segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Os sertões: campanha de canudos (Parte I), de Euclides da Cunha

Editora: Clube de Literatura Clássica

ISBN: 978-65-8703-620-5

Opinião: ★★★☆☆

Páginas: 690

Link para compra: Clique aqui

Sinopse: A geografia brasileira descrita em pormenores — dos pampas gaúchos à bacia do São Francisco, chegando ao vale do Vaza-Barris. O homem sertanejo — suas raízes e crenças, seu isolamento histórico, suas semelhanças e diferenças com os tipos litorâneos. A Campanha de Canudos — seus antecedentes, a trajetória de Antônio Conselheiro, o conflito e a confusão entre civilização e barbárie.

Publicado pela primeira vez em 1902, Os Sertões, de Euclides da Cunha, combina descrições técnicas, análises sociológicas e esmero estilístico para retratar o embate entre as Forças Armadas brasileiras e os seguidores de Antônio Conselheiro, numa campanha surpreendente em todos os sentidos.

Fruto de seu trabalho como jornalista correspondente em Canudos, o livro de Euclides da Cunha é uma das leituras mais desafiadoras de nossa literatura. Por isso, o Clube de Literatura Clássica preparou uma edição especial com literalmente MILHARES de notas explicativas para ajudá-lo a encarar essa obra-prima.

 

“O martírio do homem, ali (no Sertão), é reflexo de tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da Vida.

Nasce do martírio secular da terra.”

 

 

Os primeiros sertanistas que a criaram, tendo suplantado em toda a linha o selvagem, depois de o dominarem escravizaram-no e captaram-no, aproveitando-lhe a índole na nova indústria que abraçavam.

Veio subsequentemente o cruzamento inevitável. E despontou logo uma raça de curibocas puros quase sem mescla de sangue africano, facilmente denunciada, hoje, pelo tipo normal daqueles sertanejos. Nasciam de um amplexo208 feroz de vitoriosos e vencidos. Criaram-se numa sociedade revolta e aventurosa, sobre a terra farta; e tiveram, ampliando os seus atributos ancestrais, uma rude escola de forca e de coragem naqueles gerais amplíssimos, onde ainda hoje ruge impune o jaguar209 e vagueia a ema velocíssima, ou nas serranias de flancos despedaçados pela mineração superficial, quando as lavras210 baianas, mais tarde, lhes deram esse derivativo à faina dos rodeios.211

Fora longo traçar-lhes a evolução do caráter. Caldeadas a índole aventureira do colono e a impulsividade do indígena, tiveram, ulteriormente, o cultivo do próprio meio que lhes propiciou, pelo insulamento, a conservação dos atributos e hábitos avoengos, ligeiramente modificados apenas consoante as novas exigências da vida. E ali estão com as suas vestes características, os seus hábitos antigos, o seu estranho aferro às tradições mais remotas, o seu sentimento religioso levado até o fanatismo, e o seu exagerado ponto de honra, e o seu folclore belíssimo de rimas de três séculos...

Raça forte e antiga, de caracteres definidos e imutáveis mesmo nas maiores crises — quando a roupa de couro do vaqueiro se faz a armadura flexível do jagunço — oriunda de elementos convergentes de todos os pontos, porém diversa das demais deste país, ela é inegavelmente um expressivo exemplo do quanto importam as reações do meio. Expandindo-se pelos sertões limítrofes ou próximos, de Goiás, Piauí, Maranhão, Ceará e Pernambuco, tem um caráter de originalidade completa expresso mesmo nas fundações que erigiu. Todos os povoados, vilas ou cidades, que lhe animam hoje o território, têm uma origem uniforme bem destacada das dos demais que demoram ao norte e ao sul.”

208. Abraço. 209. Onça. 210. De mineração. 211. Ato de reunir o gado para marcá-lo, ferrá-lo, curá-lo etc.

 

 

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.”

 

 

“(...) O vaqueiro, porém, criou-se em condições opostas, em uma intermitência, raro perturbada, de horas felizes e horas cruéis, de abastança e misérias — tendo sobre a cabeça, como ameaça perene, o sol, arrastando de envolta,303 no volver das estações, períodos sucessivos de devastações e desgraças.

Atravessou a mocidade numa intercadência de catástrofes. Fez-se homem, quase sem ter sido criança. Salteou-o, logo, intercalando-lhe agruras nas horas festivas da infância, o espantalho das secas no sertão. Cedo encarou a existência pela sua face tormentosa. É um condenado à vida. Compreendeu-se envolvido em combate sem tréguas, exigindo-lhe imperiosamente a convergência de todas as energias.

Fez-se forte, esperto, resignado e prático.

Aprestou-se, cedo, para a luta.

