domingo, 15 de março de 2015

Guerra e Paz (Volume I) – Leon Tolstói

Editora: L&PM

ISBN: 978-85-2541-671-1

Tradução: Isabel da Nóbrega e João Gaspar Simões

Opinião: ★★★★☆

Páginas: 400

Sinopse: Publicado entre 1865 e 1869, Guerra e Paz é mundialmente aclamado como um dos maiores romances jamais escritos. Trata de um imenso e detalhado painel da sociedade russa durante o tumultuado período das guerras napoleônicas, de 1805 (ano da vitória de Napoleão na batalha de Austerlitz) a 1812 (quando ocorreram a célebre retirada dos franceses durante o inverno e o incêndio de Moscou). Como fio condutor, temos a vida, as misérias e os amores de duas grandes famílias aristocratas. Uma multidão de personagens retrata as diversas camadas do mundo russo, dos camponeses ao tsar, e os protagonistas parecem ter vida própria, tão admirável é a capacidade de Tolstói (1828-1910) de representar pessoas psicologicamente complexas e profundas. Por sua ambição e pelas técnicas utilizadas, Guerra e Paz desafiou os parâmetros literários e a própria literatura do seu tempo. Se em seu magnífico romance o autor mostrou o sacrifício, o patriotismo e a grandeza do povo russo, também construiu um monumento à paz. A obra-prima de Tolstói brilha como um livro maior entre milhões de livros, deslumbra como só uma verdadeira obra de arte é capaz de deslumbrar e emociona como só as grandes histórias, contadas pelos grandes narradores, conseguem emocionar.



“Estamos atualmente em guerra com Napoleão. Se se tratasse, de uma guerra de libertação, então, sim, compreenderia, seria mesmo o primeiro a alistar-me. Mas ajudar a Inglaterra e a Áustria contra o maior homem que há no mundo... não está certo.

O príncipe André contentou-se, em encolher os ombros perante as infantis considerações de Pedro. O seu ar queria dizer que nada tinha a replicar a tal patetice; e, com efeito, seria difícil responder de outra maneira a tal ingenuidade.

– Se as pessoas fossem para a guerra só por convicção, não haveria guerra – disse ele.

– E era isso que convinha – respondeu Pedro.

O Príncipe André sorriu.

– É muito possível, mas aí está uma coisa que nunca acontecerá.”

 

 

“– O que toda gente espera de um ricaço é vir a receber dele qualquer coisa.”

 

 

“– Todo o homem tem os seus dias contados, e ninguém pode fugir daí.”

 

 

“Como diz Sterne, “nós gostamos das pessoas menos pelo bem que elas nos fizeram que pelo bem que lhe fizemos”.”

 

 

“Não há ninguém com mais sorte ao jogo do que os imbecis.”

 

 

“– Como vês, meu velho – comentou –, enquanto não gostamos de alguém é como se estivéssemos a dormir. Não somos mais que pó... Mas assim que um homem começa a amar, é como se fosse Deus, sente-se puro, é como nos primeiros dias da Criação...”

 

 

“O inimigo tinha cessado fogo, e isso mesmo ainda tornava mais agudo o sentimento da grave ameaça que representava aquela inacessível e insondável faixa de terreno entre os dois adversários.

“Um passo para além daquela linha que lembra a que separa os vivos dos mortos e eis-nos no mundo desconhecido do sofrimento e da morte. E lá adiante que é que está? Lá adiante, para além deste campo e desta árvore e daquele telhado iluminado pelos raios do Sol? Ninguém sabe e ninguém o deseja saber. Toda a gente tem medo de transpor aquela linha e ao mesmo tempo há como que uma tentação de fazê-lo; e o certo é que todos sabem que mais tarde ou mais cedo haverá que transpô-la e que conhecer o que lá existe, do outro lado da linha, exatamente como é inevitável virmos a saber o que fica do outro lado da morte. E no entanto todos nós nos sentimos fortes, saudáveis, cheios de vida.” Eis o que sente, sem dar por isso, todo o soldado diante do inimigo, e esta sensação, naquele instante, dá um brilho particular, um sentimento de rude alegria ao mais pequeno incidente.”

Um comentário:

Sugestão de Livros disse...

É impressionante como a obra é atual. O trecho: ”- O que toda gente espera de um ricaço é vir a receber dele qualquer coisa.” parece até frase de facebook.