Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-85-209-2070-1
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 576
“Papai era um homem que, talvez devido à sua história de privações,
jamais hesitava em executar os verbos botar e tomar.
Ele estava sempre botando pra quebrar, a mão na massa, o pé na estrada, lenha
na fogueira, alguém em seu devido lugar, ordem no galinheiro, os pingos nos is,
alguém pra correr. Também estava sempre tomando a dianteira, tendência, o boi
pelo chifre, de volta o que era seu, as dores de alguém. E quando se tratava de
observar as coisas, o Papai era uma espécie de Microscópio Composto, daqueles
que viam a vida por meio de uma lente ocular ajustável, esperando que todas as
coisas estivessem bem focadas. Não tinha nenhuma tolerância com o Embaraçado, o
Fosco, o Nebuloso e o Sujo.”
“– O maior feito americano não foi a bomba atômica, nem o
fundamentalismo, nem os spas de emagrecimento, nem o Elvis, nem mesmo a
observação bastante astuta de que os homens preferem as loiras, e sim o grande
salto de qualidade que imprimimos ao sorvete.”
“Era um desses silêncios adultos. O silêncio dos casais que voltam para
casa depois de um jantar, evitando falar do marido de alguém que ficou bêbado
demais ou de como, secretamente, não queriam ir para casa um com o outro e sim
com alguma pessoa nova, alguém cujas pintas não conhecessem.”
“Se Papai estivesse presente, sem dúvida teria comentado que a maior
parte dos adultos presentes estava “perigosamente perto de abdicar de sua
dignidade” e que aquilo era triste e perturbador, porque “todos estavam
buscando algo que nunca reconheceriam, mesmo que o encontrassem”. O Papai era
notoriamente severo ao comentar o comportamento alheio. Ainda assim, ao
observar uma Mulher Maravilha de quarenta e poucos anos que tombou de costas na
ordenada pilha de revistas Viagem de Hannah, eu me perguntei
se a própria ideia de Crescer não seria uma farsa, um ônibus que esperamos tão
ansiosos que nem sequer notamos sua chegada.”
“No entanto, não podemos deixar de notar que a violência, apesar de
oficialmente abominada nas culturas Ocidental e Oriental (apenas oficialmente,
pois nenhuma cultura, moderna ou antiga, jamais hesitou em utilizá-la para
satisfazer seus próprios interesses), é inevitável nos momentos de mudança.”
“E quando falava de uma Entidade Superior, usava palavras como gratificante, restauradora
e transformadora. Era algo que nos “conduzia pelos momentos
difíceis”, que “qualquer pessoa jovem poderia alcançar com um pouco de trabalho
duro, confiança e tenacidade.”
Deus era uma viagem a Cancun.”
“Eva Brewster estava ao lado dela, e me lançou um sorriso reconfortante,
mas depois o escondeu quase imediatamente, como se me emprestasse o seu lenço
mas não quisesse vê-lo sujo.”
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