O seu aspecto recorda, vagamente, à primeira vista, o de guerreiro antigo exausto da refrega. As vestes são uma armadura. Envolto no gibão304 de couro curtido, de bode ou de vaqueta;305 apertado no colete também de couro; calçando as perneiras, de couro curtido ainda, muito justas, cosidas306 às pernas e subindo até as virilhas, articuladas em joelheiras de sola; e resguardados os pés e as mãos pelas luvas e guarda-pés de pele de veado — é como a forma grosseira de um campeador307 medieval desgarrado em nosso tempo.

Esta armadura, porém, de um vermelho pardo, como se fosse de bronze flexível, não tem cintilações, não rebrilha ferida pelo sol. É fosca e poenta. Envolve ao combatente de uma batalha sem vitórias...

A sela da montaria, feita por ele mesmo, imita o lombilho rio-grandense, mas é mais curta e cavada, sem os apetrechos luxuosos daquele. São acessórios uma manta de pele de bode, um couro resistente, cobrindo as ancas do animal, peitorais que lhe resguardam o peito, e as joelheiras apresilhadas às juntas.

Este equipamento do homem e do cavalo talha-se à feição do meio. Vestidos doutro modo não romperiam, incólumes, as caatingas e os pedregais cortantes.

Nada mais monótono e feio, entretanto, do que esta vestimenta original, de uma só cor — o pardo avermelhado do couro curtido — sem uma variante, sem uma lista308 sequer diversamente colorida. Apenas, de longe em longe, nas raras encamisadas,309 em que aos descantes da viola o matuto deslembra as horas fatigadas, surge uma novidade — um colete vistoso de pele de gato do mato ou de suçuarana, com o pelo mosqueado310 virado para fora, ou uma bromélia rubra e álacre fincada no chapéu de couro.

Isto, porém, é incidente passageiro e raro.

Extintas as horas do folguedo, o sertanejo perde o desgarre311 folgazão — largamente expandido nos sapateados, em que o estalo seco das alpercatas sobre o chão se perde nos tinidos das esporas e soalhas312 dos pandeiros, acompanhando a cadência das violas vibrando nos rasgados313 — e cai na postura habitual, tosco, deselegante e anguloso, num estranho manifestar de desnervamento e cansaço extraordinários.

Ora, nada mais explicável do que este permanente contraste entre extremas manifestações de força e agilidade e longos intervalos de apatia.

Perfeita tradução moral dos agentes físicos da sua terra, o sertanejo do norte teve uma árdua aprendizagem de reveses. Afez-se, cedo, a encontrá-los, de chofre, e a reagir, de pronto.

Atravessa a vida entre ciladas, surpresas repentinas de uma natureza incompreensível, e não perde um minuto de tréguas. É o batalhador perenemente combalido e exausto, perenemente audacioso e forte; preparando-se sempre para um recontro314 que não vence e em que se não deixa vencer; passando da máxima quietude à máxima agitação; da rede preguiçosa e cômoda para o lombilho duro, que o arrebata como um raio pelos arrastadores315 estreitos, em busca das malhadas.316 Reflete, nestas aparências que se contrabatem, a própria natureza que o rodeia — passiva ante o jogo dos elementos e passando, sem transição sensível, de uma estação à outra, da maior exuberância à penúria dos desertos incendidos, sob o reverberar dos estios abrasantes.

É inconstante como ela. É natural que o seja. Viver é adaptar-se. Ela talhou-o à sua imagem: bárbaro, impetuoso, abrupto...

O gaúcho, o pealador317 valente, é, certo, inimitável, numa carga318 guerreira; precipitando-se, ao ressoar estrídulo dos clarins vibrantes, pelos pampas, com o conto da lança enristada, firme no estribo; atufando-se loucamente nos entreveros;319 desaparecendo, com um grito triunfal, na voragem320 do combate, onde espadanam321 cintilações de espadas; transmudando o cavalo em projétil e varanda quadrados322 e levando de rojo323 o adversário no rompão324 das ferraduras, ou tombando, prestes,325 na luta, em que entra com despreocupação soberana pela vida.

O jagunço é menos teatralmente heroico; é mais tenaz; é mais resistente; é mais perigoso; é mais forte; é mais duro.

Raro assume esta feição romanesca e gloriosa. Procura o adversário com o propósito firme de o destruir, seja como for.

Está afeiçoado aos prélios326 obscuros e longos, sem expansões entusiásticas. A sua vida é uma conquista arduamente feita, em faina diuturna.327 Guarda-a como capital precioso. Não esperdiça a mais ligeira contração muscular, a mais leve vibração nervosa sem a certeza do resultado. Calcula friamente o pugilato. Ao riscar da faca328 não dá um golpe em falso. Ao apontar a lazarina329 longa ou o trabuco330 pesado, dorme na pontaria...331

Se, ineficaz o arremesso fulminante, contrário332 enterreirado não baqueia, o gaúcho, vencido ou pulseado,333 é fragílimo nas aperturas de uma situação inferior ou indecisa.

O jagunço, não. Recua. Mas, no recuar é mais temeroso ainda. É um negacear334 demoníaco. O adversário tem, daquela hora em diante, visando-o pelo cano da espingarda, um ódio inextinguível, oculto no sombreado das tocaias...”

303. De mistura, simultaneamente. 304. Espécie de casaco curto, sem mangas. 305. Couro de vitela, feita com a parte externa da pele, e, portanto, menos espesso. 306. Costuradas; aqui, em sentido figurado: pegadas. 307. Cavaleiro realizador de façanhas. 308. O mesmo que “listra”. 309. Bernucci cita a própria definição do autor: “festa; cavalhada noturna com lanternas, cavaleiros vestidos de branco, os cavalos cobertos de alvas e compridas mantas”. 310. Pintado, malhado. 311. Atrevimento, atitude de liberdade. 312. Chapas metálicas dos pandeiros, que se chocam com o movimento do músico, produzindo som. 313. Toque de viola ou violão que consiste em passar o polegar ou demais dedos sobre todas as cordas, num movimento único e veloz. 314. Combate. 315. Trilhas abertas no mato que levam à roça ou aos pastos. 316. Rebanhos. Também, lugares onde o gado descansa ou dorme. 317. Laçador. O “pealo” é um laço com que se usa para derrubar a rês pelas patas. 318. Investida. 319. Momento em que as forças adversárias se chocam e se misturam. 320. Sorvedouro; abismo. 321. Rebrilham em espadanas (isto é, em formato de espadas). 322. Quadrados napoleônicos, mais conhecidos como “quadrado de infantaria” ou “quadrado oco”; formação militar em que os soldados, armados de baionetas, se dispõem em quadrado. O exército brasileiro usou tal formação na Revolução Federalista, ocorrida no Sul entre 1893 e 1895, pouco antes da Campanha de Canudos. Os sulistas conseguiam romper a formação (“varando os quadrados”) com o uso de cavalos, aos quais se prendia um laço de couro. Os cavaleiros disparavam (“transmudando o cavalo em projétil”) e, com o laço, derrubavam pelas pernas os soldados em formação (“levando de rojo o adversário”). (Agradecemos a José Francisco Botelho pela explicação.) Bernucci define “quadrados” com o sentido, registrado por Houaiss, de “nas antigas fazendas, aglomerados de habitações de escravos”. Não atinamos como esse sentido poderia se encaixar aqui. 323. De rastros. 324. Extremidade posterior e mais elevada das ferraduras. 325. Pronto, disposto. 326. Combates, batalhas. 327. Duradoura, contínua. 328. Isto é, estando a faca desembainhada. 329. Espingarda de um único cano e pequeno calibre, também muito usada para caçar passarinho. 330. Espingarda de um cano e boca larga, para espalhar melhor o chumbo. 331. Até achar o momento oportuno para atirar. 332. Inimigo. 333. Rendido pelo pulso do adversário; “pulsear” é disputar queda-de-braço. 334. Trapacear, dissimular.

 

 

“O homem dos sertões — pelo que esboçamos — mais do que qualquer outro, está em função imediata da terra. É uma variável dependente no jogar dos elementos. Da consciência da fraqueza para os debelar resulta, mais forte, este apelar constante para o maravilhoso, esta condição inferior de pupilo estúpido da divindade. Em paragens mais benéficas a necessidade de uma tutela sobrenatural não seria tão imperiosa. Ali, porém, as tendências pessoais como que se acolchetam às vicissitudes externas, e deste entrelaçamento resulta, copiando o contraste que observamos entre a exaltação impulsiva e a apatia enervadora da atividade, a indiferença fatalista pelo futuro e a exaltação religiosa. Os ensinamentos dos missionários não poderiam exercitar-se estremes486 das tendências gerais da sua época. Por isto, como um palimpsesto487, a consciência imperfeita dos matutos revela nas quadras agitadas, rompendo dentre os ideais belíssimos do catolicismo incompreendido, todos os estigmas de estádio inferior.

É que, mesmo em períodos normais, a sua religião é indefinida e vária. Da mesma forma que os negros Haúças,488 adaptando à liturgia todo o ritual iorubano,489 realizam o fato anômalo, mas vulgar mesmo na capital da Bahia, de seguirem para as solenidades da Igreja por ordem dos fetiches,490 os sertanejos, herdeiros infelizes de vícios seculares, saem das missas consagradas para os ágapes selvagens dos candomblés africanos ou poracês491 do tupi. Não espanta que patenteiem, na religiosidade indefinida, antinomias492 surpreendentes.

Quem vê a família sertaneja, ao cair da noite, ante o oratório tosco ou registro493 paupérrimo, à meia luz das candeias de azeite, orando pelas almas dos mortos queridos, ou procurando alentos à vida tormentosa, encanta-se.

