Editora: Companhia das Letras
ISBN: 978-85-7164-792-3
Organização: Mary del Priore
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 270
Sinopse: Um peixe
que tem pedras no lugar dos miolos, um peixe-monstro que não tem intestinos, um
molusco que menstrua como as mulheres, um gambá cujo fedor deixa um homem ou um
cavalo desacordado durante três ou quatro horas, os porcos monteses que têm o umbigo
nas costas e que cometem suicídio coletivo, um lagarto que se alimenta de vento,
um lagarto que envenena as frutas a um simples toque, um filhote de onça que rasga
o útero materno ao nascer, uma onça marinha que é metade jaguar e metade peixe,
os javalis que respiram por um buraco no dorso: as feras são muitas e assustadoras.
Afonso d’Escragnolle-Taunay (1876-1958) apresenta em Monstros
e monstrengos do Brasil uma compilação paciente e detalhista da fauna fantástica
brasileira. Sua fonte é a literatura que se escreveu sobre o Brasil desde o descobrimento,
incluindo clássicos como os Diálogos das grandezas do Brasil, documento anônimo
do século XVII, e livrinhos como a Narrativa impressionadora das extraordinárias
aventuras e sofrimentos de seis desertores da artilharia da guarnição de Santa Helena
no ano de 1799, escrito por um certo John Brown.
O trabalho de Taunay tem um mérito em especial: transformar
o “imaginário sobre o Brasil em instrumento superior de conhecimento”, como escreve
Mary Del Priore, organizadora deste volume.
Distantes da corrente que na mesma época inaugurava na França
a história das mentalidades e da cultura, seus escritos trazem uma ironia divertida
em relação ao objeto e um empenho em separar o joio do trigo, em desmontar as “invencionices”,
em triar a verdade. Ao mesmo tempo, entretanto, há neles uma simpatia pelos relatos
dos antigos, uma predisposição para tratá-los como documento. Isso basta
para que ocupem um lugar pioneiro e permanente na historiografia brasileira.
“A única extravagância na parte dos peixes em
A Histoite de la mission des pères capucins em l’isle de Maragnan é a que
diz respeito aos poraquês, peixes a que não fazem a menor mossa as mais violentas
cutiladas, tanto lhe são moles e gelatinosos os tecidos. Impossível se torna trespassá-lo.
Passando aos mamíferos, reedita frei Cláudio a velha história de que nos nossos
suídeos têm uma espécie de válvula no centro da coluna vertebral “por onde exalam
suavíssimo odor”. Ainda bem.”
“É preciso lembrar, porém, quanto as narrativas
mentirosas, exageradas ou crédulas dos viajantes contribuíram para entreter uma
atmosfera de crendices, por vezes grosseiríssimas, em torno dos assuntos da história
natural.
Nem sempre seriam desleais os informantes dos
tratadistas, frequentemente até conduzidos pela própria tendência da boa-fé universal
em acreditar nos depoimentos de informantes boçais e selvagens, sugestionados pelas
superstições.
Daí essa enorme massa de escritores sobre as terras
recentemente descobertas, onde formigam as mais extravagantes baboseiras.”
“O desprezo é o mais próprio castigo para a soberba.”
(Padre Antonio Vieira)
“Na espécie humana as questões de simpatia se
mostravam curiosíssimas.
Por exemplo, em Bruxelas, havendo certo sujeito
rico perdido, em uma rixa, o nariz, comprou-o de um pobre-diabo, a quem o cirurgião
amputou o apêndice, transferindo-o ao rosto do desfigurado rixento. Pois bem, ia
tudo às mil maravilhas quando, passados treze meses, começou o tal nariz comprado
a apodrecer, caindo logo depois. Por quê? Porque o desnarigado que o vendera havia
morrido!
Coisa muitíssimo sabida: os picados da tarântula
só ficavam curados quando os aracnídeos agressores morriam!
Também coisa incontestável: os pós simpáticos
deitados à urina de um enfermo e metidos em uma garrafa, bem tapada e coberta de
cinza quente, faziam o doente transpirar apenas se aquecia o líquido. E o cirurgião-mor,
dr. Torres, afiançava que “os efeitos de tais eflúvios eram tão poderosos que se
faziam sentir até uma légua de distância”!
Mas simplesmente pasmoso vem a ser o que o cavaleiro
professo na Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real, Pedro de Norberto de Aucourt
e Padilha relata do caso de uma criança castigada, de certa e pouco olorosa travessura,
por meio de simpatia.
Ouçamos-lhe as próprias e interessantes palavras
neste relato em que pessoalmente figura: “Pouco tempo há que no jardim de minha
quinta, achando-se entre as murtas um asqueroso depósito, mui oposto à fragrância
das flores, lhe deitaram um pouco de brasido para castigar o autor dessa imunda
travessura; e não passaram dois dias, que uma criança que confessou tê-la cometido
não estivesse com a parte inferior tão queimada, que fazia lástima vê-la e foi necessário
curá-la”. (...)
Os mordidos das aranhas da Albânia morriam, uns
rindo, inextinguivelmente e os outros chorando interminavelmente.
Tal o caso relatado pelos doutores Ludovico Bartema
e o Odoardo Barbosa. Certo rei de Cambaia, criado desde pequeno com veneno, era
tão pestilento, em seus humores, que tudo quanto tocava deixava apestado. Bastava
cuspir em uma pessoa para a matar! “Nenhuma de suas mulheres chegou a ter mais vida
que a noite de seu noivado”.
Assim Sua Majestade de Cambaia se mostrava mil
vezes mais mortífero do que o Barba Azul, que praticava a infância da arte da poligamia
com seu famoso gabinete de mulheres dessangradas.
Aos fenômenos da simpatia se prendiam os casos
intitulados de “vistas perniciosas”. Enquadrava-se aí aquele a que se referiam notáveis
autores, como Plínio e Solino: a da cabra Catolesa, da fauna líbica, cujo bafo envenenava
o ar e fazia morrer os viventes que a ela se chegavam. Não havia muito, toda a França
se admirara do caso relatado pelo Journal de Verdun em novembro de 1735,
verdadeiramente prodigioso. O do sujeito que pondo-se a fitar um sapo fazia com
que o animal, dentro em pouco, caísse em convulsões e logo depois morresse. Mas
de repente, um belo dia, se soubera que, repetindo experiência com certo sapo, pusera-se
o batráquio a olhá-lo com tal arrogância, que o fizera cair, desmaiado a ponto de
todos o imaginarem morto.
Os romanos, segundo Plínio, sabiam da existência,
na Cítia, de mulheres que tinham as meninas dos olhos dobradas, fazendo morrer todas
as pessoas a quem fitavam.
Ainda em 1710 a Academia das Ciências de França
abraça a opinião de que dos ovos de galinha sem gemas gerava-se o basilisco, o pestífero
lagarto de tão perigosos olhares.
Em Nápolis queimara-se, em praça pública, um sujeito
que prostrava morta qualquer pessoa, com a simples vista. Ao começar o suplício,
confessara que destarte trucidara um bispo!
Mas não faltava quem objetasse: por que então
não matava os juízes que o haviam condenado?”
“Doenças extravagantes relata-nos a Aucourt em
barda, citando a de certo pastor francês, homem alto e rijo, a quem em tempo os
ossos lhe amoleceram a ponto de poder dobrá-los! A sua estatura minguara acabando
o pobre de ficar do tamanho de um menino de três anos.
Continuando a sua resenha de fatos extraordinários,
lembra Aucourt e Padilha, a propósito da relação entre a sobriedade e a duração
da vida, o caso espantoso de certo frade trino, frei Luís Salazar, que pereceu no
terremoto de Lisboa.
Com cem anos de idade, comia e bebia por cem homens,
toda a casta de manjares e diversidade de bebidas, “apesar da pasmosa raridade de
que jamais descomia sem o intervalo de quinze ou vinte dias: a não ser empenhar
toda a terra no golpe de sepultá-lo, parece que ele e o mundo veriam ao mesmo tempo
o seu fim”.
Nos capítulos sobre “pessoas decrépitas que tiveram
sucessão e outras que tiveram grande número de filhos”, lemos coisas interessantíssimas.
Assim, se narra o caso, averiguado, indesmentível, de Echtilde, condessa de Holanda
que com um só parto aumentou o número dos batavos de 366 unidades, de ambos os sexos!
Nas páginas sobre a antecipação do entendimento
recolhe o fato espantoso do menino de Lübeck Cristiano Herecken, nascido em 1721.
Aos treze meses sabia as Escrituras Sagradas de cor e salteado! Aos dois anos e
meio estava senhor da geografia e da história e falava latim e francês perfeitamente.
Aos três anos era insigne genealogista e aos quatro morrera na Dinamarca, aonde
fora cumprimentar o rei deste país.
Duvidassem os críticos de tal prodígio!, quando
uma série de autores doutíssimos os abonavam. Ele, Aucourt e Padilha, lhes responderia
esmagando-os com os conceitos do grande Feijó! ”Nuestro grossero modo de discurrir la possibilitad
al extrechisimo ambito de la experiencia. Aquello que nunca vemos imaginamos repugnante.
Como si lo poco que Dios haze presente á nuestra vida fuesse el ultimo esfuerzo
de la omnipotencia. Poner raya a lo possible es poner-se-la al todo poderoso”.
Continuando a sua resenha, passa o mestre Padilha
a tratar das crianças de extraordinária vida uterina. Assim, nos conta da duquesa
de verdade, de quem falava o douto autor Alberto Gratz: “pejada durante dois anos,
tivera um rapaz que não só andara logo depois de nascer, como falava perfeitamente
tudo”.!”
“Se havia gigantes (o que era incontestável!)
por que não existiriam anões?
Assim se sabia que o poeta grego Filitas fora
tão pequeno que lhe punham chumbo aos pés para que o vento o não carregasse!
E como poderia então mover-se o pobre vatezinho?
É o que não pormenoriza o nosso douto autor.
O imperador Augusto possuía um anão tendo de altura
apenas dois palmos. Era perfeitamente proporcionado e dispunha de retumbante voz!
Passando a tratar das anomalias, relata o nosso
autor um rosário de fatos extraordinários, dos quais escolheremos alguns.
Apoiado na lição e opinião dos sábios, lembrava
Aucourt uma série de coisas fora do comum, como as gargalhadas que Zoroastro soltara
no próprio instante em que nascera, as duas ordens de dentes de Drapatine, filha
de Mitridates, a dentadura íntegra de Pirro, que só tinha em cada maxilar um dente
a bem dizer, etc.
Passando a tratar das doenças extravagantes, cita
o nosso Padilha a terrível peste que despovoara Constantinopla e relatada pelo doutíssimo
Cardam em seu tratado sobre as coisas sutis.
Os enfermos se supunham cheios de estocadas e
morriam das imaginárias feridas!
Sabia-se, graças a Luciano, que os abderitas,
no reinado de Lisímaco, haviam sido acometidos por singularíssima epidemia: febre
maligna muito violenta que, no sétimo dia, provocava hemorragias e transpiração
abundantíssima.
Mas espantoso era o seguinte: todos os doentes
punham-se a recitar a tragédia Andrômeda em ar grave e fúnebre tom.
De sorte, comenta nosso autor, que toda a cidade
estava cheia destes comediantes pálidos e desfigurados que continuamente gritavam:
“Oh, tirano amor dos deuses e dos homens”, desfiando melancolicamente o resto da
obra.
Só passava esta singular doença com a entrada
do inverno.
Já não era sem tempo, no enorme manicômio-conservatório
de arte dramática em que se convertera a cidade abderitana mercê daquela tragimania
coletiva!
