quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os filhos do imperador – Claire Messud

Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-85-209-2059-6
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 480
Sinopse: Marina, Danielle e Julius se conhecem na universidade e se tornam amigos. Todos têm algo em comum: estão certos de que em muito pouco tempo estarão fazendo algo extremamente importante para o mundo. Porém, quando chegam perto dos 30, as coisas não estão do jeito que devem estar. Danielle está se matando para produzir documentários para a televisão, Julius mal consegue sobreviver como jornalista autônomo e Marina, a deslumbrante filha de um famoso ativista social, Murray Thwaite, ainda vive com seus pais, sem conseguir terminar o livro que está escrevendo sobre como as mudanças na moda infantil refletem as mudanças sociais. Para piorar, duas pessoas chegam e desestabilizam a amizade dos três: Ludovic, uma australiana ambiciosa que tenta usar Marina para destruir a reputação de seu pai e entrar em seu fechado grupo social, e Frederick Tubb, sobrinho de Murray, um rapaz imaturo e idealista que largou a faculdade para viver como um intelectual nova-iorquino.
Tendo como pano de fundo a sociedade atemorizada após o 11 de Setembro, Claire Messud faz, em Os filhos do imperador, um retrato bem-humorado de toda uma geração com seu estilo direto e envolvente, construindo uma magistral comédia de costumes.



“David era como um namorado imaginário em carne e osso: legal em todas as formas óbvias, mas também de uma safadeza sutil.”


“– Olhe para essas pessoas. Queremos mesmo ser assim? Todas bajuladoras, parabenizando umas às outras?
– Estão dando um prêmio ao papai, lembra-se? Nesta noite, gostamos delas.”


“No entanto, Marina sentiu que havia um estranho silêncio ao redor das palavras de Danielle, uma mudez na frase; então ela concluiu que Danielle dizia que estava feliz apenas porque parecia o certo a se dizer, porque não dizer seria odioso. Marina não tinha certeza se havia mérito em apenas dizer: talvez o fingimento às vezes seja o melhor que você pode esperar.”


“– Sabe, até Julius insinuou isso. Ele perguntou se Danielle estava apaixonada por você, e eu ri. Meu Deus, me sinto tão mal.
– Por que se sentiria mal?
– Ela, você sabe, tinha esperanças. Ainda tem. Está apaixonada, ela me disse.
– Pode ser outra escolha inadequada. Tenho certeza de que existem muitas.
– Mas e se for você?
– Então ela não consegue levar em consideração as emoções da pessoa que ela ama. Portanto, ela é uma apaixonada egoísta e sua solidariedade deveria ser limitada.
– Isso não foi muito legal.
– Sério. É narcisismo amar um muro e ressentir-se por ele não corresponder ao sentimento. É perverso. Amor é mútuo, floresce com a reciprocidade. Não se pode ter amor de verdade sem afeto em retorno. Do contrário, é apenas obsessão e projeção. É infantil.”


“Danielle refletiu que crescer e encontrar um par era um processo de se afastar da alegria, como se, igual a um anfíbio, passássemos a respirar de outra forma. O riso – antes uma necessidade vital, um alívio fugaz, capaz de tornar o isolamento, a luta e o medo suportáveis – é substituído pela insensível questão da estabilidade. Dizendo-se satisfeitas, resignadas e sem medo, as pessoas cresceram para temer as piadas e sua capacidade de desestabilizar. De onde antes vinha o riso, vem agora uma brisa fria. O que, afinal, estava Julius fazendo com um homem de negócios praticante de golfe? No ano anterior, ele mesmo teria gargalhado da possibilidade. Todos eles, todos os três amigos... Um ano atrás, eles acreditavam que ficariam juntos para sempre. Talvez tenha sido melhor assim, cada um encontrou o seu próprio caminho. Mas será que eles riam como antes? Será que ririam novamente ou isso havia terminado agora, no Reino da Sobriedade Adulta?”

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