Editora: Bertand Brasil
ISBN: 978-85-2860-932-5
Tradução: Luís
Peazê
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 624
Sinopse: Esta
comovente história, cujo pano de fundo é a Guerra Civil Espanhola, narra três
dias na vida de um americano que se ligara à causa da legalidade na Espanha.
Hemingway conseguiu que seus leitores sentissem que o ocorrido no país ibérico
em 1937 era apenas um aspecto da crise do mundo moderno.
A obra foi eternizada no cinema numa produção
norte-americana, dirigida por Sam Wood, com Gary Cooper e Ingrid Bergman nos
papéis principais. A trama gira em torno de Robert Jordan (Gary Cooper), o
americano integrante das Brigadas Internacionais, que luta ao lado do governo
democrático e republicano, recebendo a missão de dinamitar uma ponte. Com ele
está um grupo de guerrilheiros/ciganos integrado por Pilar (Katina Paxinou, que
recebeu Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), mulher com extraordinária força de
vontade, o perigoso Pablo (Akim Tamiroff) e a bela Maria (Ingrid Bergman). A
relação entre Robert e Maria acabou por se tornar uma das mais inesquecíveis
histórias de amor da literatura moderna e do cinema.
Hemingway começou a escrever o livro em 1939, em Cuba,
onde morava. Publicado em 1940, foi sucesso de crítica e público. Por razões
políticas, no entanto, deixou de receber o Pullitzer, prestigiado prêmio
literário dos EUA, apesar de eleito por unanimidade pelos jurados.
“Nenhum homem é uma Ilha, um ser
inteiro em si mesmo; todo homem é uma partícula do Continente, uma parte
da terra. Se um Pequeno Torrão carregado pelo Mar deixa
menor a Europa, como se todo um Promontório fosse, ou
a Herdade de um amigo seu, ou até mesmo a sua
própria, também a morte de um único homem me diminui,
porque Eu pertenço à Humanidade. Portanto, nunca procures saber por quem
os sinos dobram. Eles dobram por ti.”
John Donne (1572-1631), poeta e padre anglicano –
Meditação XVII, de cujo excerto acima Ernest Hemingway retirou o título da
presente obra: Por quem os sinos dobram.
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“– E não significa nada para ti ser caçada
como um animal depois que isso acontecer, esse negócio do qual não teremos
nenhum lucro? Não se importa se morrer nisso?
– Não! E não tente me assustar, seu covarde.
– Covarde? – disse o marido com amargura. –
Chama um homem de covarde porque tem senso tático. Porque pode prever o
resultado de uma idiotice. Não é covardia saber o que é uma estupidez.
– Nem é idiotice saber o que é covardia –
interferiu Anselmo, sem conseguir furtar-se à frase de efeito.”
“– É verdade que ela não tem doença. Podia
até ter. Não sei como não pegou. Talvez Deus ainda exista, embora O tenhamos
abolido.”
“– Escute – disse a mulher. – Eu não sou
covarde, mas vejo as coisas muito claras pela manhã, e acho que tem muita gente
viva que conhecemos que não verá outro domingo.
– Que dia é hoje?
– Domingo.
– Que va – disse Robert
Jordan. – O outro domingo está muito longe. Se virmos a quarta-feira, já
estaremos muito bem. Mas não gosto de ouvi-la falando assim.
– Todos precisam ter alguém para conversar –
disse a mulher. – Antes, tínhamos a religião e outras coisas sem sentido.
Agora, cada um precisa ter com quem falar abertamente. Pois quanto mais bravura
alguém tiver, mais solitário vai ficando.”
“O fanatismo é uma coisa singular. Ser
fanático requer absoluta certeza de que você está correto, e nada estimula a
certeza e a correção como a castidade. A castidade é a inimiga da heresia.”
“– Não – disse Pablo. – Não é verdade. Se
todos tivessem matado os fascistas como eu matei, não estaríamos nesta guerra.
Mas não deixaria acontecer como aconteceu.
– Por que você diz isto? – perguntou
Primitivo. – Está mudando a sua política?
– Não. Mas aquilo foi uma barbaridade – disse
Pablo. – Naquele tempo eu era muito bárbaro.
– E hoje você é um bêbado – disse Pilar.
– Sou – disse Pablo. – Com a sua permissão.
– Gostava mais de você quando era bárbaro –
disse a mulher. – De todos os homens, o bêbado é o mais idiota. O ladrão,
quando não está roubando, é igual a qualquer outro. O chantagista não opera em
casa. O assassino, quando está em casa, pode lavar as mãos. Mas o bêbado fede e
vomita na sua própria cama, e dissolve seus órgãos no álcool.
– Você é uma mulher, você não entende – disse
Pablo, tranquilamente. – Estou bêbado de vinho e seria feliz, se não fosse por
causa daquelas pessoas que matei. Todas elas me enchem de remorso – balançou a
cabeça, lobregamente.”
“Em ambos os lugares se tinha a sensação de
estar fazendo parte de uma cruzada. Esta era a única palavra para descrevê-la,
mas fora tão usada e desgastada de tal forma que perdera o seu verdadeiro
significado.”
“Dava para sentir, a despeito dos entraves
burocráticos, da ineficiência e conflitos do partido, alguma coisa parecida com
aquilo que esperava sentir na primeira comunhão e não conseguiu alcançar. Era
um sentimento de consagração para o dever com respeito a todos os oprimidos do
mundo, tão difícil e embaraçoso de se explicar quanto as experiências
religiosas, e mesmo assim era autêntico, como a sensação que se tinha ao ouvir
Bach, ou ficar na Catedral de Chartres, ou na Catedral de Lyon, e ver a luz
passar pelas grandes janelas, ou ver Mantegna, e Greco e Brueghel no Prado. É
algo que transmite a você um sentimento de pertencimento a uma coisa em que
você acredita integralmente, na qual vislumbra uma fraternidade absoluta,
compartilhada com os demais que estivessem engajados. É uma experiência nunca
vista, mas que você experimenta, então, e acaba dando tanta importância a ela,
e as suas razões, que a sua própria morte não importa mais – torna-se apenas
algo a ser evitado, para garantir o cumprimento do dever. Mas o melhor de tudo
é que você pode fazer algo de concreto com esse sentimento e essa necessidade.
Você pode lutar.”
“Então você lutou. E com a luta, bem cedo,
acabou a pureza de sentimento para aqueles que lutaram bem e sobreviveram.
Antes dos primeiros seis meses”.”
“– Gosto mais do front – dissera Robert
Jordan. – Quanto mais perto do front, melhores as pessoas.”
“Numa guerra não se pode dizer o que a gente
sente.”
2 comentários:
O bom e sempre jovem Ernie, com quem aprendi muito.
Feliz a tua escolha, blogueiro. Parabéns.
Uma outra acepção do título:
http://politicanadaimparcial.blogspot.com.br/2008/12/texto-lido-na-cerimnia-de-encerramento.html
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