Editora: Companhia das Letras
ISBN: 978-85-3590-687-5
Tradução: Luciano Machado
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 344
Sinopse: Os
gêmeos Lewis e Benjamin levam a vida à parte da agitação do século XX. Os dois
atravessam o período isolados na bucólica fazenda Visão, na fronteira entre
Inglaterra e País de Gales. Filhos de Amos Jones um homem amargurado e
tirânico, e de Mary, uma mulher corajosa, eles se resignam com o duro trabalho
no campo, a vida doméstica e as relações humanas com pouco espaço para afetos.
Enquanto isso, o mundo vive um período turbulento, de transformações radicais.
Os ecos da marcha histórica são ouvidos esporadicamente,
nos diálogos e cenas que compõem o livro: a visita de um oficial do exército
para convocar jovens para a Primeira Guerra; um comentário no pub sobre a
invasão da Polônia, em 1939; um protesto de agricultores contra o governo
Thatcher, já nos anos 80; as mudanças tecnológicas e comportamentais do século –
aviões, videogames, mulheres emancipadas, o movimento hippie.
Colina Negra é uma espécie de épico em tom íntimo, um relato sobre sentimentos que
resistem ao tempo e à história.
“Os irmãos Jones ficavam numa sala de aula
ventosa, onde um relógio preto batia as horas, e o senhor Birds ensinava
geografia, história e inglês. A senhora Clifton ensinava matemática, ciências e
a Sagrada Escritura.
Não gostavam do senhor Birds.
O rosto arroxeado, as veias das têmporas, o
mau hálito e o hábito de cuspir num saquinho de rapé – tudo isso causava uma
impressão muito desagradável, e eles se encolhiam sempre que Birds se
aproximava.
Apesar de tudo, aprenderam a recitar a “Ode a
uma cotovia”, de Shelley, a pronunciar Titicaca e Popocatepetl. Aprenderam que
o Império Britânico era o melhor de todos os impérios possível, que os
franceses eram covardes e os americanos traidores. E os espanhóis queimavam
crianças protestantes em fogueiras.”
“O pregador cortou um pão em pedaços,
abençoou-os e fê-los passar ao longo da mesa numa bandeja de estanho. Então
abençoou o vinho numa taça de estanho. Mary recebeu a taça do vizinho e, quando
seus lábios tocaram a borda, ela compreendeu, num átimo, que aquele era mesmo o
Festim do Senhor, era mesmo o lugar por excelência do convívio espiritual. E
que todas as grandes catedrais do mundo foram construídas não tanto para a
glória do Senhor, mas para satisfazer a vaidade dos homens. Que os papas e
bispos eram césares e príncipes. E se, depois daquele dia, alguém a recriminava
por ter abandonado a Igreja anglicana, ela inclinava a cabeça para frente e
dizia apenas: “A capela¹ me dá um grande consolo”.
¹: Na Grã-Bretanha, capela é um templo não
anglicano. (N.T.)
“Nada pode ser mais solitário que a solidão
do casamento.”
“Não existem melhores amigos que os velhos
amigos.”
2 comentários:
“Porque é morno, nem frio nem quente, estou para vomitar você da minha boca”. (Ap. 3,16).
Fosse para seguir o escrito bíblico, este seria um livro a ser vomitado.
Uma curiosidade foi que no meio da obra me deparei com uma personagem chamada Lily Annie. Não sabia que era esta a origem do nome Liliana.
Os trechos foram interessantes.
Postar um comentário