Editora: Aleph
ISBN: 978-85-7657-197-1
Tradução: Fábio Fernandes
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 277
Análise em
vídeo: Clique aqui
Link para
compra: Clique aqui
Sinopse: Ver Primeiro livro
“O
ponto essencial em correr um risco é que os lucros o justifiquem.”
“– Então,
explique-se em seus próprios termos. Por que você diz que o Império não pode
derrotar este pequeno inimigo?
O
siwenniano se sentou mais uma vez e desviou os olhos do olhar fixo de Riose.
Falou pesadamente:
–
Porque tenho fé nos princípios da psico-história. Ela é uma ciência estranha.
Atingiu a maturidade matemática com um homem, Hari Seldon, e morreu com ele,
pois nenhum homem desde então foi capaz de manipular suas complexidades. Mas,
nesse curto período, ela provou ser o instrumento mais poderoso jamais
inventado para o estudo da humanidade. Sem fingir prever as ações de
indivíduos, ela formulou leis definitivas capazes de análise e extrapolação
matemática para governar e prever a ação em massa de grupos humanos.
–
Então...
–
Foi a psico-história que Seldon e o grupo com o qual ele trabalhou aplicaram
com força total para criar a Fundação. O lugar, tempo e as condições, tudo isso
conspira matematicamente e, portanto, inevitavelmente, para a criação de um
Segundo Império Galáctico.
A
voz de Riose tremia de indignação.
–
Você quer dizer que essa arte dele prevê que eu atacaria a Fundação e perderia
tal e tal batalha por tal e tal motivo? Você está tentando dizer que sou um
tolo robotizado, seguindo um curso predeterminado para a destruição?
–
Não – respondeu o velho patrício, com seriedade. – Eu já disse que a ciência
nada tem a ver com ações individuais. É o pano de fundo maior que foi previsto.
–
Então continuamos presos à mão da Deusa da Necessidade Histórica.
–
Da Necessidade Psico-histórica – provocou Barr, baixinho.
– E
se eu exercer minha prerrogativa de livre-arbítrio? Se eu escolher atacar no
ano que vem ou não atacar? Quão flexível é essa Deusa? Que recursos tem?
Barr
deu de ombros.
–
Ataque agora ou nunca; com uma única nave, ou com toda a força do Império; pela
força militar ou por pressão econômica; por uma declaração de guerra honesta e
aberta ou por emboscada traiçoeira. Faça o que desejar, no mais amplo exercício
de livre-arbítrio. Você ainda perderá.
–
Por causa da mão morta de Hari Seldon?
–
Por causa da mão morta da matemática do comportamento humano, que não pode ser
detida, desviada nem atrasada.
Os
dois se encararam em um impasse, até que o general recuou.
–
Vou aceitar esse desafio – disse, simplesmente. – É uma mão morta contra uma
vontade viva.”
“As
forças econômicas e sociológicas mais profundas não são dirigidas por homens
individuais.”
“Havia
uma brutalidade assustadora em um céu que brilhava sem brechas em todas as
direções. Era como estar perdido num mar de radiação.
E,
no centro de um aglomerado aberto de dez mil estrelas, cuja luz rasgava em
pedaços a fraca escuridão ao redor, circulava o imenso planeta imperial,
Trantor.
Mas
ele era mais que um planeta; era a pulsação viva de um Império de vinte milhões
de sistemas estelares. Ele tinha apenas uma função, administração; um
propósito, governo; e um bem manufaturado, a lei.
O
mundo inteiro era uma distorção funcional. Não existia objeto vivo em sua
superfície a não ser o homem, seus animais de estimação e seus parasitas.
Nenhuma folha de relva ou fragmento de solo descoberto podia ser encontrado
fora dos quase duzentos quilômetros quadrados do Palácio Imperial. Não havia
água doce fora do terreno do Palácio, a não ser nas vastas cisternas
subterrâneas que continham o suprimento de água de um mundo.