O culto dos mortos é impressionador. Nos lugares remotos, longe dos povoados, inumam-nos à beira das estradas, para que não fiquem de todo em abandono, para que os rodeiem sempre as preces dos viandantes, para que nos ângulos da cruz deponham estes, sempre, uma flor, um ramo, uma recordação fugaz mas renovada sempre. E o vaqueiro, que segue arrebatadamente, estaca, prestes, o cavalo, ante o humilde monumento — uma cruz sobre pedras arrumadas — e, a cabeça descoberta, passa vagaroso, rezando pela salvação de quem ele nunca viu talvez, talvez de um inimigo.

A terra é o exílio insuportável, o morto um bem-aventurado sempre.

O falecimento de uma criança é um dia de festa. Ressoam as violas na cabana dos pobres pais, jubilosos entre as lágrimas; referve o samba turbulento; vibram nos ares, fortes, as coplas494 dos desafios; enquanto, a uma banda, entre duas velas de carnaúba, coroado de flores, o anjinho exposto espelha, no último sorriso paralisado, a felicidade suprema da volta para os céus, para a felicidade eterna — que é a preocupação dominadora daquelas almas ingênuas e primitivas.”

486. Puros, incontaminados. 487. Em sentido literal, manuscrito. 488. Etnia africana que se concentra na Nigéria e no Níger. 489. Os iorubás são o segundo maior grupo étnico da Nigéria, e se encontram também em outros países; não se confundem com os hauçás. Os escravos iorubás eram chamados no Brasil de nagôs. 490. Ídolos. A palavra “fetiche” (que veio do francês fétiche, e este, por sua vez, do português feitiço), designa qualquer objeto que se crê possuir poderes sobrenaturais. 491. Do tupi poraseîa, danças rituais. 492. Contradições. 493. Imagem de santo. 494. Pequenas composições poéticas, em redondilhas, para serem cantadas. 495. Estragam, corrompem. 496. Rio que corta Pernambuco. No município de Serra Talhada, às suas margens, nasceu o Lampião.

 

 

“Por outro lado, fatos igualmente impressionadores contrabatem tais aberrações. A alma de um matuto é inerte ante as influências que a agitam. De acordo com estas pode ir da extrema brutalidade ao máximo devotamento.”

 

 

É difícil traçar no fenômeno a linha divisória entre as tendências pessoais e as tendências coletivas: a vida resumida do homem é um capítulo instantâneo da vida de sua sociedade...

Acompanhar a primeira é seguir paralelamente e com mais rapidez a segunda: acompanhá-las juntas é observar a mais completa mutualidade de influxos.”

 

 

“Antônio Conselheiro foi um gnóstico bronco.

Veremos mais longe a exação538 do símile.

Paranoico indiferente, este dizer, talvez, mesmo não lhe possa ser ajustado, inteiro. A regressão ideativa que patenteou, caracterizando-lhe o temperamento vesânico,539 é, certo, um caso notável de degenerescência intelectual, mas não o isolou — incompreendido, desequilibrado, retrógrado, rebelde — no meio em que agiu.

Ao contrário, este fortaleceu-o. Era o profeta, o emissário das alturas, transfigurado por ilapso540 estupendo, mas adstrito a todas as contingências humanas, passível do sofrimento e da morte, e tendo uma função exclusiva: apontar aos pecadores o caminho da salvação. Satisfez-se sempre com este papel de delegado dos céus. Não foi além. Era um servo jungido à tarefa dura; e lá se foi, caminho dos sertões bravios, largo tempo, arrastando a carcaça claudicante, arrebatado por aquela ideia fixa, mas de algum modo lúcido em todos os atos, impressionando pela firmeza nunca abalada e seguindo para um objetivo fixo com finalidade irresistível.

A sua frágil consciência oscilava em torno dessa posição média, expressa pela linha ideal que Maudsley541 lamenta não se poder traçar entre o bom senso e a insânia.

Parou aí indefinidamente, nas fronteiras oscilantes da loucura, nessa zona mental onde se confundem facínoras e heróis, reformadores brilhantes e aleijões tacanhos, e se acotovelam gênios e degenerados. Não a transpôs. Recalcado pela disciplina vigorosa de uma sociedade culta, a sua nevrose explodiria na revolta, o seu misticismo comprimido esmagaria a razão. Ali, vibrando a primeira uníssona com o sentimento ambiente, difundido o segundo pelas almas todas que em torno se congregavam, se normalizaram.

O fator sociológico, que cultivara a psicose mística do indivíduo, limitou-a sem a comprimir, numa harmonia salvadora. De sorte que o espírito predisposto para a rebeldia franca contra a ordem natural cedeu à única reação de que era passível. Cristalizou num ambiente propício de erros e superstições comuns.

A sua biografia compendia e resume a existência da sociedade sertaneja. Esclarece o conceito etiológico542 da doença que o vitimou.”

