Editora: Ciranda
Cultural
ISBN: 978-85-380-9266-7
Tradução: João
Sette Camara
Opinião: ★★★★☆
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Páginas: 288
Sinopse: Anne é uma
pobre órfã que foi enviada por engano para a fazenda de Green Gables, pois os
irmãos Marilla e Matthew tinham a intenção de adotar um menino para auxiliar
nos trabalhos domésticos. Com pena da pobre garota, os dois resolveram mantê-la
na fazenda ao descobrirem que, definitivamente, era uma menininha diferente de
todas as outras. Com seus longos cabelos ruivos, seus olhos acinzentados e uma
imaginação que lhe permitia viver muitas fantasias, mas que a metia em muitas
confusões também, Anne traz reflexões e pensamentos pertinentes sobre os
obstáculos e as escolhas da vida de qualquer pré-adolescente.
“É fácil
demais ser mau sem se dar conta disso, não é?”
“Quando você está imaginando,
é melhor imaginar algo que valha a pena.”
“O mundo é interessante demais. E ele não seria tão
interessante assim se já soubéssemos de tudo, não é mesmo? Não haveria nenhum
escopo para a imaginação, haveria?”
“Anne se levantou e respirou fundo.
– Oh, não é maravilhoso? – disse ela acenando para
todo o mundo bom do lado de fora.
– É uma árvore grande – falou Marilla –, e dá muitas
flores, mas as frutas nunca são muito boas: são pequenas e bichadas.
– Ah, não falo apenas da árvore; é claro que ela é
adorável... sim, é radiantemente adorável... ela floresce como se
quisesse… mas estou falando de tudo, do jardim e do pomar e do riacho e da
mata, de todo o grande e querido mundo. A senhorita não sente um amor enorme
pelo mundo em uma manhã como esta? E consigo ouvir as risadas do riacho daqui
de cima. Já reparou como os riachos são coisas alegres? Estão sempre rindo. Até
mesmo no inverno já os ouvi rindo sob o gelo. Fico muito feliz que haja um
riacho perto de Green Gables. Talvez a senhorita ache que isso não faz a menor
diferença para mim porque não vai ficar comigo, mas faz sim. Eu sempre gostarei
de me lembrar de que há um riacho em Green Gables, mesmo que jamais volte a
vê-lo. Caso não houvesse um riacho, eu seria assombrada pela sensação
incômoda de que deveria haver um. Nesta manhã eu não estou nas profundezas do
desespero. Nunca consigo me sentir assim de manhã. Não é uma coisa esplêndida o
fato de que existam manhãs? Mas estou muito triste. Eu estava agora mesmo
imaginando que na verdade era a mim que os senhores queriam, e que eu ficaria
aqui para todo o sempre. Isso foi muito reconfortante enquanto durou. Mas a
pior parte na imaginação das coisas é que chega um momento em que você tem de
parar de imaginar, e isso magoa.”
“É muito bom ler sobre
tristezas e imaginar a si mesmo suportando-as heroicamente, mas não é tão bom
assim quando de fato se passa por elas, não é mesmo?”
“De nada serve amar as coisas se você vai ter que se
separar delas, não é mesmo?”
“– Sabe – disse Anne em confidência –, decidi que vou
desfrutar deste passeio. Na minha experiência, você quase sempre consegue
desfrutar das coisas se você decide com firmeza que isso vai acontecer.
Obviamente, você tem de decidir isso com firmeza.”
“– Oh, Marilla, ansiar pelas coisas é metade do prazer
proporcionado por elas – exclamou Anne. – Você pode até não conseguir essas
coisas, mas nada pode lhe impedir de ter a diversão de ansiar por elas. A
senhora Lynde diz: “Abençoados são aqueles que nada esperam, pois jamais se
decepcionarão”. Mas eu acho que seria pior não esperar por nada do que se
decepcionar.”
“Há muitas Annes
diferentes dentro de mim. Às vezes, penso que é por isso que sou uma pessoa tão
inoportuna. Se eu fosse apenas uma Anne, seria muito mais cômodo, mas eu não
seria nem um pouco interessante quanto sou.”
“Marilla é uma mulher sensata demais. Deve ser muito
melhor ser sensata, ainda assim, acho que eu de fato não gostaria de ser uma
pessoa sensata, pois elas não são nada românticas.”
“Esta é a pior parte de crescer, e estou começando a
me dar conta disso. As coisas que você queria muito quando criança não parecem
tão maravilhosas assim quando você as conquista.”
“Não
podemos querer que as coisas sejam perfeitas neste mundo imperfeito.”
“Bons
conselhos são mais fáceis de dar do que de seguir.”
“Oh, é
delicioso ter ambições. Fico muito contente que eu tenha tantas. E elas parecem
não ter fim: esta é a melhor parte. Assim que você conquista uma ambição, chega
outra brilhando ainda mais. Isso torna a vida interessante demais.”
“Pagamos
um preço por tudo aquilo que conseguimos ou tomamos neste mundo; e embora valha
muito a pena ter ambições, elas não são conquistadas a pouco custo: demandam
seu quinhão de trabalho e abnegação, ansiedade e desânimo.”
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