Editora: Rocco
Tradução: Vera Neves Pedroso
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 124
Sinopse: Lançado
em 1940, o romance A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares, é um clássico
da ficção científica latino-americana e uma referência internacional do gênero.
Prova de sua influência é a variedade de obras que inspirou, do longa-metragem O
ano passado em Marienbad, do francês Alain Resnais, ao seriado pop
norte-americano Lost. Narrado em primeira pessoa, o livro conta a história de
um fugitivo que chega a uma ilha aparentemente deserta, com estranhas
construções que também parecem abandonadas. Um dia, ele ouve música e ruídos.
Percebe que não está sozinho e, atemorizado, busca refúgio num pântano. Aos
poucos, porém, se aproxima do grupo e se apaixona por uma mulher. Mas algo que
ele não entende ocorre ali, porque os desconhecidos não o veem e não o ouvem.
Tudo parece estar relacionado com uma misteriosa máquina inventada por um
sujeito chamado Morel e que sugere a criação de uma espécie de imortalidade,
mas por meio de imagens. O argentino Bioy Casares tinha apenas 26 anos quando
escreveu A invenção de Morel, uma obra visionária, que lança um questionamento
sobre os limites entre o real e o virtual, extremamente válido ainda hoje.
“O mundo, com o aperfeiçoamento das polícias,
dos documentos, do jornalismo, da radiotelefonia, das alfândegas, torna
irreparável qualquer erro da justiça, é um perfeito inferno para os
perseguidos.”
“Já não estou morto: estou apaixonado.”
“Julguei ter feito a seguinte descoberta: nas
nossas atitudes, tem de haver inesperadas, constantes repetições. A ocasião
favorável permitiu-me observá-lo. Ser testemunha clandestina de várias
entrevistas das mesmas pessoas não é comum. Como no teatro, as cenas se repetem.”
“(fica enunciada a possibilidade de vários
céus; se houvesse apenas um e todos fossem para lá e nos aguardasse um casal
encantador e todas as suas quartas-feiras literárias, muitos já teríamos
deixado de morrer). Entendia agora por que razão os novelistas falam em
fantasmas queixosos. Os mortos continuam entre os vivos. Custa-lhes mudar de
costumes, renunciar ao fumo, ao prestígio de violadores de mulheres.”
“Quando queremos desconfiar, a ocasião nunca
falta.”
Um comentário:
Poucos trechos, mas foram bem legais. Destaco: “Já não estou morto: estou apaixonado.” e
"Como no teatro, as cenas se repetem.”
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