Editora: Rocco
ISBN: 978-85-3252-276-4
Opinião: ***
Páginas: 372
“Quando comecei a estudar as grandes mitologias do mundo, aprendi que
havia dois tipos de cosmologia na religião, a primeira, baseada num único
momento em que Deus criou o universo, e a segunda, baseada na ideia de que o
universo sempre existiu e sempre existirá. (...) Mais tarde, comecei a ver que
estes temas comum entremeavam muitas outras culturas. Para a mitologia chinesa,
por exemplo, no início havia apenas o ovo cósmico. O deus bebê P’an Ku residiu
por quase uma eternidade dentro do ovo, que flutuava num mar informe de Caos.
Quando finalmente eclodiu, P’an Ku cresceu muito, mais de três metros por dia,
de forma que a metade superior do ovo ficou sendo o céu e a inferior, a terra.
Passaram-se 18 mil anos, P’an Ku Morreu para dar origem ao nosso mundo: o seu
sangue se transformou em rios, os olhos no sol e na lua, e sua voz, no trovão.
De
muitas maneiras, o mito de P’an ku espelha um tema encontrado em várias outras
religiões e mitologias antigas, o de que o universo surgiu de repente creatio
ex nihilo (criado do
nada). Na mitologia grega, o universo começou num estado de caos (de fato, a
palavra “caos” vem do grego e significa “abismo”). Este vazio sem forma nem
traços característicos é com frequência descrito como um oceano, como nas
mitologias babilônica e japonesa. Este tema é encontrado na mitologia do antigo
Egito, onde o deus sol Rá emergiu de um ovo flutuante. Na mitologia polinésia,
o ovo cósmico é substituído por uma casca de coco. Os maias acreditavam numa
variação desta lenda, na qual o universo nasce. Mas acaba morrendo depois de
cinco mil anos, para ressurgir de novo, sem parar, repetindo um ciclo
interminável de nascimento e destruição.
Esses
mitos do tipo creatio ex nihilo contrastam nitidamente com a
cosmologia segundo o budismo e certas formas de hinduísmo. Nestas mitologias, o
universo é atemporal, sem começo nem fim. Existem muitos níveis de existência;
o mais alto porém é o Nirvana, que é eterno e pode ser alcançado apenas por
meio da mais pura meditação. No Mahapurana hindu, está escrito: “Se Deus criou o
mundo, onde estava Ele antes da Criação?... Saiba que o mundo não foi criado,
como o próprio tempo, e não tem começo nem fim.”
“O satélite WMAP mediu os ecos do próprio big bang e nos deu a medida exata da idade do universo com uma surpreendente precisão de 1 por cento: 13,7 bilhões de anos.”
“No cenário inflacionário, no primeiro trilionésimo de trilionésimo de segundo, uma misteriosa força de antigravidade fez o universo se expandir muito mais rápido do que originalmente se pensava. O período inflacionário foi inconcebivelmente explosivo, com o universo se expandindo muito mais rápido do que a velocidade da luz. (Isto não desobedece à lei de Einstein de que nada pode viajar mais rápido do que a luz, porque é espaço vazio que está se expandindo. Para objetos materiais, a barreira da luz não pode ser quebrada.) Numa fração de segundo, o universo expandiu por um fator inimaginável de 10 elevado à 50.”
“(Einstein descobriu nas equações de Maxwell o que o próprio autor não viu): que a luz viajava a uma velocidade constante. (...) A velocidade da luz c era a mesma em todas as referencias inerciais (isto é, referências viajando a uma velocidade constante). (...) Não importa a velocidade em que você estivesse, jamais conseguiria ultrapassar a luz.
Isto levou imediatamente a uma miríade de paradoxos. Imagine, por um
momento, um astronauta tentando alcançar a velocidade de um feixe de luz. O
astronauta dispara no seu foguete até estar emparelhado com o feixe de luz. Um
espectador na terra assistindo a esta caçada hipotética diria que o astronauta
e o feixe de luz estavam se movendo um ao lado do outro. Entretanto, o astronauta
diria algo completamente diferente, que o feixe de luz afastava-se dele, como
se o seu foguete estivesse parado.
