quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Portões de Fogo – Steven Pressfield

Editora: Objetiva
ISBN: 978-85-7302-308-4
Tradução: Ana Luiza Dantas Borges
Opinião★★★★☆
Páginas: 394
“Eu estava profundamente consciente de meus irmãos guerreiros que haviam caído comigo. Um vínculo cem vezes mais forte do que aquele que experimentara em vida me unia a eles. Senti um alívio inexprimível e percebi que tinha temido, mais do que a morte, a separação deles. Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram. O estado que chamamos de vida se encerrara. Eu estava morto.”


“Sua Majestade presenciou a pilhagem de inúmeras cidades e não precisa escutar o relato da semana que se seguiu. Vou acrescentar apenas a observação, da perspectiva dos anos que se passaram desde então, de que foi a primeira vez que meus olhos tiveram tal visão que a experiência ensina ser comum a todas as batalhas e todos os massacres.
Aprendi então: sempre há fogo.
Uma bruma acre paira no ar dia e noite, e a fumaça sulfurosa asfixia as narinas. O sol fica da cor de cinza e pedras pretas espalham-se pela estrada, fumegando. Para onde quer que olhemos, um objeto está em chamas. Madeira, pedra, a própria terra. As roupas queimam nos cadáveres; o cabelo queima, e a carne. Até mesmo a água queima. A impiedade da chama reforça o senso da ira dos deuses, do destino, desforra, façanhas realizadas e muitos problemas.
Tudo é o oposto do que deveria ser.
Caem coisas que deveriam ficar em pé. Soltam-se coisas que deveriam ficar presas, e são presas as que deveriam se soltar. Coisas que haviam sido acumuladas em segredo agora se revelam abertamente, e aqueles que as haviam reservado observam com os olhos opacos e deixam que se vão. Meninos se tornaram homens, e homens, meninos. Escravos se libertaram e homens livres foram escravizados. A infância se foi.”


“— Você será como eles — disse ela —, quando crescer.
Referia-se aos soldados que a tinham desonrado.
— Não serei.
— Será um homem. Não terá como ser diferente.”


“— Nunca se esqueça, Alexandros, de que esta carne, este corpo, não nos pertence. Graças a Deus não. Se eu achasse que fosse meu, não conseguiria avançar um passo para enfrentar o inimigo. Não é nosso, meu amigo. Pertence aos deuses e aos nossos filhos, a nossos pais e mães e, daqui a cem, mil anos, aos lacedemônios que ainda não nasceram. Pertence à cidade que nos dá tudo e não exige menos de nós.”