O
metal lustroso, indestrutível e incorruptível que compunha a superfície
inteiriça do planeta era a fundação das imensas estruturas metálicas que
cobriam o mundo num labirinto. Eram estruturas conectadas por passagens;
entrelaçadas por corredores; fechadas por escritórios; alicerçadas pelos
imensos centros varejistas que cobriam quilômetros e quilômetros quadrados;
recobertas pelo reluzente mundo de diversão que brilhava e se acendia todas as
noites.
Era
possível caminhar por todo mundo de Trantor e nunca deixar um único prédio
conglomerado, nem tampouco ver a cidade.
Uma
frota de naves, maior em número do que todas as frotas de guerra que o Império
já havia sustentado, pousava suas cargas em Trantor todos os dias, para
alimentar os quarenta bilhões de humanos que não davam nada em troca a não ser
a satisfação da necessidade de desembaraçar as miríades de fios que espiralavam
para dentro da administração central do mais complexo governo que a Humanidade
já havia conhecido.
Vinte
mundos agrícolas eram o celeiro de Trantor. Um universo era seu serviçal...”
“–
Eu não tinha me dado conta disso antes, mas depois que tudo acabou e pude...
bem... olhar para as respostas no fim do livro, o problema se torna simples. Agora
nós podemos ver que o histórico social do Império torna as guerras de conquista
impossíveis para ele. Sob imperadores fracos, ele é dilacerado por generais que
competem por um trono sem valor e, certamente, letal. Sob imperadores fortes, o
Império fica congelado num rigor paralítico no qual a desintegração
aparentemente cessa no momento, mas apenas com o sacrifício de todo o
crescimento possível.”
“–
Ora, o que você acha da situação galáctica?
–
Acho – Bayta disse concisamente – que está chegando uma crise Seldon... e se
não estiver, então é melhor jogar o plano Seldon fora completamente. É um
fracasso.
(“Uau”,
murmurou Fran, de seu canto. “Que maneira de falar de Seldon.” Mas não disse
nada em voz alta.)
Randu
ficou fumando seu cachimbo especulativamente.
– É
mesmo? Por que você diz isso? Eu estive na Fundação quando jovem, sabe, e
também tive grandes pensamentos dramáticos. Mas por que você diz isso agora?
–
Bem – os olhos de Bayta ficaram nublados e pensativos enquanto ela curvava os
dedos nus na suavidade branca do tapete e aninhava o queixo pequeno numa mão
gordinha –, me parece que toda a essência do plano de Seldon era criar um mundo
melhor do que o antigo do Império Galáctico. Aquele mundo estava caindo aos
pedaços há trezentos anos, quando Seldon criou a Fundação... e se a história é
verdadeira, ele estava desabando com a doença tripla da inércia, do despotismo
e da má distribuição dos bens do universo.
Randu
assentiu devagar, enquanto Toran olhava para sua esposa com olhos orgulhosos e
luminosos, e Fran, no canto, estalava a língua e enchia cuidadosamente seu
copo.
–
Se a história de Seldon for verdade – ela continuou –, ele previu o colapso
completo do Império por meio de suas leis da psico-história, e foi capaz de
prever os necessários trinta mil anos de barbárie antes do estabelecimento de
um novo Segundo Império para restaurar a civilização e a cultura para a
humanidade. Foi todo o objetivo do trabalho da vida dele estabelecer condições
para assegurar um rejuvenescimento mais rápido.
A
voz profunda de Fran explodiu:
– E
é por isso que ele estabeleceu duas Fundações, honrado seja seu nome.
– E
foi por isso que ele estabeleceu as duas Fundações – concordou Bayta. – Nossa
Fundação era um ajuntamento dos cientistas do Império moribundo com a intenção
de levar a ciência e o aprendizado do homem a novas alturas. E a Fundação foi
situada de tal forma no espaço, e o ambiente histórico era tal que, por
intermédio dos cuidadosos cálculos de seu gênio, Seldon previu que em mil anos
ela se tornaria um império novo e maior.