538. Exatidão. 539. Maníaco, insano. 540. Influência que Deus exerce sobre as pessoas. 541. Henry Maudsley (1835-1918) foi o mais célebre psiquiatra inglês da Era Vitoriana. Foi o proponente da teoria da degeneração, segundo a qual vícios como o alcoolismo causaria desordens nas gerações subsequentes de uma família (ideia cara a Émile Zola, que a explorou em seus romances). Também contribuiu para o desenvolvimento de conceitos como responsabilidade penal e sociopatia. Euclides da Cunha fechará Os Sertões mencionando o seu nome. 542. Relativo à causa (aqui, da doença).

 

 

UMA VIDA BEM AUSPICIADA. PRIMEIROS REVESES; E A QUEDA

Nada se sabe ao certo sobre o papel que coube a Vicente Mendes Maciel, pai de Antônio Vicente Mendes Maciel (o Conselheiro), nesta luta deplorável. Os seus contemporâneos pintam-no como “homem irascível mas de excelente caráter, meio visionário e desconfiado, mas de tanta capacidade que, sendo analfabeto, negociava largamente em fazendas, trazendo tudo perfeitamente contado e medido de memória, sem mesmo ter escrita para os devedores”.

O filho, sob a disciplina de um pai de honradez proverbial e ríspido, teve educação que de algum modo o isolou da turbulência da família. Indicam-no testemunhas de vista,570 ainda existentes, como adolescente tranquilo e tímido, sem o entusiasmo feliz dos que seguem as primeiras escalas da vida; retraído, avesso à troça, raro deixando a casa de negócio do pai, em Quixeramobim, de todo entregue aos misteres de caixeiro consciencioso, deixando passar e desaparecer vazia a quadra triunfal dos vinte anos. Todas as histórias, ou lendas entretecidas de exageros, segundo o hábito dos narradores do sertão, em que eram muita vez protagonistas os seus próprios parentes, eram-lhe entoadas em torno evidenciando-lhes sempre a coragem tradicional e rara. A sugestão das narrativas, porém, tinha o corretivo enérgico da ríspida sisudez do velho Mendes Maciel e não abalava o ânimo do rapaz. Talvez ficasse latente, pronta a se expandir em condições mais favoráveis. O certo é que falecendo aquele em 1855, vinte anos depois dos trágicos sucessos que rememoramos, Antônio Maciel prosseguiu na mesma vida corretíssima e calma.

Arrostando com a tarefa de velar por três irmãs solteiras revelou abnegação rara. Somente depois de as ter casado procurou, por sua vez, um enlace que lhe foi nefasto.

Data daí a sua existência dramática. A mulher foi a sobrecarga adicionada à tremenda tara571 hereditária, que desequilibraria uma vida iniciada sob os melhores auspícios.

A partir de 1858 todos os seus atos denotam uma transformação de caráter. Perde os hábitos sedentários. Incompatibilidades de gênio com a esposa ou, o que é mais verossímil, a péssima índole desta, tornam instável a sua situação.

Em poucos anos vive em diversas vilas e povoados. Adota diversas profissões.

Nesta agitação, porém, percebe-se a luta de um caráter que se não deixa abater. Tendo ficado sem bens de fortuna, Antônio Maciel, nesta fase preparatória de sua vida, a despeito das desordens do lar, ao chegar a qualquer nova sede de residência procura logo um emprego, um meio qualquer honesto de subsistência. Em 1859, mudando-se para Sobral, emprega-se como caixeiro. Demora-se, porém, pouco ali. Segue para Campo Grande, onde desempenha as funções modestas de escrivão do juiz de paz. Daí, sem grande demora, se desloca para Ipu. Faz-se solicitador,572 ou requerente no fórum.

Nota-se já em tudo isto um crescendo para profissões menos trabalhosas, exigindo cada vez menos a constância do esforço; o contínuo despear-se da disciplina primitiva, a tendência acentuada para a atividade mais irrequieta e mais estéril, o descambar para a vadiagem franca. Ia-se-lhe ao mesmo tempo, na desarmonia do lar, a antiga serenidade.

Este período de vida mostra-o, todavia, aparelhado de sentimentos dignos. Ali estavam, em torno, permanentes lutas partidárias abrindo-lhe carreira aventurosa, em que poderia entrar como tantos outros, ligando-se aos condutícios573 de qualquer conquistador de urnas, para o que tinha o prestígio tradicional da família. Evitou-as sempre. E na descensão contínua, percebe-se alguém que perde o terreno, mas lentamente, reagindo, numa exaustão dolorosa.

De repente, surge-lhe revés violento. O plano inclinado daquela vida em declive termina, de golpe, em queda formidável. Foge-lhe a mulher, em Ipu, raptada por um policial. Foi o desfecho. Fulminado de vergonha, o infeliz procura o recesso dos sertões, paragens desconhecidas, onde lhe não saibam o nome; o abrigo da absoluta obscuridade.

