Subtítulo: O estranho caso
do dr. Jekyll e sr. Hyde
Editora: Penguin Classics / Companhia das Letras
ISBN: 978-85-8285-013-8
Tradução: Jorio Dauster
Introdução e notas: Robert Mighall
Link para
compra: Clique aqui
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 160
Sinopse: Poucos clássicos da literatura são tão conhecidos e adorados como O
médico e o monstro. Escrito quando o autor tinha trinta e cinco anos de idade,
em 1885, o romance foi um sucesso imediato de público e inseriu Robert Louis
Stevenson no grupo seleto dos grandes escritores da literatura universal. Ao
narrar as experiências de um médico que, numa “noite maldita”, tomou uma poção
fumegante de coloração avermelhada e descobriu “a dualidade absoluta e
primordial do homem”, o autor escocês criou uma história de suspense e horror,
em que o perigo iminente não está do lado de fora, mas do lado de dentro, na
parte obscura da alma. Esta edição, além de uma introdução de Robert Mighall,
Ph.D. em ficção gótica e ciência médico-legal vitoriana na Universidade de
Wales, conta com um prefácio do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, que define o
romance como “um dos mais perfeitos e provavelmente o mais famoso romance de
mistério da literatura de língua inglesa”.
“Na lei de Deus não há regras de caducidade.”
“A consciência pesada é a maior inimiga do
descanso!”
“Foi
no lado moral, e em minha própria pessoa, que aprendi a reconhecer a dualidade
absoluta e primordial do homem; vi que, das duas naturezas que duelavam na liça
de minha consciência, mesmo que pudesse ser dito com justiça que eu era uma ou
outra, isso se devia apenas ao fato de que eu consistia radicalmente em ambas;
e desde cedo, antes mesmo que minhas descobertas científicas começassem a
sugerir a mais remota possibilidade de tal milagre, aprendi a contemplar com
prazer, como se num devaneio predileto, a ideia de separar esses elementos. Se
cada um, pensei, pudesse ocupar identidades distintas, a vida seria aliviada de
tudo que é insuportável; o injusto seguiria seu caminho, livre das aspirações e
do remorso de seu gêmeo mais digno; e o justo poderia percorrer com passos
fortes e seguros seu caminho ascendente, praticando as boas ações que lhe dão
prazer, não mais exposto à desgraça e à penitência causadas por obra daquele
mal extrínseco. A maldição da humanidade foi que esses dois feixes
incongruentes tivessem sido amarrados juntos — que no ventre angustiado da
consciência aqueles gêmeos opostos lutem continuamente.”
“Decidi
redimir o passado por meio de minha conduta futura, e posso afirmar
honestamente que tal determinação deu bons frutos. Você mesmo sabe com que
afinco, nos últimos meses do ano passado, me dediquei a aliviar o sofrimento de
outros seres e como os dias transcorreram pacificamente, me deixando quase
feliz. Nem posso de fato dizer que me cansei dessa vida benemerente e sem
pecados; em vez disso, cada dia sentia maior prazer. Mas continuava amaldiçoado
por minha dualidade; e, à medida que o primeiro impulso de minha penitência
perdia força, a parte mais baixa de mim, por tanto tempo gratificada e só
recentemente acorrentada, começou a rosnar para ser libertada. Não que eu sonhasse
em ressuscitar Hyde, essa simples ideia me deixava furioso. Não, estava tentado
uma vez mais a brincar com minha consciência em meu próprio corpo; e foi como
um pecador secreto comum que por fim cedi aos ataques da tentação.
Tudo
chega ao fim; a mais ampla capacidade algum dia é preenchida; e aquela breve
condescendência ao lado mal terminou por destruir o equilíbrio de minha alma.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário