Editora: Nova Cultural
ISBN: 978-85-1300-852-2
Consultoria: João Paulo Gomes Monteiro
Tradução: Leonel Vallandro
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Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 352
Sinopse: Investigação sobre o entendimento humano
[1748] foi o resultado do esforço de Hume de revisar sua primeira obra
filosófica. Seu conteúdo corresponde resumidamente ao livro primeiro do Tratado
da natureza humana, porém aqui o autor busca conciliar a temática complexa
e profunda com a escrita elegante e atraente.
Nesta investigação se encontra sua célebre crítica da
causalidade, segundo a qual a relação de causa e efeito consiste na conjunção
de um deles, dado o outro. Essa tese vai de encontro à filosofia racionalista
de origem cartesiana, pois de acordo com esta, o conhecimento certo é aquele
cujo contrário não pode ser concebido clara e distintamente. Já a doutrina
humiana da causalidade tem como consequência que a concepção do contrário de um
fato nunca implica contradição.
Não é possível, portanto, demonstrar nada que seja
relativo a questões de fato. Por conseguinte, não há mais conhecimento certo
sobre fatos, mas apenas conhecimento provável.
“O caminho da vida, o mais agradável e o mais
inofensivo, passa pelas avenidas da ciência e do saber; e, quem quer que possa
remover quaisquer obstáculos desta via ou abrir uma nova perspectiva, deve ser
considerado um benfeitor da humanidade.”
“O raciocínio exato e justo é o único remédio
universal adequado a todas as pessoas e aptidões, o único capaz de destruir a
filosofia abstrusa e o jargão metafísico que, mesclados com a superstição
popular, se tomam, por assim dizer, impenetráveis aos pensadores descuidados e
se afiguram como ciência e sabedoria.”
“A primeira vista, nada pode parecer mais
ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e
a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da
natureza e da realidade. Formar monstros e juntar formas e aparências
incongruentes não causam à imaginação mais embaraço do que conceber os objetos
mais naturais e mais familiares. Apesar de o corpo confinar-se num só planeta,
sobre o qual se arrasta com sofrimento e dificuldade, o pensamento pode
transportar-nos num instante às regiões mais distantes do Universo, ou mesmo,
além do Universo, para o caos indeterminado, onde se supõe que a Natureza se
encontra em total confusão. Pode-se conceber o que ainda não foi visto ou
ouvido, porque não há nada que esteja fora do poder do pensamento, exceto o que
implica absoluta contradição.
Entretanto, embora nosso pensamento pareça
possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais
minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e
que todo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de
transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos
sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha de ouro, apenas
unimos duas ideias compatíveis, ouro e
montanha, que outrora conhecêramos. Podemos conceber um cavalo virtuoso,
pois o sentimento que temos de nós mesmos nos permite conceber a virtude e
podemos uni-la à figura e forma de um cavalo, que é um animal bem conhecido. Em
resumo, todos os materiais do pensamento derivam de nossas sensações externas
ou internas; mas a mistura e composição deles dependem do espírito e da
vontade. Ou melhor, para expressar-me em linguagem filosófica: todas as nossas ideias
ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões ou percepções mais
vivas.
Para prová-lo, espero que serão suficientes
os dois argumentos seguintes. Primeiro, se analisamos nossos pensamentos ou ideias,
por mais compostos ou sublimes que sejam, sempre verificamos que se reduzem a ideias
tão simples como eram as cópias de sensações precedentes. Mesmo as ideias que,
à primeira vista, parecem mais distantes desta origem mostram-se, sob um
escrutínio minucioso, derivadas dela. A ideia de Deus, significando o Ser
infinitamente inteligente, sábio e bom, nasce da reflexão sobre as operações de
nosso próprio espírito, quando aumentamos indefinidamente as qualidades de
bondade e de sabedoria. Podemos continuar esta investigação até a extensão que
quisermos, e acharemos sempre que cada ideia que examinamos é cópia de uma
impressão semelhante.”
“O que se entende por inato? Se inato é
equivalente a natural, então se deve conceder que todas as percepções e ideias
do espírito são inatas ou naturais, em qualquer sentido que tomemos este último
termo, seja em oposição ao que é insólito, artificial ou miraculoso. Se inato
significa contemporâneo ao nosso nascimento, a discussão parece frívola, pois
não vale a pena averiguar em que momento se começa a pensar: se antes, no, ou
depois de nosso nascimento. Demais, parece-me que Locke e outros tomam o termo ideia em sentido muito vago, tanto
indicando nossas percepções, sensações e paixões, como nossos pensamentos. Ora,
neste sentido eu gostaria de saber o que é que se quer dizer quando se afirma
que o amor-próprio ou ressentimento por injúrias sofridas ou a paixão entre os
sexos não é inata?
Mas admitindo-se os termos impressões e ideias no sentido exposto acima e entendendo por inato o que é primitivo ou não copiado
de nenhuma percepção precedente, podemos então afirmar que todas as nossas
impressões são inatas e que nossas ideias não o são.
Para ser franco, devo confessar que em minha
opinião Locke foi enganado sobre esta questão pelos escolásticos, que,
utilizando termos definidos sem rigor, prolongavam cansativamente as discussões
sem jamais atingir o núcleo da questão. Semelhante ambiguidade e circunlocução
parecem estar presentes nos raciocínios deste filósofo acerca deste tema como
também da maioria de outras questões.”
“Como o homem é um ser racional e está
continuamente à procura da felicidade, que espera alcançar para a satisfação de
alguma paixão ou afeição, raramente age, pensa ou fala sem propósito ou
intenção. Sempre tem algum objeto em vista; embora às vezes sejam inadequados
os meios que escolhe para alcançar seu fim, jamais o perde de vista e nem
desperdiça seus pensamentos ou reflexões quando não espera obter nenhuma
satisfação deles. Em todas as composições geniais é, portanto, necessário que o
autor tenha algum plano ou objeto; e embora possa ser desviado deste plano pela
impetuosidade de seu pensamento, como numa ode, ou omiti-lo descuidadamente,
como numa epístola ou num ensaio, deve aparecer algum fim ou intenção em sua
primeira composição, senão na composição completa da obra. Uma obra sem um
desígnio se assemelha mais a extravagâncias de um louco do que aos sóbrios
esforços do gênio e do sábio.”
“Quando se pergunta: qual é a natureza de todos os nossos raciocínios sobre os fatos? A
resposta conveniente parece ser que eles se fundam na relação de causa e
efeito. Quando se pergunta: qual é o
fundamento de todos os nossos raciocínios e conclusões sobre essa relação?
Pode-se replicar numa palavra: a experiência. Mas, se ainda continuarmos com a
disposição de esmiuçar o problema e insistirmos: qual é o fundamento de todas as conclusões derivadas da experiência?
Esta pergunta implica uma nova questão que pode ser de solução e explicação
mais difíceis. (...)
Reconheço que, quando alguém conclui que um
argumento não existe porque escapou de sua investigação, é acusado de
imperdoável arrogância. Reconheço também que, apesar de várias gerações de
sábios se terem dedicado infrutiferamente pesquisando um objeto, seria, talvez,
precipitado concluir afirmando que ele ultrapassa toda compreensão humana.
Mesmo se examinássemos todas as fontes de nosso conhecimento e concluíssemos
que são inadequadas para um tal assunto, pode ainda perdurar a suspeita de que
a enumeração não é completa ou o exame não é exato. Mas, em relação ao tema que
nos ocupa, há algumas reflexões que parecem remover toda acusação de arrogância
ou a suspeição de um equívoco.
