Editora:
L&PM
ISBN: 978-85-2541-696-4
Tradução: Cássia Zanon
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 200
Sinopse: Adultérios traz três histórias de Woody Allen,
engraçadíssimas, espirituosas e agradabilíssimas de ler, todas sobre
infidelidade, todas passadas em Nova York e arredores. Os personagens, típicos
nova-iorquinos, surgem em cena de forma insuspeita, mas as coisas mais
inesperadas acontecem – ou são reveladas –; faz-se o caos e a delícia dos
leitores.
Nestas peças, encenadas com
sucesso nos Estados Unidos, encontramos na verdade várias temáticas que são
preocupações recorrentes na obra do autor. É o caso das pessoas que tentam
racionalizar as próprias ações, que se debatem com as possibilidades e as
angústias da arte e, é claro, com a tentação dos casos extraconjugais. Temos
aqui Allen – o frasista, o genial piadista – em plena forma cômica. Tudo no
melhor estilo dos diálogos frenéticos e cheios de verve que são a marca do
mestre.
“Coerência é o
fantasma das mentes pequenas.”
“(Jim:) – Por que
diabos estou tendo um caso? Seis horríveis meses de restaurantes escuros, bares
tristes e quartos de hotel baratos. Isso sem falar nos telefonemas furtivos, na
tensão e no desprezo por mim mesmo.
(Fred:) – O que o
seu psiquiatra disse sobre isso?
– Ele me disse
para parar.
– E você...
– Eu parei... de
ir ao psiquiatra.
– Melhor assim, a
maioria deles tem um gravador escondido.”
“(Fred:) – Você
não pode contar à Lola que está tendo um caso há seis meses.
(Jim:) – Por que
não? Se eu levar flores...
– Não há flores
suficientes nem no Jardim Botânico.”
“(Jim:) – Fred,
não vou matá-la.
– Não vai?
– É algo
psicótico... você é psicótico.
– E você é só
neurótico, de modo que tenho muito a ensinar. Sou hierarquicamente superior a
você.”
“(Fred:) – Se você
não ceder a todas as exigências, ela vai contar todos os detalhes a Lola. Lola
ama você... e daí que ela teve certa obsessão pós-parto com os gêmeos? Tenho
certeza de que vai passar, e vocês voltarão a transar todos os Dias de Ação de
Graças.”
“(Jim:) – Não
estou dizendo que não teria sorte se a Bárbara... Se ela...
(Fred:) – Pode
dizer.
– Morresse. Mas
ela é um ser humano.
– Você diz isso
como se fosse uma coisa boa.
– E não é?
– Não sei. Você já
foi a uma reunião de condomínio?”
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“(Sheila:) – Há
quanto tempo vocês dois estão tendo um caso ardente?
(Norman:) – Não
faz muito tempo.
(Jenny:) – Três
anos.
(Norman:) – Seis
meses.
(Jenny:) – Um ano.
(Norman:) – E
meio.
(Jenny:) – Não faz
muito tempo.
(Norman:) –
Estivemos muito tempo separados.
(Sheila:) – Como
você pôde fazer isto, você é minha irmã!
(Jenny:) – O que
eu posso dizer? Nós nos apaixonamos.
(Norman:) – Não
era amor, era só sexo.
(Jenny:) – Você
disse que era amor.
(Norman:) – Eu
nunca usei esta palavra. Eu dizia que eu “gostava” de você... que eu sentia
“saudade” de você... que eu “precisava” de você... que eu “não conseguia viver
sem você”... mas não amor.
(Sheila:) –
Durante todo este tempo em que você dividiu a cama comigo, você vinha dormindo
com a Jenny.
(Norman:) – O que
eu posso fazer se ela me seduziu?
(Jenny:) – Eu
seduzi você?”
“(Sandy:) – Além
disso, você sempre jurou que ela não atraía você.
(Hal:) – É
verdade, jurei isso... jurei sobre a bíblia. Eu sou agnóstico.”
“(Sheila:) – Quem
sou eu para julgar os outros e jogar fora anos de proximidade e amor porque meu
marido, o dentista, estava metendo a broca na minha irmã?”
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“(Carol:) – Qual
foi o motivo que ele deu para pedir a separação?
(Phyllis:) – Que
ele não me ama... não gosta de ficar perto de mim... que fica com falta de ar
de se imaginar passando de novo pela triste coreografia de fazer sexo comigo.
Esses são os vagos motivos que ele dá, mas acho que só está sendo educado. Na
verdade, acho que ele não gosta da minha comida.
– Que estranho.
– Bom, para mim
foi estranho, mas eu não sou muito perspicaz... sou só uma analista.
– Ele nunca disse
nada... nem deu alguma pista?
– Nunca disse
nada... mas isso foi provavelmente porque ele nunca falava.
– Bem, Phyllis...
– Quer dizer, nós
conversávamos... não era só “passe o sal”, embora isso também surgisse de vez
em quando.
– Vocês devem ter
tido conversas em que ele tenha dado alguma indicação...
– Deixe-me colocar
da seguinte maneira: nós dois falávamos, mas ao mesmo tempo. O que estou
querendo dizer é que havia dois falantes, nenhum ouvinte.
– Falha na
comunicação.
– Meu Deus, Carol,
você vai direto ao cerne das coisas, hein?
– Bom, isso
deveria ter lhe dito alguma coisa.
– E disse.
– E então, o que
foi?
– Não sei, eu não
estava ouvindo, estava falando.”
“(Phyllis): – Meu
Deus, você não vai ficar bravo?
(Howard:) – Para
quê? Isso não vai desfazer as coisas.
– Há um momento
para ser racional, e um momento para perder as estribeiras... eu deixo as facas
de carne na cozinha.”
“As pessoas nunca
nos odeiam pelas nossas fraquezas... elas nos odeiam pelos nossos pontos
fortes.”
“Lembre-se,
Juliet... o casamento é a morte da esperança.”
Um comentário:
encontrei seu blog exatamente por estar lendo esse livro do woody allen, engrassadissimo! iclusive vou publicar seu post no twitter.
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