Desce para o sul do Ceará.

Ao passar em Paus Brancos, na estrada do Crato, fere com ímpeto de alucinado, à noite, um parente, que o hospedara. Fazem-se breves inquirições policiais, tolhidas logo pela própria vítima reconhecendo a não culpabilidade do agressor. Salva-se da prisão. Prossegue depois para o sul, à toa, na direção do Crato. E desaparece...

Passam-se dez anos. O moço infeliz de Quixeramobim ficou de todo esquecido. Apenas uma ou outra vez lhe recordavam o nome e o termo escandaloso da existência, em que era magna pars574 um Lovelace575 de coturno reiuno,576 um sargento de polícia.

Graças a este incidente, algo ridículo, ficara nas paragens natais breve resquício de sua lembrança.

Morrera por assim dizer.

 

COMO SE FAZ UM MONSTRO

... E surgia na Bahia o anacoreta577 sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado578 ao clássico bastão em que se apoia o passo tardo dos peregrinos...

É desconhecida a sua existência durante tão largo período. Um velho caboclo, preso em Canudos nos últimos dias da campanha, disse-me algo a respeito, mas vagamente, sem precisar datas, sem pormenores característicos. Conhecera-o nos sertões de Pernambuco, um ou dois anos depois da partida do Crato. Das palavras desta testemunha, concluí que Antônio Maciel, ainda moço, já impressionava vivamente a imaginação dos sertanejos. Aparecia por aqueles lugares sem destino fixo, errante. Nada referia sobre o passado. Praticava em frases breves e raros monossílabos. Andava sem rumo certo, de um pouso para outro, indiferente à vida e aos perigos, alimentando-se mal e ocasionalmente, dormindo ao relento à beira dos caminhos, numa penitência demorada e rude...

Tornou-se logo alguma coisa de fantástico ou mal-assombrado para aquelas gentes simples. Ao abeirar-se das rancharias dos tropeiros aquele velho singular, de pouco mais de trinta anos, fazia que cessassem os improvisos e as violas festivas.

Era natural. Ele surdia579 — esquálido e macerado — dentro do hábito escorrido,580 sem relevos, mudo, como uma sombra, das chapadas povoadas de duendes...581

Passava, buscando outros lugares, deixando absortos os matutos supersticiosos.

Dominava-os, por fim, sem o querer.

No seio de uma sociedade primitiva, que pelas qualidades étnicas e influxo582 das santas missões malévolas compreendia melhor a vida pelo incompreendido dos milagres, o seu viver misterioso rodeou-o logo de não vulgar prestígio, agravando-lhe, talvez, o temperamento delirante. A pouco e pouco todo 0 domínio que, sem cálculo, derramava em torno, parece haver refluído sobre si mesmo. Todas as conjeturas ou lendas que para logo o circundaram fizeram o ambiente propício ao germinar do próprio desvario. A sua insânia estava, ali, exteriorizada. Espelhavam-na a admiração intensa e o respeito absoluto que o tornaram em pouco tempo árbitro incondicional de todas as divergências ou brigas, conselheiro predileto em todas as decisões. A multidão poupara-lhe o indagar torturante acerca do próprio estado emotivo, o esforço dessas interrogativas angustiosas e dessa intuspecção delirante, entre os quais envolve a loucura nos cérebros abalados. Remodelava-o à sua imagem. Criava-o. Ampliava-lhe, desmesuradamente, a vida, lançando-lhe dentro os erros de 2 mil anos.

Precisava de alguém que lhe traduzisse a idealização indefinida, e a guiasse nas trilhas misteriosas para os céus...

O evangelizador surgiu, monstruoso, mas autômato.

Aquele dominador foi um títere.583 Agiu passivo, como uma sombra. Mas esta condensava o obscurantismo de três raças.

E cresceu tanto que se projetou na História...”

570. Oculares. 571. Defeito considerado hereditário. 572. Segundo a definição de Houaiss, “procurador legalmente habilitado e provisionado, a quem, na qualidade de auxiliar do advogado, compete assistir o andamento dos feitos, receber intimações de despachos ordinários, assinar os termos de recursos, assistir e praticar atos de cartório.” 573. Mercenários. 574. “Grande parte”, em latim. A referência é aos primeiros versos do segundo livro da Eneida (3-6): Infandum, regina, iubes renouare dolorem, / Troianas ut opes et lamentabile regnum / eruerint Danai, quaeque ipse miserrima uidi / et quorum pars magna fui. (“Ordenas, rainha, se renove a dor infanda / como o poderio troiano e seu lamentável reino / os Dânaos desbarataram, coisas deploráveis que eu mesmo vi / e das quais fui grande parte.” Tradução e grifos nossos.) 575. Robert Lovelace, vilão do romance Clarissa (1748), de Samuel Richardson Lovelace é um personagem cínico e ambicioso, que assedia a protagonista até conseguir estuprá-la. 576. Fornecido pelo Estado, em se tratando de itens militares; por extensão: de baixa qualidade. 577. Monge solitário, eremita. 578. Apoiado (em um bordão). 579. Surgia, emergia. 580. Desbotado. 581. Criaturas do folclore ibérico, trazidas para a América Latina. A etimologia mais aceita é que a palavra provém do espanhol duen’ de casa (“dono de casa”). Os duendes têm vários poderes mágicos e são conhecidos por suas travessuras; entre as peças que podem pregar nos humanos contam-se doenças ou mesmo a morte. 582. Influência. 583. Marionete.