Fez-se
um silêncio reverente.
A
garota disse suavemente:
– É
uma história velha. Vocês a conhecem. Por quase três séculos, todos os seres
humanos da Fundação souberam disso. Mas eu achava que seria apropriado passar
por isso... apenas rapidamente. Hoje é o aniversário de Seldon, vocês
sabem, e mesmo que eu seja da Fundação e vocês sejam de Refúgio, isso
nós temos em comum...
Ela
acendeu um cigarro devagar e ficou olhando, distraída, a ponta brilhante.
–
As leis da história são tão absolutas quanto as leis da física, e se as
probabilidades de erro são maiores, é apenas porque a história não lida com
tantos humanos quanto a física com átomos, então variações individuais contam
mais. Seldon previu uma série de crises através dos mil anos de crescimento,
cada uma das quais forçaria uma nova virada de nossa história para um caminho
previamente calculado. São essas crises que nos guiam... e, portanto, uma crise
deve estar vindo agora. Agora! – ela repetiu, com força. – Já se passou quase
um século desde a última, e nesse século cada um dos vícios do Império foi
repetido na Fundação. Inércia! Nossa classe dominante conhece uma lei: nada de
mudança. Despotismo! Eles conhecem uma regra: força. Má distribuição! Eles
conhecem um desejo: manter o que é deles.
–
Enquanto outros passam fome! – Fran rugiu, subitamente, com um poderoso soco no
braço de sua poltrona. – Garota, suas palavras são pérolas. Os gordos, com seu
dinheiro, arruínam a Fundação, ao passo que os bravos comerciantes ocultam sua
pobreza em mundos arruinados como Refúgio. É uma desgraça para Seldon, como se
lhe cuspissem na cara, lhe arrancassem a barba.”
“–
Capitão Pritcher, você é um soldado, e calcula em termos de armas. Não é bom se
permitir chegar a um ponto que envolva me desobedecer. Tome cuidado. Minha
justiça não é simplesmente fraqueza. Capitão, já foi provado que os generais da
Era Imperial e os senhores da guerra da presente época são igualmente
impotentes contra nós. A ciência de Seldon que prevê o curso da Fundação é
baseada não em heroísmo individual, como você parece crer, mas nas tendências
sociais e econômicas da história. Nós já passamos com sucesso por quatro
crises, não passamos?
–
Passamos, Excelência. Mas a ciência de Seldon é conhecida... somente para
Seldon. A nós mesmos, só nos ficou a fé. Nas três primeiras crises, como me
ensinaram cuidadosamente, a Fundação foi liderada por homens sábios que
previram a natureza das crises e tomaram as precauções adequadas. Caso
contrário... quem pode dizer?
–
Sim, capitão, mas você omite a quarta crise. Vamos, capitão, não tivemos
liderança digna do nome então, e enfrentamos o oponente mais inteligente, o
exército mais bem armado, a força mais forte de todas. Mas vencemos, pela
inevitabilidade da história.
–
Excelência, isso é verdade. Mas essa história que o senhor menciona só se
tornou inevitável depois que lutamos desesperadamente por mais de um ano. A
vitória inevitável nos custou quinhentas naves e meio milhão de homens.
Excelência, o plano de Seldon ajuda a quem se ajuda.”
“Com
bastante frequência, bons instrumentistas costumam ser, de resto, idiotas. É
uma dessas configurações estranhas que tornam a psicologia interessante.”
“Ela
balançou a cabeça: – Ele é tão estranho.
–
Ele mexe com seu instinto materno, Bay, é o que ele faz. Um dia teremos um
filho e aí você esquecerá Magnífico.
Bayta
respondeu das profundezas de seu sanduíche:
–
Ocorre-me que você é tudo o que meu instinto materno pode suportar.”
“–
Mas, e se a Fundação não caiu? E se os relatórios forem falsos? Dizem que já
foi previsto que ela não pode cair.
–
Já passamos da era dos videntes, senhor.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário