Editora: Record
ISBN: 978-85-0106-020-4
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 400
“Lembro
que certa vez Deus entrou na nossa conversa, com todos os adendos e contornos
possíveis, imortalidade da alma inclusive, e você riu quando sentenciei: Deus é
o Grande Humorista. Falamos também de Cristo e duvidamos que ele pudesse se
apresentar como um filho de um Deus tão pouco interessado no destino dos
homens.”
“De
todo modo, meu pai me instruiu: “A questão é a seguinte: Maomé não somente veio
à montanha, mas também tratou de se tornar, prontamente, montanhês”.”
“Então,
naquele retorno ondeante e clangoroso para casa, pensava muito na morte, como,
creio, convém aos jovens, sem encontrar consolo no rosto do cobrador.”
“Outro
editor judeu estabelecido no Brasil, Adolpho Bloch, reprochava os Civita com
vitupério, por se terem convertido. Em lugar de lhes pronunciar o sobrenome,
dizia “os cagões” como se fosse sinônimo. O pai de Mino (Carta) os via de outra
maneira. “Este Roberto”, observava, “é um dos poucos judeus néscios que conheci
na vida”.”
“Se o
lago de Tiberíades fosse igual ao Tietê, a caminhada de Cristo sobre a água não
seria um milagre.”
“A
pasta da justiça é de importância vital no Brasil, onde se recomenda tecer o
imbróglio jurídico sempre que a oligarquia quer justificar legalmente seu
enésimo desmando.”
“Se os
militares me pedirem para arriar as calças, eu executo – proclama Victor
Civita. Volta a sentar-se, e soletra, absurdamente solene: - Quero deixar bem
claro aos senhores!”
(Mino
Carta)... – “porque está claro nesta editora não trabalho mais, (...) é
impossível conviver com seu filho, um cretino...
– Não
diga isso implorou Vici (Victor Civita) –, diga ingênuo.”
“Reparem:
a nossa imprensa serve ao poder porque o integra compactamente, mesmo quando,
no dia-a-dia, toma posições contra o governo ou contra um ou outro poderoso. As
conveniências de todos aqueles que têm direito a assento à mesa do poder
entrelaçam-se indissoluvelmente.”
“No
fundo, mesmo os que chamamos de elite tem consciência de escravo, os militares
também.”
“Atrás
do palco é que NH (FHC) se notabiliza até a excelência, mestre das manobras do
conchavo, piloto das águas manhosas, tecelão impagável das urdiduras inefáveis
para subir na vida. “Tirem este homem de perto de mim, é a maior goela da
política”, disse Diamantino (Tancredo Neves) quando lhe sugeriram NH para
ministro.”
“De
hábito – dizia meu pai –, homens que não se permitem dúvidas em relação a si
mesmos tendem a considerar seus semelhantes um bando de cretinos.”
“Não
sei se é o caso de dar conselhos a esta hora, mas, de hábito, recomendo lutar,
lutar sem esmorecimento, contra o medo e a esperança, são os males que afligem
o homem, neles se alinha o coração tenebroso da nossa escravidão. (...) Repare:
o medo é hostil à razão, a qual, por seu lado, é uma bomba atirada contra o
império político-tecnológico. Quanto a esperança, costuma ser fuga do mundo,
álibi da ignorância, instrumento de resignação e obediência.”
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