Editora: Companhia das Letras
ISBN: 978-85-359-1006-3
Organização e
introdução: Cláudio Figueiredo
Tradução: Cláudio Figueiredo, Rubens Figueiredo e Samuel Titan Jr.
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 296
Sinopse: Poucas
experiências humanas são tão fascinantes quanto o duelo, em que dois homens
arriscam a vida para defender valores como honra e coragem. Ao mesmo tempo em
que falam sobre os códigos éticos da época em que se realizam, esses rituais
iluminam os abismos da alma de seus praticantes. Um prato cheio para inspirar
grandes histórias. As visões dos escritores aqui reunidos não poderiam ser mais
diversas. Kleist, por exemplo, reconstitui a intrincada trama que leva a um
duelo de espadas realizado no final do século XIV. Já Nabokov mostra a
preparação de um duelo entre dois russos exilados em Berlim como uma espécie de
paródia ridícula. Conrad narra as várias etapas de um duelo que se arrastou por
duas décadas. Maupassant descreve a atitude paradoxal de um homem que temia
portar-se de modo indigno diante do rival. Turguêniev estuda as personalidades
contrastantes de dois militares que amam a mesma mulher. Schnitzler, por sua
vez, traz ao primeiro plano a testemunha de um duelo, explorando os desvãos de
seu inconsciente. Estas seis narrativas compõem um mosaico das inúmeras
possibilidades literárias suscitadas por essa extrema situação em que dois
homens veem sua vida ganhar outra dimensão.
As histórias: O duelo – Joseph Conrad / A Testemunha –
Arthur Schnitzler / Um covarde – Guy de Maupassant / O duelo – Heinrich von
Kleist / O duelista – Ivan Turguêniev / Uma questão de honra – Vladimir Nabokov
“Às vezes as brigas dispensavam a elegância
do ritual encenado nos duelos. Sobretudo quando mulheres estavam envolvidas,
estando ela excluídas das suas formalidades. Em 1840, a escritora Louise Colet,
a amante temperamental do escritor Gustave Flaubert e do filósofo Victor Cousin,
sentiu-se difamada ao servir de inspiração a um dos personagens do
romance Guêpes, de Alphonse Karr. Louise foi até o apartamento do
escritor. Quando este, ao recebê-la, deu meia-volta para lhe mostrar o caminho,
ela lhe enfiou uma faca de cozinha nas costas. Cousin, o amante de Louise, era
na época ministro da Educação e estava disposto a abafar o escândalo. Para
acalmar o romancista ferido, recorreu aos dotes diplomáticos do crítico
Sainte-Beuve. Karr acabou assentindo. Demonstrando comiseração e algum humor,
contentou-se em exibir em casa a faca numa caixa de vidro com a inscrição:
“Presenteada por Louise Colet – nas costas”.”
(Cláudio Figueiredo)
“Com um porte imponente e marcial, ele fazia
retinir as esporas ao caminhar pelas ruas. Ter de ir no encalço de um
companheiro numa sala de recepção na qual era desconhecido não o perturbava nem
um pouco. Um uniforme é um passaporte.”
(Joseph Conrad)
“Nenhum homem tem sucesso em tudo aquilo que
tenta realizar. Sob esse aspecto, somos todos fracassados. A grande questão é
não ser um fracasso quando se trata de determinar e sustentar o esforço de
nossa vida. Quanto a isso, a vaidade é o que nos põe a perder. Ela nos empurra
para situações das quais saímos feridos; enquanto o orgulho é nossa salvaguarda,
tanto devido à reserva que impõe à escolha do objetivo de nosso esforço como
pela virtude da força com a qual nos apoia.”
(Joseph Conrad)
“Naquele tempo a vida era mais bela ou pelo
menos tinha um aspecto mais nobre – entre outras razões, tenho certeza, também
às vezes porque era preciso arriscá-la por alguma coisa que talvez, num sentido
mais alto ou preciso, nem existisse, por alguma coisa que talvez, pelo câmbio
de hoje, nem valesse a aposta, pela honra, por exemplo, pela virtude da mulher
amada, pelo bom nome de uma irmã ou por qualquer outra dessas ninharias.”
(Arthur Schnitzler)
“Por que a sabedoria divina estaria obrigada
a indicar e pronunciar a verdade no exato instante em que é invocada?”
(Heinrich von Kleist)
“Macha soltou um suspiro do fundo da alma,
mas, em seguida, se assustou com a partida de Kister. O que a atormentava? O
amor ou a curiosidade? Só Deus sabe; mas, vamos repetir, a curiosidade foi o
bastante para pôr Eva a perder.”
(Ivan Turguêniev)
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