 

 

O Conselheiro continuou sem tropeços na missão pervertedora, avultando na imaginação popular.

Apareciam as primeiras lendas.

Não as arquivaremos todas.

Fundou o arraial do Bom Jesus; e contam as gentes assombradas que em certa ocasião, quando se construía a belíssima igreja que lá está, esforçando-se debalde dez operários por erguerem pesado baldrame,654 o predestinado trepou sobre o madeiro e ordenou, em seguida, que dois homens apenas o levantem; e o que não haviam conseguido tantos, realizaram os dois rapidamente, sem esforço algum...

Outra vez — ouvi o estranho caso a pessoas que se não haviam deixado fanatizar! — chegou a Monte Santo e determinou que se fizesse uma procissão pela montanha acima, até a última capela, no alto. Iniciou-se à tarde a cerimônia. A multidão derivou, lenta, pela encosta clivosa,655 entoando benditos,656 estacionando nos “passos”, contrita. Ele seguia na frente — grave e sinistro — descoberto, agitada pela ventania forte a cabeleira longa, arrimando-se ao bordão inseparável. Desceu a noite. Acenderam-se as tochas dos penitentes, e a procissão, estendida na linha de cumeadas, traçou uma estrada luminosa no dorso da montanha...

Ao chegar à Santa Cruz, no alto, Antônio Conselheiro, ofegante, senta-se no primeiro degrau da tosca escada de pedra, e queda-se estático, contemplando os céus, o olhar imerso nas estrelas...

A primeira onda de fiéis enche logo o âmbito restrito da capela, enquanto outros permanecem fora ajoelhados sobre a rocha aspérrima.

O contemplativo, então, levanta-se. Mal sofreia657 o cansaço. Entre alas respeitosas, penetra, por sua vez, na capela, pendida para o chão a cabeça, humílimo e abatido, arfando.

Ao abeirar-se do alta-mor, porém, ergue o rosto pálido, emoldurado pelos cabelos em desalinho. E a multidão estremece toda, assombrada... Duas lágrimas sangrentas rolam, vagarosamente, no rosto imaculado da Virgem Santíssima...

Estas e outras lendas são ainda correntes no sertão. natural. Espécie de grande homem pelo avesso, Antônio Conselheiro reunia no misticismo doentio todos os erros e superstições que formam o coeficiente de redução658 da nossa nacionalidade. Arrastava o povo sertanejo não porque o dominasse, mas porque o dominavam as aberrações daquele. Favorecia-o o meio e ele realizava, às vezes, como vimos, o absurdo de ser útil. Obedecia à finalidade irresistível de velhos impulsos ancestrais; e jugulado por ela espelhava em todos os atos a placabilidade de um evangelhista incomparável.

De feito, amortecia-lhe a nevrose inexplicável placidez.

Certo dia o vigário de uma freguesia sertaneja vê chegar à sua porta um homem extremamente magro e sucumbido: longos cabelos despenteados pelos ombros, longas barbas descendo pelo peito; uma velha figura de peregrino a que não faltavam o crucifixo tradicional, suspenso a um lado entre as camândulas659 da cintura, e o manto poento e gasto, e a borracha660 d’água, e o bordão comprido...

Dá-lhe o pároco com que se alimente, aceita um pedaço de pão apenas; oferece-lhe um leito, prefere uma tábua sobre que se deita sem cobertas, vestido, sem mesmo desatacar as sandálias.

No outro dia o singularíssimo hóspede, que poucas palavras até então pronunciara, pede ao padre lhe conceda pregar por ocasião da festa que ia realizar-se na igreja.

— Irmão não tendes ordens; a Igreja não permite que pregueis.

— Deixai-me, então, fazer a via sacra.

— Também não posso, vou eu fazê-la, contraveio mais uma vez o sacerdote.

O peregrino, então, encarou-o fito por algum tempo, e sem dizer palavra tirou de sob a túnica um lenço. Sacudiu o pó das alpercatas. E partiu.

Era o clássico protesto inofensivo e tranquilo dos apóstolos.661

 

***

 

A reação, porém, crescendo, malignou-lhe o ânimo. Dominador incondicional, principiou de se irritar ante a menor contrariedade.

