificou como “mentirosa” a informação sobre a riqueza de Macedo, pois estaria baseada “em velhas mentiras publicadas na imprensa”. Segundo a igreja, o único bem de Macedo era a Record, da qual não recebe salários, não tem retirada de lucros e nunca recebeu um centavo da empresa. “Não vive dessas atividades, mas é dependente do seu próprio trabalho como pastor evangélico”, afirmou, em nota, a instituição. De acordo com a Universal, Macedo doou à igreja seus imóveis, todos “adquiridos com seus próprios recursos de direitos autorais” (referentes à venda de livros).10

Para a Forbes, a maior parte da fortuna de Macedo teve origem na Record. A revista observou que não havia ficado claro como o bispo conseguira o financiamento para a compra da emissora e, segundo relatórios do Ministério Público do Brasil, ele teria usado os recursos da igreja. É fato que a Record, valioso patrimônio de Macedo, contou com um substancial e nada desprezível suporte, a partir de 1989: a injeção de recursos da Universal, via compra de horário nas madrugadas para a exibição de programas religiosos. A emissora, na visão de concorrentes, não compete em condições de igualdade, pois recebe recursos de uma instituição imune a impostos. Em 2016, a igreja pagou 575 milhões de reais para ocupar o espaço da programação nas madrugadas. No ano anterior, 535 milhões. Em 2013, outros 500 milhões.11 Esses valores giraram em torno de 30% do faturamento da rede.

A única ligação entre a igreja e a Record, argumenta Edir Macedo, é sua participação majoritária na sociedade da empresa. O que evidentemente não é pouca coisa. Mas isso não autorizaria a transmissão gratuita dos programas da Universal, explica o bispo, pois a igreja e a Record são pessoas jurídicas diferentes, com patrimônio distintos. “Não podendo ter a confusão patrimonial de bens nem de pessoas, pois, se tal mistura existisse, seria considerado um ilícito, […] contrário à lei”, justificou. “Como a Igreja Universal trabalha de forma totalmente lícita, é necessário atender o que a legislação determina de modo que temos de ter um contrato. Precisamos ter um contrato de locação com a Rede Record, pagarmos os preços de mercado pela transmissão da programação, contabilizarmos tudo isso”, afirmou.12 O debate se dá em torno dos valores pagos. Para alguns, seriam superestimados. A Record não detalha os termos de seu contrato com a igreja, alegando existir uma cláusula de confidencialidade.

Somas polpudas também vão para concorrentes: ao alugar horários na programação de outras emissoras, a Universal é um dos maiores anunciantes privados do país. Até 2018, dispunha de uma verba de 800 milhões de reais para investir em mídia televisiva — cerca de 500 milhões de reais para a Record, o restante dividido entre Bandeirantes, Canal 21 (também grupo Band), RedeTV!, CNT e TV Gazeta de São Paulo. Ao final do ano, reduziu 120 milhões de reais em investimentos. Não mexeu no montante destinado à Record, e renegociou os valores com as outras emissoras. Somente com o Canal 21 — que dá traço na audiência — a Universal gastava cerca de 10 milhões de reais mensais. O contrato foi firmado em 2013. Macedo havia apresentado uma proposta irrecusável para tirar do ar o concorrente Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que lhe tomava fiéis.13 Das cinco principais redes de TV do Brasil, ao menos duas — Band e RedeTV! — não teriam condições de sobreviver sem o dinheiro da Universal e outras igrejas evangélicas. “Se eu não vender horário para igreja, quebro”, admitiu Marcelo de Carvalho, sócio e vice-presidente da RedeTV!.14

Provedora, a Universal alimenta sua cadeia de empresas. Entre elas, 41 têm participação societária umas nas outras, tramando uma teia de firmas interligadas. Só para ficar num exemplo, a Record é sócia da B.A. Empreendimentos e Participações, Rádio 99 FM, Rádio e Televisão Capital, Sistema Sul de Comunicação (SSC), TV Record do Rio de Janeiro Ltda e Televisão Sociedade Ltda.

Recorrendo umas às outras, as empresas se retroalimentam. A Record contrata firmas do grupo para cuidar dos serviços de segurança, transporte, fornecimento de água mineral e produção de programas. O banco oferece empréstimos aos funcionários; a operadora de plano de saúde, o convênio médico. Os lucros não saem do conglomerado.

A B.A. Empreendimentos, vinculada à Record, que atua como um braço financeiro da emissora, comprou as ações do Banco Renner, instituição sediada em Porto Alegre (RS). Macedo fez essa nova investida no mercado financeiro depois de perder o Banco de Crédito Metropolitano — por determinação do Banco Central, transformado em uma financeira e, depois, em uma factoring.

