Editora: Conrad
ISBN: 978-85-7616-428-9
Tradução: Janaína Silvia Félix
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 224
Sinopse: Com apresentações e comentários do próprio
autor, Derrotista reúne também os primeiros trabalhos de Joe
Sacco no estilo que o consagrou – trabalhos sobre a guerra e seu efeito sobre
as pessoas.
Além da impressionante
história sobre os bombardeios durante a Segunda Guerra em Malta, baseada nos
relatos de sua mãe, destacam-se uma crônica da vida da população civil sob
ataque aéreo, e uma sarcástica história sobre o circo da mídia durante a
cobertura da Guerra do Golfo.
“Maria, mãe de Deus, o que está acontecendo?
O quê? Eu não consigo me mexer desde novembro, setembro foi horrível também, eu
me mexi naquele mês?, sim, uma cagada fenomenal, uma das grandes, massa eu
acho, tá tudo voltando, água, um bule, água fervendo pro chá, claro, tudo isso
me levou até a cozinha, onde fica o fogão, e o banheiro, quando ainda me
masturbava, esquece a cagada, tá, a cagada foi em outubro, não o fogão, quero
dizer, onde eu estava em setembro, no banheiro tocando uma na pia, outra na
cozinha, também não vai ficar pensando merda, enxaguando copos de chá, tudo a
mesma coisa, eu tava fingindo orgasmos, esse tipo de coisa, enganando a si
mesmo, é vergonhoso, eu sabia que devia parar, isso foi em setembro ou agosto
você sabe que o mês de agosto foi quente, em celsius, suor pingando em poças,
ainda pinga, deve ser agosto de novo, ou nunca foi. Apesar de qualquer coisa
sou um bebedor de chá, a qualquer hora, embora às sete seja um pouco duvidoso,
cair no sono como eu caio, tão cedo no sofá, de onde não saio, só mesmo pelo
chá, a menos que eu esteja dormindo, nesse caso posso mijar na cama bonito, eu
não sou disso, tenho sono leve, qualquer bombinha e já é bom dia, não um
Luftwaffe*, isso foi em 1942, chutando, agora, lá fora, blem!, ouviu? Tem uma
igreja fazendo blem-blem-blem! Fogos de artifício! Cores! Um inferno no céu! Um
grupo de ingleses em excursão vibrando, batendo palmas, em pé, nas pontas dos
dedos, eles nunca viram nada assim! Turistas seguem a fumaça, eu levo pro lado
pessoal, estamos falando sobre o meu sono, blem-blem-blem! Cultura, eu suponho,
padres fazendo o sinal da cruz, tocando o sino, transubstanciação, estátuas
levantadas dentro e fora das igrejas, duas ou três bandas marchando por todo o
trajeto, blem-blem-blem! Dois milênios de fuligem caindo, deixa o devoto sujo,
todo mundo usa segunda-pele, eu não sou ligado em moda, tô muito feliz no meu
sofá, obrigado, blem-blem-blem! Ok, uma confissão, estou caçoando de quem?,
isso é desenho puro, então, anos atrás, eu vibrava, meu primo e eu, nós
seguíamos a fumaça com o nariz, ficávamos bêbados, perseguíamos as meninas,
muitas noites suando uísque, “Calma aí! Você vai nos matar! Haha”, eu tenho
histórias. Agora ele me faria cair no choro, vamos pular essa parte, é simples,
eu mudei, todo mundo muda, a primeira coisa que se percebe é o meu cabelo, mas
vamos pular essa parte, eu ainda não mudei nada, “você ainda anda por aí, se
divertindo, a vida é assim”. Eles cheiram a rato, algo estranho, meu cabelo, eu
não tô brincando, meu antebraço, também, o antebraço de uma garota, se eles
pudessem ver meu pau, minhas mãos, você entende?, o checklist todo, sou eu, eu
não tô deixando uma rodela de sujeira em volta da banheira, eu sem nenhum par
honesto de sapatos fedidos, eu que nunca trabalhei numa fábrica, e meu tio diz
que, na opinião dele, se eu nunca trabalhei numa fábrica, eu nunca trabalhei.