Certa vez, em Natuba, estando ausente o vigário, com quem não estava em boas graças, apareceu e mandou carregar pedras para consertos da igreja. Chega o padre; vê a invasão dos domínios sagrados; irrita-se e resolve pôr embargos à desordem. Era homem prático; apelou para o egoísmo humano.

Tendo a Câmara, dias antes, imposto aos proprietários o calçamento dos passeios das casas, cedeu ao povo, para tal fim, as pedras já acumuladas.

O Conselheiro não se limitou, desta vez, a sacudir as sandálias. Saiu-lhe da boca a primeira maldição, às portas da cidade ingrata; e partiu.

Tempos depois, a pedido do mesmo vigário, certa influência política do local o chamou. O templo desabava em ruínas; o mato invadira todo o cemitério; e a freguesia662 era pobre. Só podia renová-los quem tão bem dispunha dos matutos crédulos. O apóstolo deferiu ao convite. Mas fê-lo através de imposições discricionárias,663 relembrando, com altaneria664 destoante da pacatez antiga, a afronta recebida.

Iam-no tornando mau.

Viu a República com maus olhos e pregou, coerente, a rebeldia contra as novas leis. Assumiu desde 1893 uma feição combatente inteiramente nova.

Originou-a fato de pouca monta.

Decretada a autonomia dos municípios, as Câmaras das localidades do interior da Bahia tinham afixado nas tábuas tradicionais, que substituem a imprensa, editais para a cobrança de impostos etc.

Ao surgir esta novidade Antônio Conselheiro estava em Bom Conselho. Irritou-o a imposição; e planeou revide imediato. Reuniu o povo num dia de feira e, entre gritos sediciosos e estrepitar de foguetes, mandou queimar as tábuas numa fogueira, no largo. Levantou a voz sobre o “auto de fé”,665 que a fraqueza das autoridades não impedira, e pregou abertamente a insurreição contra as leis.

Avaliou, depois, a gravidade do atentado.

Deixou a vila, tomando pela estrada de Monte Santo, para o norte.

O acontecimento repercutira na capital, de onde partiu numerosa força de polícia para prender o rebelde e dissolver os grupos turbulentos. Estes naquela época não excediam a duzentos homens. A tropa alcançou-os em Maceté, lugar desabrigado e estéril entre Tucano e Cumbe, nas cercanias dás serras do Ovó. As trinta praças, bem armadas, atacaram impetuosamente a turba de penitentes depauperados, certas de os destroçarem à primeira descarga. Deram, porém, de frente, com os jagunços destemerosos. Foram inteiramente desbaratadas, precipitando-se na fuga, de que fora o primeiro a dar o exemplo o próprio comandante.

Esta batalha minúscula teria, infelizmente, mais tarde muitas cópias ampliadas.

Realizada a façanha, os crentes acompanharam, reatando a marcha, a hégira do profeta. Não procuravam mais os povoados, como dantes. Demandavam o deserto.

O desbarato da tropa prenunciava-lhes perseguições mais vigorosas; e, certos do amparo da natureza selvagem, contavam com a vitória enterreirando entre as caatingas os novos contendores. Estes partiram, de fato, sem perda de tempo, da Bahia,666 em número de oitenta praças, de linha. Mas não prosseguiram além de Serrinha, de onde tornaram sem se aventurarem com o sertão. Antônio Conselheiro, porém, não se iludiu com o inexplicável recuo, que o salvara. Arrastou a matula de fiéis, a que se aliavam, dia a dia, dezenas de prosélitos, pelas trilhas sertanejas fora, seguindo prefixado rumo.

Conhecia o sertão. Percorrera-o todo numa romaria ininterrupta de vinte anos. Sabia de paragens ignotas de onde o não arrancariam. Marcara-as já, talvez prevenindo futuras vicissitudes.

Endireitou, rumo firme, em cheio para o norte.

Os crentes acompanharam-no. Não inquiriram para onde seguiam. E atravessaram serranias íngremes, tabuleiros estéreis e chapadas rasas, longos dias, vagarosamente, na marcha cadenciada pelo toar das ladainhas e pelo passo tardo do profeta...”

655. Escarpada. 656. Benedictus, o “Cântico de Zacarias”. Trata-se do cântico entoado pelo pai de João Batista após seu nascimento (Lucas 1,68-79); teve amplo uso litúrgico. 657. Refreia, contém. 658. Na matemática, coeficiente usado para reduzir proporcionalmente uma figura. 659. Rosário de contas grossas. 660. Espécie de odre bojudo e de boca estreita. 661. Mateus 10, 11-15: “E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” Cf. Marcos 6, 10-11 e Lucas 9, 4-5. 662. Paróquia. 663. Livre de condições ou restrições. 664. Altivez. 665. Cerimônia pública da Inquisição em que um acusado fazia penitência e era sentenciado. 666. Isto é, a Cidade da Bahia (Salvador).

Nenhum comentário: