Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 978-85-2860-935-6
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 192
Trechos da introdução - por Robert W. McChesney
“Mas
este ainda é um pobre indicativo das perniciosas implicações do neoliberalismo
para uma cultura política centrada no civismo. Por um lado, a desigualdade
social gerada pelas políticas neoliberais solapa todo e qualquer esforço de
realização da igualdade de direitos necessária para que a democracia tenha
credibilidade. As grandes empresas têm meios de influenciar a mídia e controlar
o processo político, e assim o fazem. Na política eleitoral dos Estados Unidos,
por exemplo, 0,25 por cento dos americanos mais ricos são responsáveis por 80
por cento do total de contribuições políticas individuais, e a contribuição das
grandes empresas supera a dos trabalhadores em uma proporção de 10 para 1. Sob
o neoliberalismo tudo isso faz sentido, uma vez que as eleições refletem
princípios de mercado. Já as contribuições são tratadas como investimento.
Desse modo, reafirma-se a irrelevância da política eleitoral para a maioria das
pessoas e confirma-se o domínio incontrastável das grandes empresas.”
“Em
suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da verdadeira democracia
participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o planeta, e assim
continuará no futuro previsível.”
“O
sistema neoliberal tem, por conseguinte, um subproduto importante e necessário
– uma cidadania despolitizada, marcada pela apatia e pelo cinismo.”
“Sob
certos aspectos, a qualidade do debate e das opções nas eleições neoliberais é
mais parecida com a que se vê num Estado comunista de partido único do que com
a de uma democracia de verdade.”
_______________________________________________
Por
Noam Chomsky
“As
doutrinas neoliberais, independentemente do que se pense delas, debilitam a
educação e a saúde, aumentam a desigualdade social e reduzem a parcela do
trabalho na distribuição da renda. Ninguém duvida disso seriamente hoje em
dia.”
“Tudo
isso é natural numa sociedade governada, num grau incomum, pelos negócios, e
que gasta fortunas em marketing: um trilhão de dólares anuais, um sexto do
Produto Interno Bruto, em sua maior parte dedutíveis de impostos, de modo que
as pessoas pagam pelo privilégio de estar sujeitas à manipulações de suas
atitudes e comportamentos.”
“Pediram-me
para falar sobre aspectos da liberdade acadêmica e humana, convite que oferece
muitas opções. Vou me limitar às mais simples dentre elas.
Liberdade
sem oportunidade é um presente diabólico, e a negação dessas oportunidades, um
crime. A sorte dos mais vulneráveis nos dá uma clara medida da distância que
separa o ponto onde nos encontramos de algo que pudéssemos chamar de
“civilização”. Durante a minha fala, mil crianças morrerão de doenças
facilmente preveníveis, e quase duas mil mulheres morrerão ou ficarão
seriamente incapacitadas na gravidez ou no parto por falta de cuidados e
medicamentos básicos. A UNICEF estima que, para superar essa tragédia e
assegurar o acesso de todos os serviços sociais básicos, seria necessário nada
mais que a quarta parte dos gastos militares dos países “em desenvolvimento”,
cerca de 10 por cento dos gastos militares norte-americanos. É sobre o pano de
fundo dessa realidade que qualquer discussão séria sobre liberdade humana deve
ser levada a cabo.”
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