A aquisição das ações do Banco Renner, fechada em 2009, só foi confirmada quatro anos mais tarde, graças a um decreto da presidenta da República, Dilma Rousseff. Por terem residência no exterior à época, os sócios Edir Macedo e Ester Eunice Bezerra entraram no negócio como investidores estrangeiros. Dilma precisou, então, aprovar a participação.15

A família Renner continua como controladora do banco, e o bispo deseja aumentar seu quinhão. A família comandava a rede varejista com sua marca, vendida em 1998 à companhia americana JCPenney, e repassada anos depois a um grupo de investidores.16 Desde o final de 2017, Macedo tenta se tornar o sócio majoritário do banco, mas encontra resistência em pareceres da área técnica do Banco Central.17 Em 2009, Macedo havia adquirido apenas 40% das ações. Quatro anos depois, seu percentual chegou a 49%, após novo acerto entre as partes. O banco passou a oferecer empréstimos, leasings e financiamentos de veículos a cerca de 5 mil funcionários e fornecedores da TV Record.18

Turbinado pelo poderio do bispo, agora o banco Renner se aventura em nova seara. Em março de 2019, anunciou o patrocínio de dois dos maiores times de futebol do país, o Cruzeiro Esporte Clube, de Belo Horizonte, e o Clube Athletico Paranaense, de Curitiba, por meio do banco digital Digi+. O Cruzeiro receberá 11 milhões de reais fixos ao ano, além de bônus por cumprimento de metas. O Athletico contará com um valor fixo, mais incentivos, mas as cifras não foram reveladas. Dois meses depois, o Digi+ tornou-se também o patrocinador do Fortaleza, da capital cearense, e, em outubro, agregou o Sport, de Recife.19 Mesmo antes de adquirir a participação no banco, Macedo havia feito investimentos importantes no Rio Grande do Sul. Em 2007, seu grupo adquiriu a TV Guaíba, as rádios Guaíba AM e FM e o jornal Correio do Povo. As emissoras compõem hoje a Record Sul. Foram pagos 100 milhões de reais pelo pacote.20

1. Múcio Crivella morreu em 1993. Informação de material de arquivo para o trabalho jornalístico sobre os sessenta anos da TV Record e da reportagem “Família de Marcelo Crivella completa 30 anos na política”, op. cit.

2. Informações de juntas comerciais, Receita Federal e site da TV Record; Elvira Lobato, “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, op. cit.; Elvira Lobato, “Igreja controla maior parte de TVs do país”, Folha de S.Paulo, 15 dez. 2007; Elvira Lobato, “Record tem firmas em paraísos fiscais”, op. cit.; Vânia Cristino, “Banco da Universal tem sócio em paraíso fiscal”, op. cit.; Chico Otávio, “Bispo controla ‘holding’ com interesse em diversas áreas”, O Estado de S. Paulo, 29 dez. 1995. “Empresas secretas do bispo Macedo e cúpula da IURD (parte 1), canal do ex-bispo Alfredo Paulo no YouTube, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lcsdA81ylQI&feature=youtu.be>, 23 dez. 2016, acesso em: 11 out. 2019: “Empresas secretas do Bispo Macedo e cúpula da IURD (parte 2), canal do ex-bispo Alfredo Paulo no YouTube, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mPuJnST6Hmo&feature=youtu.be>, publicado em 26 dez. 2016, acesso em: 11 out. 2019; “Empresas secretas do Bispo Macedo e cúpula da IURD (parte 3), canal do ex-bispo Alfredo Paulo no YouTube, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=r8HPIkgsK1M&feature=youtu.be>, publicado em 29 dez. 2016, acesso em: 11 out. 2019: “Empresas secretas do Bispo Macedo e cúpula da IURD (parte 4), canal do ex-bispo Alfredo Paulo no YouTube, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=D5FqLQSq1rE&feature=youtu.be>, publicado em 2 jan. 2017, acesso em: 11 out. 2019; “Comunicado importante do bispo Alfredo Paulo”, página do Facebook de Alfredo Paulo, em 3 jan. 2017; “Atendendo ao desafio do sr. Renato Cardoso, segue mais uma lista”, canal do ex-bispo Alfredo Paulo no YouTube, em 2 ago. 2019, acesso em: 11 out. 2019.

3. O último número disponível sobre funcionários do grupo consta da biografia O bispo, de Douglas Tavolaro (op. cit., p. 238), de 2007. Depois dessa publicação, a TV Record, por exemplo, demitiu mais de 2 mil empregados.

4. Informações de juntas comerciais, site da TV Record; site da Rede Aleluia; Elvira Lobato, “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, op. cit.; e Ricardo Feltrin, “Igreja Universal vende empresa de táxi-aéreo”, UOL TV e Famosos, 10 jan. 2015.

5. O faturamento da Rede Globo, em 2017, foi de 9,7 bilhões de reais, e o SBT ficou com 998 milhões de reais.

6. Daniel Castro, “Lucro do SBT cresce quase 500% após demissão de 200 funcionários”, Notícias da TV, UOL, 16 maio 2018; e Daniel Castro, “Após demitir 2.000 e terceirizar novela, Record tem o maior lucro da história”, Notícias da TV, UOL, 22 mar. 2017.

7. Painel Nacional de TV (PNT) do Kantar Ibope Media; Cristina Padiglione, “SBT foi a rede que mais cresceu e menos investiu em 2018, em relação a Globo e Record”, Telepadi, Folha de S.Paulo, 4 jan. 2019.

8. Douglas Tavolaro, O bispo, op. cit., p. 161.

9. “Edir Macedo and Family”, Forbes, 3 fev. 2015; Tatiana Vaz, “Quem são os ex-bilionários do Brasil, incluindo Edir Macedo”, Exame, 13 set. 2016; Anderson Antunes, “Brazilian Billionaire Bishop Edir Macedo Is Now a Banker, Too”, Forbes, 22 jul. 2013; “The Richest Pastors in Brazil”, Forbes, 17 jan. 2013; e “Com fortuna de R$ 2 bilhões, Edir Macedo é o pastor evangélico mais rico do Brasil, diz revista”, UOL, 18 jan. 2013.

