sexta-feira, 18 de junho de 2010

Memórias de uma Gueixa - Arthur Golden

Editora: Imago
ISBN: 978-85-3120-605-4
Tradução: Lya Luft
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 460
Sinopse: Memórias de uma Gueixa é um romance fascinante, para ser lido de várias maneiras: como um mergulho na tradicional cultura japonesa, ou um romance sobre a sexualidade, e ainda, como uma descrição minuciosa da alma de uma mulher já apresentada por um homem.
Seu relato tem início numa vila pobre de pescadores, em 1929, onde a menina de nove anos é tirada de casa e vendida como escrava. Pouco a pouco, vamos acompanhar sua transformação pelas artes da dança e da música, do vestuário e da maquilagem; e a educação para detalhes como a maneira de servir saquê revelando apenas um ponto do lado interno do pulso – armas e mais armas para as batalhas pela atenção dos homens. Mas a Segunda Guerra Mundial força o fechamento das casas de gueixas e Sayuri vê-se forçada a se reinventar em outros termos, em outras paisagens.



“– O que está olhando?
– Sinto muito, senhora. Eu estava olhando o seu quimono – eu disse.
– Nunca vi nada assim.
Deve ter sido a resposta certa – se é que havia resposta certa –, porque ela deu uma espécie de risada, embora soasse como tosse.
– Então você gostou, hem? – disse, continuando a tossir, ou rir, eu não sabia. – Você tem ideia de quanto ele custou?
– Não, senhora.
– Mais do que você, com certeza.”


“É por isso que os sonhos podem ser coisas tão perigosas: queimam como fogo, e às vezes nos consomem completamente.”


“Um homem só se interessa por uma coisa.”


“Mas, sabe, eu acho fascinante que, não importa como nós homens pareçamos diferentes, por baixo de tudo somos exatamente iguais.”


“Desde que me mudei para Nova Iorque entendi o que a palavra “gueixa” realmente significa para a maioria dos ocidentais. De tempos em tempos, em festas elegantes, fui apresentada a uma jovem ou outra usando um vestido magnífico e joias. Quando ela fica sabendo que um dia eu fui gueixa em Kioto, dá uma espécie de sorriso, embora os cantos de sua boca não se ergam como deveriam. Ela não sabe o que dizer. Então o ônus da conversa recai sobre o homem ou a mulher que me apresentou a ela – porque nunca aprendi muito inglês, mesmo depois de todos estes anos. Naturalmente, a essa altura não faria muito sentido nem tentar, porque a mulher estará pensando: “Meu Deus... estou falando com uma prostituta...” Logo depois ela é salva pelo seu acompanhante, um homem rico trinta ou quarenta anos mais velho que ela. Bem, muitas vezes imagino por que ela não percebe quanto realmente temos em comum. Ela é uma mulher sustentada, você entende, e antigamente eu também fui.”


“A adversidade é como um longo vento forte. Não quero apenas dizer que ela nos afasta de lugares aonde poderíamos ir, mas também arranca de nós tudo, menos as coisas que não podem ser arrancadas, de modo que depois nos vemos como realmente somos, e não apenas como gostaríamos de ser.”


“– Olhe só para você, Nobu-san. Rugas tão fundas entre os olhos como sulcos numa estrada.
Ele relaxou um pouco os músculos em torno dos olhos, de modo que a ruga pareceu se desfazer.
– Não sou mais tão jovem como já fui, sabe? – ele disse.
– E o que quer dizer isso?
– Quer dizer que algumas rugas se tornaram traços permanentes e não vão desaparecer só porque você diz que deviam.
– Há rugas boas e rugas más, Nobu-san. Nunca esqueça isso.”

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