Editora: Martin Claret
ISBN: 978-85-7232-730-5
Tradução: Pepita
de Leão
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 184
Sinopse: O
reverendo Charles Lutwidge Dodgson mais conhecido como Lewis Carroll era um
solteirão tímido e excêntrico que lecionava no Christ College em Oxford na
Inglaterra vitoriana e escrevia livros infanto-juvenis. Hoje ele é mais
conhecido pelas duas obras-primas que escreveu para crianças: Alice no País das
Maravilhas (1865) e Alice no País dos Espelhos
(1872). Ele escreveu essas histórias para entreter a pequena Alice sua modelo
fotográfico filha do deão Liddell que acabou tornando-se a heroína dessas suas
duas obras. Os dois livros tiveram extraordinário sucesso na época da
publicação e exerceram uma influência avassaladora na posteridade.
Aparentemente destinado ao público infantil na verdade ocultam questionamentos
de toda espécie lógicos ou semânticos problemas psicológicos de identidade e
até políticos tudo sob a capa de aventuras fantásticas.
“– Imagine só se guardassem também todos os meus
castigos!... – continuou ela, falando consigo mesma – Que fariam no fim do ano?
Oh! Sem dúvida, quando chegasse o dia da punição, eu iria parar na cadeia...”
“Então Alice ergueu-a em frente do espelho, para
que ela visse bem como é feio ser teimosa.
– E, se não se corrigir já e já, eu a atiro para
dentro da Casa do Espelho. Quer isso? Agora – continuou ela –, se você der atenção,
e não falar muito, eu lhe direi tudo o que sei da Casa do Espelho. Veja, primeiro
é uma sala igual à nossa, só que as coisas estão todas viradas; pode ver pelo espelho.
Subindo a uma cadeira, vejo tudo... menos a parte que fica por detrás da lareira.
E eu desejava tanto ver esse pedaço! Porque eu queria saber se eles lá têm fogo
no inverno. A gente só vê que, quando o nosso fogo aqui fumega, naquela sala também
sobe fumaça para o ar; mas isso – ora! –, isso pode ser uma fumaça fingida, para
a gente pensar que eles lá têm fogo... Vejo também os livros: são bem como os nossos,
mas as palavras são viradas: vi isso um dia, porque ergui um livro na frente do
espelho, e lá na outra sala também ergueram um. Gostaria de morar na Casa do Espelho,
Mimi? E lá lhe dariam seu leite? Quem sabe se o leite do Espelho não é bom para
beber... Mas veja, Mimi! Veja aqui! Agora vamos poder passar! Veja, deixando a porta
da nossa sala aberta, você pode enxergar uma frestinha do corredor da Casa do Espelho:
veja, é bem como o nosso, até onde a gente alcança com a vista, mas lá, mais adiante,
há de ser muito diferente. Oh, Mimi, que lindo seria, se nós pudéssemos passar para
a Casa do Espelho! Eu sei que lá dentro há muitas coisas lindas! Mimi, faça de conta
que o vidrou ficou macio como uma gaze, e que nós podemos atravessá-lo... Mas repare,
Mimi, está ficando tudo numa cerração... E, nós podemos passar agora...”
“– Afirmo-lhe, minha querida – dizia o Rei –:
fiquei gelado até as pontas das minhas barbas!
Ao que a Rainha replicou:
– Você não tem barbas...”
“– Ó Lírio-tigre! – disse ela, dirigindo-se a
uma flor que ondulava graciosamente ao vento. – Eu queria que você pudesse falar!
– Mas nós podemos falar – disse o Lírio-tigre,
– e falamos sempre que encontramos alguém que o mereça.”
“Alice nunca pôde esclarecer, quando, mais tarde,
pensava nisso, de que modo tinham começado: só o que lembrava é que corriam de mãos
dadas, e que a Rainha ia tão depressa, que ela mal podia se manter ao seu lado.
E, ainda assim, a Rainha ao sempre gritando: “Mais depressa! Mais depressa!”