10. “Em nota, Universal diz que vai à Justiça por inclusão de Edir Macedo em lista da Forbes”, Portal Imprensa, 5 mar. 2013; e Mário Simas Filho, “O céu e o inferno não são folclore”, op. cit.

11. Ricardo Feltrin, “Por madrugadas, Igreja Universal pagará este ano à Record R$ 575 milhões”, UOL, 24 dez. 2016.

12. “O Bispo responde: A ligação entre a Igreja e a Record”, Blog Universal, 8 ago. 2009.

13. Daniel Castro e Rui Dantas, “Igreja Universal corta R$ 120 milhões da verba de TV e ameaça emissoras”, Notícias da TV, UOL, 3 set. 2018.

14. Flávio Ricco, “Triste realidade”, UOL, 3 fev. 2017; e Maurício Stycer, “‘Se eu não vender horário para igreja, quebro’, diz sócio da RedeTV!”, UOL, 10 mar. 2017.

15. Tatiana Vaz, “Edir Macedo compra 49% do Banco Renner”, Exame, 8 jul. 2013.

16. Ibid.; Fabíola Moura, Paula Sambo e Christiana Sciaudone, “Dispensada pela JCPenney, Renner se valoriza 3.300%”, Exame/Bloomberg, 13 set. 2017.

17. Lauro Jardim, “Quero ser banqueiro”, O Globo, 1 abr. 2018.

18. “Grupo Record adquire 40% do Banco Renner”, Valor Econômico, 23 out. 2009; e Daniel Castro, “Após demitir 2.000 e terceirizar novela, Record tem o maior lucro da história”, op. cit. A TV Record tinha 10 mil funcionários, mas 2 mil foram demitidos entre 2014 e 2015.

19. “Banco Renner será o novo patrocinador do Cruzeiro e anúncio será feito na quarta”, Gazeta Esportiva, 3 mar. 2019; Lauro Jardim, “Athletico PR tem novo patrocinador”, O Globo, 12 mar. 2019; “Fortaleza assina com Digi+ e se une a Athletico-PR e Cruzeiro”, Máquina do Esporte, 31 maio 2019; “Sport segue ‘tendência’ e fecha patrocínio máster com Digimais”, Máquina do Esporte, UOL, 18 out. 2019.

20. Elvira Lobato, “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, op. cit.

O Reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia Igreja Universal (Parte I), de Gilberto Nascimento

Editora: Companhia das Letras

Opinião: ★★★☆☆

ISBN: 978-85-359-3298-0

Páginas: 384

Link para compra: Clique aqui

Sinopse: Com mais de 10 mil templos, distribuídos em todos os estados e em quase cem países, a Igreja Universal do Reino de Deus é um gigante neopentecostal. Da réplica do Templo de Salomão, Edir Macedo dirige sua igreja com autoridade inconteste, cortejado por líderes de todas as cores ideológicas. Nesse sentido, a recente unção de Jair Bolsonaro como paladino da fé cristã ― celebrada pessoalmente por Macedo ― demonstra um projeto de poder iniciado há mais de quarenta anos na primeira sede da Universal, o prédio de uma antiga funerária no subúrbio do Rio de Janeiro.

Neste minucioso e inédito trabalho de apuração jornalística, Gilberto Nascimento traça a história completa da IURD, de seu fundador e de sua vertiginosa expansão. Indispensável para compreender o Brasil de hoje, O reino examina os mecanismos internos da igreja e suas estratégias para arrebatar ― e manter ― fiéis, e explica como o bispo se tornou uma celebridade midiática, autor de best-sellers e empresário de sucesso, imune a todas as polêmicas em torno de seu império religioso.



Por pouco o bebê Edir não teve o mesmo destino de outras 26 gestações das 33 que teve dona Geninha. Nascida e criada no vilarejo do Abarracamento,4 ao longo da vida Eugênia Macedo Bezerra sofreu dezesseis abortos espontâneos e ainda perdeu mais dez filhos prematuramente. Sete sobreviveram: Eris, Elcy, Eraldo, Edir, Celso, Edna e Magdalena. A família não tinha acesso a equipamentos de saúde, assim como a população de Rio das Flores — no ano em que Edir Macedo nasceu, não havia posto de saúde no vilarejo; o mais próximo estava na vizinha Valença, maior cidade da região. Uma das razões da sobrevivência do bebê foram as habilidades obstetrícias da avó materna, Clementina Iório da Silva Macedo, parteira famosa no Vale, ela também campeã de fertilidade: deu à luz 28 filhos, dezessete homens e onze mulheres.5 O marido, Eugênio Jacinto de Macedo, ainda tinha três filhos de outros relacionamentos.6

Já aos dois anos o pequeno Edir assombrava a família. A irmã mais velha estremecia ao ver o irmão brincar com uma figura imaginária, supostamente uma menina. O garotinho falava, ria e se divertia — entretinha-se com um anjo, supunham os familiares. Anos depois Eris mudaria de opinião: o demônio é que estaria ao lado dele.7 Outro episódio que a apavorou foi quando, sozinha com o bebê, ela viu uma serpente cobra-cipó se esgueirando entre as cobertas do berço. Familiares e vizinhos acorreram com foices e enxadas e mataram o réptil.

Edir era um garoto tímido, brincava pouco.8 Uma característica fazia dele alvo de chacota das outras crianças. Didi, como era chamado, nascera com uma atrofia nos dedos: indicadores finos como lápis e polegares anormalmente maiores,9 com mobilidade reduzida. Herança da avó paterna, que tinha três dedos em cada mão.

Hoje o primo Moacyr Marins Macedo faz troça do defeito de nascença do parente mais famoso: “Aquele dedo fino é bom para contar dinheiro”.10

4. Douglas Tavolaro, O bispo, op. cit., p. 56.

5. Na época, as famílias eram bastante numerosas: cada mulher brasileira tinha em média 6,2 filhos.

6. Entrevista de Amarílio Macedo a Chico Silva, para a produção deste livro.

7. Informação de Eris Crivella em material de arquivo para a produção de trabalho jornalístico sobre os sessenta anos da TV Record.

8. Douglas Tavolaro, O bispo, op. cit., p. 59.

9. Ibid.

10. Entrevista de Moacyr Marins Macedo ao repórter Chico Silva, em 28 jan. 2018.

 

 

Logo cedo Edir desenvolveu uma característica peculiar, observada pelo tio Amarílio Macedo, irmão de dona Geninha, conhecido como Missô (corruptela de meu senhor): “Sempre que ia comer alguma coisa, se escondia. Não gostava de dividir nada com ninguém. Era muito desconfiado. E esperto também”,25 disse, lúcido aos 94 anos. O sobrinho, acostumado a observar a lida do pai no armazém, tinha com o dinheiro a mesma relação que tinha com a comida. Tirava escondido do bolso, para ninguém ver, pequenas quantias que ganhava dos familiares.”

25. Relato do ex-pastor da Igreja Universal Carlos Magno de Miranda na reportagem “‘Tenho medo dele’, diz o ex-seguidor”, Kássia Caldeira, Jornal da Tarde, 2 abr. 1991.

 

 

Na TV, o bombardeio diminuía após o fim da guerra santa e o “acordo de paz” entre a Globo e a Record, em 1996. Mas na mídia impressa, principalmente, repercutia o andamento dos inúmeros processos e inquéritos criminais movidos contra a igreja e seus líderes, por acusações de envio ilegal de recursos ao exterior, empréstimos para empresas de fachada e a utilização de fiéis como laranjas na compra de emissoras de rádio e TV. Foram várias as denúncias-crime encaminhadas à Justiça: lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica, sonegação fiscal, crimes contra a Fazenda Pública, crime contra a ordem tributária, charlatanismo, curandeirismo, sequestro de bens, vilipêndio, incêndio criminoso, ataque a homossexuais, racismo, incitação ao crime, preconceito religioso, calúnia e difamação. O próprio Macedo, em sua biografia, listou essas acusações. Entre 1990 e 2007, foram instauradas 21 ações e inquéritos.1

Os processos que mais causaram dor de cabeça se referiam à compra da Record e às denúncias de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, estelionato e falsidade ideológica. A maioria prescreveu ou foi arquivada por falta de provas. Macedo não foi condenado em nenhum processo. A igreja possui uma eficiente estrutura jurídica, com advogados renomados, para se contrapor às acusações.

Entre as ações mais importantes contra o bispo, a referente a lavagem de dinheiro e outros delitos tramitou até setembro de 2019 na 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo, quando prescreveu.2 Eram acusados no processo Edir Macedo, o bispo e ex-deputado federal João Batista Ramos da Silva, o ex-bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição e a executiva do grupo Universal Alba Maria da Costa. Para o procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, em sua denúncia, Macedo e os outros três acusados haviam formado uma quadrilha para lavar dinheiro da igreja.3 A pena máxima para o crime de lavagem é dez anos e prescreve em dezesseis. Se o acusado é maior de setenta anos — o caso de Edir Macedo —, a prescrição cai para a metade. A denúncia foi feita em 2011 e o prazo para aplicação da pena, então, se esgotou. Caso o bispo pegasse a condenação máxima, ainda estaria livre. Na avaliação do procurador, mesmo numa ação que envolva cooperação internacional, “não é razoável” a Justiça levar oito anos para dar a sentença. A ação estava pronta para ir a julgamento. “Nada justifica, é demasiado, desproporcional”, afirmou.4

1. Douglas Tavolaro, O bispo, op. cit., p. 204.

2. Denúncia do procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, oferecida à 2a Vara Criminal Federal de São Paulo, 1 set. 2011.

3. Ibid.; “MPF/SP denuncia Edir Macedo e mais três por lavagem de dinheiro e evasão de divisas”, Ministério Público Federal/SP Notícias, 12 set. 2011.

4. Entrevista do procurador Silvio Luís Martins de Oliveira ao autor, em 29 ago. 2019; Flávio Ferreira, “Justiça deixa prescrever ação contra Edir Macedo pronta para julgamento”, Folha de S.Paulo, 19 out. 2019.

 

 

As doações recebidas atingem cifras milionárias. Entre 2003 e 2006, a Universal declarou ter recebido cerca de 5 bilhões de reais em doações (10 bilhões de reais, em valores corrigidos). O valor, no entanto, pode ser muito maior. Apesar de ter imunidade tributária, a Universal só declara parte do que arrecada, afirmou o MPF.10 Na denúncia, são citadas as declarações do ex-dirigente da igreja e ex-vereador do Rio Waldir Abrão, de que apenas 10% dos dízimos e doações recolhidos eram depositados na conta da igreja, enquanto o restante seguia para doleiros que remetiam o dinheiro para o exterior.11

A afirmação de Abrão encontrava respaldo em documentos reunidos nos autos, segundo o procurador Oliveira. Foi para enviar o dinheiro ao exterior que a igreja criou, entre setembro de 1991 e agosto de 1992, as duas já citadas offshores Investholding Ltd. e Cableinvest Ltd. “Os dólares vendidos pelas empresas Investholding Ltd. e Cableinvest Ltd. transformaram-se em recursos emprestados, ao menos formalmente, às pessoas que desempenhariam o papel de laranjas da Igreja Universal do Reino de Deus nas aquisições de participações societárias em empresas de radiodifusão e telecomunicação.” Para tanto, a igreja valeu-se de dezenas de contratos de mútuos (empréstimos), firmados entre as empresas offshore, na condição de mutuantes, e pessoas ligadas à Universal, denunciou Silvio Oliveira.12 Constavam como acionistas da Investholding, em documentos apresentados pela Procuradoria-Geral da República, o sobrinho de Edir Macedo e atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, e Álvaro Stievano Júnior, contador e ex-diretor do Banco de Crédito Metropolitano, instituição financeira vinculada à igreja. De acordo com essa documentação, Crivella e Stievano — ex-secretário municipal de Esportes de São Paulo na gestão de Paulo Maluf — outorgavam poderes a dois estrangeiros para representá-los no exterior em reuniões de diretoria, com direito a voto em assuntos predefinidos.13 Em um ofício atribuído à Cableinvest, Crivella também autorizara um executivo do grupo Universal a operar uma conta aberta no Union Chelsea National Bank.14

Desde 1999, seguia na Polícia Federal do Rio um inquérito para apurar suspeitas de crimes contra o sistema financeiro nacional e evasão de divisas. Eram citados Crivella e outros oito integrantes da Universal. Senador, em 2003, o sobrinho do bispo tinha foro privilegiado e, por isso, o caso foi encaminhado ao STF. Apurava-se naquele momento a entrada de 18 milhões de dólares no Brasil, via Uruguai, para a compra da TV Record do Rio e emissoras de rádio. O dinheiro vinha das duas offshores.

Em 2003, a Procuradoria-Geral da República informava não ter dúvida sobre a participação de Crivella nas empresas de paraísos fiscais. “Está documentalmente demonstrado que Marcelo Bezerra Crivella dirigia a Investholding Ltda., firma que operava nas Ilhas Cayman. Nos autos, outrossim, [há] manifestação escrita de Marcelo Crivella, como proprietário beneficiário — beneficial owner — da Cableinvest Ltd., firma que operava em outro paraíso fiscal — Jersey —, mas que foi dissolvida em 11 de outubro de 1999”, atestou o então procurador-geral Claudio Fonteles.15

Três anos depois, o novo titular da Procuradoria, Antonio Fernando de Souza, livrou Crivella da acusação. Deu outro rumo ao inquérito e pediu o arquivamento.16 O ministro do STF Ricardo Lewandowski também julgou não haver provas documentais ou testemunhais de que os investigados tenham remetido ou recebido 18 milhões de dólares das duas offshores, via Uruguai. E acolheu a manifestação do procurador. Determinou, no entanto, que fossem enviadas cópias de partes do inquérito à Procuradoria da República no Rio de Janeiro para apurar a ocorrência de crimes ou improbidade administrativa dos envolvidos.17 No final, o processo somou sete volumes, 656 folhas e oito apensos. O primeiro relator foi o ministro Carlos Velloso, que conduziu toda a tramitação até a penúltima decisão. Com sua aposentadoria, em 2006, o caso foi assumido por Lewandowski, dois meses depois de tomar posse no tribunal.

Crivella sempre negou envolvimento com empresas em paraísos fiscais. “Eu nunca fui sócio de empresas em paraísos fiscais. […] Eu nunca tive participação nessas empresas que vocês falaram. […] Tudo que foi publicado é uma mentira deslavada e covarde”, garantia. O bispo alegava que os documentos exibidos em cópias xerox eram falsos. “Nenhum tribunal aceita.” Segundo ele, as revelações sobre sua participação nas offshores teriam partido de “uma denúncia apócrifa registrada em 1993, na Folha de S. Paulo, e que tramitou durante anos em processo no STF e foi arquivada”. Crivella atribuía as denúncias ao fato de ter se tornado candidato, um ano antes, em sua primeira tentativa de chegar à prefeitura do Rio. “Em 1999, o [Geraldo] Brindeiro [então procurador-geral da República] abriu um processo e mandou me ouvir. […] Depus, e pronto. Agora, no ano passado, […] reabriu o caso. Tudo coincidiu na época com minha candidatura”, reagiu. O sobrinho de Macedo considera o caso encerrado.18

Uma decisão do desembargador Antônio Carlos Viana Santos, do TJ de São Paulo, considerando nulas as provas de movimentação bancária vindas dos Estados Unidos numa investigação sobre a Igreja Universal, também favorecia Crivella. As provas citadas eram justamente sobre as duas empresas criadas em paraísos fiscais. Promotores americanos haviam informado ao Brasil que um dos sócios das duas offshores era o sobrinho de Edir Macedo. Mas o representante do Ministério Público que requisitara a prova deveria ter pedido autorização a um juiz brasileiro, por se tratar de dados protegidos por sigilo bancário, no entender do desembargador. Ainda que obtida por meio de cooperação internacional, a prova documental de natureza bancária vinda dos Estados Unidos seria “imprestável”, visto que não observava as formalidades da lei. O MP entendia que o acordo de cooperação com os Estados Unidos dispensava o pedido de quebra de sigilo no Brasil, pois promotores americanos podem determinar essa medida sem autorização judicial.19 Como nos Estados Unidos não havia empecilhos para obter a informação, a solicitação aqui não seria necessária, concluíram.

Apesar dessa decisão da Justiça, o procurador federal Silvio Oliveira, em sua denúncia, avaliou ser importante apontar o papel da Investholding e da Cableinvest, para facilitar a compreensão e o encadeamento dos fatos. Ele apontou também a casa de câmbio paulista Diskline como intermediadora de remessas ilegais do Brasil para os Estados Unidos, entre 1993 e 2005. E relacionou outras práticas semelhantes ocorridas entre os anos de 1991 e 1993 para explicar o mecanismo utilizado. Alertou, no entanto, que esses fatos, vindos de outro processo da Justiça estadual de São Paulo, já estariam prescritos. Sobretudo aqueles que envolviam operações internacionais e a constituição de empresas offshore. Os delitos seriam “penalmente atípicos”, em razão de a lei no 9613 (sobre crimes de lavagem ou ocultação de bens e valores) ter entrado em vigor apenas em março de 1998. Assim, o procurador ofereceu denúncia em relação aos eventos ocorridos a partir desse ano, e pediu o arquivamento dos delitos registrados anteriormente.

Como ocorria a transação financeira? Recapitulando: doleiros a serviço da igreja converteriam em dólar o dinheiro arrecadado e o depositariam em contas bancárias das duas offshores em Miami, Nova York e Montevidéu. Em seguida, esses recursos eram reconvertidos em moeda nacional. Milionárias transações de vendas de dólares em contas dessas empresas eram feitas no Uruguai. Os dólares da Investholding e da Cableinvest transformavam-se em valores emprestados, ao menos formalmente, a bispos, pastores e fiéis no papel de laranjas, para formalizar participações em emissoras de rádio e TV. Para tanto, a igreja valia-se dos contratos de mútuos entre as offshores e representantes da Universal. 20

Em 1992, a Investholding “emprestou” aos laranjas 13 bilhões de cruzeiros (cerca de 8 milhões de reais atuais), enquanto a Cableinvest desovou 18,5 bilhões de cruzeiros (11,3 milhões de reais), segundo a denúncia. O dinheiro dos empréstimos nem chegaria às mãos dos supostos representantes. Vinha em cheques, utilizados diretamente na compra de emissoras.

“Assim foi que valores doados por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, em sua maioria pessoas humildes e de escassos recursos financeiros, sofreram uma espúria engenharia financeira para, ao final, se converterem em participações societárias de integrantes da IURD em empresas de radiodifusão e telecomunicações”, constatou o Ministério Público Federal. “Certamente um destino totalmente ignorado pelos crentes e pela Receita Federal, bem como absolutamente incompatível com os objetivos de uma entidade que se apresenta como religiosa perante a sociedade e o Estado.” 21

Dessa engenharia financeira faziam parte as empresas Cremo Empreendimentos e a Unimetro Empreendimentos, ambas com sede na rua São Carlos do Pinhal, na região da avenida Paulista. Mas nunca funcionaram de fato, eram empresas-fantasmas, segundo apurou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP de São Paulo, responsável pela condução do inquérito remetido à Justiça Federal. O nome Unimetro era desconhecido até dos funcionários da portaria. 22

Ao menos no papel, ali funcionava um conglomerado financeiro. O concorrido prédio também era o endereço do Banco de Crédito Metropolitano — o banco do bispo, depois transformado na Credinvest Facility —, e da Abundante Corretora, cuja lista de clientes era encabeçada pela Igreja Universal. Empresas de comunicação do grupo religioso integravam o conglomerado.

Líderes influentes da instituição religiosa compunham a direção da Cremo. Entre eles, o bispo João Batista Ramos da Silva e dois colegas, João Luiz Leite e Paulo Roberto Conceição. Ramos da Silva e Leite também apareciam nos quadros da Unimetro, ao lado de outros dirigentes e acionistas como os bispos Honorilton Gonçalves, Jerônimo Alves, Valdeir Moraes da Silva, Péricles dos Santos, Renato Maduro (já falecido) e os hoje dissidentes Marcelo Pires e Alfredo Paulo Filho.23 Flagrado num caso de infidelidade conjugal, Leite foi afastado do conselho de bispos em fevereiro de 2018. Era o responsável pela igreja em Angola.24

Também desligado da igreja por acusação de adultério, o ex-líder em Portugal Alfredo Paulo é atualmente a principal nêmese de Edir Macedo. Nos últimos anos, passou a disparar denúncias diárias contra a igreja nas redes sociais. Suas postagens, contestadas pela Igreja, têm atraído milhares de seguidores.

