Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-9807-837-3
Tradução: Vera Ribeiro
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 494
Sinopse: A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente
simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte
afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma
sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão
para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los
por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa
cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao
longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não
sabe ler.
Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão
das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que
lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel
canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os
furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.
A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do
culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do
aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina,
colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a
Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve
livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa
diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro
confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso
absoluto - e raro - de crítica e público.
“Os empobrecidos sempre tentam continuar
andando, como se a relocação ajudasse. Desconhecem a realidade de que uma nova
versão do mesmo velho problema estará à sua espera no fim da viagem – aquele
parente que a gente evita beijar.”
“Como a maioria dos sofrimentos, esse começou
com uma aparente felicidade.”
“Mas, afinal, será que é covardia reconhecer
o medo?”
“Uma oportunidade conduz diretamente à outra,
assim como o risco leva a mais risco, a vida, a mais vida, e a morte, a mais
morte...”
“Que grande maldade havia em se deixar uma
coisa viva!”
“A morte não espera por ninguém – e, quando
espera, em geral não é por muito tempo.”
“Muito bem que eles compartilhassem o pão e a
música, mas, para Liesel, era bom saber que Hans também era mais do que
competente em sua ocupação. A competência era atraente.”
“Não, pensou Liesel, enquanto andava. É o meu
coração que está cansado. Um coração de treze anos não devia sentir-se assim.”
“O ser humano não tem um coração como o meu.
O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a
capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A consequência
disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e
pior. Vejo sua feiura e beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser
duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o
bom senso de morrer.”
“Os seres humanos me assombram.”
2 comentários:
eu chorei
Conhecer o medo não é covardia é sapiência! Fazer esperar a morte é uma virtude de que nem todo o mundo tem ciência! São coisas lindas as que escreveu e também verdadeiras!
São sentimentos do coração e está tudo dito!
Ezie
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