Editora: Ediouro
ISBN: 978-85-0002-555-6
Tradução: Fernando
Py
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 214
Sinopse: Ver primeiro
livro
“Mas, se, no
baralho ou na guerra, onde só é importante vencer, pode-se resistir ao blefe,
as condições já não são as mesmas quando se trata do amor e do ciúme, sem falar
no sofrimento.”
“É espantoso como
o ciúme, que passa o tempo inteiro a fazer pequeninas soluções sobre o falso,
tem tão pouca imaginação quando se trata de descobrir a verdade.”
“Quanto mais se
aumenta o desejo, mais se afasta a posse verdadeira.”
“E, sem dúvida,
erramos ao pensarmos que a satisfação do nosso desejo tenha pouca importância,
pois, desde que supomos que ele não pode se realizar, novamente nos aferramos a
ele; e só admitimos que não valia a pena persegui-lo quando estamos seguros de
alcançá-lo.”
“Sabia que iria
esquecer Albertine mais cedo ou mais tarde, pois esquecera Gilberte e a Sra. de
Guermantes, esquecera de todo a minha (falecida) avó. E o nosso mais justo e
mais cruel castigo, diante do esquecimento completo, pacífico igual ao dos
cemitérios, pelo qual somos desligados daqueles que não mais amamos, é que
vislumbramos esse mesmo esquecimento como inevitável em relação àqueles a quem
amamos ainda.”
“Uma mulher é de
maior utilidade em nossa vida se constitui, em vez de um elemento de
felicidade, um elemento de desgosto, e não existe uma só cuja posse mostre-se
tão preciosa como a das verdades que ela nos faz descobrir ao nos fazer
sofrer.”
“Ora, a partir de
certa idade, os nossos amores e as nossas amantes são filhos da nossa angústia;
nosso passado e as lesões físicas em que ele está inscrito determinam o nosso
futuro.”
“Pois muitas
vezes, para descobrir que estamos apaixonados, talvez mesmo para que o
fiquemos, é preciso que chegue o dia da separação.”
“O amor, mesmo em
seus mais humildes começos, é um exemplo impressionante do pouco valor que
atribuímos à realidade.”
“É a mesma coisa
que a eterna ameaça "você vai ver quando eu deixar de amá-lo", tão
verdadeira e tão absurda, pois de fato conseguiríamos muito se já não
amássemos, porém, não nos preocuparíamos em consegui-lo. É exatamente a mesma
coisa. Pois, se a mulher a quem revemos quando já deixamos de a amar, nos diz
tudo, é que de fato já não é mais ela, ou nós não somos nós: a criatura que
amava não existe mais. Por aí também passou a morte, tornando tudo fácil e
inútil. (...) pois a realidade das criaturas sobrevive para nós apenas por
breve tempo após a sua morte, e depois de alguns anos são como esses deuses das
religiões abolidas que a gente ofende sem medo porque deixa de crer em sua
existência.”
“A mentira é
essencial à humanidade. Ela desempenha entre os homens um papel tão grande
talvez como a busca do prazer e, além do mais, é comandada por essa busca. As
pessoas mentem para proteger seu prazer, ou sua honra, se a divulgação desse
prazer é contrária à honra. Mentimos a vida inteira, e até, principalmente, e
talvez apenas, às pessoas que nos amam. De fato, só estas nos fazem recear pelo
nosso prazer e desejar a sua estima.”
“Em meio à mais
completa cegueira, subsiste a perspicácia mesmo sob a forma da predileção e da
ternura, de modo que é um erro falar em má escolha do amor, pois, desde que
houve uma escolha, só pode ser má.”
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