Editora: Martins
Fontes
ISBN: 978-85-7827-069-8
Tradução: Paulo
Mendes Campos
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 87
Sinopse: Ver Parte
I
“Não se deve acusar de mentirosa uma pessoa
que sempre falou a verdade”.
“– Mas ela não teve tempo! – disse Susana. –
Mesmo que esse país existisse, Lúcia não teve tempo de ir lá. Veio correndo
atrás de nós, logo que saímos da sala. Demorou menos de um minuto, e ela diz
que passou horas lá.
– Pois é exatamente isto que me faz acreditar
na história – disse o professor. – Se, de fato, existe nessa casa uma porta
aberta para um outro mundo (e devo dizer que esta casa é muito estranha, e eu
mesmo mal a conheço), e se Lúcia conseguiu chegar a esse mundo, não ficaria
nada admirado se ela houvesse encontrado lá um tempo diferente; assim podia
muito bem acontecer que, embora ela ficasse muito tempo lá, a gente não
percebesse isso o tempo do nosso mundo. Lúcia, na idade dela, não deve saber
disso. Logo, se estivesse fingindo, deveria ficar escondida durante mais tempo,
para depois contar a mentira.
– Mas, professor, acha mesmo que pode existir
outro mundo, em qualquer lugar, tão pertinho? Será possível?
– É muito possível – disse o professor,
tirando os óculos para limpá-los. – Eu gostaria muito de saber o que estas
crianças aprendem na escola! – murmurou para si mesmo.
– Mas o que devemos fazer no momento? –
perguntou Susana, que sentia a conversa sair dos eixos.
– Minha querida Susana – disse o professor,
fitando ambos com um olhar penetrante –, há um plano ainda não sugerido por
ninguém, e que talvez valha a pena experimentar.
– Qual?
– Cada um trate de sua própria vida.”
“– Dizem que Aslam está a caminho; talvez até
já tenha chegado.
E aí aconteceu uma coisa muito engraçada. As
crianças ainda não tinham ouvido falar de Aslam, mas no momento em que o castor
pronunciou esse nome, todos se sentiram diferentes. Talvez isso já tenha
acontecido a você em sonho, quando alguém lhe diz qualquer coisa que você não
entende mas que, no sonho, parece ter um profundo significado – o qual pode
transformar o sonho em pesadelo ou em algo maravilhoso, tão maravilhoso que
você gostaria de sonhar sempre o mesmo sonho.”
“– O punhal é para sua defesa, em caso de
extrema necessidade. Porque você também não deve entrar na luta.
– Por que não, meu senhor? – disse Lúcia. –
Acho que... bem, não sei... mas acho que eu era capaz de não ter medo!
– O problema não é esse. É que as batalhas
são mais feias quando as mulheres tomam parte nelas.”
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