quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A Festa do Bode, de Mario Vargas Llosa

Editora: Alfaguara

Opinião: ★★★★☆

Tradução: Paulina Wacht e Ari Roitman

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ISBN: 978-85-7962-063-8

Páginas: 456

Sinopse: A Festa do Bode é um dos romances mais importantes de Mario Vargas Llosa. Com uma pesquisa histórica rigorosa e uma preocupação flaubertiana pelos detalhes, ele recria uma República Dominicana de meados do século XX para recontar a história do general Rafael Leonidas Trujillo Molina — o “Bode” — e a implacável ditadura que implantou no país durante seus 31 anos de governo. Ao entrelaçar três histórias – a volta de Urania a Santo Domingo, após 35 anos, para visitar o pai doente; o círculo mais próximo a Trujillo, com suas intrigas e execuções; e um grupo de insurgentes que prepara um atentado ao ditador —, Vargas Llosa relata o fim de uma era e discute a natureza insaciável dos regimes totalitários.



“Chegou ao Hispaniola. Urania está suando, o coração acelerado. Pela avenida George Washington passa um duplo rio de carros, caminhonetes e caminhões, e ela tem a impressão de que todos estão com os rádios ligados e o barulho vai arrebentar seus tímpanos. Às vezes surge uma cabeça masculina em algum veículo e por um instante seus olhos cruzam com uns olhos varonis que espreitam seus peitos, suas pernas, seu traseiro. Esses olhares. Ela está esperando para atravessar e pensa outra vez, como ontem, como anteontem, que está em terra dominicana. Em Nova York ninguém mais olha as mulheres com esse descaramento. Medindo, avaliando, calculando quanta carne há em cada peito e em cada coxa, quantos pelos em seu púbis e a curva exata das suas nádegas. Fecha os olhos, sentindo uma ligeira vertigem. Em Nova York, nem os latinos, dominicanos, colombianos, guatemaltecos olham mais assim. Eles aprenderam a se reprimir, entenderam que não podem olhar as mulheres como os cachorros olham as cadelas, os cavalos as éguas, os porcos as porcas.”

 

 

“Toda a sociedade local estava na recepção oferecida ao Chefe pela diretoria do Partido Dominicano de Barahona, no clube. Havia dança e bebida. O Chefe, muito alegre, já tarde da noite, diante de um vasto auditório de homens sós — militares da Fortaleza local, ministros, senadores e deputados que o acompanhavam, governadores e personalidades de destaque — que ele estivera distraindo com histórias da sua primeira campanha política, três décadas antes, de repente, com o olhar sentimental, nostálgico que costumava ter no final das festas, exclamou, parecendo ceder a um rompante de franqueza:

— Eu sempre fui um homem muito amado. Um homem que teve nos braços as mulheres mais belas do país. Foram elas que me deram a energia para endireitá-lo. Sem elas, eu jamais teria feito tudo o que fiz. (Levantou o copo contra a luz, olhou o líquido, examinou sua transparência, a nitidez da sua cor.) Sabem qual foi a melhor, de todas as que comi? (“Perdoem, meus amigos, a rudeza do verbo”, desculpou-se o diplomata, “mas estou citando Trujillo textualmente”.) (Fez outra pausa, aspirou o aroma do copo de brandy. A cabeça prateada procurou e encontrou, no círculo de homens que estavam ali ouvindo, o rosto lívido e gorducho do ministro. E concluiu:) A mulher de Froilán!

Urania faz uma careta, tão enojada como aquela noite, ao ouvir o embaixador Chirinos acrescentar que don Froilán tinha sorrido heroicamente, rido e aplaudido junto com os outros a brincadeira do Chefe. “Branco como papel, ele não desmaiou, nem caiu fulminado por um ataque”, detalhou o diplomata.

— Como era possível, papai? Que um homem como Froilán Arala, culto, preparado, inteligente, pudesse aceitar isso. O que Trujillo fazia com vocês? O que ele lhes dava, para fazer don Froilán, Chirinos, Manuel Alfonso, você, todos os seus braços direitos e esquerdos se transformarem em panos de chão?