“O capitão Ptammitechus havia claramente se afeiçoado ao meu senhor e ao polemarch Olympieus, pai de Alexandros. Chamou-os à parte, declarando que queria lhes mostrar uma coisa. Conduziu-os à tenda do comandante, erigida ali, na praia, e retirou da arca desse oficial uma maravilha, que os espartanos, e eu, é claro, nunca tínhamos visto.
Era um mapa.
Uma representação geográfica, não meramente da Hélade e das ilhas do Egeu, mas do mundo inteiro.
A sua largura era de aproximadamente dois metros, com detalhes completos, realizado com muita perícia sobre o papiro do Nilo, material tão extraordinário que, embora quando seguro contra a luz pudéssemos ver através dele, nem as mãos do homem mais forte conseguiria rasgá-lo, a não ser usando a ponta de uma lâmina.
O capitão desenrolou o mapa sobre a mesa do comandante da esquadra. Mostrou aos espartanos sua terra, no coração do Peloponeso, com Atenas a 225 quilômetros ao norte e este. Tebas e Tessália exatamente ao norte dali, e os Montes Ossa e Olimpo na extremidade norte da Grécia. A oeste, o realizador do mapa havia retratado todas as léguas de mar e terra, até os Pilares de Hércules — e, ainda assim, o grosso da carta mal começara a ser desenrolado.
— Só quis que vissem, para o seu próprio bem, cavalheiros — Ptammitechus dirigiu-se aos espartanos através de seu intérprete —, a importância da escala do império de Sua Majestade, e dos recursos de que ele dispõe contra vocês, para que decidam resistir ou não baseados em fatos e não em fantasias.
Desenrolou o papiro na direção este. Sob a luz surgiram as ilhas do Egeu, depois a Macedônia, Ilíria, Trácia e Sythia, o Helesponto, Lídia, Karia, Cilícia, Fenícia e as cidades jônicas da Ásia Menor.
— Todas essas nações são controladas pelo Grande Rei. Ele fez com que elas, todas elas, o servissem. Tudo isso se oporá a vocês. Mas essa é a Pérsia? Não, ainda não atingimos o centro do Império...
Mais léguas de terra, o mapa parecia que se desenrolaria infinitamente. A mão do egípcio passou pelos contornos da Etiópia, Líbia, Arábia, Egito, Assíria, Babilônia, Suméria, depois Capadócia, Armênia e o trans-Cáucaso. A fama de cada um desses reinos foi mencionada, ele citou o número de guerreiros e a força e os armamentos que possuíam.
— Um homem viajando rapidamente pode atravessar todo o Peloponeso em quatro dias. Vejam, meus amigos. Para ir de Tiro a Sardis, a capital do Grande Rei, são três meses de marcha rápida. E toda essa terra, todos esses homens e riqueza, pertencem a Xerxes. Tampouco suas nações brigam entre si, como vocês helenos gostam tanto de fazer, nem se dividem em alianças que se desentendem. Quando o Rei diz unir, seus exércitos se unem. Quando ele diz em marcha, eles se põem em marcha. E ainda — disse ele — nem chegamos a Persépolis e ao coração da Pérsia.
Desenrolou ainda mais o mapa.
Surgiram mais terras cobrindo ainda mais léguas e com nomes ainda mais curiosos. O egípcio desfiou mais números. Duzentos mil dessa satrapia, trezentos mil daquela. A Grécia, a oeste, parecia cada vez mais miúda. Dava a impressão de estar se atrofiando em um microcosmo, em comparação à massa interminável do Império Persa. Os egípcios agora falaram de feras bizarras e quimeras. Camelos e elefantes, asnos selvagens do tamanho de cavalos de tração. Esboçou as terras da Pérsia, depois da Média, Báctria, Partia, Cáspia, Ária, Sogdiana e Índia, nações cujos nomes e existência eram desconhecidos dos que os ouviam.
— Dessas vastas terras, Sua Majestade atrai inúmeros guerreiros, homens que cresceram sob o sol causticante do leste, habituados às intempéries mais inconcebíveis, munidos de armas das quais vocês não têm experiência e financiados com uma soma incalculável de ouro e outras riquezas. Cada produto agrícola, cada fruta, grão, porco, carneiro, vaca, cavalo, a produção de cada mina, fazenda, floresta e vinha pertencem a Sua Majestade. E tudo isso ele investiu na composição desse exército que marcha para escravizá-los.
“Ouçam bem, irmãos. A raça egípcia é antiga, contando as gerações de seus pais desde a antiguidade. Vimos impérios se erguerem e caírem. Governamos e fomos governados. Mesmo agora, somos um povo tecnicamente conquistado. Servimos aos persas. Vejam minha situação, amigos. Pareço pobre? A minha conduta é desonrosa? Espiem minha bolsa. Com todo respeito, camaradas, eu poderia comprá-los e vendê-los e tudo que possuem somente com essa bolsa.”
Nesse ponto, Olympieus pediu que o egípcio fosse direto ao ponto.
— Aonde quero chegar é: Sua Majestade honrará vocês espartanos não menos do que nós, egípcios, ou qualquer outro grande povo guerreiro, se forem sensatos e se alistarem voluntariamente para lutar sob sua bandeira. No Oriente, soubemos que vocês gregos não o fizeram. A roda gira, e o homem deve girar com ela. Resistir não é simplesmente insensatez, mas loucura.
Observei os olhos de meu senhor. Ele percebeu claramente a intenção do egípcio como genuína e suas palavras proferidas por amizade e consideração. Porém, não conseguiu impedir que a raiva aflorasse em seu rosto.
— Vocês nunca experimentaram a liberdade, amigo — disse Dienekes —, ou saberiam que não é comprada com ouro, mas com a espada. — Conteve a ira imediatamente, batendo no ombro do egípcio como um amigo e encontrando o seu olhar com um sorriso. — E quanto à roda que mencionou — concluiu o meu senhor —, ela gira nas duas direções.”


““Qual a diferença entre um rei espartano e um soldado?” Um homem lançaria essa pergunta a seu companheiro enquanto preparam a cama ao ar livre, sob uma chuva fria. Seu amigo, afetando preocupação, refletiria por um instante. “O Rei dorme naquela fossa ali adiante”, responde, “e nós dormimos nessa aqui”.”


“— Dienekes diz que a mente é como uma casa com muitos quartos — disse ele. — Há quartos em que não se deve entrar.”


