segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Esperando Godot - Samuel Beckett

Editora: Cosac Naify

ISBN: 978-85-7503-458-3

Tradutor: Fábio de Souza Andrade

Opinião: ★☆☆☆☆

Páginas: 240

Sinopse: Junto a uma árvore desfolhada, no meio de um descampado, dois vagabundos, maltrapilhos mas pontuais, atendem dia após dia ao chamado de um certo senhor Godot, que prima por não comparecer ao encontro supostamente marcado. Esta é a substância escassa de Esperando Godot obra-prima de Samuel Beckett (1906-1989), o dramaturgo, romancista e poeta irlandês agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1969. Escrita em francês, durante o pós-guerra, a peça estreou em Paris no ano de 1953, e logo se firmou como um divisor de águas no teatro do século XX, questionando toda a tradição dramática do Ocidente. Os recursos cênicos e narrativos aqui utilizados por Becket logram atingir uma dimensão mítica com meios que eram, na época, e até hoje, absolutamente inovadores: a disjunção do modelo retórico das falas, a profundidade trágica em personagens clownescos, a gestualidade dramática ganhando ares de coreografia, o abandono dos solilóquios em favor das exposições narrativas etc.

A espera e a angústia de Vladimir e Estragon repetem-se ao infinito. Contudo, embora não tenha sido construída segundo as linhas tradicionais, com exposição, desenvolvimento, peripécia e desenlace, a obra tem uma estrutura firme, baseada justamente na repetição, nos leitmotifs e no equilíbrio exato de elementos variáveis, como um recurso irônico para acentuar os contrastes.

A nova tradução de Fábio de Souza Andrade – professor de Teoria Literária da USP, autor da tese “Samuel Beckett: o silêncio possível”, e que já publicou, também na coleção Prosa do Mundo, a outra peça mais famosa de Beckett, Fim de partida – vem acompanhada de uma pequena fortuna crítica, reunindo fragmentos de ensaios, críticas e memórias escritos por alguns dos maiores especialistas na obra beckettiana. Esta edição conta ainda com uma significativa compilação de fotos das montagens mais importantes e/ou mais inovadoras, dos principais colaboradores de Beckett (como o diretor Roger Blin e o artista plástico Giacometti) e do próprio autor participando da direção dos espetáculos. Por fim, há sugestões de leitura, indicando textos obrigatórios para quem deseja se aprofundar no assunto, além de algumas das versões cinematográficas mais relevantes da peça.



“– Juntos, tivéssemos sido os primeiros em nos jogar da Torre Eiffel. Então, sim que o passávamos bem. Agora já é muito tarde. Nem sequer nos deixariam subir.”

 

 

“– Quanto mais gente encontro, mais feliz sou. Com a criatura mais insignificante alguém aprende enriquece-se, saboreia melhor sua felicidade.”

 

 

“– As lágrimas do mundo são imutáveis. Por cada um que começa a chorar, em outra parte há outro que cessa de fazê-lo. O mesmo se passa com a risada. Não falemos, pois, mal de nossos tempos; são piores que os passados. Claro que tampouco devemos falar bem. Não falemos.”

 

 

“– Bem é verdade que ficando de braços cruzados, pesando os prós e os contras, também fazemos honra a nossa condição. O tigre se precipita em auxílio de seus semelhantes sem pensá-lo. Ou refugia-se no mais espesso da selva. Mas a questão não é esta. – “O que fazemos aqui?”, é o que temos que nos perguntar. Temos a sorte de sabê-lo. Sim; em meio desta imensa confusão, uma só coisa está clara: esperamos que venha Godot.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Preciso ler este livro, há anos.

Gostei do blog. Te seguindo.

Kleiton Gonçalves
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