Você não entende isso, Urania. Conseguira entender muitas coisas da Era; algumas, a princípio, pareciam inexplicáveis, mas, de tanto ler, ouvir, cotejar e pensar, você entendeu como tantos milhões de pessoas, acossadas pela propaganda, pela falta de informação, embrutecidas pela doutrinação, o isolamento, despojadas de livre-arbítrio, de vontade e até de curiosidade devido ao medo e à prática do servilismo e da obsequiosidade, chegaram a divinizar Trujillo. Não apenas a temê-lo, mas também a amá-lo, como os filhos amam os pais autoritários, convencidos de que as pancadas e castigos são para o seu próprio bem. O que você nunca entendeu é como os dominicanos mais bem-preparados, as cabeças pensantes do país, advogados, médicos, engenheiros, às vezes diplomados em excelentes universidades dos Estados Unidos ou da Europa, sensíveis, cultos, com experiência, leituras, ideias, supostamente um senso de ridículo bem-desenvolvido, sentimentos, pruridos, aceitaram ser humilhados de forma brutal (e todos o foram alguma vez), como fez aquela noite, em Barahona, don Froilán Arala.”

 

 

“— Só os muito ricos podem se dar ao luxo de não trabalhar para Trujillo.”

 

 

“Desde jovem, Salvador percebera como era difícil, às vezes impossível, submeter a conduta diária aos mandamentos da sua religião. Seus princípios e crenças, apesar de serem tão firmes, não o tinham freado na hora da farra nem para correr atrás de saias. Nunca se arrependeria o suficiente de ter gerado dois filhos naturais antes de casar-se com sua mulher atual, Urania Mieses. Eram erros que lhe davam vergonha, que tentava redimir, mas não conseguia aplacar sua consciência. Sim, era muito difícil não ofender Cristo na vida do dia a dia. Ele, um pobre mortal, marcado pelo pecado original, era prova das fraquezas congênitas do homem. Mas como podia errar a Igreja inspirada por Deus, apoiando um desalmado?

Até que, há dezesseis meses — nunca esqueceria esse dia —, no domingo 25 de janeiro de 1960 aconteceu aquele milagre. Um arco-íris no céu dominicano. O dia 21 tinha sido a festa da padroeira, Nossa Senhora de Altagracia, e, também, o da pior investida contra militantes do 14 de Junho*. A igreja da Altagracia, naquela manhã ensolarada santiaguense, estava lotada. De repente, no púlpito, com voz firme, o padre Cipriano Fortín começou a leitura — os pastores de Cristo faziam o mesmo em todas as igrejas dominicanas — daquela Carta Pastoral do episcopado que estremeceu a República. Foi um ciclone, mais dramático ainda que aquele, famoso, de San Zenón, que em 1930, no começo da Era de Trujillo, destruiu a capital.

Na escuridão do carro, Salvador Estrella Sadhalá, imerso na lembrança daquele dia venturoso, sorriu. Ouvindo o padre Fortín ler no seu espanhol ligeiramente afrancesado, cada frase daquela Carta Pastoral que enlouqueceu de fúria a Besta lhe parecia uma resposta às suas dúvidas e angústias. Conhecia tão bem aquele texto — que, depois de ouvir, tinha lido, impresso às escondidas e distribuído em toda parte — que o sabia quase de cor. Uma “sombra de tristeza” marcava a festividade da Virgem dominicana. “Não podemos permanecer insensíveis diante da profunda dor que aflige um bom número de lares dominicanos”, diziam os bispos. Como são Pedro, eles queriam “chorar junto com os que choram”. Lembravam que “a raiz e o fundamento de todos os direitos está na dignidade inviolável da pessoa humana”. Uma entrevista de Pio XII evocava os “milhões de seres humanos que continuam vivendo sob a opressão e a tirania”, para os quais não há “nada certo: nem o lar, nem os bens, nem a liberdade, nem a honra”.