Também, que ideia do nosso Padilha, ir procurar
exemplos entre gente tida e havida por todos os helenos pela quintessência da estupidez,
não só da sua raça como da humanidade. Nem aos beócios, classicamente beócios, podiam
pedir meças. Pobres sandeus!, que haviam excluído de sua calinádica comunidade a
um dos poucos concidadãos que, como o heroico Anaxarca e o sofista Protágoras, lhes
desmentia a fama de pertencerem àquele reino que o nosso Franscisco de Melo Franco
cantou em acre verso. E ainda tinha perseguido a Demócrito, o risonho filósofo eternamente
granizador da loucura humana, tido por seus patrícios como louco.
Nada mais natural, pois, que estes respeitáveis
cretinos passarem os dias e as noites a urrar: “Oh, tirano amor dos deuses e dos
homens”, segundo um depoimento aliás suspeito, o de Luciano, cuja verve e cujo ceticismo
de tudo tirava o pretexto para cobrir de ridículo as vítimas escolhidas pelo espírito
implacavelmente mordaz.
Capítulo cheio de curiosidades é o que se consagra
às pessoas “que não comem nem bebem” incluindo-se aí “as humanas e as irracionais”.
Assim, começa pela história do boi que, na Sabóia,
em 1693, viveu longos meses sem nada ingerir. Mas é que na sua vizinhança havia
um montão de feno, cujas partículas exaladas e introduzidas pela respiração o sustentaram
todo aquele tempo, perfeitamente, e ainda lhe causaram notável aumento de peso!
Dos tempos da antiga Grécia, se conhecia o caso
de Demócrates, ancião de 109 anos, que vivera dias a alimentar-se somente com o
cheiro de pão quente.
Faz grande peso afirmar, lembra o nosso Padilha,
que o cheiro pode sustentar e nutrir, como afirmam Hipócrates e Galeno. Aliás, outro
autor, Marcelo Donato, reforçava esta opinião lembrando a existência de raças humanas
desprovidas de boca.
Bayle, na República das Letras, citava
o caso de um douto holandês, de Harlem, que vivera quarenta dias somente das emanações
de seu cachimbo. No Poitou era arquiconhecido o caso de Joana Balam, jejuadora de
três anos! E Catarina Kratzer, suíça de Berna, batera este recorde elevando-o a
sete anos!
Além destes notáveis casos de temperança, outros
havia não menos notáveis, como os dos lugares em que ninguém morria!, fato abonado
por autores da competência de Giraldo (??) e do cosmógrafo Abraão Ortelio, famoso
cartógrafo. Na ilha Momônia, os que iam pagar o tributo da condição humana punham-se
a agonizar, a estertorar, infindavelmente. Eram então transportados para outra ilha,
onde logo expiravam!
Comentário gravibundo do nosso fidalgo: “Cuidava
eu que estes autores apontavam lugar em que a morte se esquecia dos viventes, porque
seria mais visitado que os Santos Lugares; porém, padecer as angústias sem acabar
é morrer duas vezes”.
O capítulo seguinte consagra-se a um caso brasileiro
realmente digno de todo o estudo, relatado a nosso autor pelo oratoriano padre Estácio
de Almeida, “sujeito tão verdadeiro como erudito”.
Haviam saído dois jesuítas a viajar pelos sertões
do Brasil. Certo dia, depois do jantar, um rapaz de sua comitiva apanhara no chão
um pauzinho e dele se servira como palito. Pois, imediatamente, lhe saltaram das
gengivas vários dentes!
Merencório, lá se fora o jovem desdentado relatar
o fato aos dois inacianos, que haviam partido à frente. E estes, com o maior interesse,
voltaram ao lugar onde se operara a maravilhosa extração, fazendo grande diligência
por encontrar o lenho de “um arbusto tão especial e útil”. Não lhes fora possível,
porém, achá-lo naqueles lugares desertos e tão pouco transitados.
Aliás, é preciso dizer que o moço se reendentara
logo. Como voltasse com os dentes caídos, um negro do séquito dos padres lhos colocara
no maxilar espremendo-lhes, à volta, o sumo de certa erva. “E com isto lhe ficaram
arraigados”.
Passando a discorrer sobre “virtudes atrativas”,
recordava o nosso autor a existência de ímãs minerais e vegetais. Em Benguela conhecia-se
uma gramínea que atraía pedaços de madeira como o ímã ao ferro.
Certos gaviões do Oriente no sábio dizer de Eliano,
gozavam de tal propriedade nas patas, mas só em relação ao ouro. E quem ignorava
que o melhor desimantador da pedra de cevar era o diamante? Bastava a vizinhança
deste “carbonato” para acabar com a imantação de uma agulha.
Em Jafanaputan, Ceilão, um jesuíta vira dois cingaleses,
cada qual armado de certo pau, forcejando para se afastarem e inflexivelmente aproximados
pela força do ímã vegetal.
Na seção consagrada ao raciocínio dos brutos,
várias historietas sobre a inteligência dos animais nos são narradas, em grande
relevo, aliás. Há, porém, casos dignos de reporte: assim a afirmação do imenso Feijó
de que “o aborrecido inseto que se chama a traça tem o primeiro lugar entre os brutos
de maior raciocínio”.
E isto porque sabia abrigar o corpo contra as
injúrias do tempo, “fabricando o vestido que vestia como pudera fazer um alfaiate”.
Aliás, era sabidíssimo que o homem aprendera muita
medicina observando os animais. A sangria, ele conhecera do hipopótamo. “Sentindo-se
repleto, serve-se de uma cana aguda para abrir uma veia da perna, que, depois de
lhe correr bastante sangue, veda com limos”.
O leão, sentindo-se indigesto, tratava-se de arranjar
logo o único purgante que lhe convinha, procurando apanhar um desses “animais de
trejeitos delirantes”, seguindo a definição do bom padre Bacelar: o bugio.
A cegonha só ingeria animais venenosos quando
tinha ao alcance do bico o contraveneno do oregão.
Já Aristóteles percebera (e Alberto Magno o confirmava)
que a tartaruga só comia cobras quando também dispunha do oregão. (...)
Neste último, por exemplo, quer o nosso Aucourt
inculcar que o homem também fabrica ímãs artificiais, assim como o unguento simpático
curava as feridas posto no ferro que as causara!
Apesar das grandes contradições que refutavam
tal asserção, aliás confirmada pela autoridade elevada do inglês Digby, o caso parecia
positivo. As pedras trochite e astrecte, postas em cima do vinagre,
disparavam a correr. A tinta simpática não só atravessava uma resma de papel como
uma grossa muralha.
Mas o mais notável era o caso da lâmpada simpática,
que, segundo o sábio Johnston, alimentava-se de sangue como combustível. Apagava-se
instantaneamente quando morria o ex-proprietário do seu alimentador!
Expondo os artifícios com que a natureza produz
raridades afirma Padilha que, se alguém pintar ovos em um pano de diversas cores,
verá nascerem pintos com os mesmos matizes “porque de ajudar a imaginação nos brutos
se fazem raros prodígios”. Era assim que, segundo Santo Agostinho, conseguiam os
egípcios fabricar os bois ápis.
Dos “adultérios” das plantas provinham iguais
assombros.
E se Luís XIV formara os dilatados bosques de
Versalhes transportando grandes árvores é que o seu coração excedia nas obras à
natureza (sic!).
Porque, se a arte imitava a natureza, parecia
às vezes excedê-la. Vira-se em Lisboa um cavalo e um urso dançarem juntos! E ficara
na corte de Portugal a tradição do cachorrinho da rainha d. Catarina, mulher de
d. João III, que cantava ao som de um manicórdio. Não proferia palavras, mas era
muito entoado.
A imperatriz rainha, infanta portuguesa, ganhara
um cão que emitia perfeitamente a palavra chocolate. Mas em 1715 vira-se
em Paris coisa muito mais notável, o cão fenomenal de que se ocupara a Academia
de Ciências de França. Repetia trinta palavras, entre elas chá, café
e chocolate.”
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