Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-65-5640-255-0
Introdução e organização: Luciana Sandroni
Tradução: Íside M. Bonini
Ilustrações: Silvio Ramirez
Opinião: ★★★☆☆
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Páginas: 296
Sinopse: Ver Volume
I
“A desgraça, diz um velho ditado, vem sempre de noite.”
“Quem acha a chave velha, não necessita mais da nova.”
“O avô e seu neto
Era uma vez um velho, tão velho que já não enxergava bem,
os ouvidos estavam quase surdos e os joelhos trêmulos. Era com grande
dificuldade que conseguia segurar a colher e sempre derramava a sopa na toalha,
deixando-a, também, escorrer pela boca.
O filho e a nora sentiam nojo ao ver isso, e assim ficou
resolvido que o velho avô iria sentar-se atrás do fogão. Davam-lhe a sopa numa
tigela de barro, mas não muita. O velho olhava com grande tristeza para a mesa
e seus olhos enchiam-se de lágrimas.
Certa vez, suas mãos trêmulas não conseguiram segurar nem
mesmo a tigela, que caiu no chão, espatifando-se.
A nora brigou muito com ele, mas o avô suspirou e não
disse nada. Então ela comprou uma gamela de madeira bem barata e grosseira e
ele passou a tomar a sopa na gamela.
Quando estavam todos sentados na sala, o netinho, de
quatro anos de idade, juntava pedaços de madeira no chão.
— Que estás fazendo, meu filhinho? — perguntou-lhe o pai.
— Estou fazendo uma gamela — respondeu o menino —, para
dar de comer a mamãe e papai quando eu for grande.
Então os pais olharam um para o outro silenciosamente,
depois começaram a chorar. Levantaram-se e foram buscar o velho para se sentar
à mesa com todos. Daí por diante serviram-no sempre na mesa com eles, nunca
mais se importando que deixasse cair sopa na toalha.”
“— E tu achas que o menino cuidaria dos gansos? —
respondeu Henrique. — Hoje em dia, os filhos já não obedecem a ninguém, só
fazem o que lhes dá na veneta, porque se julgam mais sabidos do que os pais,
justamente como aquele criado que foi procurar a vaca tresmalhada e correu
atrás dos melros.”
“As montanhas não se encontram, mas os homens, bons ou
ruins, acabam sempre se encontrando neste mundo.”
“Os pássaros que muito cantam pela manhã, à tarde são
devorados pelo gavião!”
“Quem abre uma cova para outro, sempre acaba caindo nela.”
“Só malandros prometem o que não podem cumprir.”
“O camponesinho no céu
Era uma vez um pobre
camponês, muito bondoso que ficou gravemente doente e morreu. Ele então foi
para o Céu.
Na mesma época,
morreu também um nobre muito rico que por sua vez também foi para o Céu.
São Pedro chegou com
as chaves, abriu a porta e fez entrar o nobre. Ao que parece, não vira o pobre
camponês e tornou a fechar a porta. E do lado de fora o camponês ouvia as
grandes comemorações de alegria que se dirigiam ao nobre, acompanhadas com
cantos e música.
Por fim, voltou a
reinar o silêncio. São Pedro veio abrir a porta e mandou entrar o pobre
camponês. Este esperava que à sua entrada também se faria música e cantaria,
porém, tudo permaneceu tranquilo.
Foi recebido, sim,
com muito agrado, os anjos rodearam-no carinhosamente, mas ninguém cantou.
O camponês, magoado,
perguntou a São Pedro a razão por que não cantavam para ele como tinham feito
para o nobre, e se no céu reinava a injustiça como na terra.
Então São Pedro
explicou-lhe:
— Não, tu és tão caro
para nós como todos os demais, e terá todas as delícias do céu como o nobre. Só
que pobres camponeses como tu chegam todos os dias ao paraíso, ao passo que
nobre tão rico chega um cada cem anos…”
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