Editora: Zahar
ISBN: 978-85-378-1519-9
Tradução, apresentação e notas: Alexandre Barbosa de Souza
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 400
Link para compra: Clique aqui
Análise em
vídeo: Clique aqui
Sinopse: Adorados
por leitores de todas as idades desde que foram publicados no final do século
XIX, os contos que integram Os livros da Selva ocupam lugar especial no
imaginário popular. Muito se deve à fantástica história de Mowgli, o filhote de
homem criado por lobos nas florestas da Índia.
Protagonista de oito das quinze extraordinárias
narrativas que formam o conjunto deste livro, Mowgli se tornou um mito por suas
aventuras emocionantes ao lado de personagens inesquecíveis como Bagheera, a
poderosa pantera-negra que o protege; Baloo, o urso que ensina as Leis da Selva
aos filhotes de lobo; Kaa, o sábio píton; Akela, o lobo solitário líder da
Alcateia; e Shere Khan, o traiçoeiro tigre manco que deseja matar Mowgli.
Cantada por ele na Pedra do Conselho,
quando dançou sobre a pele de Shere Khan.
A
Canção de Mowgli – eu, Mowgli, estou cantando. Que a selva saiba as coisas que
fiz.
Shere
Khan disse que me mataria, que me mataria! No portão, pela aurora, mataria
Mowgli, a rã!
Ele
comeu e bebeu. Beba bastante, Shere Khan, pois quando poderá beber de novo?
Durma e sonhe que me mata.
Estou
sozinho no pasto. Irmão Cinzento, venha cá! Que venha o Lobo Solitário, pois a
caça graúda está perto!
Tragam
os grandes búfalos, os machos azuis de tão negros, de olhos furiosos.
Conduzam-nos ao meu comando.
Ainda
dorme, Shere Khan? Acorde, acorde! Aqui vou eu, e os búfalos vêm logo atrás.
Rama,
rei dos búfalos, pisoteou. Águas do Waingunga, aonde foi Shere Khan?
Não
é Sahi, para cavar toca, nem Mor, o pavão, para voar. Não é Mang, o morcego,
para se pendurar nas copas. Gravetos de bambu que rangem unidos, digam, aonde
ele foi?
Ah!
Aí está ele. Oh! Ei-lo aí. Aos pés de Rama jaz o Manco! Levante-se, Shere Khan!
Levante-se e mate! Eis a carne; quebre a espinha dos touros!
Psiu!
Ele dormiu. Não vamos acordá-lo, pois é muito forte. Os milhafres desceram para
ver. As formigas pretas vieram conhecer.
É uma grande assembleia em sua honra.
Alala!47 Não tenho com que me vestir. Os
milhafres verão que estou nu. Que vergonha encontrar tanta gente.
Empreste-me
o casaco, Shere Khan. Empreste-me sua pele listrada para ir com ela à Pedra do
Conselho.
Pelo
touro que me comprou, jurei – uma pequena jura. Só me falta seu casaco e
cumprirei minha palavra.
Com
minha faca, com a faca dos homens, a faca do caçador, do homem, sigo o rastro
dessa oferenda.
Águas
do Waingunga, sejam testemunhas de que Shere Khan me deu sua pele por causa do
amor que me tem. Puxe, Irmão Cinzento! Puxe, Akela! Que pesado o couro de Shere
Khan.
O
Bando dos Homens está furioso. Apedrejam, contam histórias de criança. Sangro
na boca. Me deixem fugir.
Pela
noite, a noite quente afora, corram comigo, irmãos. Adeus, luzes da aldeia,
seguiremos a lua baixa.
Águas
do Waingunga, o Bando dos Homens me baniu. Mal não fiz, mas sentiram medo. Por
quê?
A
alcateia também me baniu. A selva me foi proibida, assim também os portões da
aldeia. Por quê?
Feito
Mang voa entre feras e aves, eu voo entre aldeia e selva. Por quê?
Danço
sobre a pele de Shere Khan, mas meu coração está pesado. Minha boca foi cortada
e ferida na aldeia, mas meu coração está leve, pois voltei para a selva. Por
quê?
Ambas
lutam em mim como serpentes na fonte.
A
água mina de meus olhos; mas sorrio enquanto choro. Por quê?
Sou
dois Mowglis, mas a pele de Shere Khan jaz a meus pés.
Toda
a selva sabe que matei Shere Khan. Olhem, olhem bem, ó lobos!
Ah!
Meu coração pesa por coisas que não entendo.”
47.
Expressão proveniente do grego antigo que significa grito de guerra e é também
o nome da deusa que personificava esse grito na mitologia grega.
“Os filhotes sempre dão mais trabalho do que
os animais adultos.”
“– O escuro nunca faz mal a ninguém.”
“– Ora, não vá ficar raivoso depois de ficar
com medo. Esse é o pior tipo de covardia.”
“No entanto, nada estava mais distante de seu pensamento do que milagres.
Ele acreditava que todas as coisas eram um único grande milagre, e quando um
homem sabe disso, tem algo em que se ancorar. Ele tinha a certeza de que nada
era grande nem pequeno neste mundo e, dia e noite, empenhava-se em encontrar um
modo de penetrar no coração das coisas, de voltar ao lugar de onde sua alma
tinha vindo.”
“Ninguém é mais silencioso que um lobo que
não quer ser notado.”
“Ninguém consegue trabalhar bem sem dormir.”
“– Os homens estão sempre fazendo armadilhas para outros homens, do
contrário não ficam contentes – concluiu Mowgli.”
“– Aquele que critica o mundo pelo mundo será
criticado.”
“– Orgulho é destruição.”
“– As mulheres gritaram na barca, então subi de novo para
vê-las. A barca era pesada demais para derrubar. Eram só mulheres, mas quem
confia em mulher acaba andando sobre a lentilha-d’água, como diz o ditado, e
pelas margens direita e esquerda do Gunga, como é verdade!”
“– Muita cortesia é tão ruim quanto muita descortesia, pois, como diz o
ditado, coalhada demais engasga o hóspede.”
“– Ninguém é feliz da cabeça aos pés.”
“– Amanhã caçamos a caça de amanhã.”
“–
No final, o homem vai para o homem, embora a selva não o expulse.”
“KAA
A
ira é o ovo do medo,
Somente
o olho sem pele pode vê-lo.
Ninguém
suga veneno de naja,
O
mesmo vale para nossa fala.
Ser
franco atrairá para você
A
força, cujo par é a cortesia.
Não
faça alarde do seu tamanho;
Ao galho
podre, não mostre sua força.
Encha
o bucho de cervo ou cabra,
Ou
seu olho o fará engasgar.
Depois
de engolir, poderá dormir?
Faça
seu antro oculto e fundo,
Para
que um erro, um esquecimento,
Não
atraia ao local seu algoz.
Leste
e oeste e norte e sul,
Lave
seu pelo e feche sua boca.
(Poço
e penhasco e beira de lago,
Que
o cerne da selva siga consigo!)
Madeira,
água, vento e árvore,
Que
o Favor da Selva o acompanhe!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário