quinta-feira, 28 de junho de 2012

Em busca do tempo perdido: Sodoma e Gomorra - Marcel Proust

Editora: Ediouro

ISBN: 978-85-0002-554-9

Tradução: Fernando Py

Opinião: ★★★☆☆

Páginas: 432

Sinopse: Ver primeiro livro



“Mas às vezes o futuro nos habita sem que o saibamos, e nossas palavras que creem mentir estão descrevendo uma realidade que se aproxima.”

 

 

“– Adeus, mal pude lhe falar; é assim mesmo na sociedade, a gente mal se vê, não diz as coisas que gostaria de dizer. Aliás, dá-se o mesmo em toda parte na vida. Esperemos que após a morte as coisas sejam mais bem arranjadas. Pelo menos, não haverá necessidade de estar sempre a decotar-se. E mesmo assim, quem sabe? Talvez a gente exiba os ossos e os vermes para as grandes recepções. Por que não?”

 

 

“Finalmente, foi a própria vida que ela nos declarou ser uma coisa enfadonha, sem que se soubesse com certeza de onde tirava o seu termo de comparação.”

 

 

“Mesmo que o atavismo e as parecenças de família fossem as únicas causas em jogo, é inevitável que o tio que prega o sermão tenha mais ou menos os mesmos defeitos que o sobrinho a quem foi encarregado repreender. O tio, aliás, não põe nisso nenhuma hipocrisia, enganado que está pela faculdade que têm os homens de acreditar, em cada nova circunstância, que se trata de "outra coisa", faculdade que lhes permite adotar erros artísticos, políticos, etc.; sem se aperceberem de que são os mesmos que tomaram por verdades, dez anos antes, a propósito de outra escola de pintura, que condenavam, de outro caso político, que juravam merecer o seu ódio, de que se afastaram, e que esposam sem os reconhecer sob um novo disfarce.”

 

 

“Pensava nas imagens que me haviam decidido voltar a Balbec. Eram bem diferentes das de outrora, a visão de que eu vinha buscar era tão esplêndida como a primeira era brumosa; não deviam me decepcionar menos. As imagens escolhidas pela lembrança são tão arbitrárias, tão estreitas, tão inatingíveis como as que a imaginação havia formado e a realidade destruíra. Não há motivo para que, fora de nós, um local de verdade possua de preferência os quadros da memória do que os do sonho. E depois, uma nova realidade nos fará talvez esquecer, e até mesmo detestar, os desejos em virtude dos quais tínhamos partido.”

 

 

“Frequentemente faz mal pensar.”

 

 

“Sem dúvida, embora cada qual fale mentirosamente da ternura de ser amado, sempre recusada pelo destino, trata-se de uma lei geral a que diz que a criatura a quem não amamos que nos ama pareça-nos insuportável.”

 

 

“Os prazeres que temos no sono, não os fazemos figurar na conta dos prazeres experimentados durante a existência. Para só aludirmos ao mais vulgarmente sensual de todos, qual de nós, ao despertar, não sentiu alguma irritação por ter experimentado, enquanto dormia, um prazer que, se não queremos nos cansar demais, já não podemos, uma vez despertos, renovar indefinidamente nesse dia? É como uma riqueza perdida. Tivemos prazer em uma outra vida que não a nossa. Sofrimentos e prazeres do sonho (que em geral se dissipam rapidamente ao despertar), se os fizéssemos figurar num orçamento, não seria no da vida corrente.”

 

 

“Ninguém gosta de exibir os parentes que permanecem aquilo que tanto nos esforçamos para deixar de ser.”

 

 

“Há uma coisa ainda mais difícil do que seguir uma regra: é não impô-la aos outros.”

 

 

“Por mais que minhas malas já estejam prontas, a gente nunca dispõe de tempo num dia de partida.”

Nenhum comentário: