Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-85-209-2059-6
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 480
Sinopse: Marina,
Danielle e Julius se conhecem na universidade e se tornam amigos. Todos têm
algo em comum: estão certos de que em muito pouco tempo estarão fazendo algo
extremamente importante para o mundo. Porém, quando chegam perto dos 30, as
coisas não estão do jeito que devem estar. Danielle está se matando para
produzir documentários para a televisão, Julius mal consegue sobreviver como
jornalista autônomo e Marina, a deslumbrante filha de um famoso ativista social,
Murray Thwaite, ainda vive com seus pais, sem conseguir terminar o livro que
está escrevendo sobre como as mudanças na moda infantil refletem as mudanças
sociais. Para piorar, duas pessoas chegam e desestabilizam a amizade dos três:
Ludovic, uma australiana ambiciosa que tenta usar Marina para destruir a
reputação de seu pai e entrar em seu fechado grupo social, e Frederick Tubb,
sobrinho de Murray, um rapaz imaturo e idealista que largou a faculdade para
viver como um intelectual nova-iorquino.
Tendo como pano de fundo a sociedade atemorizada após o
11 de Setembro, Claire Messud faz, em Os filhos do imperador, um retrato
bem-humorado de toda uma geração com seu estilo direto e envolvente,
construindo uma magistral comédia de costumes.
“David era como um namorado imaginário em
carne e osso: legal em todas as formas óbvias, mas também de uma safadeza
sutil.”
“– Olhe para essas pessoas. Queremos mesmo
ser assim? Todas bajuladoras, parabenizando umas às outras?
– Estão dando um prêmio ao papai, lembra-se?
Nesta noite, gostamos delas.”
“No entanto, Marina sentiu que havia um
estranho silêncio ao redor das palavras de Danielle, uma mudez na frase; então
ela concluiu que Danielle dizia que estava feliz apenas porque parecia o certo
a se dizer, porque não dizer seria odioso. Marina não tinha certeza se havia
mérito em apenas dizer: talvez o fingimento às vezes seja o melhor que você
pode esperar.”
“– Sabe, até Julius insinuou isso. Ele
perguntou se Danielle estava apaixonada por você, e eu ri. Meu Deus, me sinto
tão mal.
– Por que se sentiria mal?
– Ela, você sabe, tinha esperanças. Ainda
tem. Está apaixonada, ela me disse.
– Pode ser outra escolha inadequada. Tenho
certeza de que existem muitas.
– Mas e se for você?
– Então ela não consegue levar em
consideração as emoções da pessoa que ela ama. Portanto, ela é uma apaixonada
egoísta e sua solidariedade deveria ser limitada.
– Isso não foi muito legal.
– Sério. É narcisismo amar um muro e
ressentir-se por ele não corresponder ao sentimento. É perverso. Amor é mútuo,
floresce com a reciprocidade. Não se pode ter amor de verdade sem afeto em
retorno. Do contrário, é apenas obsessão e projeção. É infantil.”
“Danielle refletiu que crescer e encontrar um
par era um processo de se afastar da alegria, como se, igual a um anfíbio,
passássemos a respirar de outra forma. O riso – antes uma necessidade vital, um
alívio fugaz, capaz de tornar o isolamento, a luta e o medo suportáveis – é
substituído pela insensível questão da estabilidade. Dizendo-se satisfeitas,
resignadas e sem medo, as pessoas cresceram para temer as piadas e sua
capacidade de desestabilizar. De onde antes vinha o riso, vem agora uma brisa
fria. O que, afinal, estava Julius fazendo com um homem de negócios praticante
de golfe? No ano anterior, ele mesmo teria gargalhado da possibilidade. Todos
eles, todos os três amigos... Um ano atrás, eles acreditavam que ficariam
juntos para sempre. Talvez tenha sido melhor assim, cada um encontrou o seu
próprio caminho. Mas será que eles riam como antes? Será que ririam novamente
ou isso havia terminado agora, no Reino da Sobriedade Adulta?”
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