Cada frase acelerava o coração de Salvador. “A quem pertence o direito à vida senão unicamente a Deus, autor da vida?” Os bispos ressaltavam que desse “direito primitivo” brotam os outros: o de formar uma família, o direito ao trabalho, ao comércio, à imigração (não era uma condenação a esse sistema infame de pedir permissão policial para cada viagem ao estrangeiro?), à boa fama e a não ser caluniado “sob pretextos fúteis ou denúncias anônimas” “por motivos baixos e rasteiros”. A Carta Pastoral reafirmava que “todo homem tem direito à liberdade de consciência, de imprensa, de livre associação...”. Os bispos faziam preces “nestes momentos de angústia e de incerteza” para que houvesse “concórdia e paz” e se estabelecessem no país “os sagrados direitos de convivência humana”. (...)

— As represálias vão ser terríveis, padre Fortín — murmurou.

E foram. Mas, com a endiabrada habilidade para a intriga do regime, a vingança se concentrou nos dois bispos estrangeiros, ignorando os nascidos em solo dominicano. Monsenhor Tomás F. Reilly, de San Juan de la Maguana, americano, e monsenhor Francisco Panal, bispo de La Vega, espanhol, foram os alvos dessa campanha ignóbil.

Nas semanas seguintes ao júbilo do 25 de janeiro de 1960, Salvador cogitou pela primeira vez na necessidade de matar Trujillo. Até então, essa ideia o horrorizava, um católico tinha que respeitar o quinto mandamento. Apesar disso, voltava, irresistível, toda vez que lia em El Caribe, em La Nación, ou ouvia em La Voz Dominicana os ataques contra monsenhor Panal e monsenhor Reilly: agentes de potências estrangeiras, vendidos ao comunismo, colonialistas, traidores, víboras. Pobre monsenhor Panal! Acusar de estrangeiro um sacerdote que tinha passado trinta anos fazendo obra apostólica em La Vega, onde era querido por todo mundo. As infâmias tramadas por Johnny Abbes — quem mais podia elucubrar semelhantes tramoias? —, de que o Turco ficava sabendo pelo padre Fortín e pelos boatos, eliminaram seus escrúpulos. A gota que fez o copo transbordar foi a sacrílega farsa montada contra monsenhor Panal na igreja de La Vega, onde o bispo rezava a missa do meio-dia. Na nave repleta de fiéis, quando monsenhor Panal lia o evangelho do dia, irrompeu um bando de rameiras todas maquiadas e seminuas, e, diante do estupor dos fiéis, se aproximaram do púlpito insultando e recriminando o velho bispo, acusando-o de ter-lhes feito filhos e de ser um depravado. Uma delas, pegando o microfone, uivou: “Reconheça as crianças que você nos fez parir, não as mate de fome.” Quando alguns dos presentes, reagindo, tentaram botar as prostitutas para fora da igreja e proteger o bispo que olhava incrédulo tudo aquilo, irromperam os caliés, umas duas dezenas de meliantes armados de paus e correntes que investiram sem misericórdia contra os fiéis. Pobres bispos! Picharam suas casas com insultos. Em San Juan de la Maguana, dinamitaram a caminhonete em que monsenhor Reilly se deslocava pela diocese e bombardearam sua casa com animais mortos, águas sujas, ratos vivos, toda noite, até obrigá-lo a se refugiar no Colégio Santo Domingo, em Trujillo. O indestrutível monsenhor Panal continuava resistindo, em La Vega, às ameaças, infâmias, insultos. Um velho feito com o barro dos mártires.

Um desses dias o Turco se apresentou na casa do padre Fortín com o rosto inchado, transfigurado.

— O que houve, Salvador?

— Vou matar Trujillo, padre. Quero saber se terei perdão. — Sua voz se cortou: — Isso não pode continuar assim. O que estão fazendo com os bispos, com as igrejas, essa campanha asquerosa na televisão, nos rádios e jornais. É preciso acabar com isso, cortar a cabeça da hidra. Terei perdão?

O padre Fortín o acalmou. Ofereceu-lhe café recém-coado, levou-o para dar um longo passeio pelas ruas cheias de loureiros de Santiago. Uma semana depois lhe avisou que o núncio apostólico, monsenhor Lino Zanini, o receberia em Trujillo, em audiência privada. O Turco chegou intimidado ao elegante casarão da nunciatura, na avenida Máximo Gómez. Mas o príncipe da Igreja fez se sentir à vontade desde o primeiro instante aquele gigante tímido, apertado na sua camisa social e na gravata que pôs para a audiência com o representante do papa.

Como era elegante e falava bem o monsenhor Zanini! Um verdadeiro príncipe, sem dúvida. Salvador ouvira muitas histórias sobre o núncio e sentia simpatia por ele, porque diziam que Trujillo o odiava. Seria verdade que Perón tinha saído do país, onde estava exilado havia sete meses, ao saber da chegada do novo núncio da Sua Santidade? Todo mundo dizia isso. Que foi correndo ao Palácio Nacional, dizer: “Tome cuidado, Excelência. Não se pode enfrentar a Igreja. Não esqueça o que aconteceu comigo. Não foram os militares que me derrubaram, foram os padres. Este núncio que o Vaticano lhe manda agora é como aquele que me mandou, quando começaram os atritos com a Igreja. Cuidado com ele!” E o ex-ditador argentino fez as malas e fugiu para a Espanha.

Depois dessa reunião, o Turco estava disposto a acreditar em tudo que dissessem de bom sobre o monsenhor Zanini. O núncio o levou ao seu gabinete, ofereceu refrigerantes, estimulou-o a dizer o que sentia fazendo comentários afáveis num espanhol com música italiana que fazia o efeito em Salvador de uma melodia angelical. Ouviu-o dizer que não suportava mais tudo o que estava acontecendo, o que o regime estava fazendo com a Igreja, com os bispos, o deixava louco. Depois de uma longa pausa, segurou a mão anelada do núncio:

— Vou matar Trujillo, monsenhor. Haverá perdão para a minha alma?

Sua voz se cortou. Permanecia com os olhos baixos, respirando com ansiedade. Sentiu nas costas a mão paternal de monsenhor Zanini. Quando, finalmente, levantou os olhos, o núncio tinha nas mãos um livro de santo Tomás de Aquino. Seu rosto franco sorria com um ar travesso. Um dos seus dedos apontava para um parágrafo, na página aberta. Salvador se inclinou e leu: “A eliminação física da Besta é bem-vista por Deus se com ela se liberta um povo.”

Saiu da nunciatura em estado de transe. Andou um bom tempo pela avenida George Washington, à beira do mar, com uma tranquilidade de espírito que não sentia havia muito tempo. Mataria a Besta, e Deus e a sua Igreja o perdoariam, manchando-se de sangue ele lavaria o sangue que a Besta fazia correr na sua pátria.”

* Tentativa malograda de deposição do ditador Rafael Trujillo por meio de um levante militar.

 

 

“— Seu pai sempre suspeitou que o intrigante foi Chirinos, o Constitucionalista Bêbado — lembra a tia Adelina.

— Esse gordo negrusco e nojento foi um dos que melhor se acomodou — interrompe Lucindita. — De cama e mesa de Trujillo e terminou como ministro e embaixador de Balaguer. Está vendo como é este país, Uranita?

— Lembro-me muito dele, vi-o em Washington faz uns anos, como embaixador — diz Urania. — Ia muito em casa quando eu era pequena. Parecia íntimo de papai.

— E de Aníbal e meu — acrescenta tia Adelina. — Vinha aqui com seus salamaleques, recitava-nos seus versinhos. Andava o tempo todo citando livros, posando de culto. Convidou-nos ao Country Clube uma vez. Eu não queria acreditar que tivesse traído o seu companheiro da vida inteira. Bem, a política é isso, abrir-se caminho entre cadáveres.”

 

 

“— Na secretaria há um traidor ou um inepto. Espero que seja um traidor, os ineptos são mais daninhos.”