“Os homens escutaram atentos, em silêncio e solenes. Leônidas estava com cinquenta e cinco anos. Havia combatido em mais de quarenta batalhas, desde os vinte anos; ferimentos tão antigos quanto de há trinta anos subsistiam, vividos em seus ombros e panturrilhas, em seu pescoço e em sua barba prateada.
— Que misericórdia desconhecida o poupou nesse dia? Que clemência do divino desviou a lança do inimigo para um palmo de distância da nossa garganta e dirigiu-a fatalmente para o peito do querido camarada, ao nosso lado? Por que continuamos aqui sobre a terra, nós que não somos melhores, nem mais corajosos, que não reverenciamos mais o céu do que os nossos irmãos que os deuses escolheram mandar ao inferno? (...) O que mais um homem pode sentir nesse momento a não ser a gratidão mais solene e profunda em relação aos deuses que, por razões que ignora, pouparam sua vida nesse dia? Amanhã, seu capricho pode se alterar. Na semana seguinte, no próximo ano. Mas nesse dia o sol ainda brilha sobre ele, ele sente o seu calor sobre os seus ombros, ele contempla, à sua volta, os rostos de seus camaradas, que ele ama, e exulta com a salvação deles tanto quanto com a sua própria.”


“— A humanidade, como é constituída — disse Polynikes —, é um tumor e um cancro. Observe os espécimes em qualquer outra região que não a Lacedemônia. O homem é fraco, ganancioso, libidinoso, presa para todas as espécies de vício e depravação. Mente, rouba, trapaceia, assassina, funde as estátuas dos deuses e cunha o ouro como dinheiro para prostitutas. Isso é o homem. Essa é sua natureza, como atestam todos os poetas. Felizmente, Deus em sua misericórdia proveio um contrapeso para a depravação inata de nossa espécie. Essa dádiva, meu jovem amigo, é a guerra. A guerra, não a paz, produz a virtude. A guerra, não a paz, purga o vício. A guerra, e a preparação para a guerra, suscita tudo que é nobre e digno em um homem. Une-o a seus irmãos e os liga em um amor altruísta, erradicando no cadinho da necessidade tudo que é vil e ignóbil. Ali, no moinho sagrado do assassínio, o homem mais vil pode buscar e encontrar essa parte de si mesmo, oculta sob a corrupção, que reluz intensa e virtuosa, digna de honra diante dos deuses. Não despreze a guerra, efebo, nem imagine que a misericórdia e a compaixão sejam virtudes superiores a andreia, à bravura viril”.”


“Outras cidades produzem monumentos e poesias, Esparta produz homens.”


“— Os deuses fazem com que amemos quem não amaremos e se vingam de quem amaremos. Matam os que deviam viver e poupa os que merecem morrer. Dão com uma das mãos e tiram com a outra, prestando contas somente às suas leis, incognoscíveis.”


“— Atestem a lição: que nada de bom na vida acontece sem um preço. A liberdade é o mais encantador de tudo. Nós a escolhemos e pagaremos um preço por ela.”


“— Cães em uma matilha encontram coragem para atacar um leão. Cada cão sabe o seu lugar. Ele teme o cachorro acima e se alimenta do medo do cachorro abaixo. O medo vence o medo. É assim que os espartanos fazem, contrabalançando ao medo da morte um medo maior: o da desonra. Da exclusão da matilha.”


“— O que é mais natural para um homem do que lutar, ou para uma mulher do que amar?”


“— E, se me permitem perguntar, aonde se dirige esse magnífico exército? — perguntou um mercador de Halicarnasso, Elephantinos de nome.
— À morte — respondeu alguém.
— Que encantador!”


“Eu nunca tinha visto uma expressão de malignidade como a que estampava a face do meu senhor. Ele apontou para um baixio na terra, a seu lado, sob a luz da fogueira.
— Tenho observado essas criaturinhas. Na terra, uma guerra violenta de formigas.
— Veja esses heróis — Dienekes indicou os batalhões compactos de insetos se engalfinhando com uma bravura incrível em cima de uma pilha de formas de seus próprios companheiros caídos, combatendo sobre o cadáver ressecado de um besouro.
— Esta aqui seria Aquiles. E ali. Aquela deve ser Heitor. A nossa coragem não é nada se comparada à delas. Está vendo? Nem mesmo retiram do campo os corpos de suas companheiras, como nós fazemos.
Sua voz estava carregada de repulsa e exalando ironia.
— Acha que os deuses nos desprezam, como desprezamos esses insetos? Será que os imortais lamentam nossas mortes tão intensamente quanto sentimos a perda desses insetos?”


“Pedi que ela me dissesse como estava. De verdade.
Ela riu.
— Mudei, não foi? Não sou mais o chamariz-de-marido que você sempre me considerou. Eu também era tola. Pensava tão alto em meus projetos. Mas este não é o mundo da mulher, primo. Nunca foi nem nunca será.”


“— Há uma deusa em meu país chamada Naan — o scythiano rompeu o silêncio. — Minha mãe era uma sacerdotisa desse culto, se é que tal título possa ser aplicado a uma camponesa analfabeta que passou toda a sua vida na parte de trás de uma carroça. A minha mente recordou-se disso ao conhecer o nosso amigo mercador e a carroça que ele chamava de sua casa.
Isso foi o máximo que eu, e todos os outros, havíamos escutado Suicídio expressar. Todos esperaram que ele parasse ali. Para espanto geral, ele prosseguiu.
Sua mãe sacerdotisa ensinou-o, disse ele, que nada sob o sol é real. A terra e tudo sobre ela não passam de uma encarnação material de uma realidade mais profunda e mais pura que existe imediatamente atrás, invisível aos sentidos mortais. Tudo que chamamos de real é sustentado por esse fundamento mais sutil que lhe é subjacente, indestrutível, que não pode ser vislumbrado além da cortina.
— A religião da minha mãe prega que só essas coisas são reais, as que não podem ser percebidas pelos sentidos. A alma. O amor de mãe. Coragem. Estão mais próximos de Deus, ela ensinou, porque são os mesmos dos dois lados da morte, na frente e atrás da cortina.
“Quando cheguei a Lacedemônia e vi a falange — prosseguiu Suicídio —, achei-a a forma mais ridícula de guerra que eu já vira. No meu país, combatemos montados em cavalos. Para mim, essa era a única maneira, digna e gloriosa, um espetáculo que instiga a alma. A falange me pareceu uma piada. Mas admirei os homens, sua virtude que era tão claramente superior à de qualquer outra nação que eu havia observado e analisado. Era um enigma para mim.”
— Lembra-se, Dienekes, de quando combatemos os tebanos em Oinoe? Quando foram derrotados e fugiram? Foi a primeira debandada que presenciei. Fiquei estarrecido. Existirá uma visão mais vil, mais degradante sob o sol do que uma falange debandando de medo? Sente-se vergonha de ser mortal ao se ver tal indignidade, mesmo no inimigo. Viola as leis supremas de Deus. — A face de Suicídio, que até então era um esgar de desdém, agora refulgia de um modo mais jovial. — Ah, mas é o contrário: uma linha que resiste! O que pode ser mais grandioso, mais nobre?
Foi Medon, diziam, que havia lhe dado o apelido, quando ele, culpado de um assassinato em seu país, tinha fugido para Esparta, onde pedira várias vezes para morrer.
— Quando cheguei na Lacedemônia e me deram o nome de “Suicídio”, eu o odiei. Mas com o tempo passei a perceber sua sabedoria, por menos intencional que fosse. Pois o que pode ser mais nobre do que se matar? Não literalmente. Não com uma espada nas tripas. Mas extinguir o ego egoísta interior, essa parte que só se preocupa com a própria preservação, em salvar a própria pele. Essa, percebi, era a vitória que vocês espartanos haviam obtido sobre si mesmos. Essa era a cola. Era o que tinham aprendido, e isso me fez ficar, para aprender também.
“Quando um guerreiro luta não por si mesmo, mas por seus irmãos, quando a meta buscada com mais paixão não é nem a glória nem a preservação da sua própria vida, mas gastar sua substância por eles, seus camaradas, não abandoná-los, mostrar-se digno deles, então o seu coração realmente desacata a morte e, assim, transcende a si mesmo, e suas ações alcançam o sublime. Por isso, o verdadeiro guerreiro não pode falar de batalha a não ser para os seus irmãos que combateram com ele. Essa verdade é venerável demais, sagrada demais para ser expressa por palavras. Eu mesmo não ousaria expressá-la, a não ser aqui e agora, com vocês”.”


“— Comam um bom desjejum, homens — Leônidas sorriu largo —, pois estaremos todos partilhando o jantar no inferno.”


“Sobre a lousa do túmulo dos espartanos, o capitão relembrou, estavam gravados versos compostos pelo poeta grego Simonides, que estava presente nesse dia.
— Consegue lembrar-se das palavras gravadas na laje? —perguntei. — Ou os versos eram muito extensos para se guardar de memória?
— Não, de jeito nenhum — replicou o capitão. — Foram compostos no estilo espartano. Breve. Nenhum desperdício.
Traduzo-os da melhor maneira que posso:
Digam aos espartanos, estranhos que passam,
Que aqui, obedientes às suas leis, jazemos.”

3 comentários:

Sugestão de Livros disse...

Destaco o trecho: Quando cheguei na Lacedemônia e me deram o nome de “Suicídio”, eu o odiei. Mas com o tempo passei a perceber sua sabedoria, por menos intencional que fosse. Pois o que pode ser mais nobre do que se matar? Não literalmente. Não com uma espada nas tripas. Mas extinguir o ego egoísta interior, essa parte que só se preocupa com a própria preservação, em salvar a própria pele. Essa, percebi, era a vitória que vocês espartanos haviam obtido sobre si mesmos. Essa era a cola. Era o que tinham aprendido, e isso me fez ficar, para aprender também.

Unknown disse...

Difícil matar o ego

Anônimo disse...

Fobos