quarta-feira, 16 de outubro de 2024

O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson

Subtítulo: O estranho caso do dr. Jekyll e sr. Hyde

Editora: Penguin Classics / Companhia das Letras

ISBN: 978-85-8285-013-8

Tradução: Jorio Dauster

Introdução e notas: Robert Mighall

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Opinião: ★★★☆☆

Páginas: 160

Sinopse: Poucos clássicos da literatura são tão conhecidos e adorados como O médico e o monstro. Escrito quando o autor tinha trinta e cinco anos de idade, em 1885, o romance foi um sucesso imediato de público e inseriu Robert Louis Stevenson no grupo seleto dos grandes escritores da literatura universal. Ao narrar as experiências de um médico que, numa “noite maldita”, tomou uma poção fumegante de coloração avermelhada e descobriu “a dualidade absoluta e primordial do homem”, o autor escocês criou uma história de suspense e horror, em que o perigo iminente não está do lado de fora, mas do lado de dentro, na parte obscura da alma. Esta edição, além de uma introdução de Robert Mighall, Ph.D. em ficção gótica e ciência médico-legal vitoriana na Universidade de Wales, conta com um prefácio do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, que define o romance como “um dos mais perfeitos e provavelmente o mais famoso romance de mistério da literatura de língua inglesa”.



“Na lei de Deus não há regras de caducidade.”

 

 

“A consciência pesada é a maior inimiga do descanso!”

 

 

“Foi no lado moral, e em minha própria pessoa, que aprendi a reconhecer a dualidade absoluta e primordial do homem; vi que, das duas naturezas que duelavam na liça de minha consciência, mesmo que pudesse ser dito com justiça que eu era uma ou outra, isso se devia apenas ao fato de que eu consistia radicalmente em ambas; e desde cedo, antes mesmo que minhas descobertas científicas começassem a sugerir a mais remota possibilidade de tal milagre, aprendi a contemplar com prazer, como se num devaneio predileto, a ideia de separar esses elementos. Se cada um, pensei, pudesse ocupar identidades distintas, a vida seria aliviada de tudo que é insuportável; o injusto seguiria seu caminho, livre das aspirações e do remorso de seu gêmeo mais digno; e o justo poderia percorrer com passos fortes e seguros seu caminho ascendente, praticando as boas ações que lhe dão prazer, não mais exposto à desgraça e à penitência causadas por obra daquele mal extrínseco. A maldição da humanidade foi que esses dois feixes incongruentes tivessem sido amarrados juntos — que no ventre angustiado da consciência aqueles gêmeos opostos lutem continuamente.”

 

 

“Decidi redimir o passado por meio de minha conduta futura, e posso afirmar honestamente que tal determinação deu bons frutos. Você mesmo sabe com que afinco, nos últimos meses do ano passado, me dediquei a aliviar o sofrimento de outros seres e como os dias transcorreram pacificamente, me deixando quase feliz. Nem posso de fato dizer que me cansei dessa vida benemerente e sem pecados; em vez disso, cada dia sentia maior prazer. Mas continuava amaldiçoado por minha dualidade; e, à medida que o primeiro impulso de minha penitência perdia força, a parte mais baixa de mim, por tanto tempo gratificada e só recentemente acorrentada, começou a rosnar para ser libertada. Não que eu sonhasse em ressuscitar Hyde, essa simples ideia me deixava furioso. Não, estava tentado uma vez mais a brincar com minha consciência em meu próprio corpo; e foi como um pecador secreto comum que por fim cedi aos ataques da tentação.

Tudo chega ao fim; a mais ampla capacidade algum dia é preenchida; e aquela breve condescendência ao lado mal terminou por destruir o equilíbrio de minha alma.”

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