quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O bom soldado – Ford Madox Ford

Editora: Alfaguara
ISBN: 978-85-60281-71-8
Tradução: José Rubens Siqueira
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 240
Sinopse: Em O bom soldado, John e Florence Dowell são americanos bem-sucedidos que, em viagem pela Europa, tornaram-se amigos íntimos de um casal inglês que à primeira vista parecem exemplares. Edward Ashbyrnham, ex-militar, é o perfeito cavalheiro britânico, e a elegante Leonora, uma esposa ideal. Mas por debaixo das aparências, ambos escondem um casamento repleto de infelicidade e traições.
Em pouco tempo, os Dowell mergulham nessa rede de falsidades, em uma relação que só poderá levá-los à ruína. A história é contada por apenas um dos envolvidos - um narrador nem sempre confiável, que omite fatos, mostra dúvidas e altera a ordem dos eventos. Aos poucos, a trama se revela, mostrando que há muito mais por trás das aparências do que John e Florence poderiam imaginar. Nem mesmo o seu casamento é o que parece ser.


“Os exemplos de honestidade que se encontram neste mundo são tão incríveis quanto os exemplos de desonestidade. Depois de quarenta e cinco anos nos misturando com nossa própria espécie, devíamos ter adquirido o hábito de ser capazes de conhecer alguma coisa dos nossos próximos. Mas não se conhece.”


“Mas a verdadeira ferocidade do desejo, o verdadeiro calor de uma paixão duradoura e que consome a alma de um homem é a fome de identidade com a mulher que ele ama. Ele deseja ver com os mesmos olhos, tocar com o mesmo sentido do tato, ouvir com os mesmos ouvidos, perder sua identidade, ser envolvido, ser sustentado. Pois seja o que for que se possa dizer da relação entre os sexos, não existe homem que ame uma mulher e não deseje ir a ela para renovar sua coragem, para se distanciar de suas dificuldades. E isso será a mola principal de seu desejo por ela. Nós todos temos tanto medo, nós todos somos tão sozinhos, nós todos precisamos tanto que venha de fora a garantia de nosso próprio valor para existir.”


“E quando alguém discute um caso, um longo e triste caso, vai para trás, vai para frente. A pessoa se lembra de pontos que havia esquecido e os explica com mais minúcias quando reconhece que esqueceu de mencioná-los em seus devidos lugares e que, ao omiti-los, podia ter dado uma falsa impressão.”


“É muito singular que Leonora não tenha envelhecido nada. Suponho que haja certo tipo de beleza e mesmo de juventude afeitas ao embelezamento que vem com o suportar da tristeza. Isso está dito de forma muito elaborada. O que quero dizer é que Leonora, se tudo tivesse prosperado, podia ter ficado dura demais e, talvez, dominadora. Mas o que acontecera foi que se limitara a parecer eficiente, e ainda assim compreensiva. A mais rara de todas as mesclas. E juro que Leonora, à sua maneira contida, dava a impressão de ser intensamente solidária com o outro. Quando ela ouvia você parecia estar ouvindo algum som que vinha de muito longe. Mas mesmo assim ouvia e assimilava o que você dizia, o que, uma vez que a história da humanidade é uma história de tristezas, era, via de regra, alguma coisa triste.”


“Veja bem, não estou pregando nada contrário à moralidade aceita. Não estou advogando o amor livre nem neste nem em nenhum outro caso. A sociedade precisa continuar, suponho, e a sociedade só pode existir se os normais, se os virtuosos e se os ligeiramente enganosos florescerem, e se os apaixonados, os teimosos e os sinceros demais forem condenados ao suicídio e à loucura. Mas acredito que eu mesmo, à minha maneira frouxa, entro na categoria do apaixonado, do teimoso e do sincero demais.”

Um comentário:

redonda disse...

Cheguei aqui porque estava à procura de informações sobre o escritor Ford Madox Ford.
Gostei do seu blog e a seguir vou tentar tornar-me seguidora.
Gábi