Ele começou nas Forças Armadas da Inglaterra matando ratos a pauladas, terminou
cozinhando para os estadunidenses, não ratos, ele pode me arrumar um trampo de
pintor de carros, e eu quero esse trampo?, sim ou não?, vamos pular essa parte,
eu calo minha boca, fico de boca calada, boca fechada não entra mosquito, eles
tentam, me manipulam com chá, me colocam num campo minado verbal – “O que você
vai cozinhar pra hoje à noite?” – difícil atracar! – Tô indo em ziguezague –
“Sério mesmo, e o seu cabelo?” – Arrepios! Esticado nas barreiras! – “Já
encontrou uma garota?” – Um flash de seus olhos azuis e o mar jorrando água! Da
sala de controle pra sala de máquinas: as bombas trabalham rápido! Quase! A
chaleira apita, outra xícara, vapor, calmaria, eu tomo um gole, suspiro, estou
praticamente ao lado do cais, e aí bam! Eu escorrego! Uma palavra ou duas!
Sobre o tempo talvez! Eles dão o bote! O que eu fiz de errado! Os erros no meu
caminho! Toda a minha educação me pegou! Um martelo bate, meu navio se desfaz,
eu pulo de qualquer jeito, nado cachorrinho, eles me jogam uma corda, me
pescam, dão tapinhas na minha cabeça, “não foi culpa dele, tadinho... tão
novinho... nunca teve uma chance”, logo mais, estávamos chorando, tô perdoado,
a chaleira apita, outra xícara, eles são muito gentis, me abençoam, eu balanço
a cabeça, todo mundo ainda chora, vão dar um jeito em mim, trabalho difícil e
sacrificado, todo santo dia, uma pequena folga uma vez por mês, um passeio aos
domingos, sorteio da loteria às quartas-feiras, e, se deus quiser, nenéns
também, isto é amor, contrai, empurra, neném! Contrai, empurra, neném! Junte-se
a nós! Junte-se a nós! Me chamam feito sirenes do calvário, minha cabeça tá
rodando, balançando cada vez mais rápido, eu deixei minha cera na cozinha, tô
pedindo uma caneta, tô procurando pela linha pontilhada, e então! Um grito! A
chaleira! Como a fada da morte! Outra xícara, tem gosto de placenta, minha boca
enche, eu vomito no avental, eles querem me trocar, me limpar, me dar o peito,
eu rastejo, tô fora de lá, de volta ao meu sofá, junto meus caquinhos, tem um
pedaço faltando – provavelmente caiu no ônibus. Estas coisas não têm suspensão,
uma desgraça nacional, mas de volta ao meu sofá, custei a relaxar, coberto por
uma manta de lã, cheira mal quando você transpira nela, eu durmo com as luzes
acesas, é mais fácil ler assim, eu fecho as venezianas cedo, é simbólico, eles
sabem que estou em casa, eu também sei, então tá legal, juvenal, ha ha ha,
caralho, estarei melhor quando ela me amar, mas não vou começar a falar nela,
seus olhos azuis, cala a boca! Quando foi a última vez que eu bati punheta?
Onde fica? Aqui está! Só isto? Bom, esquece tudo isso de novo, pula, ao menos
que Sérgio, não, ele não aparece por aqui desde – ao menos que Sérgio venha com
a moto roncando, os curiosos vão grudar nas venezianas, eles gostam de saber o
que tá pegando, pegar a estrada, haja o que houver, se ele emprestar o capacete
reserva, aquele bar de roqueiros, aquelas garotas roqueiras, uau! Vamos ficar
fedendo a uísque, eu pago. Bon Jovi? Claro! Eu e Bon Jovi somos assim, ó, se é
que você me entende, eu te mando um vídeo, ha ha, mas que vadia, aquelas
garotas roqueiras me adoram, embora o Sérgio não tenha aparecido por aqui desde
sei lá quando, eu vou deitar no meu sofá, vou ler até ele não chegar, espero
que com o capacete reserva – eu acordo! Um grito! Pesadelo? Sim, não, merda, o
peixeiro gritando feito louco, “vivos!, os peixes ainda estão vivos!” Estão é,
seu viado? Vá parar o seu carrinho de peixe na lua, “vivos!” Cubro a cabeça,
cadê meus carneirinhos? 63, 64, 65, mas eu que me fodo, porta de garagem
enferrujada raspando, motores engasgados, 64, 63, 62, cachorros acorrentados
latindo e uivando, mulher no andar de cima estapeando o filho, espingardas
exterminam toda esperança, muito em breve as crianças estarão aqui, elas enfiam
o dedo na minha campainha, correndo pela rua, pra cima e pra baixo, as mães
correndo atrás deles, “se você cair e se machucar, eu te arrebento”, esquece os
carneirinhos, enche a chaleira, ferve, baby, ferve, depois do chá, mais chá,
então vou até o telhado, ver as roupas sendo penduradas, tá tudo ali, eles
realmente se organizam, das menores pras maiores, das mais claras pras mais
escuras, a sociedade vive sob algumas convenções, não penduram uma meia entre
duas blusas, não dão sopa pro azar, aqui é um lugar perigoso, bam-bam-bam! Não
é uma espingarda 42, penas, um outro pássaro migrante que nunca deveria ter se
incomodado, enfiado com os outros no mostruário do meu primo, meu primo me dá
uma olhada, fora do barco, pego um táxi, o filho-da-puta me cobra o que custa
pra atravessar meia Itália. Bem, eu tenho cabelo comprido, ele me dá uma
olhada, tô fora da Sicília, sabe né: “Tem aqueles que vão arrancar a tua
cabeça”, é o que ele diz, ele mesmo teria feito isto. Minha mãe e a mãe dele
sobreviveram à mesma desgraça, é isto que o faz ir com calma, família é a coisa
mais importante, agradeça à virgem Maria por isto. Anos atrás seguimos nossa
intuição até a fumaça, e isto queima queima queima, o sol endurece o telhado, e
algo acontece no dia, uma hora ou duas ouvindo carteiros parados em frente de
casa, chá vem, chá vai, apontando os lápis, sem pensar nos olhos azuis dela,
tusso quando a vejo novamente, ela está encharcada, nunca me perdoa pelo tempo,
você ficaria surpreso, algo acontece no dia, mais tarde rola um show de striptease,
um canal italiano, dá um tempo, talvez eu esteja me superando, mas acho que
não, quero dizer, sobre o tempo, talvez fosse eu, mas ela riu das piadas, eu
sempre causo uma boa impressão, uma maneira estranha de fechar as venezianas
cedo, e é isto o que acontece no dia, preciso de descanso, nos Alpes, uma rede
de borboletas, eu sei, eu deveria sair mais, eu saio quando não tem mais chá, o
mercadinho, minhas tias, já tentei mudar de rumo, museus, catedrais, eu li os
panfletos, circulei os pontos de meu interesse, girei minha cabeça pra um lado,
claro-escuro, quase um Caravaggio tosco, não, obrigado, e o guia me dizendo que
é vidro tcheco e ganhando mais 50 pilas por isto, pode ficar com tudo, o pacote
todo e, diabos, com o Grand Harbor**, também, este lugar sagrado, anos atrás,
olha só, onde você me encontraria, onde soldados drogados atacaram, onde os
bombardeiros Stuka*** gemiam, olha, até isso, leva, vai, sai da minha frente, e
pelo amor de Deus, não pense que tentei, com os olhos apertados, fazendo tanta
força que pensei que fosse me borrar emocionalmente, onde uma vez, olha, me
transformei em alguma coisa (o quê?), olha aqui, nada, nada, e se houvesse ao
menos um turno, e não há turnos, acabado, irrecuperável, quando, não me
pressione, velho, rezo por um ex-estivador, um longo caso para me desestruturar
como há anos, ele me levanta e me oferece a mão, olha, a mão dele no meu pinto,
fui claro, masturbação, e os soldados foram abatidos, os Stuka esmagaram aos
montes, e eu rolei de alguma coisa (o quê) que eu tive há anos, pra sempre, para
o ônibus, o ônibus que chacoalha, cai nos buracos, perdendo mais um pedaço, eu
tropecei, e então, então – ai, meu Cristo, não contei nada ainda, NADA – Lá
estão eles, perto de você. você está entre eles, cuidado! eles parecem
bonzinhos, caçando mosquito, desfiando o terço, mediterrâneos da cabeça aos
pés, o National Geographic inteiro, e quando você passa eles aprovam com a
cabeça, cuidado! Não é uma saudação desejando saúde, é uma advertência, é uma
advertência, é uma advertência, e eles vão te botar no chão num segundo e
chutar o seu saco, se escurecer um pouco mais, fica sob medida se você nasceu
aqui, de novo, se seu pai tocava clarinete na banda do clube, eles separaram o
joio do trigo, e no meu sofá, alívio! Estou ofegante feito um cachorro, e meus
olhos fechados, e os olhos azuis dela abertos, ela ficou encharcada, e eu estou
encharcado, eu culpo o tempo. Agosto? Cheira mal quando você transpira nela, eu
fecho as venezianas cedo, apago as luzes, também, uma nova tática, ninguém
saberá que estou em casa, ninguém além do Sérgio, ele vai saber. Ele deveria
usar a campainha, mas pode ser que não pense nisso, eu acendo as luzes de novo,
e ele nem vai aparecer, mas ele vai saber que estou em casa, espero que com o
capacete reserva.”
