segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Em busca do tempo perdido: A Fugitiva, de Marcel Proust

Editora: Ediouro

ISBN: 978-85-0002-555-6

Tradução: Fernando Py

Opinião: ★★☆☆☆

Páginas: 214

Sinopse: Ver primeiro livro



“Mas, se, no baralho ou na guerra, onde só é importante vencer, pode-se resistir ao blefe, as condições já não são as mesmas quando se trata do amor e do ciúme, sem falar no sofrimento.”

 

 

“É espantoso como o ciúme, que passa o tempo inteiro a fazer pequeninas soluções sobre o falso, tem tão pouca imaginação quando se trata de descobrir a verdade.”

 

 

“Quanto mais se aumenta o desejo, mais se afasta a posse verdadeira.”

 

 

“E, sem dúvida, erramos ao pensarmos que a satisfação do nosso desejo tenha pouca importância, pois, desde que supomos que ele não pode se realizar, novamente nos aferramos a ele; e só admitimos que não valia a pena persegui-lo quando estamos seguros de alcançá-lo.”

 

 

“Sabia que iria esquecer Albertine mais cedo ou mais tarde, pois esquecera Gilberte e a Sra. de Guermantes, esquecera de todo a minha (falecida) avó. E o nosso mais justo e mais cruel castigo, diante do esquecimento completo, pacífico igual ao dos cemitérios, pelo qual somos desligados daqueles que não mais amamos, é que vislumbramos esse mesmo esquecimento como inevitável em relação àqueles a quem amamos ainda.”

 

 

“Uma mulher é de maior utilidade em nossa vida se constitui, em vez de um elemento de felicidade, um elemento de desgosto, e não existe uma só cuja posse mostre-se tão preciosa como a das verdades que ela nos faz descobrir ao nos fazer sofrer.”

 

 

“Ora, a partir de certa idade, os nossos amores e as nossas amantes são filhos da nossa angústia; nosso passado e as lesões físicas em que ele está inscrito determinam o nosso futuro.”

 

 

“Pois muitas vezes, para descobrir que estamos apaixonados, talvez mesmo para que o fiquemos, é preciso que chegue o dia da separação.”

 

 

“O amor, mesmo em seus mais humildes começos, é um exemplo impressionante do pouco valor que atribuímos à realidade.”

 

 

“É a mesma coisa que a eterna ameaça "você vai ver quando eu deixar de amá-lo", tão verdadeira e tão absurda, pois de fato conseguiríamos muito se já não amássemos, porém, não nos preocuparíamos em consegui-lo. É exatamente a mesma coisa. Pois, se a mulher a quem revemos quando já deixamos de a amar, nos diz tudo, é que de fato já não é mais ela, ou nós não somos nós: a criatura que amava não existe mais. Por aí também passou a morte, tornando tudo fácil e inútil. (...) pois a realidade das criaturas sobrevive para nós apenas por breve tempo após a sua morte, e depois de alguns anos são como esses deuses das religiões abolidas que a gente ofende sem medo porque deixa de crer em sua existência.”

 

 

“A mentira é essencial à humanidade. Ela desempenha entre os homens um papel tão grande talvez como a busca do prazer e, além do mais, é comandada por essa busca. As pessoas mentem para proteger seu prazer, ou sua honra, se a divulgação desse prazer é contrária à honra. Mentimos a vida inteira, e até, principalmente, e talvez apenas, às pessoas que nos amam. De fato, só estas nos fazem recear pelo nosso prazer e desejar a sua estima.”

 

 

“Em meio à mais completa cegueira, subsiste a perspicácia mesmo sob a forma da predileção e da ternura, de modo que é um erro falar em má escolha do amor, pois, desde que houve uma escolha, só pode ser má.”

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