Editora: Nova cultural
Tradução: Ruy Afonso Costa Nunes
Opinião: Lógica para principiantes: ★☆☆☆☆ / A história das
minhas calamidades: ★★☆☆☆
Páginas: 112
(Lógica para principiantes)
“Para aqueles dentre nós que se iniciam no
estudo da lógica digamos algumas palavras sobre as suas propriedades, e
comecemos por tratar do gênero a que ela pertence, ou seja, a filosofia. Boécio
não denomina qualquer ciência filosofia, mas só aquela que consiste no estudo
das coisas mais elevadas. De fato, não damos o nome de filósofos a quaisquer
estudiosos, mas apenas aos sábios cuja inteligência se aprofunda na consideração
das questões mais sutis. Boécio distingue três espécies de filosofia, isto é,
a especulativa, que investiga a natureza das coisas; a moral,
que considera a questão da vida honesta; e a racional, denominada
lógica pelos gregos e que trata da argumentação. Alguns autores, entretanto,
separam a lógica da filosofia ao afirmar que ela constitui mais um instrumento,
de acordo com Boécio, do que uma parte da ciência filosófica, uma vez que todas
as outras disciplinas dela se utilizam de alguma forma, quando usam os seus
argumentos para fazerem as próprias demonstrações. Quer se trate de uma
investigação sobre o mundo físico, quer de um assunto moral, os argumentos
procedem da lógica. O próprio Boécio rebate essa opinião com afirmar que nada
impede a lógica de ser, ao mesmo tempo, instrumento e parte da filosofia, tal
como a mão é, ao mesmo tempo, instrumento e parte do corpo humano.”
“De acordo com Cícero e Boécio, a lógica se
compõe de duas partes, a saber, a ciência de descobrir argumentos e
a de julgá-los, isto é, de confirmar e comprovar os argumentos
descobertos. De fato, duas coisas são necessárias a quem argumenta. Primeiro,
que encontre os argumentos por meio dos quais possa convencer e, depois, que
saiba confirmá-los, se alguém os atacar, afirmando que são defeituosos ou
insuficientemente firmes.”
“O universal é de tal modo comum que Boécio
afirma que o mesmo todo está ao mesmo tempo inteiro nas diferentes coisas das
quais constitui a substância materialmente, e embora permaneça em si mesmo
universal, este mesmo é singular pelas formas que se lhe acrescentam, sem as
quais ele subsiste naturalmente em si mesmo e, sem elas, de maneira alguma
permanece em ato (em efetiva existência); sendo universal por natureza, mas
singular em ato, é entendido como incorpóreo e não sensível na simplicidade da
sua universalidade, mas esse mesmo universal subsiste em ato de modo corpóreo e
sensível através dos acidentes e, de acordo com o próprio testemunho de Boécio,
subsistem as coisas singulares e entendem-se os conceitos universais.”
(A história das minhas calamidades)
“A prosperidade sempre faz inchar os tolos, e
o repouso mundano debilita o vigor da alma e facilmente o enfraquece por meio
dos atrativos carnais.”
“(...) encorajados por esses ensinamentos e
por esses exemplos, suportemos mais tranquilamente estas provações quanto mais
injustas elas são. Não duvidemos de que, se elas não servem para nosso mérito,
pelo menos concorrem para a nossa purificação, e visto que todas as coisas
ocorrem por disposição divina, que cada um dos fiéis se console com este
pensamento de que a suprema bondade de Deus não permite jamais que nada
aconteça desordenadamente, e que todas as coisas que se fazem de mal Ele
próprio se encarrega de levar a um ótimo fim.”
Um comentário:
Interessante, mas não destaco nenhum trecho.
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