E Alice via que não podia correr mais, mas nem
fôlego tinha pra dizer isso.
Mas o mais curioso era que as árvores, e as outras
coisas ao redor delas, não mudavam de lugar: por mais que corressem, parecia que
não passavam adiante de coisa alguma.
– Eu queria saber se todas as coisas se movem
conosco – pensava, assombrada, a pobre Alice.
E a Rainha parecia adivinhar-lhe os pensamentos,
porque gritava:
– Mais ligeiro! Mais ligeiro! Não fale!
Não que Alice tivesse a menor intenção de fazê-lo,
parecia-lhe que nunca mais poderia falar, e cada vez mais lhe faltava a respiração.
E ainda assim a Rainha gritava: “Mais ligeiro! Mais ligeiro!” e, puxando por ela,
arrastava-a.
Afinal, ela conseguiu dizer, ofegante:
– Estamos perto?
– Perto! – repetiu a Rainha. – Mas nós já passamos
há dez minutos! Mais ligeiro!
(...)
A Rainha encostou-a a uma árvore, e disse com
ar bondoso:
– Agora pode descansar um pouco.
A menina olhou em roda, muito surpreendida.
– Mas... creio que estive sempre debaixo desta
árvore! Tudo aqui está bem como era!
– Pois sem dúvida que está! Como queria que estivesse?
– É que na minha terra – disse Alice, ainda ofegante
–, quando a gente corre como nós corremos agora, acha sempre alguma coisa diferente.
– É uma espécie de terra muito vagarosa! – disse
a Rainha. – Agora você já viu que, para ficar no mesmo lugar, é preciso correr a
bom correr, como você fez.”
“– E o que é que ele come? – perguntou ela, olhando
para o chão, assustada.
– Chá fraco com creme dentro.
Mas ocorreu a Alice uma nova dificuldade.
– E se não achar isso?
– Então ele morre, com certeza.
– Mas isso há de acontecer muitas vezes – observou
ela, pensativa.
– Isso sempre acontece – respondeu o Mosquito.”
“– Eu sou de verdade! – exclamou Alice, chorando.
– Veja, você não fica mais real por chorar – disse
Tweedledum –, visto que você é apenas mais uma das coisas do seu sonho. Você bem
sabe que não existe de verdade.
– Se eu não fosse real – disse Alice, meio rindo
por entre as lágrimas –, tudo isto seria tão ridículo... e eu não seria capaz de
chorar.
– Mas você está pensando mesmo que essas lágrimas
são reais? – disse Tweedledum com o maior desdém.”
“– Que é que você quer comprar? – perguntou a
Ovelha, erguendo os olhos do tricô.
– Ainda não sei bem – disse Alice com delicadeza.
– Gostaria de olhar ao redor primeiro, se me dá licença...
– Pode olhar para o que está em frente e dos lados,
se quiser; mas ao redor de você não pode, a menos que tenham nascido olhos atrás
da sua cabeça.”
“Aquilo parecia já irritante, “quase como se fosse
de propósito”, pensava ela: sempre que alcançava, à custa de muito esforço, uma
moita de juncos cobiçada, aparecia outra mais linda, e mais afastada, que ela não
podia alcançar.”
“– Eu não a reconheceria se tornasse a encontrá-la.
(...) Você é tão igual as outras pessoas...”
“– Olhe para a estrada, e veja se pode avistar
algum deles.
– Ninguém aparece na estrada – disse ela.
– Oh! Quem me dera ter tais olhos! – observou
o Rei em tom impertinente. – Poder ver ninguém! E a esta distância! Porque eu, o
mais que posso fazer, com estes olhos, é ver as pessoas de verdade.”
Um comentário:
Alice belíssima ! Adoro a personagem e sua personalidade. No país das maravilhas ou através do espelho sou fã.
Gostei da postagem. Segue com o blog, conteúdo show.
Abraço,
Diego França
Blog Vida e letras
http://blogvidaeletras.blogspot.com
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