Certamente, os camponeses mais ignorantes e
estúpidos — até os bebês e as bestas irracionais — se aperfeiçoam pela
experiência e adquirem conhecimento das qualidades dos objetos naturais,
observando os efeitos que resultam deles. Quando uma criança sentiu a sensação
da dor ao tocar a chama de uma vela, terá cuidado de não pôr mais sua mão perto
de outra vela, pois ela esperará um efeito semelhante de uma causa que é
semelhante em suas qualidades e aparências sensíveis. Se afirmais, contudo, que
o entendimento da criança chega a esta conclusão por algum processo de
argumento ou de raciocínio, posso legitimamente pedir-vos que se mostre este
argumento, e não tendes qualquer pretexto para recusar um pedido tão justo. Não
podeis dizer que o argumento é abstruso e que possivelmente escapa à
investigação, desde que confessais que ele é evidente até mesmo para a
capacidade de um simples bebê. Se hesitais, contudo, por um momento, ou se,
depois da reflexão, produzis um argumento complicado ou profundo, de certa
maneira abandonais o problema e confessais que não é o raciocínio que nos induz
a supor que o passado se assemelha ao futuro e a esperar efeitos semelhantes de
causas que são, aparentemente, semelhantes.”
“Tanto a paixão filosófica como a paixão
religiosa parecem expostas — embora procurem extirpar nossos vícios e corrigir
nossos hábitos — ao inconveniente, quando manejadas com imprudência, de
servirem apenas para encorajar uma inclinação predominante e conduzir o
espírito resolutamente na direção que previamente mais o atraia, devido às tendências e inclinações do temperamento natural.
Certamente, enquanto aspiramos à magnânima firmeza do saber filosófico e
tentamos encerrar nossos prazeres nos limites de nosso próprio espírito,
podemos, finalmente, tornar nossa filosofia, como aquela de Epicteto e outros estoicos,
num sistema mais refinado de egoísmo e persuadir-nos racionalmente de nos
desligar de toda virtude como também de todos os prazeres sociais. Enquanto
refletimos a propósito da vaidade da vida humana e pensamos na natureza fútil e
transitória das riquezas e das honras, estamos, talvez, durante todo este
tempo, lisonjeando nossa indolência natural que, por aversão à azáfama do mundo
e à fadiga dos negócios, procura um pretexto racional para entregar-se completa
e livremente à preguiça. Há, contudo, uma corrente filosófica que parece menos
exposta a este inconveniente, pois ela não se liga a nenhuma paixão desordenada
do espírito e nem se alia a qualquer tendência ou propensão natural: é a
filosofia acadêmica ou cética. Os acadêmicos falam sempre da dúvida e da
suspensão do juízo, do risco das resoluções apressadas, em confinar as
investigações do entendimento a estreitos limites e em renunciar a todas as
especulações que transbordam as fronteiras da vida e da prática cotidianas.
Nada, por conseguinte, pode ser mais contrário a tal filosofia do que a
indolente letargia do espírito, sua atrevida arrogância, suas elevadas
pretensões e sua credulidade supersticiosa. Toda paixão é mortificada por ela,
exceto o amor à verdade; e esta paixão não é jamais, nem pode ser, elevada a um
grau demasiado alto. É surpreendente, todavia, que esta filosofia, que em quase
todos os aspectos deve ser inofensiva e inocente, seja o objeto de tantas
acusações e de tantas censuras infundadas. Mas, talvez, a própria circunstância
que a torna tão inocente seja justamente o que a expõe ao ódio e ao
ressentimento públicos. Porque ela não adula nenhuma paixão desordenada, não
obtém muitos adeptos; porque ela se opõe a tantos vícios e tantas tolices,
levanta contra si um grande número de adversários, que a estigmatizam como
profana, libertina e irreligiosa.”
“Nada é mais útil aos escritores, mesmo os
que escrevem a respeito de temas morais,
políticos ou físicos, do que distinguir entre a razão e a experiência e
supor que estas classes de argumentação são inteiramente diferentes entre si.
As primeiras são consideradas meros resultados de nossas faculdades
intelectuais, as quais, ao considerarem a
priori a natureza das coisas e
examinarem os efeitos, que devem resultar de sua operação, estabelecem
princípios particulares à ciência e à filosofia. As últimas são supostas
derivar inteiramente dos sentidos e da observação, por meio dos quais sabemos o
que é que resultou de fato da operação de objetos particulares e assim somos
capazes de inferir o que resultará deles no futuro. Assim, por exemplo, as
limitações e restrições do governo civil e de sua constituição legal podem ser
defendidas tanto mediante a razão, que refletindo sobre a debilidade e
corrupção da natureza humana nos ensina que a nenhum homem se pode confiar uma
autoridade ilimitada, como mediante a experiência
e a história, que nos informam dos
enormes abusos que a ambição tem cometido em toda época e país, devido a uma
confiança tão imprudente.
A mesma distinção entre razão e experiência
se verifica em todas as nossas deliberações acerca da conduta na vida. Deste
modo, o estadista, o general, o médico e o mercador experientes são seguidos e
inspiram confiança, enquanto o novato inexperiente é, por mais bem-dotado de
talentos naturais, desprezado e desconsiderado. Embora se admita que a razão
pode formular conjeturas mais plausíveis sobre determinada conduta em
determinadas condições, supõe-se, todavia, que ela é imperfeita sem o auxilio
da experiência, pois esta é a única via capaz de conferir estabilidade e
certeza às máximas deduzidas mediante estudo e reflexão.
Apesar da aceitação universal desta distinção,
tanto nas etapas da vida ativa como especulativa, não terei escrúpulos em
afirmar que é uma atitude errônea ou, ao menos, superficial.
Se examinarmos os argumentos em uma das
ciências acima mencionadas e supormos que eles são meros efeitos do raciocínio
e da reflexão, verificaremos que terminam pelo menos em alguma conclusão ou
princípio geral, aos quais não podemos alegar outra razão a não ser a
observação e a experiência. A única diferença entre as máximas racionais e
experimentais (estas vulgarmente consideradas resultantes da mera experiência)
consiste em que as primeiras não podem ser estabelecidas sem algum processo do
pensamento e alguma reflexão sobre o que foi observado, a fim de distinguir
suas circunstâncias e traçar suas consequências; nas máximas experimentais, o
evento experienciado é exata e completamente similar ao que inferimos como
resultado de uma situação particular qualquer. A história de um Nero ou de um
Tibério nos levaria a temer semelhante tirania se nossos monarcas estivessem
livres das restrições do Senado e da Lei. Mas a constatação de qualquer fraude
ou crueldade na vida privada é suficiente, com o auxílio de alguma experiência,
para alertar-nos do mesmo temor, porque serve de exemplo da corrupção geral da
natureza humana e nos mostra o perigo que poderíamos correr se depositássemos
inteira confiança na humanidade. Nos dois casos a experiência é, em última
análise, o fundamento de nossa inferência e conclusão.
Não há homem tão jovem e inexperiente que não
tenha formado muitos e corretos princípios sobre os assuntos humanos e a
conduta na vida. Mas é preciso admitir que, quando um homem procura exercê-los,
está mais propenso a errar, até que o tempo e experiências ulteriores lhe
ampliem estes princípios e lhe ensinem seu uso adequado e aplicação. Em toda
situação ou incidente ha várias circunstâncias particulares, aparentemente sem importância,
que o homem mais bem-dotado está inclinado a princípio a desdenhar, embora
dependam delas a exatidão de suas conclusões e, por conseguinte, a prudência de
sua conduta. Sem mencionar que, para um jovem principiante, os princípios e as
operações gerais nem sempre se manifestam em ocasiões adequadas e nem podem ser
imediatamente aplicados com a devida calma e distinção. A verdade é que um
homem que raciocina sem experiência não poderia raciocinar se olvidasse
inteiramente a experiência; quando designamos alguém com esta característica,
fazemo-lo somente em sentido comparativo e supomos que possui experiência em
grau mais ou menos imperfeito.”
“A diferença entre a ficção e a crença se localiza
em algum sentimento ou maneira de sentir, anexado à última e não à primeira,
que não depende da vontade e não pode ser manipulado a gosto. É preciso que a
natureza a desperte como os outros sentimentos; é preciso que ela nasça da
situação particular em que o espírito se encontra em cada conjuntura
particular. Todas as vezes que um objeto se apresenta à memória ou aos
sentidos, pela força do costume, a imaginação é levada imediatamente a conceber
o objeto que lhe está habitualmente unido; esta concepção é acompanhada por uma
maneira de sentir ou sentimento, diferente dos vagos devaneios da fantasia. Eis
toda a natureza da crença.
Digo, pois, que a crença não é nada senão uma
concepção de um objeto mais vivo, mais vivido, mais forte, mais firme e mais
estável que aquela que a imaginação, por si só, seria capaz de obter. Uso esta
variedade de termos, embora tão pouco filosófica, com a única intenção de
exprimir este ato de espírito que nos revela realidades, ou que se considera
como tal, mais presentes a nós que as ficções, que as faz pensar mais no
pensamento e lhes dá uma influência superior às paixões e à imaginação. Desde
que concordamos no tocante à coisa, é desnecessário discutir acerca dos termos.
A imaginação governa todas as suas ideias e pode uni-las, misturá-las e
variá-las de todas as formas possíveis. Pode conceber objetos fictícios em
todas as situações de espaço e de tempo. Pode colocá-los de certa maneira
diante de nossos olhos com suas próprias cores, exatamente como se houvessem
existido. Mas, como é impossível que essa faculdade da imaginação possa jamais,
por si mesma, converter-se em crença, é evidente que a crença não consiste na
natureza particular ou na ordem das ideias, mas na maneira como o espírito as concebe e as sente. Confesso que é
impossível explicar com perfeição este sentimento ou esta maneira de conceber.
Podemos usar palavras que expressam algo parecido. Mas o seu nome verdadeiro e
próprio, como já dissemos, é crença:
termo que cada um compreende suficientemente na vida corrente. Em filosofia,
não podemos ir além da seguinte afirmação: crença
é qualquer coisa sentida pelo espírito, que distingue as ideias dos juízos das
ficções da imaginação. Ela lhes dá maior peso e influência; as faz parecer de
maior importância; as reforça no espírito e as estabelece como princípios
diretivos de nossas ações. Ouço agora, por exemplo, a voz de uma pessoa
conhecida, e o som parece vir do quarto contíguo. Esta impressão dos meus
sentidos conduz imediatamente meu pensamento à pessoa e, ao mesmo tempo, a
todos os objetos circundantes. Eu os pinto para mim mesmo como existentes
atualmente e com as próprias qualidades e relações que já sabia que possuíam.
Estas ideias se apoderam de meu espírito mais depressa que as ideias de um
castelo encantado. Sinto-as de modo muito diferente, e sua influência é bem
maior, em todos os pontos de vista, tanto para produzir prazer e dor como
alegria e tristeza.
Consideremos, pois, esta doutrina em toda a
sua extensão e concedamos que o sentimento da crença nada mais é do que uma
concepção mais intensa e mais firme do que aquele que acompanha as puras
ficções da imaginação, e que esta maneira de conceber nasce de uma conjunção
costumeira do objeto com alguma coisa presente à memória e aos sentidos. Não
será difícil, creio eu, com estas conjeturas, encontrar outras operações do
espírito que lhe sejam análogas e ascender deste fenômeno a princípios ainda
mais gerais.”
Um comentário:
O livro contém as obras “Investigação acerca do entendimento humano” e “Ensaios morais, políticos e literários”. Foi lida apenas a primeira obra, na medida em que a segunda não se apresenta em sua integralidade.
No início da “Investigação”, eu tinha interesse em procurar os “Ensaios” completos. Porém, ao longo da leitura, tal desejo arrefeceu.
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