A
pergunta que desafiava Einstein era: como duas pessoas podem ter interpretações
tão diferentes do mesmo acontecimento? Na teoria de Newton, podia-se sempre
alcançar um feixe de luz; no mundo de Einstein, isto era impossível. Havia, ele
percebeu de repente, uma falha fundamental nos fundamentos da física. Na
primavera de 1905, Einstein lembrou: “A minha mente entrou em turbulência”. Num
golpe, ele finalmente encontrou a solução: o tempo pulsa em ritmos diferentes, dependendo da
velocidade com que você se move. De fato, quanto mais rápido você
se move, mais lentamente o tempo progride. O tempo não é um valor absoluto,
como Newton pensava. Segundo Newton, o tempo pulsava de maneira uniforme em
todo o universo. Para Einstein, entretanto, relógios diferentes batem em ritmos
diferentes por todo o universo.
Se
o tempo pudesse mudar dependendo da sua velocidade, Einstein percebeu então que
outras quantidades, como o comprimento, matéria e energia também deveriam
mudar. Ele descobriu que quanto mais rápido você se movia, mais as distâncias
se contraíam e mais pesado você fica. (De fato, conforme você se aproximasse da
velocidade da luz, o tempo iria ficando mais lento até parar, as distâncias se
contrairiam até o nada e a sua massa se tornaria infinita, o que é
completamente absurdo. É por isso que você não pode romper a barreira da luz,
que é basicamente o limite de velocidade no universo).”
“Do mesmo modo que a descoberta de Newton unificou a física terrestre com a física celeste, Einstein unificou espaço e tempo. Mas ele também mostrou que a matéria e a energia estão unificadas e, portanto, podem se transformar uma na outra. Se um objeto se torna mais pesado quanto mais rápido ele se move, então isto significa que a energia de movimento está sendo transformada em matéria. O inverso também é verdadeiro – matéria pode ser convertida em energia. Einstein computou quanta energia seria convertida em matéria e encontrou a fórmula E = mc2 (ao quadrado), isto é, mesmo uma quantidade mínima de matéria m é multiplicada por um número enorme (o quadrado da velocidade da luz) quando se transforma em energia E. Portanto, a fonte de energia secreta das estrelas revelou-se com a conversão da matéria em energia por meio desta equação, que ilumina o universo. O segredo das estrelas poderia ser derivado da simples declaração de que a velocidade da luz é a mesma em todas as referências inerciais.”
“Pense numa bola de boliche colocada sobre uma cama, delicadamente afundando no colchão. Agora faça correr uma bola de gude sobre a superfície arqueada do colchão. Um newtoniano, vendo de longe a bola de gude circulando em torno da bola de boliche, poderá concluir que houve uma força misteriosa exercida pela bola de boliche sobre a bola de gude. Um newtoniano diria que a bola de boliche exerceu uma atração instantânea que puxou a bola de gude para o centro.
Para um relativista, que pode observar o movimento da bola de gude sobre
a cama de perto, é óbvio que não existe força alguma. Existe apenas a curvatura
da cama, que força a bola de boliche a se mover numa linha curva. Para o
relativista, não existe atração, existe apenas um empurrão, exercida pela cama
curvada sobre a bola de gude. Substitua a bola de gude pela Terra, a bola de
boliche pelo Sol e a cama por espaço-tempo vazio, e veremos que a Terra se move
em torno do Sol não por causa da atração da gravidade, mas porque o Sol deforma
o espaço em torno da Terra, criando uma força que empurra a Terra para se mover
num círculo.
Einstein foi, por conseguinte, levado a acreditar que a gravidade era
mais como um tecido do que uma força invisível que atuava instantaneamente em
todo o universo. Se alguém sacudir rapidamente este tecido, formam-se ondas que
viajam ao longo da superfície numa velocidade definida. Isto resolve o paradoxo
do sol que desaparece. Se a gravidade é um subproduto do arqueamento do tecido
do espaço-tempo, então o desaparecimento do Sol pode ser comparado a levantar
de repente a bola de boliche da cama. Conforme a cama ricocheteia de volta para
a sua forma original, ondas são enviadas pelo lençol a uma velocidade definida.
Portanto, reduzindo a gravidade a um arqueamento do espaço e tempo, Einstein
foi capaz de conciliar gravitação e relatividade.
Imagine uma formiga tentando atravessar uma folha de papel amassado. Ela
vai caminhar como um marinheiro bêbado, cambaleando para a esquerda e para a
direita, enquanto tenta atravessar o terreno enrugado. A formiga vai dizer que
não está bêbada, mas que está sendo arrastada por uma força misteriosa, que a
puxa para a esquerda e para a direita. Para a formiga, o espaço vazio está cheio
de forças misteriosas que a impedem de andar em linha reta. Olhando a formiga
de perto, entretanto, vemos que não há nenhuma força puxando-a. Ela está sendo
empurrada pelas dobras do papel amassado. As forças que agem sobre a formiga
são uma ilusão causada pelo arqueamento do próprio espaço. A “atração” da força
na verdade é o “empurrão” criado quando ela caminha sobre uma dobra de papel.
Em outras palavras, a gravidade não puxa; o espaço empurra.
Em
1915, Einstein finalmente conseguiu completar o que chamou de teoria da
relatividade geral, que desde então é a arquitetura sobre a qual está baseada
toda a cosmologia. Neste novo e surpreendente quadro, a gravitação não era uma
força que enchia o universo, mas o efeito aparente da curva do tecido
espaço-tempo. A sua teoria era tão eficiente que ele pôde resumi-la numa
equação com dois centímetros e meio de comprimento. Nesta nova teoria
brilhante, a quantidade da curvatura do espaço e tempo era determinada pela
quantidade de matéria e energia que ele continha. Imagine lançar uma pedra num
lago, criando uma série de ondinhas que emanam do impacto. Quanto maior a
pedra, maior a deformação na superfície do lago. Da mesma maneira, quanto maior
a estrela, maior a curvatura do espaço-tempo em torno dela.”
“Um padre belga, Georges Lemaître, que aprendeu a teoria de Einstein, ficou fascinado com a ideia de que a teoria conduzia logicamente a um universo que estava se expandindo e, portanto, teve um começo. Como os gases aquecem ao serem comprimidos, ele percebeu que o universo no começo dos tempos deve ter sido quentíssimo. Em 1927, afirmou que o universo deve ter começado como um “superátomo” de incrível temperatura e densidade, que explodiu de repente, dando origem ao universo em expansão de Hubble.”
“Uma estrela típica como o nosso sol começa a sua vida como uma grande bola de gás de hidrogênio difuso chamada proto-estrela e gradualmente se contrai sob a força da gravidade. Quando começa a entrar em colapso, ela começa a girar rapidamente (o que muitas vezes leva a formação de um sistema de estrela dupla, onde duas estrelas correm uma atrás da outra em órbitas elípticas, ou a formação de planetas no plano de rotação da estrela). O centro da estrela também se aquece tremendamente até atingir mais ou menos um milhão de graus ou mais, quando ocorre a fusão do hidrogênio com o hélio.
Depois que a estrela se incendeia, é chamada de uma estrela da sequência
principal e pode queimar por cerca de 10 bilhões de anos, lentamente
transformando seu núcleo de hidrogênio para hélio residual. O nosso sol se encontra
atualmente nesse processo. Quando termina a era de queima de hidrogênio, a
estrela começa a queimar hélio, expandindo-se imensamente até o tamanho da
órbita de Marte e se torna uma “gigante vermelha”. Esgotando o combustível de
hélio no núcleo, as camadas exteriores da estrela se dissipam, deixando apenas
o núcleo, uma estrela “anã branca” mais ou menos do tamanho da Terra. Estrelas
menores, como o nosso Sol, morrerão no espaço como nacos de material nuclear
morto em estrelas anãs brancas.
Mas nas estrelas com cerca de dez a quarenta vezes a massa do nosso sol,
o processo de fusão ocorre muito rápido. Quando a estrela se torna uma
supergigante vermelha, seu núcleo rapidamente funde os elementos mais leves, de
modo que ela parece uma estrela híbrida, uma anã branca dentro de uma gigante
vermelha. Nesta estrela anã branca, podem ser criados os elementos mais leves
até o ferro na tabela periódica de elementos. Quando o processo de fusão chega
à fase na qual é criado o elemento ferro, não pode mais ser extraída energia
desse processo, e assim a fornalha nuclear, depois de bilhões de anos,
finalmente apaga. Neste ponto, a estrela entra absolutamente em colapso,
criando pressões enormes que na verdade empurram os elétrons para dentro dos
núcleos. (A densidade pode exceder em 400 bilhões de vezes a densidade da
água.) Isto faz as temperaturas subirem a trilhões de graus. A energia
gravitacional comprimida dentro deste objeto minúsculo explode numa supernova.
O calor intenso deste processo faz a fusão começar de novo, e os elementos além
do ferro na tabela periódica são sintetizados.
A
supergigante vermelha Betelgeuse, por exemplo, que pode ser vista facilmente na
constelação de Órion, é instável; ela pode explodir a qualquer momento como uma
supernova, cuspindo grandes quantidades de raios gama e raios X pela
vizinhança. Quando isto acontecer, esta supernova será visível durante o dia e
poderá brilhar mais do que a Lua à noite. (Já se pensou que a energia titânica
liberada por uma supernova tivesse destruído os dinossauros há 65 milhões de
anos. Uma supernova a uns 10 anos luz daqui poderia, de fato, acabar com a vida
na Terra. Felizmente, as estrelas gigantes Spica e Betelgeuse estão a 260 e 430
anos luz-, respectivamente, distantes demais para provocar muitos danos graves
à Terra quando finalmente explodirem. Mas alguns cientistas acreditam que uma
extinção em pequena escala de criaturas marinhas há 2 milhões de anos foi
causada pela explosão de supernova de uma estrela distante 120 anos-luz.)
Isto significa também que o nosso Sol não é a verdadeira “mãe” da Terra.
Embora muitos povos terrestres tenham adorado o Sol como um deus que deu origem
à Terra, isto só em parte é correto. Embora a Terra tenha se originado do Sol
(como parte do plano elíptico de fragmentos de rocha e poeira que circulavam em
torno do Sol há 4,5 bilhões de anos), o nosso Sol não é quente o suficiente
para fundir o hidrogênio em hélio. Isto quer dizer que a nossa verdadeira
“mãe-sol” foi na realidade uma estrela anônima ou um conjunto de estrelas que
morreram há bilhões de anos numa supernova, que depois semeou nebulosas
próximas, com os elementos além do ferro que compõem o nosso corpo.
Literalmente, nossos corpos são feitos de poeira estelar, das estrelas que
morreram há bilhões de anos.
Depois de uma explosão de supernova, resta um minúsculo fragmento chamado
estrela de nêutrons, que é feito de matéria nuclear sólida, comprimida ao
tamanho de Manhattan, com quase 30 quilômetros. (As estrelas de nêutrons foram
previstas pela primeira vez pelo astrônomo suíço Fritz Zwicky, em 1933, mas
pareciam tão fantásticas que foram ignoradas pelos cientistas durante décadas.)
Como a estrela de nêutrons está emitindo radiação irregularmente e também
girando muito rápido, ela parece um farol rodopiando, cuspindo a radiação ao
mesmo tempo. Vista da Terra, a estrela de nêutrons parece latejar e portanto é
chamada de um pulsar.
Estrelas extremamente grandes, porventura maiores do que 40 massas
solares, quando finalmente sofrem uma explosão de supernova, podem deixar para
trás uma estrela de nêutrons tão grande que pode neutralizar a força repulsiva
entre nêutrons, e a estrela enfrentará o seu colapso final, no que é, talvez, o
objeto mais exótico do universo, um buraco negro.”
“Depois de 2 mil anos investigando a natureza da matéria e da energia, os físicos determinaram que apenas quatro forças fundamentais movem o universo. (Os cientistas tentaram procurar uma quinta força, mas até agora todos os resultados nesta direção foram negativos ou inconclusivos.)
A
primeira força é a gravitação, que mantém o Sol estável e guia os planetas em
suas órbitas celestes no sistema solar. Se a gravidade fosse de repente
“desligada”, as estrelas no céu explodiriam, a Terra se desintegraria e seríamos
todos lançados no espaço a uns 1.500 quilômetros por hora.
A
segunda grande força é o eletromagnestismo, a força que ilumina nossas cidades,
enche o nosso mundo de televisões, telefones celulares, rádios, raios lasers e
a Internet. Se a força eletromagnética acabasse de repente, a civilização seria
no mesmo instante lançada um ou dois séculos para o passado, nas trevas e no
silêncio. Isto foi ilustrado com bastante realismo com o apagão que paralisou
toda a região nordeste dos Estados unidos em 2003. Se examinar a força
eletromagnética microscopicamente, veremos que na verdade ela é feita de
partículas minúsculas, os quanta, chamados fótons.
A
terceira força é a força nuclear fraca, responsável pelo decaimento radioativo.
Como a força fraca não é forte o suficiente para manter estável o núcleo do
átomo, ela deixa que o núcleo se quebre ou desintegre. A medicina nuclear nos
hospitais depende bastante da força nuclear. A força fraca também ajuda a
aquecer o núcleo da terra por intermédio de materiais radioativos, que acionam
a imensa energia dos vulcões. A força fraca, por sua vez, baseia-se na
interação de elétrons e neutrinos (partículas espectrais quase sem massa, que
atravessam trilhões de quilômetros de chumbo sólido sem interagir com nada). Estes
elétrons e neutrinos interagem com a troca de outras partículas, chamadas
bósons-W e Z.
A
força nuclear forte mantém estáveis os núcleos dos átomos. Sem a força forte,
todos os núcleos desintegrariam, os átomos se dividiriam e a realidade que conhecemos
se dissolveria. A força nuclear forte é responsável pelos aproximadamente cem
elementos que vemos preenchendo o universo. Juntas, as forças nucleares forte e
fraca são responsáveis pela luz que emana das estrelas por intermédio da
equação de Einstein, E = mc². Sem a força nuclear, o universo inteiro seria
escurecido, baixando a temperatura na terra e congelando os oceanos.
A
característica surpreendente destas quatro forças é que elas são totalmente
diferentes uma das outras, com intensidades e propriedades diversas. Por
exemplo, a gravidade é, de longe, a mais fraca das quatro, 10 elevado à 36
vezes mais fraca do que a força eletromagnética. A Terra pesa 6 trilhões de
trilhões de quilogramas, mas o seu peso maciço e a sua gravidade podem ser facilmente
anulados pela força eletromagnética. O pente que você usa, por exemplo, é capaz
de recolher pedacinhos de papel por eletricidade estática, anulando portanto
toda a gravidade de toda a Terra. E a gravidade é estritamente atrativa. A
força eletromagnética pode ser tanto atrativa quanto repulsiva, dependendo da
carga da partícula.”
“Fazendo uma retrospectiva, a ideia de universos paralelos nos é imposta. A inflação representa a fusão de cosmologia tradicional com avanços na física de partículas. Sendo uma teoria quântica, a física de partículas afirma que existe uma probabilidade finita de que ocorram coisas improváveis, como a criação de universos paralelos. Assim, tão logo reconheçamos a possibilidade de criação de um universo, abrimos a porta para a probabilidade de criação de um número infindável de universos paralelos. Pense, por exemplo, em como o elétron não existe em nenhum ponto isolado, mas existe em todos os pontos possíveis ao redor do núcleo. Esta “nuvem” de elétrons que cerca o núcleo representa o elétron em muitos lugares ao mesmo tempo. Esta é a base fundamental de toda a química, que admite que elétrons unam as moléculas. A razão pela qual as nossas moléculas não se dissolvem é que os elétrons paralelos dançam ao redor delas e as mantêm unidas. Da mesma forma, o universo foi um dia menor do que um elétron. Quando aplicamos a teoria quântica ao universo, somos então forçados a admitir a possibilidade de que o universo existe simultaneamente em muitos estados. Em outras palavras, uma vez tendo aberto a porta para aplicar as flutuações quânticas ao universo, somos quase forçados a admitir a possibilidade de universos paralelos. Parece que não temos outra escolha.”
“Embora a teoria do universo-surgindo-do-nada não possa ser provada por meios convencionais, ela ajuda a responder questões muito práticas sobre o universo. Por exemplo, por que o universo não tem rotação? Tudo que vemos a nossa volta gira, de piões, furacões, planetas e galáxias, até quasares. Parece ser uma característica universal da matéria no universo. Mas o universo mesmo não gira. Quando olhamos as galáxias no céu, a sua rotação total se cancela dando zero. (Isto é uma sorte, porque se o universo girasse, então viagens do tempo seriam comuns e a história, impossível de ser escrita.) O universo não tem rotação talvez porque o nosso universo veio do nada. Visto que o vácuo não tem rotação, não esperamos ver nenhuma rotação líquida surgindo no nosso universo. Na verdade, todos os universos-bolhas dentro do multiverso talvez tenham rotação zero.
Por que cargas elétricas negativas e positivas se equilibram exatamente?
Em geral, quando pensamos nas forças cósmicas que regem o universo, pensamos
mais em gravitação do que em força eletromagnética, mesmo que a força gravitacional
seja infinitesimalmente pequena compara com a força eletromagnética. A razão
disto é o equilíbrio perfeito entre cargas positivas e negativas.
Consequentemente, a carga líquida do universo parece ser zero, e a gravidade é
que domina o universo, não a força eletromagnética.
Embora aceitemos isso naturalmente, o cancelamento de cargas negativas e
positivas é bastante notável, e tem sido testado por experimentos na razão de
10 elevado à 21 vezes. (É claro que existem desequilíbrios locais entre as
cargas, e é por isso que temos relâmpagos. Mas o número total de cargas, mesmo
nas tempestades com raios e trovoadas, soma a zero.) se houvesse apenas 0,00001
por cento de diferença no total das cargas elétricas positiva e negativa dentro
do seu corpo, você seria estraçalhado instantaneamente, com pedaços do seu
corpo lançados no espaço cósmico pela força elétrica.”
“Os cientistas acreditam que o universo começou num estado de simetria perfeita, com todas as forças unificadas numa só. O universo era belo, simétrico, mas um tanto inútil. A vida que conhecemos não pode existir neste estado de perfeição. Para existir a possibilidade de vida, a simetria do universo teve de ser quebrada ao resfriar.”
“As supernovas Ia nascem quando uma estrela anã branca num sistema binário lentamente suga matéria da sua estrela companheira. Ao nutrir-se da sua estrela irmã, esta anã branca, vai crescendo em massa até pesar 1,4 massas solares, o máximo possível para uma anã branca. Quando excedem este limite, entram em colapso e explodem num tipo de supernova Ia. Este gatilho detonador é o que explica as supernovas do tipo Ia serem de luminosidade tão uniforme – é o resultado natural de estrelas anãs brancas alçando uma massa precisa e em seguida colapsando sob a gravidade. (Como Subrahmanyan Chandrasekhar mostrou em 1935, numa estrela anã branca a força da gravidade que esmaga a estrela é equilibrada por uma força de repulsão entre os elétrons, chamada de pressão de degeneração do elétron. Se uma estrela anã pesa mais de 1,4 massas solares, então a gravidade supera esta força e a estrela é esmagada, criando a supernova.) Uma vez que as supernovas distantes ocorreram no início do universo, analisando-as, é possível, calcular a taxa de expansão do universo bilhões de anos atrás.”
“De acordo com a teoria quântica, uma pessoa poderia em princípio voltar a se materializar de repente no planeta vermelho. É claro que a probabilidade é tão pequena que teríamos de esperar mais do que o tempo de existência do universo. Consequentemente, no nosso dia-a-dia, podemos descartar esses eventos improváveis. Mas, no nível subatômico, tais probabilidades são cruciais para o funcionamento de aparelhos eletrônicos, computadores e lasers.
Os
elétrons, na verdade, se desmaterializam regularmente e se encontram
rematerializados do outro lado de paredes dentro dos componentes do nosso
computador ou CD. A civilização moderna, de fato, entraria em colapso se os
elétrons não pudessem estar em dois lugares ao mesmo tempo. (As moléculas do
nosso corpo também entrariam em colapso sem este princípio estranho. Imagine
dois sistemas solares colidindo no espaço, obedecendo às leis da gravitação de
Newton. Os sistemas solares em colisão colapsariam numa mistura caótica de
planetas e asteroides. Do mesmo modo, se os átomos obedecessem às
leis de Newton, eles se desintegrariam sempre que esbarrassem em outro átomo. O
que mantém dois átomos trancados numa molécula estável é o fato de que os
elétrons podem simultaneamente estar em tantos lugares ao mesmo tempo que
formam uma “nuvem” de elétrons que une os átomos. Assim, a razão pela qual as
moléculas são estáveis e o universo não se desintegra é que os elétrons podem
estar em muitos lugares ao mesmo tempo).
Mas, se os elétrons podem existir em estados paralelos pairando entre a
existência e a não-existência, então, por que o universo não pode? Afinal de
contas, num determinado momento o universo foi menor do que um elétron. Uma vez
introduzida a possibilidade de aplicarmos o princípio quântico ao universo,
somos forçados a considerar a existência de universos paralelos.”
“A relatividade geral é uma teoria do muito grande: buracos negros, Big Bangs, quasares e o universo em expansão. Está baseada na matemática das superfícies suaves, como lençóis de cama e redes de cama elásticas. A teoria quântica é exatamente o contrário – ela descreve a teoria do muito pequenino: átomos, prótons e nêutrons e quarks. Está baseada numa teoria de pacotes discretos de energia chamados quanta. Diferente da relatividade, a teoria quântica afirma que só a probabilidade de eventos pode ser calculada, de modo que nunca saberemos com certeza onde um elétron se encontra. Estas duas teorias baseiam-se em matemáticas diferentes e domínios diferentes. Não é de surpreender que todas as tentativas de unificá-las tenham ido por água abaixo.”
“De acordo com a lenda nórdica, o dia do juízo final, ou Ragnarok, o Crepúsculo dos Deuses, virá acompanhado de convulsões cataclísmicas. A Midgard (Terra Média), assim como os céus, serão apanhados nas garras inexoráveis de uma geada congelante. Ventos cortantes, nevascas ofuscantes, terremotos arrasadores e a fome assolarão a terra, enquanto um sem-número de homens e mulheres perecem indefesos. Três desses universos paralisarão a terra, sem trégua, enquanto lobos esfaimados devoram o sol e a lua, mergulhando o mundo na escuridão total. As estrelas do céu cairão, a terra tremerá e as montanhas se desintegrarão. Monstros ficarão à solta, quando o deus do caos, Loki, escapa, disseminando guerra, confusão e discórdia por toda a terra deserta.
Odin, o pai dos deuses, reunirá seus bravos guerreiros pela última vez em
Valhalla para o conflito derradeiro. No final, à medida que os deuses vão
morrendo, um por um, o deus do mal, Surtur, lançará fogo e enxofre pelas
ventas, criando um inferno gigantesco que engolirá o céu e a terra. À medida
que o universo inteiro mergulha nas labaredas, a terra afunda nos oceanos e o
próprio tempo para.
Mas, das cinzas, agita-se um novo começo. Uma nova terra, diferente da
antiga, pouco a pouco se ergue do mar, e novos frutos e plantas exóticas brotam
copiosamente do solo fértil, dando origem a uma nova raça de homens.”
“Ao contemplar a vasta extensão vazia do universo, Blaise Pascal certa vez escreveu ‘O eterno silêncio desses espaços infinitos aterroriza-me’.”
“Stephen Hawking observa: ‘Se a taxa de expansão um segundo após o Big Bang tivesse uma parte para 100 mil milhões menor, [o universo] teria recolapsado antes de ter chegado ao seu tamanho atual... A probabilidade de um universo como o nosso não surgir de algo como o Big Bang é enorme. Acho que existem claras implicações religiosas’.”
“Um clone humano teria alma?”
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