Editora: Record
ISBN: 978-85-0106-677-0
Tradução: Luiz
Carlos do Nascimento Silva
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 464
Sinopse: O
Andarilho – segundo livro da série Em busca do Graal, de Bernard
Cornwell, iniciada com O
Arqueiro – é um romance espetacular, conduzido de forma hábil e
envolvente. Guerra, tortura, amor, luxúria e perdas – uma saga histórica que
apresenta os elementos que consagraram o autor. Uma fábula sobre nobreza e
heroísmo que encanta do início ao fim.
“A Inquisição, tal como a ordem de frades
dominicanos, era dedicada à erradicação da heresia, e para isso empregava fogo
e sofrimento. Eles não podiam derramar sangue, porque isso era contra a lei de
Deus, mas qualquer sofrimento provocado sem derramamento de sangue era
permitido, e a Inquisição sabia bem que o fogo cauterizava o sangramento e que
a tortura não perfurava a pele de um herege e que grandes pesos colocados sobre
o peito de um homem não rompiam veia alguma. Em porões fedendo a fogo, medo,
urina e fumaça, numa escuridão cortada pela chama de um fogo e pelos gritos dos
hereges, a Inquisição caçava os inimigos de Deus e, pela aplicação da dor sem
sangue, levava suas almas à bendita unidade com Cristo.”
“A Thomas parecia que homens e mulheres
passavam metade da vida brigando e metade amando, e a intensidade da primeira
alimentava a paixão da segunda.”
“Certa vez, faz muito tempo, eu vi um frasco
de cristal contendo o sangue de nosso Senhor. Foi em Flandres, e o sangue se
liquefazia em resposta a uma oração! Há um outro frasco em Gloucestershire,
segundo me contaram, mas esse eu não vi. Eu toquei, certa vez, na barba de São
Jerônimo em Nantes; segurei um fio do rabo do burro de Balaão; beijei uma pena
da asa de São Gabriel e brandi a própria mandíbula com que Sansão abateu os
filisteus! Eu vi uma sandália de São Paulo, uma unha de Maria Madalena e seis
fragmentos da verdadeira cruz, um deles manchado com o mesmo sangue santo que
eu vi em Flandres. Dei uma olhada nos ossos dos peixes com que nosso Senhor
alimentou as cinco mil pessoas, senti o corte afiado de uma das pontas de
flecha que abateram São Sebastião e cheirei uma folha da macieira do Jardim do
Éden. Na minha capela, rapaz, eu tenho um nó de dedo de Santo Tomás e uma
dobradiça da caixa na qual o olíbano foi dado ao menino Jesus. Essa dobradiça
me custou muito dinheiro, muito. Pois me diga, Thomas, que relíquia é mais
preciosa do que todas essas que eu já vi e todas as que pretendo ver nas
igrejas da cristandade?”
“– O diabo está trabalhando contra nós,
eminência – falou, irritado.
– O diabo está sempre trabalhando contra nós,
Bernard – disse o cardeal em tom de reprovação. – É o serviço dele. Haveria
algo profundamente errado no mundo se o diabo não estivesse trabalhando contra
nós.”
“– Então você falou com o irmão Germain? –
perguntou ele a Thomas.
– Quem dera que não tivesse falado.
– Ele é um estudioso, o que significa que não
tem colhões.”
“– Sabe por que alguns homens são maus
líderes? Porque eles querem que os outros gostem deles.
– Isso é mau?
– Os homens querem admirar os seus líderes,
querem temê-los, e acima de tudo querem que ele tenha sucesso. O que é que
gostarem dele tem alguma coisa a ver com qualquer desses detalhes?”
“Guy Vexille dissera que Thomas iria querer
morrer enquanto tivesse sendo torturado, e isso fora verdade, mas Thomas estava
surpreso ao descobrir que ainda era verdade. Tire o orgulho de um homem,
pensou, e você o deixa sem nada. A pior recordação não era a dor, nem a
humilhação de implorar para que a dor parasse, mas a gratidão que sentira para
com o torturador quando a dor realmente parou. Esse, sim, era o detalhe mais
vergonhoso de todos.”
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