O ex-bispo Marcelo Pires questionou a estratégia da Universal de colocar empresas de comunicação em nome de religiosos. Duas emissoras pertencentes à igreja, as TVs Vale do Itajaí e Xanxerê, de Santa Catarina, estavam em seu nome. Segundo ex-colegas, Pires saiu da instituição mas decidiu não devolvê-las. Não só desafiou Macedo como o acusou de fraudar uma procuração para retirar de seu controle os dois veículos de comunicação. Uma pessoa se apresentou como procurador de Pires e solicitou um depósito no valor correspondente das ações para uma conta da empresa Cremo Empreendimentos, a título de amortização de empréstimo anteriormente contraído. Pires atribuiu toda a operação “a uma simulação destinada a ocultar a aquisição da TV Xanxerê pela IURD”, afirmou o procurador Silvio Oliveira. Atualmente na concorrente Igreja Mundial do Poder de Deus, Pires moveu uma ação para anular a transferência de suas cotas ao colega Honorilton Gonçalves.25

A Universal costumava recolher assinaturas de bispos e pastores em folhas em branco. Quando a cúpula decidia alterar a participação societária de alguma empresa, esses documentos eram preenchidos. A história se repetiu com Pires. O procurador Oliveira, ao citar o caso, denunciou a ocultação de bens pelos verdadeiros proprietários.26

Um dirigente da Record assumiu essa prática publicamente, em 1999. “No momento em que o pastor ou o bispo se torna acionista de uma emissora, [ele] assina um outro contrato, com a data em branco, transferindo suas cotas. Se ele morrer, ou se abandonar a igreja, ponho uma data anterior […] e transfiro as cotas para outro líder da igreja”, revelou o então superintendente da emissora Dermeval Gonçalves.27

O ex-deputado Laprovita Vieira confirmava que os bens em nome de bispos e pastores pertenciam, na verdade, à Universal. Então sócio da TV Record de Minas e da financeira Credinvest, Laprovita nem sabia informar em quais e quantas empresas ele aparecia como proprietário ou sócio. “Eles [administradores da igreja] preparam meu imposto de renda em São Paulo e eu só assino. Não esquento minha cabeça com nada. Tem coisa em meu nome que eu nem sei”, revelou.28 Marcelo Pires, ao assinar o documento dando plenos poderes a Macedo para transferir as ações, deixou em branco o espaço reservado ao nome da empresa. Assim, em 2002, Macedo preencheu a procuração com o nome das empresas TV Vale do Itajaí, Televisão Xanxerê e Rede Fênix. O documento foi utilizado na transferência da TV Vale do Itajaí para Honorilton Gonçalves e apresentado na alteração da composição societária da emissora junto ao Ministério das Comunicações. As investigações reiteraram que essa prática era comum no grupo, afirmou o procurador Marcelo da Mota. Um dos indícios que comprovariam o preenchimento posterior do documento, de acordo com o representante do Ministério Público, era a inclusão da TV Xanxerê, criada com esse nome apenas em 1998. Pires assinara a procuração dois anos antes.29

Em 2013, Macedo acabou absolvido dessa acusação de falsidade ideológica no Tribunal Regional Federal da 4o Região, em Porto Alegre. Segundo seu advogado, Arthur Lavigne, não houve delito porque a procuração fora feita seis anos antes justamente porque a intenção era de que a TV, no futuro, ficasse com o próprio bispo Macedo. Em 2017, o TRF-4 atendeu ao recurso do Ministério Público, contestou a absolvição de Macedo e mandou de volta o processo à Justiça Federal, em primeira instância.30 Pires, por outro lado, manteve suas cotas das TVs Xanxerê e Vale do Itajaí, conforme sua declaração de renda de 2016.31 Atualmente, empresas da Universal têm se tornado sócias umas das outras justamente para dificultar a perda de controle do grupo. Em casos de rompimento e saída de algum bispo ou pastor sócio, o queixoso poderia pleitear, no máximo, uma participação da empresa, mas não assumir o seu controle, como ocorreu com Pires.

Bispo influente à frente de negócios do grupo, João Batista Ramos da Silva passou por momentos complicados. Não era pouca coisa: foi diretor-presidente da Record, deputado federal, dirigente da Cremo e acionista da Unimetro. Mas como seu xará, o pregador judeu João Batista — o primo de Jesus preso e decapitado a mando de Herodes, o rei da Judeia —, ele viveu seu infortúnio. João Batista viu seu poder desmoronar em julho de 2005, no exercício de seu mandato parlamentar, depois de ser flagrado com sete malas cheias de dinheiro. Ele estava em Brasília, se preparando para decolar rumo a São Paulo, a bordo de um jato executivo — um Cessna 525 Citation. Foi detido e obrigado a dar explicações à polícia; respondeu a um inquérito conduzido pela 6o Vara Criminal Federal de São Paulo, juntado depois ao mesmo processo sobre lavagem de dinheiro e evasão de divisas, que prescreveu em 2019.32

João Batista carregava 10,2 milhões de reais em espécie. Nem o próprio parlamentar sabia quanto transportava. Era tanto dinheiro que foram necessárias dez horas para contá-lo, com o auxílio de cinco máquinas emprestadas pelo Banco do Brasil.33 O deputado bispo disse que o dinheiro fora arrecadado na campanha da Fogueira Santa, em templos do Amazonas e Pará. No momento da apreensão, ele fazia uma escala, ao retornar de Manaus rumo a São Paulo. Causou estranheza a quantidade de notas de cem e de cinquenta apreendidas. A maioria dos fiéis da Universal não costuma doar quantias altas nem carregar cédulas nesses valores.

O bispo deu uma justificativa que não convenceu o delegado da PF David Sérvulo Campos: ele alegou que os bancos não tiveram interesse em receber um depósito que seria transferido para São Paulo.34 O argumento não colou, entre outros motivos, porque havia notas com numeração sequencial, o que significava que ao menos parte da quantia saíra de uma instituição bancária. Não seriam ofertas, portanto.35

As explicações não convenceram nem o PFL, o partido político do deputado, e ele acabou expulso da legenda. Um ano depois, ele se envolveria em outro episódio: o esquema de venda superfaturada de ambulâncias — o escândalo dos sanguessugas. Foi indiciado pela Polícia Federal e desistiu de disputar a reeleição. Terminado seu mandato, passou um bom tempo no ostracismo. Reapareceu em 2012, eleito vereador em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Atualmente no Republicanos (o ex-PRB), está no segundo mandato.”

