segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A consciência de Svevo, de Italo Svevo

Editora: Clube de Literatura Clássica

ISBN: 978-65-870-3680-9

Tradução: Veríssimo Anagnostopoulos e Gabriela Maroha Anagnostopoulos

Opinião: ★★☆☆☆

Páginas: 80

Sinopse: Livreto com dois contos de Italo Svevo – “Orazio Cima” e “A Novela do Bom Velho e da Bela Moça”.



“As crianças amam gritar quando correm.”

 

 

“Quando um autêntico jovem se enamora, o seu amor amiúde provoca no seu cérebro reações que em breve com o seu desejo não têm nada que ver. Quantos jovens que poderiam sossegar-se ditosamente numa cama hospitaleira, não viram de pernas para o ar ao menos suas casas crendo que para ir para a cama com uma mulher cumpra primeiro conquistar, criar ou destruir. Já os velhos, de quem se diz que são mais bem protegidos das paixões, se lhe abandonam em plena consciência e entram na cama da culpa só com devido resguardo aos resfriados.”

 

 

“Depois o velho pensou que era o olho infantil da jovenzinha que o conquistara. Os velhos quando amam passam sempre pela paternidade e todo abraço seu é um incesto do qual tem o acre sabor.”

 

 

“Os jovens depois de um pouco de experiência ou mesmo antes de ter nenhuma encontram tudo aquilo de que precisam enquanto o velho é um amador desorganizado. À máquina de fazer amor falta neles ao menos um parafuso.”

 

 

“Geralmente é certo que a maior parte dos velhos acredita ter muito direitos e somente direitos.”

 

 

“Se o velho pudesse se comportar segundo seu desejo, teria logo despedido a jovenzinha porque os velhos têm a imoralidade passageira. Mas com uma mulher que ama não se pode de modo algum proceder assim a toque de caixa.”

 

 

“Má retórico aquele que se arrima em tantos argumentos.”

 

 

“Pode-se nisso ver como funcionam regularmente os velhos. Nos jovens cada hora é desordenadamente ocupada pelos sentimentos mais díspares enquanto nos velhos cada sentimento tem a sua hora, inteira. A jovenzinha caminhava de mãos dadas com o velho. Quando a queria, vinha; ia-se quanto não a queria mais. Discutiam! Depois faziam amor e comiam de boníssimo humor.”

 

 

“— Se o desejas — disse ao velho — eu te arrumo uma obra com o título: O velho. A velhice, infelizmente, ali é considerada uma doença. Não de longa duração, porém.”

 

 

“Com efeito, toda obra que pretende criar uma teoria se divide em duas partes. A primeira se dedica à destruição das teorias pré-existentes ou, melhor ainda, à crítica do estado de fato existente, enquanto a segunda tem a difícil tarefa de reconstruir as coisas sobre novas bases; coisa bastante difícil.”

 

 

“Nada de mais belo e de mais fluido que o prefácio a uma teoria.”

 

 

“Outra vez pensou descrever como desde a primeira classe elementar se devia lembrar que o objetivo da vida é vir a ser um velho são. A juventude quando peca não sofre e não faz sofrer tanto. Já o pecado do velho é mais ou menos equivalente a dois pecados do jovem.”

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