 

 

“O pequeno mandatário negou com a cabeça: nada disso era verdade. Não tinha feito nem faria voto algum; ao contrário de alguns companheiros da Escola Normal, que se torturavam perguntando-se se tinham sido escolhidos pelo Senhor para servi-lo como pastores da grei católica, ele sempre soube que sua vocação não era o sacerdócio, mas o trabalho intelectual e a ação política. A religião dava-lhe uma ordem espiritual, uma ética com que confrontar a vida. Duvidava às vezes da transcendência, de Deus, mas nunca da função insubstituível do catolicismo como instrumento de contenção social das paixões e apetites perturbadores da besta humana. E, na República Dominicana, como força constitutiva da nacionalidade, como a língua espanhola. Sem a fé católica, o país cairia na desintegração e na barbárie. Quanto a acreditar, ele praticava a receita de santo Ignácio de Loyola, nos seus Exercícios espirituais: agir como se acreditasse, imitando os rituais e preceitos: missas, preces, confissões, comunhões. Essa repetição sistemática da forma religiosa ia criando o conteúdo, preenchendo o vazio — em algum momento — com a presença de Deus.”

 

 

“Que pena não ter forças para dizer aos seus amigos que não se preocupassem, que estava contente, com o Bode morto. Tinham vingado as irmãs Mirabal e o pobre Rufino de la Cruz, o motorista que as levou para a Fortaleza de Puerto Plata para visitar os maridos presos, e a quem Trujillo mandou assassinar também para fazer mais verossímil a farsa do acidente*. Aquele assassinato remexeu as fibras mais íntimas de Pedro Livio e o impulsionou, daquele 25 de novembro de 1960, a juntar-se à conspiração que armava seu amigo Antonio de la Maza. Só conhecia as Mirabal de ouvir falar. Mas, como a muitos dominicanos, a tragédia daquelas garotas de Salcedo transtornou-o. Agora também se assassinavam mulheres indefesas, sem que ninguém fizesse nada! A esses extremos de ignomínia tínhamos chegado na República Dominicana? Já não havia colhões neste país, porra! Ouvindo Antonio Imbert falar tão comovido — ele, sempre parco em exteriorizar seus sentimentos — sobre Minerva Mirabal, teve, na frente dos seus amigos, aquele pranto, o único na sua vida de adulto. Sim, ainda havia homens com colhões na República Dominicana. A prova, esse cadáver que sacolejava na mala.”

* Três irmãs fundadoras do grupo oposicionista à ditadura de Trujillo chamado Movimento Revolucionário de 14 de Junho (em homenagem a opositores do governo que foram torturados e mortos em 14 de junho de 1959). Por sua atividade política, as irmãs Mirabal foram, a mando do ditador, presas e torturadas inúmeras vezes. Embora tivessem sido libertadas em razão da intervenção da Comissão de Paz da Organização dos Estados Americanos (OEA), Trujillo articulou um plano para eliminá-las: determinou a transferência dos respectivos maridos, então detidos em Santo Domingo, para a prisão de Puerto Plata, situada a duas horas de distância da residência familiar, forçando-as a realizar viagens frequentes para visitá-los. Durante uma dessas viagens, as irmãs Mirabal, que tinham respectivamente 36, 34 e 24 anos de idade, foram capturadas em uma emboscada, torturadas e assassinadas, juntamente com o motorista, Rufino de La Cruz. Seus corpos foram posteriormente colocados de volta no veículo e arremessados em um precipício, com o objetivo de simular um acidente.

Este assassinato, obviamente orquestrado a mando do ditador, tocou fundo na alma dominicana e fez com que Trujillo também tivesse sua já chamuscada imagem internacional deteriorada de vez.

O sacrifício e a coragem das irmãs Mirabal se tornaram um símbolo da luta contra a opressão e da resistência ao autoritarismo, sendo lembradas anualmente no “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher”, em 25 de novembro, data da morte delas.

 

 

“— Espero que me faça bem contar essa história truculenta. Agora, esqueçam. Já passou. Passou e não tem mais jeito. Outra pessoa poderia ter superado, talvez. Eu não quis, e nem pude.”