*: Força aérea alemã antes e durante a II
guerra mundial.
**: Porto estratégico na ilha de Malta.
***: Os junkers Ju-87 ou Stuka eram os
famosos aviões bombardeiros alemães na II guerra mundial.
Quando boas bombas acontecem para pessoas más
Bombardeio britânico à Alemanha, 1940-45
“Constatamos os inconvenientes que o ataque à
população britânica nos causou e não há motivo para que o inimigo fique livre
de todos esses constrangimentos.”
Primeiro-ministro Churchill ao ministério da aeronáutica, novembro de
1940
“Esses bombardeios não são uma retaliação
selvagem... é uma política calculada com um objetivo em vista: forçar a
rendição do governo alemão no momento mais precoce possível e com o menor
número de mortes... guerra total significa isso. Uniformes não diferenciam mais
combatentes. Não existem não-combatentes.”
Senior Scholastic, abril de 1944 (uma explanação
aos estudantes americanos intitulada “Por que bombardeamos a Alemanha”).
“No comando de bombardeiros sempre trabalhamos
com a premissa de que bombardear qualquer coisa na Alemanha é melhor do que não
bombardear nada.”
Harris*, outono de 1944. Em março de 1945, Harris declarou “Eu não
considero a Alemanha inteira digna dos ossos de um único granadeiro britânico.
*: Marechal-do-ar, comandante-em-chefe de bombardeios.
“Na noite passada não perguntei sobre os
planos de tumultuar a retirada alemã de Breslau. Pelo contrário, perguntei se
Berlim, e sem dúvida outras grandes cidades da Alemanha Oriental, não deveriam
ser consideradas alvos particularmente atrativos. Fico feliz de que isso esteja
em estudo. Peço relatarem a mim, amanhã, o que será feito.”
Nota de Churchill
ao secretário de estado da aeronáutica, Sir Archibald Sinclair, em janeiro de
1945, ativando o ataque infame a Dresden. Sinclair percebera que a rendição
alemã aos soviéticos seria mais bem conduzida por forças táticas soviéticas e
não por pesados bombardeios britânicos ou americanos. De acordo com notas do
comando de bombardeios, parte da justificativa do ataque a Dresden (“De longe a
maior área habitada não-atingida que o inimigo teve”) foi “mostrar de maneira
não intencional aos russos, quando eles chegassem, o que um comando de
bombardeiro pode fazer”. Quando Dresden se tornou um símbolo de bombardeio injustificado
de civis, Churchill tentou dissociar sua imagem dos ataques. Embora ele e
alguns outros fossem responsáveis pela crueldade e estratégias britânicas, o
transparente Harris carregou a cruz histórica sozinho.
Mortos nos ataques a Dresden: de 25.000 a 135.000.”
“Os comandantes aliados tomaram a tão
esperada decisão de adotar bombardeios deliberadamente terroristas aos centros
urbanos alemães, como expediente cruel para acelerar a derrocada de Hitler.”
Associated Press, 18 de fevereiro de 1945
Bombardeio dos Estados Unidos ao Japão, 1944-45
“As cidades (do Japão) são construídas com
madeira e papel para resistirem à devastação pelos terremotos, e, com isto se
tornam o maior alvo aéreo que o mundo já viu... projéteis incendiários queimam
as cidades todas muito rapidamente.”
General “Billy” Mitchel, 1931
“O subcomitê considerou um ótimo resultado o
caos total em seis cidades (do Japão), que matou 584 mil pessoas.”
Coronel John F. Tuner, subcomitê incendiário, comitê de análise de
operações
“Posso dizer, com moderação, que isto parece
bom do nosso ponto de vista e horrível do ponto de vista do inimigo. Há um
inferno em Tóquio esta noite.”
General Lemay, 10 de março de 1945
“Ao meio-dia, Lemay certificou-se de que
tinha o que gostava de chamar de “Filme de terror”.”
Fortune, outubro de 1945
“Na semana passada, os pilotos do exército
americano realizaram um sonho: tiveram a chance de largar avalanches de bombas
de fogo em Tóquio e Nagóia, e provaram que, devidamente acesas, as cidades
japonesas queimarão como folhas de outono.”
Time, março de 1945
“Resultado do ataque de 10 de março de 1945:
de 80.000 a 130.000 mortos
41.000 feridos
1.000.000 desabrigados.”
“Tostadas,
fervidas e assadas até a morte” é como o general Lemay descrevia as vítimas.”
“Não ouvimos nenhuma reclamação do povo
americano acerca do bombardeio em massa ao Japão; na verdade, acho que eles
sentiram que fizemos o melhor.”
General Carl Spaatz
“Não há civis inocentes. É o governo deles e
você está lutando contra um povo, não está mais tentando lutar contra uma força
armada. Logo, não me aborrece tanto matar espectadores inocentes.”
General Lemay
“A população inteira do Japão é um alvo
militar correto... não há civis no Japão.”
5ª revista semanal da inteligência da força aérea
“Civis! Saiam imediatamente!
Esses folhetos são lançados para comunicar
que sua cidade foi relacionada para ser destruída por nossa poderosa força
aérea. O bombardeio começará em 72 horas. Este aviso prévio dará tempo
suficiente para que suas autoridades militares tomem as medidas necessárias
para protegê-los dos ataques inevitáveis. Observem o quanto elas são impotentes
para protegê-los...”
De um folheto lançado pelos B-29, verão de 1945
“Ok, nós combinamos, sem palestinos neste
gibi e aqui estão eles de novo!
Barulhentos e odiosos como sempre!
E desta vez aplaudindo os scuds do Iraque!
Batendo palmas para qualquer dano aos
invasores israelenses, mesmo que – blamo! – signifique a própria morte deles!
Porque os Scuds podiam cair na cabeça dos
palestinos, também!
Você tá ligado!
Loucura, cara!
E não ajuda muito a causa palestina ficar
aplaudindo os Scuds.
Irracionalidade nunca pegou muito bem no
Ocidente.
E eles aplaudindo é mais do que irracional...
A palavra certa é odioso.
Porra, alguém tem que perguntar aos
palestinos por que eles são tão cheios de ódio.
Digo, mentes inquietas querem saber.
Não querem?
Mas, até que nos preocupemos em saber,
ficamos com o ódio deles.
O que nós sabemos sobre esse tipo de
ódio?
Vou passar a bola pra alguém mais qualificado
para o assunto:
“Devemos odiar a humilhante desgraça de
sermos um povo sem-teto.
“Devemos odiar – como qualquer nação digna de
um nome deve e sempre odiará – o governo de estrangeiros, injusto e
injustificável per se,
“governo estrangeiro na terra de nossos
ancestrais,
“em nosso próprio país.
“Devemos odiar o fechamento dos portões de
nosso próprio país para nossos irmãos, pisoteados, sangrando e implorando por
socorro em um mundo moralmente surdo...
“Quem irá condenar o ódio ao mal que brota do
amor pelo que é bom e justo?...
“E, em nosso caso, tal ódio não tem sido nada
mais do que uma manifestação do mais elevado sentimento humano:
“Amor.
“Porque, se você ama a liberdade, deve odiar
a escravidão.
“Se você ama o seu povo, não tem escolha a
não ser odiar os inimigos quer buscam sua destruição.
“Se você ama seu país, não tem escolha a não
ser odiar aqueles que buscam anexá-lo”.
Menachem Begim, primeiro-ministro de Israel, sobre o domínio britânico
na Palestina antes de 1948, em seu livro The
Revolt.”
*: Derrotista é um romance gráfico.
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