9. Denúncia do procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, oferecida à 2a Vara Criminal Federal de São Paulo, 1 set. 2011.

10. Ibid.

11. Ibid.; Tribunal Regional Federal da 3a Região — Apelação criminal 00075066920124036181 — Inteiro teor — relator desembargador André Nekatschalow, publicado em 11 nov. 2014, e declaração de Waldir Abrão registrada no Cartório do 14o Tabelião de Notas de São Paulo, em 18 nov. 2009.

12. Denúncia do procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, oferecida à 2a Vara Criminal Federal de São Paulo, 1 set. 2011.

13. Ibid.

14. Ibid.; e Tribunal Regional Federal da 3a Região — Apelação criminal 00075066920124036181 — Inteiro teor — relator desembargador André Nekatschalow, publicado em 11 nov. 2014; relatório de análise da Procuradoria da República do Distrito Federal sobre movimentações financeiras identificadas nas bases de dados do chamado “Caso Banestado”, relacionadas a parlamentares integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus: Marcelo Crivella (então senador do PL-RJ), e deputado João Batista Ramos da Silva (então PFL-SP), em 15 jul. 2005.

15. Manifestação do então procurador-geral da República, Claudio Fonteles, em inquérito remetido ao STF para apurar a responsabilidade penal dos diretores das empresas Investholding e Cableinvest, em 4 maio 2004; relatório de análise da Procuradoria da República do Distrito Federal sobre movimentações financeiras identificadas nas bases de dados do chamado “Caso Banestado”, relacionadas a parlamentares integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus: Marcelo Crivella (então senador do PL-RJ), e deputado João Batista Ramos da Silva (então PFL-SP), em 15 jul. 2005; Elvira Lobato, “Record tem firmas em paraísos fiscais”, op. cit.; “Sobrinho de Macedo seria controlador de empresa”, op. cit.; “Fonteles pede a quebra de sigilo da Igreja Universal”, Folha de S.Paulo, 13 maio 2005; e Gilberto Nascimento, “As contas secretas da Igreja Universal”, IstoÉ, 25 maio 2005.

16. Rubens Valente, “Polícia liga Universal a doleiros do Banestado”, Folha de S.Paulo, 21 set. 2009.

17. Portal do Supremo Tribunal Federal, Inquérito 1903, São Paulo. Disponível em: <portal.stf.jus.br/processos>.

18. Gilberto Nascimento e Eduardo Hollanda, “Ministério Público unifica investigação” e “É tudo mentira”, IstoÉ, 1 jun. 2005; Rubens Valente, “Para Crivella, assunto está ‘vencido’”, Folha de S.Paulo, 21 set. 2009.

19. Mario Cesar Carvalho, “Justiça anula provas contra Igreja Universal”, Folha de S.Paulo, 25 ago. 2010.

20. Denúncia do procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, oferecida à 2a Vara Criminal Federal de São Paulo, 1 set. 2011.

21. Ibid.

22. Ibid.

23. Ibid.

24. “Chefe da Igreja Universal afastado por adultério”, O País (Angola), 17 fev. 2018.

25. Denúncia do procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, oferecida à 2a Vara Criminal Federal de São Paulo, 1 set. 2011; Adauri Antunes Barbosa, Flavio Freire, Ricardo Galhardo e Soraya Aggege, “Empresas de fachada compraram TVs”, O Globo, 11 ago. 2009.

26. Denúncia do procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, oferecida à 2a Vara Criminal Federal de São Paulo, 1 set. 2011.

27. Elvira Lobato, “Record pretende pressionar a Globo”, Folha de S.Paulo, 20 jul. 1999.

28. Id., “Deputado nega ter feito negociação”, Folha de S.Paulo, 18 jul. 1999.

29. Id., “Plano de Igreja Universal gera disputa judicial com ex-bispos”, Folha de S.Paulo, 15 dez. 2007; Nelito Fernandes, “Novas suspeitas contra o bispo”, Época, 4 jan. 2008.

30. Reinaldo Azevedo, “Justiça manda prosseguir denúncia de crime contra Edir Macedo”, Blog de Reinaldo Azevedo, Veja, 22 set. 2017.

31. Wálter Nunes, “O bispo se complica”, Época, 15 fev. 2008; “Edir Macedo é absolvido da acusação de falsidade ideológica em venda de TV em SC”, UOL, 26 nov. 2013; “Edir Macedo será julgado por falsidade ideológica em venda de TV em SC”, O Estado, 26 nov. 2013; e Leticia Faria, “Bispo Macedo explica à Justiça Federal compra da TV Record de Xanxerê”, Tudo sobre Xanxerê, 23 ago. 2013.

32. O inquérito policial do caso João Batista tinha o número 2007.61.81.005723-9, em trâmite inicialmente na 6a Vara Criminal Federal de São Paulo.

33. Ronald Freitas, Ricardo Amorim e Matheus Machado, “No país do dinheiro vivo”, Época, 20 fev. 2009.

34. Ibid.

35. Ibid.